Algumas pessoas e grupos religiosos enfatizam muito a importância de
preservar um determinado nome sagrado – uma única maneira de soletrar ou
pronunciar o nome de Deus. Para eles, o uso de traduções nas línguas modernas –
palavras como “Deus” ou “Senhor” – representa uma corrupção do “verdadeiro
nome” do Criador. Apóiam suas idéias com citações como Levítico 22:32, onde
Deus diz: “Não profanareis o meu santo nome, mas serei santificado no meio dos
filhos de Israel. Eu sou o SENHOR, que vos santifico.” Nas versões usadas por
estes grupos, aparecem palavras como Jeová, Javé, Yahweh ou outras no lugar de
Senhor (YHWH), frisando o ponto de uma certa ortografia e pronúncia derivadas
do “original” hebraico.
Diante das críticas feitas por esses grupos, devemos observar dois fatos
importantes:
1. Os apóstolos e outros autores do Novo Testamento não pregaram a
doutrina de uma forma exclusiva hebraica do nome de Deus. Em 27 livros do Novo
Testamento, não encontramos nenhuma passagem que salienta uma certa pronúncia
ou soletração do nome de Deus. Além de não exigir uma certa forma de um nome
sagrado, os autores do Novo Testamento citavam, várias vezes, traduções gregas
do Antigo Testamento que usam kurios (equivale a Senhor em português) para
representar o nome mais comum de Deus (YHWH). Veja estes exemplos no NT,
comparando as fontes no AT: Romanos 4:8; 9:29; 10:13; 11:3,34; 15:11; 1
Coríntios 1:31; 2:16; 3:20; 10:26; 14:21; 2 Coríntios 10:17; 2 Timóteo 2:19;
Hebreus 7:21; 8:8-11; 10:16,30; 12:6; 13:6; 1 Pedro 3:12. Paulo, Pedro e outros
usaram traduções do nome de Deus. Aqueles que condenam tal prática condenam os
próprios apóstolos do Senhor!
2. O nome do Senhor é profanado por atos que desrespeitam seu santo
caráter, não por pronúncias diferentes ou traduções do seu nome. Um nome
representa o caráter da pessoa. O nome de Deus é profanado por: sacrificar
filhos aos falsos deuses (Levítico 20:3); participar de outras práticas
idólatras (Ezequiel 20:39); não abster-se das coisas sagradas (Levítico 22:2);
mostrar a impureza diante dos povos (Ezequiel 36:16-31; 43:7-9); mostrar a
injustiça e praticar a imoralidade (Amós 2:7), etc.
É muito mais fácil defender algumas palavras certas do que ensinar a
importância da santidade total dos servos do Senhor. A ênfase nas Escrituras
não está na maneira de soletrar, pronunciar ou traduzir uma palavra que
representa Deus; está na maneira de viver como pessoas que refletem a
verdadeira glória do caráter de Deus (2 Coríntios 3:18; Colossenses 3:10; 1
Pedro 1:15-16; 2 Pedro 1:4).
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