quinta-feira, 28 de março de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Março/2019 - Capítulo 5 - A Ressurreição de Jesus Cristo




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 24.1-9; 46-53

1. E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas.
2. E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
3. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
4. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.
5. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?
6. Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia,
7. Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
8. E lembraram-se das suas palavras.
9. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
46. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos,
47. E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.
48. E destas coisas sois vós testemunhas.
49. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.
50. E levou-os fora, até betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou.
51. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu.
52. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém.
53. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém.

Momento Interação

Pela graça do Senhor Jesus, chegamos ao final de mais um Comentário Bíblico Mensal e desta feita, estudamos o terceiro evangelho, o Evangelho de Lucas. Se no estudo passado vimos a crucificação do Mestre, no último capítulo vemos a base principal do Evangelho: A Ressurreição de Jesus Cristo. Este é o pilar fundante da nossa vida como cristãos. Este é um assunto que deve certamente estar na mente de todos os cristãos que amam e creem no seu Senhor. A Ressurreição de Jesus mostra o seu poder sobre a morte a qual ali levou todas as nossas iniquidades após si (Is 53.1-12). Por isso podemos dizer com toda força em nossos corações e almas: Jesus Ressuscitou! Ele Vive!

Introdução

O Evangelho de Lucas foi escrito com o propósito principal de apresentar um relato fiel e organizado visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas as nações. Chegamos ao final do Evangelho de Lucas, agora veremos o capítulo 24. Lucas relatou, como já observamos, os acontecimentos dos últimos dias da vida de Jesus - quando o seu ministério chegou ao clímax. Ele se concentra no sofrimento de Jesus em favor de seu povo, salientando também a glória de Cristo após sua ressurreição, bem como o futuro da igreja após a ascensão de Cristo.

I. O Sepulcro Aberto

A traição, prisão, acusação, julgamento, condenação, sofrimento, castigo, crucificação e morte de Jesus que ocorreram dentro de um período de mais ou menos 12 horas, tudo numa sexta-feira daquela época. Mas agora, a morte que parecia vitoriosa, teve de perder sua primeira vítima dentre milhares de milhares, milhões de milhões e bilhões de bilhões daqueles por quem Jesus morreu e ressuscitou.
Jesus ressuscitou! Não, não reencarnou, nem se misturou, nem se metamorfoseou-se, nem desapareceu... RESSUSCITOU DOS MORTOS! Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, SIM, AS MULHERES, foram as que primeiro souberam do acontecido por causa da sua busca por Jesus e anunciaram aos discípulos que acharam que elas estavam delirando. Pedro foi o primeiro a acreditar, mas mesmo assim foi investigar e admirou-se de ter encontrado somente os panos de linho. Dos versos 1 ao 49, veremos a ressurreição de Jesus Cristo, o primeiro. Cada Evangelho trata da ressurreição à sua própria maneira, embora nenhum descreva como ela ocorreu. Contudo, alguns detalhes estão bem claros nos quatro Evangelhos: o túmulo estava vazio, os discípulos demoraram a acreditar que a ressurreição havia ocorrido e as mulheres se sobressaíram nos primeiros aparecimentos de Jesus ressurreto. Porém, cada Evangelho registra algum fato ou acontecimento que não aparece nos outros. Lucas inclui o relato da caminhada a Emaús, a incredulidade de Tomé e a ascensão de Jesus aos céus.

Foi bem no começo do primeiro dia da semana, alta madrugada que as mulheres se dirigiram ao túmulo. Começava ao pôr do sol do dia de sábado. As mulheres tiveram o período da noite para terminar os preparativos antes de irem ao túmulo, ao amanhecer. O sepulcro era lacrado por uma pedra que era rolada e encaixada na sua abertura; nesse caso, um selo havia sido colocado nessa pedra (Mt 27.66). As mulheres estavam preocupadas sobre como removeriam a pedra (Mc 15.46).  No entanto, encontraram a pedra removida, mas ao entrarem, não encontraram o corpo. Foi nesse momento que lhes apareceram dois anjos com vestes resplandecentes e estes lhes comunicaram que ele não estava ali, mas tinha ressuscitado.

Os anjos as lembraram das profecias de Jesus acerca de sua morte e ressurreição (18.31-34). O uso do verbo na forma passiva – vs. 7 “ressuscite” - indica a atividade do Pai, que ressuscitou Jesus pelo poder do Espírito Santo. Elas então se lembraram das palavras de Jesus e entenderam o que havia acontecido. Imediatamente saíram dali para comunicarem aos onze - Judas não era mais um dos apóstolos, mas os outros haviam permanecido – e a todos mais - essa expressão indefinida mostra que havia um grupo grande de seguidores de Jesus em Jerusalém nesse momento. Muitos eram galileus que estavam em Jerusalém para celebrar a Páscoa. As mulheres que estavam com Jesus e que foram as primeiras a anunciarem a ressurreição dos mortos. Os discípulos ao ouvirem elas parecia-lhes um delírio e não acreditaram nelas (Lc 24.11). O testemunho das mulheres não era considerado com seriedade entre os judeus do século 1, e por causa disso os onze, além de outros homens relacionados a eles, se recusaram a acreditar no que as mulheres estavam dizendo. Jesus sabia disso e mesmo assim escolheu essa forma justamente para mostrar aos homens que ele é o Senhor e aprovava o ministério das mulheres nas divulgações das coisas do reino de Deus.

II. A Aparição de Cristo aos Discípulos no Caminho de Emaús

Foi ainda naquele mesmo dia que dois discípulos estavam no caminho de Emaús. Não se sabe a localização exata dessa aldeia. Eles conversavam sobre tudo que tinha acontecido nos últimos dias quando Jesus se aproxima deles e passa a acompanhá-los. Eles nada notaram. Parece indicar que Deus os estava impedindo de reconhecerem Jesus nesse momento. Jesus lhes faz algumas perguntas do que conversavam e um deles, Cleopas - não se sabe quem era Cleopas, exceto por essa passagem – até repreende a Jesus por parecer ser o único que de nada sabia e começa a contar a ele os fatos.
Eles responsabilizaram principalmente seu próprio povo, e não os romanos, pela morte de Jesus. Então ele confessa que tinha, juntamente com os outros certas expectativas de redenção. O termo “redenção’, do verbo redimir, significa libertar mediante o pagamento de um resgate. É bastante claro que esses dois discípulos estavam esperando a libertação de sua nação. Os dois deveriam ter compreendido muito mais do que na verdade demonstraram, pois era evidente que haviam entendido o que a Escritura relatou sobre a glória do Messias; no entanto, não compreenderam o que estava escrito sobre o sofrimento do Messias.

No verso 25, agora é a vez de Jesus de censurá-los e chamar a atenção deles que estavam néscios e tardos de coração para crerem tudo o que os profetas disseram em todas as Escrituras. Uma referência ao Antigo Testamento em sua totalidade. Jesus então lhes explica que tudo o que aconteceu era necessário e que convinha que o Cristo padecesse e depois entrasse na sua glória. Foi nesse momento que Jesus começou a discorrer nesse assunto – o que contava dele em toas as Escrituras - começando por Moisés. Já estavam se aproximando da aldeia para onde iam e Jesus fez menção que iria passar adiante, mas eles o constrangeram a ficar um pouco mais alegando que já era tarde e o que o dia já ia se reclinando. Jesus entrou para ficar com eles. Quando estavam à mesa, no momento do partir do pão, tomando ele o pão, abençoou e tendo-o partido, deu a eles. Procedimentos que o anfitrião realizava durante a refeição (cf. 22.19). Nesse instante, do partir do pão, seus olhos foram abertos. Aparentemente, outra ação divina (cf. vs. 16). O engraçado é que eles não o viam e quando puderam vê-lo e o reconheceram, não mais podiam vê-lo.

III. A Aparição de Cristo aos Discípulos no Cenáculo

Na mesma hora, então, foram para Jerusalém para contarem aos demais e encontrou os onze reunidos e mais alguns outros que já afirmavam que o Senhor tinha ressuscitado. Aqueles dois do caminho de Emaús aproveitaram também para contarem o que tinham visto e presenciado. Os onze não acreditaram nas mulheres (vs. 11), mas o aparecimento a Simão Pedro transmitiu convicção. Eles estavam ali falando disso e repentinamente Jesus aparece no meio deles e lhes ministra a paz que somente ele pode nos dar. O aparecimento repentino de Jesus entre eles, embora as portas estivessem trancadas (Jo 20.19), indica que o corpo ressurreto de Jesus não possui as mesmas limitações que o nosso.

Eles ficaram muito assustados e até imaginavam estarem vendo fantasmas ou algum espírito. Jesus os censura explicando que era ele mesmo. Ofereceu suas mãos e pés para o exame deles, pois traziam nelas as marcas dos pregos. Ainda assim, por causa do choque e da alegria, ainda não acreditaram e Jesus anunciou que tinha fome e eles apresentaram a ele um pedaço de peixe assado. O corpo ressurreto pode fazer uso do alimento. Foi em seguida que Jesus explica para eles as Escrituras dizendo que importava se cumprisse tudo. Observe a palavra "importava". Não é por acaso que a Escritura (a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos) se cumpre: há uma exigência divina para isso. Refere-se à tripla divisão da Bíblia hebraica (a única passagem em que é explicitamente mencionada no Novo Testamento). Jesus estava dizendo que toda a Escritura dá testemunho dele.

O verso 45 é a chave da interpretação bíblica, pois Jesus lhes abriu o entendimento. Jesus mostrou a seus discípulos o caminho para entender a Bíblia. A morte de Cristo e sua ressurreição haviam sido profetizadas nas Escrituras. Não foi apenas a morte e ressurreição de Jesus que foram profetizadas, mas também o chamado ao arrependimento e perdão, baseados na obra redentora de Cristo.  Os pregadores não devem produzir conceitos baseados em seus próprios entendimentos, mas sim transmitir o que tinha ouvido e visto Deus fazer. O Cristo ressurreto enviaria o que o Pai havia prometido (isto é, o dom do Espírito Santo, JI 2.28-32; At 2.1-4).

IV. A Ascensão de Jesus aos Céus

Dos vs. 50 ao 53, veremos a ascensão de Jesus. Lucas encerra o seu Evangelho com a ascensão de Cristo aos céus e a alegria dos apóstolos por tudo o que aconteceu. Lucas desejava que seus leitores tivesse a mesma atitude diante dos fatos que estava lhes relatando. Aqui Lucas não fornece uma data para esse acontecimento, mas posteriormente relatou que a ascensão ocorreu quarenta dias após a ressurreição (At 1.3). Foi Jesus que os levou para a Betânia - uma aldeia que ficava no monte das Oliveiras, distante cerca de 3 km a leste de Jerusalém (Jo 11.18) – onde erguendo as suas mãos os abençoou.

Enquanto abençoava ia-se retirando deles. O relato de Lucas sobre ascensão é breve, mas está de acordo com a conclusão da primeira obra de Lucas, cuja intenção era fazer um relato de "todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que... foi elevado às alturas" (At 1.1-2). Encontramos um relato mais detalhado sobre a ascensão na segunda obra de Lucas (At 1.9-11). A ascensão marca o término da obra que Jesus veio realizar na Terra e assinala o início do que continua a fazer por meio da igreja. Nesse momento os discípulos estavam adorando-o enquanto subiam. Qualquer que tenha sido a opinião que haviam tido sobre Jesus antes da ascensão, agora os discípulos o reconheceram por sua divindade e o adoraram. A separação não trouxe tristeza, mas "grande júbilo".

Conclusão

Lucas encerra o seu Evangelho do mesmo modo que começou: em Jerusalém, louvando a Deus.Aqui fica claro que sem o Espírito Santo não podemos entender as Escrituras. Jesus falava-lhes sobre tudo que está escrito, mas somente vieram a entendê-la depois de ele mesmo lhes abrir o entendimento. O homem morto em seus delitos e pecados não pode entender, nem mesmo buscam a Deus... por isso que a salvação é incondicional.





Comentário Bíblico Mensal: Março/2019 - Capítulo 4 - A Crucificação e a Morte de Jesus Cristo




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 23.33-46

33. E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
34. E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.
35. E o povo estava olhando. E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.
36. E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.
37. E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.
38. E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
39. E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.
40. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?
41. E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.
42. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
43. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
44. E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol;
45. E rasgou-se ao meio o véu do templo.
46. E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.

Momento Interação

Estudantes da Palavra, em um Comentário Bíblico Mensal não temos como abordar todo o Evangelho de Lucas. Contudo, os pontos vitais deste Evangelho estão sendo estudado por nós decorrentes da vida e da obra de Jesus. A sua Crucificação e Morte é um dos momentos mais emblemáticos do pilar do evangelho. Foi um julgamento forjado, covarde, movido por enorme inveja dos escribas e fariseus, aonde Jesus Cristo mostra sua plena certeza a todos nós do cumprimento da vontade do seu Pai em ir para a Cruz por amor a humanidade. É na Cruz que vemos o maior ato de amor do Senhor dos Senhores, do Rei dos Reis.

Introdução

Lucas 23 narra o julgamento, a condenação, a crucificação e a morte de Jesus com riqueza de detalhes que impressiona o leitor. Até Pilatos e Herodes com Jesus vieram a reatar a amizade que tinham. Era dever deles e responsabilidade julgá-lo com justiça, mas essa estava cega e não seguiu a Deus, antes o ventre dos homens que queriam a sua morte.

O homem tem o senso de justiça nele por causa da graça soberana de Deus, único justo. A justiça é um atributo da divindade e se fôssemos personificá-la trazendo à existência entre nós teríamos de chamá-la de Deus. Deus é justiça e a justiça está com Deus. Quando apelamos para a justiça, estamos apelando para Deus. Quando nos queixamos que ela foi torcida, estamos com isso dizendo ou clamando a Deus que a execute, pois passamos a falar em seu nome. Ninguém ali queria nada com a justiça, por isso o resultado absurdo de condenação à morte por crucificação.

Jesus morreu! Sua traição, prisão, acusação, julgamento, condenação, sofrimento, castigo, crucificação e morte ocorreram dentro de um período de mais ou menos 12 horas. Foi tudo tão rápido! Os discípulos perderam o chão e ainda estavam absortos em pensamentos sem entenderem bem o que estava se sucedendo.

I. Momentos Antecedentes a Prisão de Cristo

Estava chegando o dia de aflição para Jesus Cristo por causa da missão que o Pai lhe confiou. Dentre os seus escolhidos, havia um do diabo que já estava negociando a sua traição por dinheiro. Diz a palavra de Deus que Satanás entrou dentro dele e ele combinou com os principais sacerdotes e escribas como isso se daria. Jesus então começa a preparar a páscoa e precisava de um lugar. Da mesma forma que falara aos discípulos para apanharem um jumentinho para ele entrar em Jerusalém, para se cumprir as Escrituras, desta mesma forma, ele os orienta para irem para prepararem o lugar e tudo se sucedeu conforme ele instruíra.

Jesus celebra a sua última ceia aqui nesta terra tendo sentado ao seu lado direito, lugar de destaque e honra, Judas, o traidor. Ele participa da ceia. Jesus não o expõe aos outros. Parecia que Jesus acreditava até o fim que ele poderia se converter e se arrepender. Na verdade, o Senhor sabia quem era ele e que não se arrependeria, mas nos deixou uma lição importante sobre o amor, a paciência e as Escrituras. Terminada a ceia, eles vão orar, mas Judas não se interessava por esta parte, antes estava concluindo seu plano maligno de entregar Jesus e assim estava trazendo os que iriam prender a Jesus.
Jesus ora intensamente, mas por fim cede à vontade do Pai: “seja feita a sua vontade”.

II. Uma Armação Orquestrada para Jesus

Lucas registra as injustiças e as insolências cometidas contra Jesus em seu julgamento. Levantou-se toda a assembleia para levar Jesus a Pilatos. Não era necessário que todos comparecessem, mas um grupo grande impressionaria Pilatos pela sua seriedade e solidariedade. Como se aproximava a festa, os sacerdotes e escribas estavam inquietos buscando como iriam matá-lo. A rigor, a Festa dos Pães Asmos e a Páscoa eram festas diferentes (Nm 28.26-27), mas a Páscoa era seguida imediatamente pela Festa dos Pães Asmos. Na época do Novo Testamento, os nomes dessas festas eram intercambiáveis. A festa comemorava a grandiosa libertação do povo do Egito (Êx 12.17). Os principais sacerdotes detinham o poder político entre os judeus, e foram eles, e não os fariseus, que comandaram a oposição final contra Jesus. A oportunidade surge quando Satanás possuiu Judas (Jo 13.2) e este foi procurar os principais sacerdotes, e não o contrário. Os capitães do templo eram levitas em sua maioria. Parece haver mesmo uma organização maligna com propósitos bem definidos e crentes de que são capazes de fazerem as coisas mudarem, conforme planejamento e execução.

A acusação de toda essa assembleia era que Jesus estaria pervertendo a nação – vs. 2. Uma acusação curiosamente vaga. Também de que estaria vedando pagar tributo a César. Na verdade, Jesus havia dito exatamente o contrário (Lc 20.25). E ainda que estivesse afirmando ser ele o Cristo, o Rei. Na seção registrada por Lucas, Jesus se recusou explicitamente a fazer uso desse termo (Lc 22.67-68). Contudo, em Mateus 16.17, ele confirmou a confissão de Pedro com relação a isso. Assim, num certo sentido essa acusação era verdadeira, porém incorreta no sentido que os judeus estavam apresentando aos romanos, ou seja, de que Jesus afirmava ser um líder político que rivalizava com César. Logo, essa acusação, como todas as outras, era falsa. Pilatos deve ter se impressionado com toda a assembleia e também lhe fez uma pergunta se seria ele o rei dos judeus. Num sentido que era crucialmente importante, Jesus era o Rei dos judeus, de modo que ele não poderia negar. Porém, ele não era rei no sentido que Pilatos entendia o termo e, portanto, não podia confirmar. Logo, a sua resposta foi vaga e neutra (cf. Jo 18.33-38), o que foi suficiente para Pilatos perceber que Jesus não era um revolucionário. No império Romano, o julgamento geralmente era realizado na província onde o crime foi cometido, porém podia ser transferido para a província natal do acusado. Pilatos aproveitou-se dessa minúcia jurídica para enviar Jesus a Herodes. Somente Lucas registra esse detalhe.

III. Jesus perante Pilatos

Ao ver Jesus que tinha sido enviado a Herodes por Pilatos muito se alegrou com ele e esperava ver ali, pessoalmente, algum tipo de sinal ou feito extraordinário, mas Jesus nada lhe respondia. Herodes foi a única pessoa com quem Jesus se recusou a falar. Herodes fez pouco caso de Jesus e não considerou com seriedade as acusações contra ele. Além disso, o tratou com desprezo, escarneceu dele e ainda fê-lo vestir um manto aparatoso e o devolveu a Pilatos, com quem, a partir desse momento, reateve sua amizade.

Jesus comparece pela segunda vez diante de Pilatos e este reunindo seus acusadores e todo o povo resolve apenas castigá-lo e depois soltá-lo. De acordo com a lei romana, uma pessoa poderia receber uma surra leve como uma advertência para que fosse mais cuidadoso no futuro. Pilatos esperava que com esse procedimento conseguisse aplacar a ira dos judeus e ao mesmo tempo libertar um homem que ele sabia ser inocente. A tradição de libertar um prisioneiro durante a Páscoa não tem sido comprovada por fontes extra bíblicas, mas esse tipo de costume era bastante praticado nesse período, e a oferta de Pilatos não é implausível.

A multidão gritava por Barrabás, um homem que seria desconhecido não fosse esse registro. Seu nome significa "filho do pai”, e Lucas relata que seus crimes eram rebelião e assassinato. Barrabás era visivelmente um criminoso, mas para a multidão de Jerusalém ele pode ter sido considerado como um herói do movimento da resistência. Pilatos ainda tentou evitar a condenação de Jesus, brincando com sua plateia, mas eles insistiam com ele que não soltasse a Jesus, mas sim a Barrabas. Pilatos então cede ao desejo da multidão e de seus acusadores, liberta Barrabas e condena Jesus à crucificação. A máxima autoridade humana que poderia e deveria cumprir o seu papel diante de Deus, com o próprio Deus, falhou torcendo e pervertendo toda a justiça.

IV. Jesus e a Crucificação

Um relato do que era a crucificação nos tempos do império de Roma, mostra toda a agonia física e mental que Jesus Cristo passou. O que vemos nos evangelhos e nos filmes é apenas uma simples alusão do que realmente essa tortura era na realidade.

Uma das mais terríveis formas de punição na Roma antiga, a crucificação combinava vergonha, tortura, agonia e morte. Era a mais humilhante das formas de execução. Despojado de suas vestes, o condenado era açoitado impiedosamente pelos carrascos com um azorrague, espécie de chicote com cerca de oito tiras de couro cujas pontas eram reforçadas com objetos perfuro cortantes, como pregos e pedaços de ossos, para aumentar o sofrimento da vitima. Muitos não resistiam ao açoitamento e morriam antes da crucificação. Os que sobreviviam ao flagelo eram, muitas vezes, obrigados a carregar a sua cruz pelas ruas da cidade até o local da execução. Seminus, com a pele e a carne dilaceradas pelo castigo, eram expostos ao escárnio popular. Pessoas cuspiam, atiravam coisas e insultavam os condenados.

O peso da cruz era insuportável para eles que já estavam fragilizados e exaustos pela longa sessão de tortura. Durante o percurso, as quedas eram frequentes e os condenados obrigados a retomar a caminhada com a cruz sobre os ombros. Hoje, acredita-se que os condenados carregavam apenas a viga horizontal da cruz, a outra parte era fincada antes, no local da execução. Finalmente, os braços do condenado eram atados à trave e seu corpo içado. Normalmente, os punhos eram atados à viga por cordas, mas no caso de Jesus, foram usados cravos de ferro, que perfuravam a carne, destruindo nervos e ossos, multiplicando ainda mais o sofrimento.

Com a carne e a pele dilaceradas pelas chibatadas com o azorrague, Jesus recebeu na cabeça espécie de coroa ou capacete feita com galhos entrelaçados de uma planta com espinhos, que perfuram seu couro cabeludo, provocando fortes dores e sangramento abundante. Em seguida, foi vestido com uma túnica. O tecido, em contato com as feridas abertas, gruda na carne. O braço horizontal da cruz é posto sobre seus ombros e ele é exposto à multidão feroz. Já sem forças, Jesus é rebocado com cordas pelos soldados, num percurso de cerca de 600 metros. Seus passos são arrastados, o peso da trave e a fadiga causam várias quedas, ferindo seus joelhos. Os soldados o agridem, o açoitam e o forçam a prosseguir.

V. Jesus e a sua Morte

Lucas registrou os detalhes da morte de Jesus para que esse acontecimento nunca mais fosse esquecido. Jesus estava conduzindo em seus ombros as madeiras que seriam usadas para crucificá-lo, mas estava exausto e os próprios guardas constrangeram um cireneu, chamado Simão a ajudá-lo. Era costume o condenado carregar a própria cruz, ou pelo menos a barra horizontal, até o lugar onde seria crucificado. Jesus começou carregando a sua cruz (Jo 19.17), mas pode ter enfraquecido por causa dos açoites que levou antes da crucificação (Mc 15.15). Os soldados recrutaram um homem dentre a multidão, chamado Simão. Ele era de Cireneu (no norte da África), e posteriormente os seus filhos ficaram conhecidos na igreja (Mc 15.21).

Somente Lucas registrou esse incidente – vs. 27 a 30 - das mulheres que se batiam no peito e o lamentavam. Deveria haver muitos seguidores de Jesus em Jerusalém, mas somente uns poucos devem ter ajuntado para observar o julgamento mais de perto, uma vez que todo o espaço estava ocupado pelos opositores de Jesus. Jesus se dirige a elas como filhas de Jerusalém. Uma referência às mulheres locais, e não às peregrinas da Galileia. Jesus estava preocupado com elas (e não com ele mesmo) e chamou-lhes a atenção para os sofrimentos terríveis que viriam sobre a terra. Ele queria que elas se arrependessem em vez de simpatizarem com ele.

No vs. 31, Jesus concluiu seu arrazoado diante delas dizendo que se aquilo tudo estava acontecendo com ele – lenho verde – imagina com o que fará com o lenho seco – todos eles? Com certeza um dito proverbial, possivelmente sugerindo que se Jesus (que era inocente) estava sendo crucificado, coisa muito pior aconteceria com os judeus (que eram culpados). No caminho, haviam mais dois que seriam crucificados juntos com Jesus (Lc 23.32). Chegaram então ao Calvário. Do latim, calvaria, de onde provém a nossa palavra "caveira". Os quatro Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois ladrões; em sua morte ele "foi contado com os transgressores" (Is 53.12).

Jesus estava sendo crucificado impiedosamente e mesmo assim orava pedindo perdão aos seus ofensores, tanto os judeus como os romanos.  Os soldados, no entanto, ali estavam repartindo as suas vestes. Tradicionalmente, as roupas do condenado eram repartidas entre aqueles que o crucificaram. Assim, esses soldados cumpriram involuntariamente a profecia de Salmo 22.18. As autoridades, e não o povo, é que zombavam (Lc 23.)35. É curioso que falassem sobre "o Cristo" e "o escolhido" quando Jesus parece não ter utilizado nenhum desses títulos com regularidade. Também os soldados escarneciam dele e o provocavam a descer ali da cruz pedindo a ele que, pelo menos, salvasse a si mesmo. Sobre a sua cruz estava escrito em letras gregas, romanas e hebraicas a frase ESTE É O REI DOS JUDEUS – VS. 38.

Dos versos de 39 a 43, vemos a conversa que tiveram os três crucificados, pendurados na cruz. Um zombava também, mas o outro creu no crucificado e Jesus prometeu a ele que naquele mesmo dia estariam juntos no paraíso. Nesse crente da última hora havia algum grau de confiança, pois esse homem acreditava que Jesus não seria aniquilado na morte, mas sim que estava indo para o reino celeste, ou para o paraíso, uma palavra de origem persa que significa "jardim", e mais tarde veio a indicar o lugar dos abençoados (2Co 12.4; Ap 2.7).

Jesus morreu e rasgou-se o véu do santuário de alto a baixo – vs. 45. O véu fazia separação entre o Santo dos Santos e o restante do templo. A morte de Jesus forneceu acesso à presença de Deus. Os Evangelhos de Mateus e Marcos enfatizam a terrível natureza da morte de Jesus em favor dos pecadores. O Evangelho de Lucas não desmente esse aspecto e inclui as palavras de Jesus para demonstrar que sua morte estava de acordo com a vontade do Pai. Foi nesse momento que Jesus exclamou em alta voz “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” e expirou. Uma maneira incomum de se referir à morte. Nenhum dos Evangelhos utiliza uma terminologia comum para a morte de Jesus, o que pode indicar que seus escritores consideraram a morte dele como algo extraordinário. Até o centurião que tudo presenciou ali pode constatar que havia morrido um justo. O modo como Jesus morreu demonstrou que era um homem "justo". Mateus e Marcos utilizam a expressão "Filho de Deus" (Mt 27.54; Mc 15.39). Nesse contexto, as duas referências transmitem o mesmo sentido (Mc 15.39). Agora era a hora da multidão também se lamentar e baterem em seus peitos. Um sinal de lamento. Para a multidão, até agora a crucificação de Jesus estava sendo um espetáculo de entretenimento; porém a morte de Jesus deixou-os tristes e pesarosos. O Evangelho de Lucas não relata qual foi o efeito da morte sobre os discípulos que a testemunharam.

Conclusão

É impressionante observar, porém, que muitas pessoas, até líderes religiosos influentes, continuam com pensamentos parecidos com os dos apóstolos na sua confusão e tristeza. Muitos ainda aguardam um reino terrestre e material, não compreendendo a vitória de Jesus sobre a morte e a realidade do seu reino espiritual, celestial e eterno. O reino de Jesus existe (Cl 1.13), pois já recebeu seu domínio eterno (Dn 7.14; Ap 1.5). Jesus cumpriu o plano eterno para a nossa redenção, e reina para toda a eternidade.

quarta-feira, 27 de março de 2019

A Verdadeira paz, o Verdadeiro Bem e a Real e Única Salvação




Por Leonardo Pereira



O ministério profético nas Escrituras Sagradas foi de certo modo, extremamente importante para compreendermos muitas questões do Novo Testamento, especialmente sobre a vida e a obra do Senhor Jesus Cristo. Todas as profecias dos arautos do Senhor se centravam Nele e se endereçavam a Ele. Por isso, ao longo do tempo muitos esperavam a figura de um redentor entre os panos finos da realeza; logo, jamais poderiam imaginar o que o Filho de Deus nasceria em Belém e estaria aprendendo a profissão de carpinteiro numa cidade esquecida, longe de ser uma Jerusalém na história, no caso, Nazaré. Como diz o apóstolo dos gentios, Paulo, "Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele" (1 Co 1.27-29).

Isaías, conhecido como o "profeta messiânico" foca-se bastante na vida e na obra do Senhor Jesus Cristo em suas profecias, sendo entre os profetas da Bíblia, o que mais relata sobre Cristo Jesus. Isaías já no término do seu livro, proclama uma mensagem impactante, cheia de alegria e esperança não somente para Israel, bem como para toda as nações: "Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!" (Is 52.7). O profeta do Senhor, vendo uma situação tão desesperadora na nação israelita, anuncia uma mensagem revigorante e restauradora a todos aqueles que anseiam ouvir a mensagem do Senhor. Esta mensagem de Isaías possuem grande implicações para os nossos dias. Se percebermos a passagem de Isaías 52.7, constataremos que todo o seu contexto implica se inclinar para ouvir e atentar a poderosa voz de Deus, por meio dos seus profetas, e com vistas para o futuro, os apóstolos que pregavam continuamente aquilo que Cristo vos ensinou.

O mundo (falo no sentido de cultura, valores humanos e ações) literalmente jaz no maligno (cf. 1 Jo 5.19). Tantos desastres, catástrofes, crises, corrupções, o exacerbado aumento da pecaminosidade humana, tudo isto nos leva a crer que muitos procuram se moldar ao quadro do mundo, como uma obra de arte que se espelha no seu pintor. É neste contexto que entra exatamente a mensagem de esperança para todos nós proveniente da parte de Deus, por intermédio do profeta Isaías. Neste mundo tem se anunciado o que for possível: mentiras, maldades, assassinatos, problemas nacionais e internacionais. O mais importante e o mais primordial que deve ser anunciado, pouco a mídia relata, e muitas vezes, se recusa a anunciar:  as boas novas do Senhor que produzem em nós a verdadeira paz, o verdadeiro bem e a real e única salvação (Is 43.11).

Muitas vezes nós caminhamos sofrendo dores, desânimos, com muitas lágrimas ao longo do caminho. Ainda que soframos dor, continuamos espalhando as boas novas de Cristo. Seja na internet, sobre os montes, ou seja com apenas uma pessoa como exemplo de Jesus Cristo com Nicodemos (cf. Jo 3). Esta caminhada com os nossos pés, sempre perseverando e jamais desistindo, é ridículo a ponto de constantes deboches na ótica do mundo, mas um ato belíssimo diante do Todo-Poderoso. Levar as boas novas da salvação a todos a quem encontrarmos é uma missão sobremodo sublime, a mais importante e a razão de nossas vidas. Ouvir a mensagem da salvação, é se atentar para a mensagem da verdadeira paz: é olhar completamente para Cristo conforme ele nos diz: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (Jo 14.27). É saber completamente que o nosso Senhor Jesus Cristo reina sobre tudo e sobre todos sendo supremo em tudo.

Rice Broocks, consagrado autor americano, escreveu uma série de livros intitulado "Deus não está morto" (ing. God's Not Dead), evento este que levou a produções de filmes baseado nos livros com grandes audiências e com poderoso impacto na vida de muitas pessoas. Assim como Broocks, muitos, conhecidos e desconhecidos, famosos e anônimos, buscam por amor a Cristo prosseguir na mensagem de Isaías e sempre levar a quem possa encontrar, o ponto principal da nossa bandeira de fé, nas casas, nas cidades e nas nações: "O teu Deus reina!" (Is 5.27).

segunda-feira, 25 de março de 2019

Volúvel ou Flexível?




Por Carlos Vagner



Quando nos remetemos a tal pergunta, uma eminente resposta se torna complicada e ao mesmo tempo reveladora. Na ânsia pela busca de sucesso ou destaque, tem pessoas que se tornam volúveis, se perdem em si mesmo, trocando de posições da água para o vinho, conforme a situação se apresenta. Mudam suas convicções, posturas, posições, para agir de acordo como a música toca, não importando se o ritmo não lhe é agradável. Pois, seu objetivo tem que ser alcançado, não se importando que o seu caráter se dissolva, na estrada escura pelo qual caminha. Sem saber que perdeu a alma, enquanto ganhava seus troféus de ilusão.

Entretanto, o ser flexível, sabe a hora de mudar, para estabelecer vínculos, cultivar amizades, restabelecer sonhos e metas. Pois enxerga a vida com amadurecimento. Sabe que tudo tem um tempo, inclusive de se render, de se humilhar, de pedir perdão, de reparar erros. As mudanças ocorrem para ganhar algo maior que dinheiro, fama ou posições.

Essas​ atitudes​ demonstram quão grande é o caráter do ser flexível. Que essa pergunta alcance a sua consciência, você é volúvel ou flexível?

quinta-feira, 21 de março de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Março/2019 - Capítulo 3 - A Vida e a Obra de Jesus Cristo




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 4.14-21

14. Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor.
15. E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado.
16. E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler.
17. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:
18. O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração,
19. A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor.
20. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
21. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.

Momento Interação

O ministério terreno de Cristo Jesus é um ministério totalmente de qualquer que houve, quer seja antes ou depois. A sua aproximação com o povo, seus ensinamentos, suas atitude diante das autoridades e a sua supremacia mostra-nos que ele realmente é Jesus Nazareno, homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo (Lc 24.19). Por isso estudarmos acerca do ministério de Jesus Cristo é extremamente importante a todos nós.

Introdução

A profecia bíblica é a chave para se entender tanto o passado quanto o futuro. Embora aos incrédulos ela talvez pareça uma pretensão absurda, é facilmente comprovada. Porque a maior parte das profecias registradas na Bíblia já se cumpriu, fica muito simples determinar se essas profecias são ou não são confiáveis.

Dois importantes assuntos da profecia deslizam consistentemente através das Escrituras. (1) Israel; (2) O Messias que vem para Israel e através de Israel para o mundo, como Salvador de toda a humanidade. Ao redor destes dois temas centrais quase todas as demais profecias se desenrolam e encontram o seu significado, seja o Arrebatamento da Igreja, o Anticristo, seu governo e religião vindouros, o Armagedom, a Segunda Vinda de CRISTO, ou qualquer outra ocorrência profética. A Bíblia é absolutamente única na apresentação dessas profecias, as quais ela registra com detalhes específicos, começando há mais de 3.000 anos.

Cerca de 30% da Bíblia é dedicado à profecia. Esse fato torna válida a importância do que tem se tornado um assunto negligenciado. Em contraste marcante a profecia está completamente ausente no Corão, Vedas Hindu, Baghavad Gita, Ramayana, palavras de Buda e Confúcio, Livro de Mórmon, ou quaisquer outros escritos das religiões mundiais. Esse fato isolado já provê um inegável selo de aprovação divina e mesmo milhares de anos antes deles acontecerem, o DEUS da Bíblia prova ser o único DEUS verdadeiro, Criador do universo e da humanidade, o Senhor da História - e que a Bíblia é a Sua palavra infalível, dada a fim de comunicar os seus propósitos e meio de salvação a todos os que crerem. Aqui está uma prova tão simples que uma criança pode entender e tão profunda que os maiores gênios não podem refutar. A profecia desempenha, então, um papel vital ao revelar o propósito de DEUS para a humanidade. Ela também fornece uma prova simples na identificação do verdadeiro Messias de DEUS, ou CRISTO, e desmascara o impostor Satanás, o Anticristo, de maneira que ninguém que absorva a Palavra de DEUS venha a ser por eles enganados.

Entretanto, por ser a profecia única na Bíblia, ela é única para CRISTO. Profecia nenhuma narrou a vinda de Buda, Maomé, Zoroastro, Confúcio, Joseph Smith, Mary Baker Eddy, os populares gurus hindus que têm invadido o Ocidente, ou qualquer outro líder religioso, todos eles sem as credenciais que distinguem JESUS CRISTO. Também há mais de 300 profecias do Velho Testamento que identificam o Messias de Israel. Séculos antes de sua vinda os profetas hebreus estabeleceram critérios específicos que deveriam ser preenchidos pelo Messias. O cumprimento dessa profecias nos mínimos detalhes da vida, morte e ressurreição de JESUS de Nazaré demonstram indiscutivelmente ser Ele o prometido por DEUS, o verdadeiro e único Salvador.

I. O Cumprimento das Profecias do Antigo Testamento

Existem inúmeras referências sobre Jesus no Antigo Testamento, de modo que certamente podemos dizer que todo o Antigo Testamento testifica de Cristo. Logo nos primeiros capítulos de Gênesis, após a Queda do Homem, encontramos a promessa sobre Aquele que esmagaria a serpente (Gn 3.15). Depois, quando Deus fez um pacto com o patriarca Abraão, prometendo bênçãos sobre sua descendência, tal pacto e tais promessas estavam diretamente ligados à vinda e a obra redentora do Messias, o grande descendente de Abraão, pelo qual todas as nações seriam abençoadas (Gn 12.3; 18.18; 22.18; cf. Gl 3.18). Até quando o mesmo Abraão recebeu a ordem para sacrificar seu filho Isaque no Monte Moriá, Deus proveu um cordeiro para substituir o menino, e claro, aquele cordeiro era um símbolo de Cristo (Gn 22). Mais tarde, quando Deus enviou as dez pragas sobre o Egito para que seu povo fosse libertado, Moisés recebeu instruções da parte de Deus para a celebração da Páscoa (Êx 12), e sob a luz do Novo Testamento, entendemos que a Páscoa apontava para o próprio Cristo, nosso Cordeiro pascal, o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1.29; 1 Co 5.7). Se Gênesis, que é o primeiro livro do Antigo Testamento, fala de Cristo, o último livro, isto é, o livro de Malaquias, igualmente aponta para o Salvador. O profeta Malaquias profetizou sobre a obra de um mensageiro que o Novo Testamento revela ser Jesus, bem como sobre a pregação do Evangelho que se espalharia pelo mundo. A profecia de Malaquias foi tão específica que contemplou até meso o arauto que prepararia o caminho para o Messias, ou seja, o profeta João Batista (Mq 1.11; 3.1,2; 4.5). Até mesmo uma expressão muito comum do Antigo Testamento, “Eu serei seu Deus”, aplicada em diversos contextos (Jr 31.33; Os 2.23; Zc 8.8), em última análise encontra seu cumprimento final na pessoa de Cristo (cf. Hb 8.8-13).

II. A Vida de Jesus Cristo

"Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Se, com a tua boca, confessares a Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação" (Rm 10.8-10). Esta é uma passagem bem conhecida que fala sobre salvação. Mas observe a confissão do eunuco etíope, feita antes de seu batismo pela água em Cristo. "Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus" (At 8.37). Frequentemente comparamos as duas passagens, sugerindo que a confissão do eunuco e a confissão que Paulo está discutindo são a mesma. Mas observe que há uma diferença. O eunuco confessou Jesus como o Cristo e como o Filho de Deus. Paulo discute confessar Jesus como Senhor. Eis aí uma diferença.

Confessar Jesus como o "Cristo" significa que proclamamos que cremos que ele é o ungido de quem os profetas do Velho Testamento tinham profetizado. A palavra "Cristo" é a tradução grega da palavra hebraica "Messias". O eunuco estava dizendo que ele cria que Jesus era o cumprimento da profecia de Isaías. Isto significa que Jesus era aquele apontado por Deus para assumir o ofício real, sacerdotal, do Messias prometido. É necessário crer e querer confessar esta crença. Mas não é a mesma coisa que confessar Jesus como Senhor. Por exemplo, quando Pedro proclamou no Dia de Pentecostes que "... este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" (At 2.36), ele estava dizendo que Deus fez de Jesus duas coisas diferentes: Senhor e Cristo. É perfeitamente possível alguém confessar sua crença que Jesus é o Cristo sem confessar Jesus como Senhor. As pessoas o fazem a todo tempo. Confessar Jesus como Cristo é afirmar que cremos que ele é quem ele declarou ser, o Salvador, o Filho de Deus, o Redentor. Precisamos fazer isto para sermos salvos. Mas confessar Jesus como Senhor envolve não somente a boca, mas é um reconhecimento que ele é nosso Senhor e Mestre e que desejamos submetermo-nos e obedecermos a ele.

Os primeiros discípulos jamais perturbariam as autoridades romanas confessando Jesus como o Cristo. Eles não se preocupariam com isso. Mas confessar Jesus como Senhor e rei era outro assunto. Dizer que a primeira lealdade deles era com o Senhor Jesus como oposto a César fez com que muitos deles fossem postos na prisão e mortos. Quando os judeus incrédulos queriam pôr Roma atrás dos cristãos, eles o acusavam de aceitar Jesus como Senhor e rei (Mt 22.15-22; At 17.6,7). Então, falando praticamente, o que afinal é envolvido em confessar Jesus como Senhor? Bem, obviamente a primeira coisa envolvida é falar de nossa aceitação de seu senhorio. Nosso texto de Romanos diz, "Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor..." (10.9). Mas isso não termina aqui. Somente começa aqui. Jesus, de fato, nem mesmo quer que façamos tal confissão se não estivermos querendo agir sobre ela. Ele não quer que o chamemos "Senhor" e "Mestre" se não queremos comprometer-nos a fazer as coisas que ele diz. Ele disse, "Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?" (Lc 6.46). Em vez disso, nossos atos precisam condizer com nossas palavras: "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Cl 3.17). Confessar o senhorio de Jesus com nossas bocas enquanto não submetemos nossas vidas a ele é inútil. Se ele é verdadeiramente nosso Senhor, então ele domina tanto nossas palavras como nossos atos.

III. A Obra de Jesus Cristo

O ponto central e o assunto mais importante de todos os fundamentos é a vida e a Obra de Jesus. Tudo na vida de um discípulo deriva do relacionamento e do conhecimento que tem da pessoa de Jesus. O objetivo de Deus para nós, como Igreja, é que cheguemos ao "pleno conhecimento do Filho de Deus" (Ef 4.13). Essa é uma jornada para toda a vida, que não pode se limitar apenas à compreensão do estudo abaixo, mas deve prosseguir mediante o estudo da Palavra e da iluminação do Espírito Santo.

1) Jesus Existia Antes de Todas as Coisas: Muitos pensam que Jesus é um ser que nasceu em Belém da Judéia. Mas isso não é verdade. Todos nós começamos a nossa vida quando somos gerados no ventre de nossas mães, antes não existíamos. Mas não foi assim com Jesus. Ele existia muito antes de nascer em Belém. Não como homem, mas como o Verbo de Deus. O Verbo nunca foi criado, Ele era Deus e sempre existiu. Foi ele quem criou todas as coisas.

2) Tornou-se Homem: Que tremenda é esta verdade! O Verbo Eterno, criador de todas as coisas, se esvaziou de sua glória e assumiu a forma de homem. Nunca é demais salientar que nossa fé é no Deus-homem Jesus Cristo, .Quando o Verbo se fez carne Ele se esvaziou de sua glória de Deus; isto é, Ele se esvaziou dos atributos (qualidades e capacidades) de Deus, mas nunca deixou de ser a Pessoa do Verbo. Ele continuou sendo o Verbo, mas agora em carne humana esvaziado de sua glória, mas não totalmente. Ele tinha em sua humanidade toda glória possível da verdade e da graça de Deus. Isto é um mistério.

3) Teve uma Vida Perfeita e Irrepreensível: Primeiro Jesus se esvaziou tornando-se homem. Depois, como homem, continuou se esvaziando. De que forma? Não fazendo nunca a sua própria vontade. O diabo tentou Jesus desde o princípio para que Ele fizesse a sua própria vontade, mas Jesus sempre permaneceu obediente ao Pai até a morte e morte de cruz. Santo é Jesus! 

4) Fez uma Obra Tremenda e Grandiosa: Na vida de Jesus não admiramos somente a sua santidade, mas também o poder que se manifestou no seu ministério. Ele fez muitos milagres prodígios e sinais (At 2.22). Ele curou enfermos, deu a vista aos cegos, ressuscitou mortos, andou sobre as águas, multiplicou alimentos, pregou às multidões, fez discípulos e ensinou-lhes a agradar o pai. Com que poder Ele fez isto? Ele não fez nada como Deus, pois havia se esvaziado da forma de Deus e vivia como homem. Portanto ele precisava do poder do Espírito Santo para fazer a obra de Deus. Por isso o Pai se alegrou tanto no seu batismo, porque naquele momento veio sobre Ele o Espírito Santo.

Conclusão

Quando o Espírito Santo nos convence do pecado, da justiça e do juízo, então entendemos como estamos mal diante de Deus e como é grande a nossa dívida para com Ele. Conhecemos a nossa culpa e perdemos a paz. Só então começamos a compreender porque Jesus morreu. Ele morreu para satisfazer a justiça de Deus e aplacar a sua ira. Nós merecemos ser castigados pelos nossos pecados, mas Jesus aceitou ser castigado em nosso lugar. Assim Deus satisfez sua justiça. Por isso Isaías diz que ". . . O Senhor agradou moê-lo" (Is 53.10).

sexta-feira, 15 de março de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Março/2019 - Capítulo 2 - O Nascimento de Jesus




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 2.1-14

1. E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse
2. (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria).
3. E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
4. E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi),
5. A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
6. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
7. E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
8. Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho.
9. E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.
10. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo:
11. Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
12. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura.
13. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
14. Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.

Momento Interação

O nascimento de Jesus Cristo marca o fator magno das Escrituras Sagradas, pois mostra-nos o cumprimento da vinda do Messias a Terra (Gn 3.15; Is 9.6; Mq 5.2). Compreendermos o nascimento de Jesus Cristo é sabermos de forma clara e concisa que Deus é fiel e mesmo sem merecermos, aprove-o redimir a nossas vidas através de seu filho Jesus. É maravilhoso saber que Deus nos ama com seu amor eterno.

Bons estudos!

Introdução

A história do nascimento de do Salvador está registrada nos Evangelhos de Lucas e Mateus. Essa passagem é narrada com muito mais detalhes por Lucas, enquanto que Mateus faz um resumo do nascimento de Jesus. A nossa proposta neste estudo Bíblico é fazer uma leitura comentada das partes principais dessa linda história de esperança e fé. Sem dúvida o nascimento de Jesus foi um renovo que mudou o curso da humanidade. Essa passagem não se restringe ao nascimento de uma criança. Era a própria graça e a misericórdia, o amor de Deus em seu estado pleno que “nasceram” naquela noite feliz!

I. O Anúncio do Nascimento de Jesus a Maria pelo Anjo Gabriel

Após seis meses da concepção do precursor do Messias, João Batista, o Evangelho de Lucas nos informa que o anjo Gabriel foi enviado à cidade de Nazaré, para anunciar a Maria que ela seria a mãe do Salvador do mundo: "E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré" (Lc 1.26). O texto nos diz que Maria não sabia como seria possível conceber um filho, pois ela, mesmo que estivesse desposada de José (ou seja, estava noiva), ainda era uma virgem (em Hebraico, betulah). Nesse ponto há uma resposta do anjo Gabriel, que é muito conhecida: "E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus" (Lc 1.35). Esse verso de Lucas 1.35 tem uma linguagem, no original em Hebraico, que remete para a divina atuação do poder de Deus. É significativo que o anjo enviado à Maria se chame Gabriel. Gabriel em Hebraico é o nome גַּבְרִיאֵל Gavriel, que corresponde a união de dois termos, a גְבוּרָה “guevuráh” – “poder”, e o termo אֵל “El””, que significa Deus. Então o anjo Gabriel (“o poder de Deus”), explica a Maria que “a virtude do Altíssimo” a cobriria. As palavras “virtude do Altíssimo”, são no original, os termos גְבוּרַת עֶלְיוֹן “gevurat Elion”, “o poder do Altíssimo”. E ele acrescenta o motivo pelo qual o fruto do ventre de Maria seria chamado de “filho de Deus”, "por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus". Jesus é chamado por todo o Novo Testamento de “filho de Deus”, porque a Sua concepção não teve participação de um homem. José não teve relações com Maria, ela era virgem.

II. O Nascimento de Jesus

Completou-se o tempo da gravidez de Maria, enquanto ela e José estavam em Belém. Não havendo lugar para que pudessem estar hospedados de forma adequada, Jesus nasceu e foi colocado em uma manjedoura. Isso não significa que o Mestre tenha nascido em um estábulo, pois diferente da cultura ocidental, as casas Judaicas da época tinham geralmente dois compartimentos, um inferior e outro superior. Na parte inferior, ou primeiro piso, ficavam os animais, e na parte superior, ou segundo piso, era destinado a habitação humana. Provavelmente, o segundo piso da casa estava lotado, então eles ocuparam a parte que era normalmente destinada aos animais, mas que deve ter sido esvaziada para que passassem a noite ali.

A parte que mais me chamou a atenção na aparição dos anjos aos pastores que estavam no campo, no momento do nascimento de Jesus, é em relação às palavras que foram registradas na Peshitta, em Aramaico: "Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.11). Em Aramaico, a palavra “Senhor” de Lucas 2.11, é מָריָא “Maryá”, que em todo Antigo Testamento foi usada para se referir ao nome pessoal do Eterno. O nome מָריָא Maryá é o correspondente ao nome do Eterno em Hebraico יהוה YEHOVÁ – traduzido muitas vezes como Jeová.

III. A Glorificação dos Anjos com o Nascimento do Senhor

A mensagem angélica anunciada aos pastores que se encontravam no campo era que havia nascido na “cidade de Davi, [...] o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Lucas lembra o fato de que Cristo nasceu em Belém, cidade de Davi, cumprindo dessa forma a profecia bíblica (Mq 5.2). Mas o Messias não apenas nasce em Belém, cidade de Davi, Ele também possui realeza porque é da descendência de Davi, como atesta a sua árvore genealógica (Lc 3.23-38). Mas não era só isso. Lucas também detalha como o anjo de Deus falou da realeza do Messias aos camponeses! Ele é o Salvador, o Cristo, o Senhor (Lc 2.11). Essas palavras proferidas pelo anjo, além de mostrar a realeza do Messias, destacam também a sua divindade. Jesus é Deus feito homem!

Lucas mostra que o nascimento de Jesus aconteceu sob o judaísmo piedoso. Ele ocorre dentro do contexto daqueles que alimentavam a esperança messiânica. São pessoas piedosas que aguardavam o Messias e, quando Ele se revelou, elas prontamente o reconheceram. Primeiramente, Lucas cita Zacarias, um sacerdote piedoso e sua esposa, Isabel. A Escritura sublinha que ambos eram justos diante de Deus e viviam irrepreensivelmente nos preceitos e mandamentos do Senhor (Lc 1.6). Lucas apresenta também Simeão, outro judeu piedoso de Jerusalém, e que esperava a consolação de Israel. A ele foi revelado, pelo Espírito Santo, que não morreria antes que visse o Messias (Lc 2.25,26). Da mesma forma a profetisa Ana, uma viúva piedosa, que continuamente orava a Deus e jejuava. Quando viu o menino Jesus, deu graças a Deus por Ele e falava da sua missão messiânica (Lc 2.36-38).

Conclusão

Cada passagem da Bíblia contém alguma verdade sobre Deus, que é uma boa notícia para você e para mim. Esse é o significado mais básico da palavra Evangelho. O Evangelho é uma boa notícia sobre o que Deus fez, está fazendo ou vai fazer por nós. O relato de Lucas 2 é uma boa notícia para você e para mim hoje. O bebê nascido em Belém é o nosso Salvador, Cristo, o Senhor! O nosso mundo do século 21 parece estar fora de controle. Mas Deus tem um calendário de planejamento para o “Segundo Advento” de Jesus que está sendo cumprido de forma tão precisa como como aconteceu com o cronograma para o primeiro Advento.

Cada promessa bíblica é uma boa notícia, pois nos fala sobre o que Deus vai realizar. O propósito do nascimento de Jesus, segundo a multidão de anjos, foi nos trazer a paz. Para experimentar a paz de Jesus, você precisa aceitar as palavras do anjo aos pastores como um convite pessoal.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Março/2019 - Capítulo 1 - O Evangelho de Lucas




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 1.1-4

1. Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram,
2. Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde oprincípio, e foram ministros da palavra,
3. Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio;
4. Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.

Momento Interação

Estudantes das Escrituras Sagradas, estamos prestes a iniciar o estudo do terceiro evangelho, o Evangelho de Lucas, considerado por muitos um dos evangelhos mais detalhados sobre o ministério do Senhor Jesus Cristo. É de grande importância nos atentarmos para este evangelho e encontrarmos informações precisas e importantes sobre o glorioso ministério terreno de Cristo Jesus e a sua preciosidade para nossas vidas. O comentarista deste mês é o irmão Matheus Gonçalves. Ministro do Evangelho, escritor, articulista e Membro-Diretivo do Ministério Evangelho Avivado. Que o Senhor abençoe os seus estudos acerca do evangelho do médico amado, o Evangelho de Lucas.

Introdução

O Evangelho de Lucas nos fornece um testemunho adicional de muitas verdades registradas por Mateus e Marcos e também possui um conteúdo exclusivo. O Evangelho de Lucas pode aprofundar o entendimento dos alunos sobre os ensinamentos de Jesus Cristo e ajudá-los a apreciar mais profundamente seu amor e sua compaixão por toda a humanidade, conforme manifestado durante seu
ministério mortal e por sua Expiação infinita.

I. Autoria

Lucas é o autor deste evangelho. Ele era médico (Cl 4.14) e “mensageiro de Jesus Cristo” (Lc 1.1). Lucas foi um dos “cooperadores” de Paulo (Fm 1.24) e companheiro de missão de Paulo (2 Tm 4.11). Lucas também escreveu o livro de Atos. Ele era prosélito e como supõem alguns, converteu-se ao cristianismo pelo ministério do apóstolo Paulo em Antioquia e, depois da vinda deste à Macedônia (At 16.10), foi seu companheiro constante. Ele se dedicava ao estudo e à prática da medicina; por isto, Paulo o chama de “Lucas, o médico amado”, (Cl 4.14). Lucas é um sírio de Antioquia, sírio pela raça, médico de profissão. Tornou-se discípulo dos apóstolos e mais tarde seguiu a Paulo até ao seu martírio. Tendo servido o Senhor com perseverança, solteiro e sem filhos, cheio da graça do Espírito Santo, morreu com 84 anos de idade, provavelmente na Bitínia. Já tendo sido escritos os evangelhos de Mateus, na Bitínia, e de Marcos, na Itália, impelido pelo Espírito Santo, redigiu este evangelho nas regiões da Acaia, dando a saber logo no início que os outros evangelhos já haviam sido escritos.

II. Data e Local do Evangelho de Lucas

Apesar de não sabermos exatamente quando Lucas escreveu seu evangelho, ele provavelmente foi escrito na segunda metade do primeiro século d.C. As fontes de Lucas para escrever foram pessoas que “viram desde o princípio” (Lc 1.2) o ministério mortal e a Ressurreição do Salvador. Não sabemos onde o evangelho de Lucas foi escrito. Tradicionalmente, a data de composição do Evangelho de Lucas é fixado antes dos eventos finais do livro de Atos, entre os anos 59 e 63 d.C.. O autor do Evangelho de Lucas reconhece a familiaridade com outros evangelhos anteriores (Lc 1.1). Embora o semitismo exista por todo livro, a obra foi composta em grego koiné.

III. A Mensagem do Evangelho de Lucas

Lucas dedica o seu Evangelho ao seu amigo Teófilo, não na qualidade de seu benfeitor, embora ele fosse um homem de honra, para proteger este texto, mas na qualidade de seu aluno, para estudá-lo, e agarrar- se a ele. Não se sabe ao certo quem era este Teófilo; o nome quer dizer amigo de Deus; alguns pensam que não se refere a nenhuma palavra em particular, mas a todos os que são amigos de Deus. Mas deve-se entender que se trata de uma pessoa em particular, provavelmente um magistrado, pois Lucas lhe atribui o mesmo título de respeito com que Paulo se dirigiu a Festo, o governador, kratiste (At 26.25), que ali é traduzido como “potentíssimo Festo”, e aqui como “excelentíssimo Teófilo”. Observemos que o Evangelho não destrói a civilidade e as boas maneiras, mas nos ensina, de acordo com os costumes no nosso país, a honrar aqueles a quem a honra é devida.

A intenção de Lucas era que seu evangelho fosse lido inicialmente pelo público gentio e apresentou Jesus Cristo como Salvador tanto de judeus como de gentios. Lucas direcionou seu evangelho especificamente a “Teófilo” (Lc 1.3), que em grego significa “amigo de Deus” ou “amado por Deus”. É aparente que Teófilo havia recebido instrução anterior a respeito da vida e dos ensinamentos de Jesus Cristo (Lc 1.4). Lucas desejava dar mais instrução ao fornecer um relato sistemático do ministério e da missão do Salvador. Ele queria que aqueles que lessem seu testemunho “[conhecessem] a certeza” (Lc 1.4) do filho de Deus — Sua compaixão, Expiação e Ressurreição.

Lucas é o mais longo dos quatro evangelhos e o livro mais longo do Novo Testamento. Algumas das histórias mais bem conhecidas do Cristianismo são exclusivas do evangelho de Lucas: as circunstâncias em torno do nascimento de João Batista (Lc 1.5–25, 57–80); a narrativa tradicional do Natal (Lc 2.1–20); a história de Jesus aos 12 anos no templo (Lc 2.41–52); parábolas como a do bom samaritano (Lc 10.30–37), o filho pródigo (Lc 15.11–32), o homem rico e Lázaro (Lc 16.19–31); a história dos dez leprosos (Lc 17.11–19); e o relato do Senhor ressurreto caminhando com Seus discípulos na estrada para Emaús (Lc 24.13–32). Outras características exclusivas são a inclusão dos ensinamentos de João Batista não encontrados em outros evangelhos (Lc 3.10–14); sua ênfase em o quanto Jesus Cristo orava (Lc 3.21; 5.16; 9.18, 28–29; 11.1); e sua inclusão do chamado, treinamento e do trabalho missionário dos Setenta (Lc 10.1–22). Além disso, Lucas é o único escritor do evangelho que registra que o Salvador derramou Seu sangue no Getsêmani e que um anjo ministrou a Ele (Lc 22.43–44). Uma vez que o evangelho de Lucas começa e termina no templo, ele também destaca a importância do templo como local principal dos tratados de Deus com a humanidade (Lc 1.9; 24.53).

Conclusão

O tamanho da beleza e riqueza de detalhes do evangelho de Lucas é do tamanho das dificuldades que perfazem a composição do texto. São muitas as questões textuais suscitadas por Lucas-Atos. Não há um versículo sequer que não problematize alguma questão. A riqueza de detalhes suscita variações textuais que desconcertam exegetas habilitados.

Não há como negar, o evangelho de Lucas é original. Dentre os Sinóticos, Lucas apresenta aproximadamente 500 versículos próprios. Enquanto Marcos e Mateus se concentram basicamente na vida de Jesus, Lucas divide seu trabalho em dois volumes: o Evangelho e os Atos. Lucas-Atos trata sobre o tempo de Jesus e os primórdios da Igreja. Em nenhum manuscrito conhecido encontramos os Atos dos Apóstolos logo depois do evangelho de Lucas. Sabe-se que para compor um primeiro compêndio canônico, no século II, o evangelho de Lucas foi separado dos Atos e anexado aos três outros evangelhos para construir um primeiro corpus. Se por um lado essa medida auxiliou a leitura sinótica, por outro, criou uma descontinuidade literária pretendida por Lucas-Atos.

Lucas dirigi-se aos cristãos, mas pensa também nos leitores profanos. O seu evangelho tem um enfoque universal. Mesmo ajustando-se aos esquemas de Mateus e de Marcos, o texto de Lucas tem um caráter missionário e apologético, é muito próximo das obras apologéticas dos Pais da Igreja do século II. Graças ao domínio do idioma e da riqueza do vocabulário, Lucas pôde polir o seu texto com especial esmero.