terça-feira, 31 de julho de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2018 - Capítulo 5 - O Deus Incomparável



Comentarista: Alexandro Milesi

Texto Bíblico Base Semanal: Jó 42.1-6

1. Então respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:
2. Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.
3. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.
4.Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.
5. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.
6. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.

Momento Interação

Chegamos ao final de mais um Comentário Bíblico Mensal, e nesta feita, estivemos estudando sobre os Atributos de Deus. Conhecer ao Deus que a Sua Palavra nos revela é de modo tremendamente importante, partindo do ponto em que sabemos da Sua supremacia e grandiosidade. No capítulo desta semana constataremos que verdadeiramente o Senhor é o Deus Supremo. Não há páreo para Deus. Ele detém todo o poder, quer seja conhecido por nós, quer não. Somente o Senhor é Deus! Ótimos Estudos e até o próximo Comentário Bíblico Mensal.

Introdução

Deus, sendo onisciente e onipresente, sabe tudo que eu faço, digo e penso. Como você reage a essa afirmação? É confortante ou assustador? Você sente segurança em saber que Deus entende sua vida, seus desafios e seus motivos, ou fica assustado em pensar que o onipotente juiz de todos sabe tudo que passa por sua cabeça? Davi falou desse conhecimento total de Deus no Salmo 139. Não sabemos quando ele escreveu esse hino, mas o título mostra que seria usado na adoração em Israel. Sua mensagem é de confiança total no Senhor e de um desejo profundo de manter a comunhão com o Criador. Mas Davi entendeu bem o outro lado dessa moeda. O mesmo Deus que protege os fiéis traz o julgamento sobre os rebeldes. Deus é plenamente bom para com os seus e justo e reto para os que cometem iniquidades.

I. O Deus Supremo

Na leitura do Salmo 139, observamos o progresso da onisciência (Deus sabe tudo) à onipresença (Deus está em todo lugar) à onipotência (Deus é todo-poderoso) como pilares que sustentam a confiança do autor na perfeita justiça do santo Deus que ele adora. Davi começa com foco no conhecimento total que Deus tem das suas criaturas. O Senhor observa cada movimento, enxerga cada pensamento e ouve cada palavra até antes dela ser falada! Davi comenta sobre a onisciência divina: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir” (Sl 139.6). Essa ênfase na onisciência naturalmente leva o autor a refletir sobre outra característica de Deus, sua onipresença. Não há onde se esconder do Senhor. Davi diz a Deus: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl 139.7-10). Enquanto Davi achou conforto no fato da presença de Deus, essa mesma doutrina bíblica provoca medo em qualquer um que não obedece ao Senhor. Mil anos depois de Davi, um outro autor disse: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13).

II. O Deus Único

A eternidade não é um período longo, é um conceito que vai além do tempo e que não pode ser sujeito à medição. É apresentada na Bíblia em dois sentidos. No sentido que podemos descrever como a eternidade futura, as Escrituras ensinam que o homem pode participar dessa existência, gozando a vida eterna por meio de Jesus Cristo. João 3.16, talvez o versículo mais conhecido desse relato do evangelho, diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus e os autores dos livros do Novo Testamento falaram dezenas de vezes sobre essa vida eterna, o nosso objetivo. As Escrituras falam de outro sentido da eternidade que pertence exclusivamente a Deus, o que podemos descrever, em termos que as nossas mentes compreendem melhor, como a eternidade passada. Animais, homens, anjos e quaisquer outras criaturas tiveram início, passaram a existir. Mas uma característica que separa o Criador das criaturas é a eternidade daquele. Moisés escreveu: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). Por diversas vezes, as Escrituras frisam a existência ilimitada de Deus. Ao mesmo tempo, enfatizam que seus atributos são, também, eternos. Deus é o mesmo agora que era 5.000 anos atrás e que era antes de criar o mundo. Ele sempre será o mesmo. As qualidades dele nunca mudam. Davi pediu perdão, baseado no eterno caráter de Deus: “Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade” (Sl 25.6).

Deus é santo (Is 6.3; Ap 4.8). Sempre foi e sempre será santo. Sua perfeita santidade não permite que minta (Hb 6.18). Por causa da santidade eterna de Deus, a sua ira permanece sobre os rebeldes (Jo 3.36). Deus é amor (1 Jo 4.8). Sempre foi e sempre será amor. Por isso, Davi contava com a misericórdia e a bondade eternas. Foi o ponto do próprio Senhor quando poupou seu povo da destruição merecida: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml 3.6).

III. O Deus no Controle de Todas as Coisas

Homens são instáveis. Prometem uma coisa, mudam de ideia e não cumprem sua palavra. Mas quando o eterno Deus promete, ele cumpre sua palavra. A bondade de Deus para com os homens não tem limite, porque faz parte de quem ele é: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17).  Deus é uno (Dt 6.4; Is 40-48; Mc 12.29; 1 Tm 1.17; Tg 2.19; 4.12, etc.).  A natureza de sua unidade é o assunto em pauta. Com base mesmo no que se evidenciou acima, deve estar claro que a unidade de Deus é uma união, não uma unidade absoluta. A palavra equivalente a Deus no Antigo Testamento (elohim) é uma formação no plural. A palavra equivalente a um, empregada em referência a Deus no Antigo Testamento (echad) também é uma forma plural. Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança . . ." (Gn 1.26). A quem se refere esse "nossa"? Somos criados à imagem de Deus, mas há mais de uma pessoa que compôs Deus. Atente para essas afirmações: "Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente" (Gn 3.22). "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro" (Gn 11.7). Desde os primeiros capítulos da Bíblia, vemos Deus revelado como uma unidade plural (cf. Isaías 6:8). Existe até mesmo diálogos registrados entre Deus e Deus na Bíblia: veja Salmos 110.1, por exemplo. 

IV. Jesus é Deus

Em que sentido o Pai e o Filho são um? São uma só pessoa? Ou são um em unidade e em propósito? Observe atentamente João 17.20-23: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim". Esse texto ensina que os cristãos devem ser um como o Pai e o Filho são um. Os cristãos devem passar a ser uma só pessoa? Ou será que devem ser um em unidade e em propósito? Já que a unidade que os cristãos devem ter não é a de ser uma só pessoa, então a unidade do Pai e do Filho não significa que são a mesma pessoa. A Bíblia muitas vezes trata de coisas que são unas. Marido e mulher são um (Mt 19.4-6; Ef 5.31). O que planta e o que rega são um (1 Co 3.6-8). Os cristãos são um (1 Co 12.14). E também o Pai e o Filho (e o Espírito Santo) são um. Embora nos tenhamos concentrado principalmente no Pai e no Filho, as Escrituras mostram que o Espírito Santo também é uma pessoa divina. O Espírito Santo é revelado como um ser pessoal. Ele faz o que somente uma pessoa pode fazer: fala (1 Tm 4.1); ensina (Jo 14.26); reprova (Jo 16.8); orienta (Gl 5.18); intercede (Rm 8.26); chama (At 13.2); pensa (Rm 8.27; 1 Co 2.10-11); toma decisões (At 13.12; 15.28). Os sentimentos que tem só uma pessoa pode ter: é alvo de mentiras (At 5.3); é resistido (At 7.51); é desprezado (Hb 10.29); fica entristecido (Ef 4.30); fica irado (Is 63.10); é blasfemado (Mt 12.31). O Espírito Santo tem características divinas: é onisciente (1 Co 2.10-11) e onipresente (Sl 139.7-10).

domingo, 29 de julho de 2018

A Prática da Meditação


Falar em meditação bíblica para muitos hoje soa estranho, porque a maioria tem a prática como um costume de seitas orientais. Uma característica ruim de nossa cultura moderna, é que a meditação passou a ser mais identificada como sistema não cristão de pensamento, do que com o cristianismo bíblico. Mesmo dentre os crentes, a prática da meditação é muitas vezes associada a yoga, meditação transcendental, terapia de relaxamento ou Movimento Nova Era. Por ser tão proeminente em muitos grupos e movimentos espiritualmente enganosos, alguns cristãos se sentem desconfortáveis com respeito à meditação e desconfiados daqueles que se envolvem nela. Mas devemos nos lembrar que a meditação é tanto ordenada por Deus, quanto exemplificada por homens Piedosos nas Escrituras.

O objetivo desse texto, é deixar alguns princípios bíblicos, que auxiliam na meditação da palavra de Deus e ressaltam a sua importância para vida cristã.

Definição

Para entrarmos mais afundo neste assunto, precisamos definir o que é meditação. A palavra meditar ou ponderar significa “pensar sobre” ou “refletir”. “Enquanto eu meditava, ateou-se o fogo”, disse Davi (Sl 39.3). Significa ainda “murmurar, sussurrar, fazer ruído com a boca. Implica o que expressamos por meio de um solilóquio ou falar consigo mesmo”. Esse tipo de meditação envolvia recitar para si, em espaçado murmúrio, passagens da Escritura que alguém armazenara na memória.

Enquanto as seitas orientais usam a meditação para esvaziar a mente, os cristãos a usam para encher a mente com a palavra de Deus.

Tipos de meditações

Existem alguns tipos de meditações, que são:

Primeiro, meditação formal. Implica assuntos importantes. Por exemplo, os filósofos meditam sobre conceitos tais como a matéria e o universo, enquanto os teólogos refletem sobre Deus, os decretos eternos e a vontade do homem.

Segundo, meditação ocasional. É relativamente fácil para um crente, porque ela pode ser praticada em qualquer tempo, em qualquer lugar e entre quaisquer pessoas. Uma pessoa espiritualmente ponderada pode aprender rápido como espiritualizar as coisas naturais, pois seus desejos estão em oposição à mente profana, que carnaliza até mesmo as coisas espirituais.

Terceiro, meditação diária. Esse tipo envolve tempos estabelecidos. A meditação diária e deliberada ocorre “quando alguém separa algum tempo e entra em sua sala privada, ou numa caminhada solitária, e então “medita solene e deliberadamente sobre as coisas celestiais”.

Passagens bíblicas referente a meditação

Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido (Js 1:8).

Essa foi a ordem do Senhor para Josué ser bem-sucedido em tudo o que ele fizesse, a meditação. “Essa prática o Senhor não estabeleceu que fosse apenas um momento na sua vida, mas todo o dia ele deveria meditar na lei de Deus”. Se o mesmo meditasse e praticasse o que meditou, todo seu caminho seria próspero. É evidente que se praticarmos a meditação, seremos pessoas prósperas, não no sentido material, mas espiritualmente, em nossa vida cristã. Como disse Donald S. Whitney:
O verdadeiro êxito é prometido àqueles que meditam na Palavra de Deus, que pensam profundamente nas Escrituras, não apenas uma vez ao dia, mas em momentos no decorrer do dia e da noite. Eles meditam tanto, que suas conversas são saturadas das Escrituras. O fruto da meditação deles é a ação. Eles fazem o que encontram escrito na Palavra de Deus, e, como resultado, Deus prospera o caminho deles e lhes concede êxito.
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite. Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará (Sl 1:1-3).

Aqui podemos perceber que o salmista compara a vida espiritual do crente a uma árvore. Para que essa árvore cresça e dê seus respectivos frutos, é imprescindível a prática da meditação. Meditar na palavra de Deus nos leva absolvermos com mais profundidade as Escrituras Sagrada, ela é como um solo que abre para a filtragem da alma. Assim, meditar nas coisas divinas nos leva ao crescimento espiritual.

Métodos de meditação  

A) Selecionar uma passagem ou temas bíblicos

Você pode selecionar uma passagem da Bíblia para fazer sua meditação, pode ser um versículo ou um capitulo da Bíblia. Diante disso, materiais como concordância, dicionários bíblicos, mapas e traduções diferente, ajudará você nesse processo. Meditar através de versículos memorizados é outra alternativa. Escolher temas é outro método muito importante, os puritanos indicavam temas como:
A pecaminosidade do pecado e nosso pecado pessoal. A corrupção e enganosidade do coração. A queda em Adão e alienação de Deus. A vaidade do homem. O valor e imortalidade da alma. A fragilidade do corpo. A incerteza dos confortos terrenos. O pecado da cobiça. A paixão e morte de Cristo. O amor de Cristo. A pessoa de Cristo. O mistério e maravilha do evangelho. A natureza de Cristo. Os ofícios de Cristo. A vida de Cristo. Os estados de Cristo. As promessas de Deus. Autoexame para evidências experimentais da graça. Os ricos privilégios dos crentes. A graça e a pessoa do Espírito Santo. Os benefícios da fé. Santificação. Oração. Os mandamentos de Deus. As admoestações e ameaças de Deus. O perigo da apostasia. O pequeno número dos salvos. Perigos espirituais. Amor, alegria, esperança. O Domingo. Renúncia.
Todos esses temas podem ser usados para uma boa meditação, são temas bem práticos.

 B) Escrever com suas próprias palavras

Parafrasear uma passagem bíblica com o que entendeu do texto é uma forma de meditação. Esse é um método que ajuda muitos a compreenderem as passagens da Bíblia, é uma forma produtiva que está ao seu dispor. O método também pode ser usado com livros, assim abrirá mais seu entendimento sobre o que está lendo, como também aperfeiçoará na prática da meditação.

C) Ore sobre o texto ou tema a ser meditado  
  
Salmo 119:18 diz: "Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei". Devemos orar sempre que formos meditar nas coisas divinas, pedindo que Ele nos abra o entendimento para entendermos as verdades da Sua palavra, sempre pedindo a direção do Espirito Santo e iluminação para nos guiar em toda verdade (Jo 14:26).

É importante orar antes da meditação, pedindo a Deus para que nenhum empecilho possa nos impedir de meditarmos. Sobre isso os puritanos orientavam:
Limpe seu coração das coisas deste mundo – sua atividade e diversões, do mesmo modo que das tribulações e agitações interiores. “Ore a Deus não só para guardá-lo de companhia externa, mas também de companhia íntima; isto é, que o guarde dos pensamentos vãos, mundanos e dispersivos.” Tenha seu coração purificado da culpa e da poluição do pecado, e despertado pelo fervoroso amor pelas coisas espirituais. Entesoure um rico depósito de textos bíblicos e verdades espirituais. Busque a graça de abraçar a confissão de Davi no Salmo 119.11: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.”
Thomas Watson também orienta: “Ore sobre suas meditações. A oração santifica cada coisa; sem oração, elas são apenas meditações profanas; a oração ata a meditação na alma; oração é um nó feito no final da meditação que não a deixa escapar; ore para que Deus mantenha para sempre essas santas meditações em sua mente, para que o aroma delas permaneça perenemente em seu coração.”

A meditação deve sempre envolver duas pessoas: o cristão e o Espírito Santo. Orar a respeito de um texto é convidar o Espírito Santo a manter Sua luz divina sobre as palavras das Escrituras para mostrar a você aquilo que você não consegue ver sem Ele. Sempre que separar um texto da palavra para fazer sua meditação, leia primeiro o texto, ou ore primeiro, a ideia é no momento que estiver apresentando a passagem a Deus em oração; o Espirito Santo te dará a iluminação dele.

Conclusão

Até aqui apresentamos alguns métodos de meditação, existem outros que também podem ser usados para o crescimento espiritual.

Devemos ter em mente que, a meditação é uma ordenança de Deus para praticarmos, se não praticamos, é porque não levamos em conta a palavra do Criador. Temos de dá atenção a leitura da palavra de Deus e a oração, mas não podemos nos esquecer da prática da meditação. Joel Beeke fala algo importante sobre isto: 
Em certa época, a igreja cristã esteve profundamente engajada em meditação bíblica, o que envolvia separação do pecado e comunhão com Deus e com o próximo. Quando falhamos em meditar, desconsideramos a Deus e Sua Palavra, e revelamos que não somos piedosos. 
Que possamos fazer da meditação bíblica, uma disciplina cristã, para vivermos uma vida piedosa, segundo a imagem de Cristo a cada dia.

Sidney Muniz
Notas:
Espiritualidade Reformada – Joel Beeke
Disciplinas Espirituais para a Vida Cristã – Donald S. Whitney


terça-feira, 24 de julho de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2018 - Capítulo 4 - O Senhor Deus Onisciente



Comentarista: Alexandro Milesi

Texto Bíblico Base Semanal: Daniel 2.17-23

17. Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros;
18. Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o restante dos sábios da Babilônia.
19. Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu.
20. Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força;
21. E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.
22. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.
23. Ó Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei.

Momento Interação

Um dos estudos mais desafiadores que temos pela frente é a respeito da Onisciência de Deus. Este assunto foi debate de diversos concílios e plenárias ao longo das épocas e até hoje há posições contraditórias acerca da onisciência do Senhor. No capítulo desta semana, estudaremos sobre a onisciência do Senhor à qual os textos bíblicos nos mostram este atributo à qual somente o Senhor detém. Este estudo nos serve de base para compreendermos acerca não de tudo do Senhor, pois jamais conseguiríamos saber tudo sobre Deus. Mas sim, temos a certeza de que ele nos conhece e sabe sobre nossas vidas e nosso ser interior, na relação com Ele. Bons Estudos!

Introdução

A natureza infinita de Deus significa simplesmente que Deus existe aparte de, e não é limitado pelo tempo ou espaço. Infinito significa simplesmente "sem limites". Quando nos referimos a Deus como "infinito", geralmente usamos termos como onisciência, onipotência, onipresença para referir-nos a Ele. A onisciência significa que Deus é onisciente, ou seja, Ele tem conhecimento ilimitado. Seu conhecimento infinito é o que o qualifica como governante e juiz soberano sobre todas as coisas. Deus não apenas sabe de tudo que acontecerá, mas também de todas as coisas que poderiam ter acontecido. Nada pega Deus de surpresa, e ninguém pode esconder o pecado dEle. Há muitos versículos na Bíblia onde Deus revela esse aspecto de Sua natureza. Podemos observar um exemplo nas Escrituras Sagradas em 1 João 3.20: "... Deus é maior do que o nosso coração e sabe todas as coisas".

I.  O Deus que Detém todo o Conhecimento

A onisciência é definida como "o estado de ter conhecimento total, a qualidade de saber tudo." Para que Deus seja soberano sobre a Sua criação de todas as coisas, visíveis ou invisíveis, Ele tem que ser onisciente. Sua onisciência não é restrita a uma única pessoa da Trindade – o Pai, Filho e Espírito Santo são todos por natureza oniscientes. Deus sabe de tudo (1 Jo 3.20). Ele não só conhece os mínimos detalhes da nossa vida, mas também de tudo ao nosso redor, pois menciona que sabe até quando um pardal cai ou quando perdemos um único fio de cabelo (Mt 10.29-30). Deus não só sabe de tudo o que ocorrerá até o fim da história em si (Is 46.9-10), mas também conhece nossos pensamentos antes mesmo de falarmos (Sl 139.4). Ele conhece os nossos corações de longe e até nos viu quando ainda estávamos no ventre materno (Sl 139.1-3, 15-16). Salomão expressa essa verdade perfeitamente quando diz: "porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens" (1 Rs 8.39).

II. O Deus que Conhece os Pensamentos

Claramente observamos a onisciência de Jesus na Terra, mas aqui é onde começa o paradoxo também. Jesus faz perguntas, o que talvez implique a ausência de conhecimento, embora o Senhor faça perguntas mais para o benefício de Sua audiência do que para Si mesmo. No entanto, existe uma outra faceta acerca de Sua onisciência que surge das limitações da natureza humana que Ele, como o Filho de Deus, assumiu. Lemos que, como um homem, "crescia Jesus em sabedoria, e em estatura" (Lc 2.52) e que Ele "aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu" (Hb 5.8). Também lemos que Ele não sabia quando seria o fim do mundo (Mt 24.34-36). Nós, portanto, temos que perguntar: por que o Filho não sabe disso quando já sabia de tudo mais? Ao invés de encarar isto como uma limitação humana, devemos considerá-lo um controlado limite de conhecimento. Aqui vemos um ato voluntário de humildade a fim de de participar plenamente da nossa natureza (Fp 2.6-11, Hb 2.17) e ser o segundo Adão. Finalmente, não há nada difícil demais para um Deus onisciente, e é com base na nossa fé em tal Deus que podemos descansar seguros, sabendo que promete nunca desamparar-nos enquanto continuarmos nEle. Ele conhece-nos desde a eternidade, mesmo antes da criação.

III. O Deus que Conhece os Corações

Apesar da condescendência do Filho de Deus despojar-se de Si mesmo e assumir a forma de servo (Fp 2.7), a Sua onisciência é claramente vista nos escritos do Novo Testamento. A primeira oração dos apóstolos, encontrada em Atos 1.24: "Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos", implica a onisciência de Jesus, a qual é necessária para que seja capaz de receber petições e interceder na mão direita de Deus. Na Terra, a onisciência de Jesus é igualmente clara. Em muitos relatos do Evangelho, Ele conhecia os pensamentos do Seu público (Mt 9.4, 12:25; Mc 2.6-8; Lc 6.8). Ele sabia de detalhes das vidas das pessoas antes mesmo de conhecê-las. Quando conheceu a mulher samaritana que estava tirando água do poço de Sicar, Ele disse-lhe: "Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade" (Jo 4.18). Jesus também diz aos Seus discípulos que o Seu amigo Lázaro estava morto, embora estivesse mais de 40 km de distância da casa de Lázaro (Jo 11.11-15). Ele aconselhou os discípulos a irem preparar-se para a Ceia do Senhor, descrevendo a pessoa que iriam encontrar e acompanhar (Mc 14.13-15). Talvez o melhor exemplo: Ele conhecia Natanael antes mesmo de encontrá-lo, pois já conhecia o seu coração (Jo 1.47-48). Deus já conhecia eu e você, já sabia quando apareceríamos no decorrer do tempo e com quem iríamos interagir. Ele até previu o nosso pecado em toda a sua feiúra e depravação, mas ainda, em amor, escolheu colocar o Seu selo sobre nós e nos atraiu a esse amor em Jesus Cristo (Ef 1.3-6). Um dia o veremos face a face, mas o nosso conhecimento de Deus nunca será completo. Nossa admiração, amor e louvor a Ele continuarão por todos os milênios enquanto nos aquecemos nos raios do Seu amor celestial, aprendendo e apreciando cada vez mais o nosso Deus onisciente.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2018 - Capítulo 3 - O Senhor Deus Onipresente



Comentarista: Alexandro Milesi


Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 139.1-10

1. SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
2. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
3. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
4. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.
5. Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.
6. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.
7. Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?
8. Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis que tu ali estás também.
9. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
10. Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Momento Interação

O Senhor nosso Deus está em todos lugares, à qual não há condição de nos escondermos nem de escaparmos através dos Seus olhos. É maravilhoso sabermos que o Deus que guia as nossas vidas, está sempre presente em nossas vidas também. Deus nunca nos desampara, nem nos entrega ao acaso. Continuamente tem buscado estar com Seus filhos de modo que possamos sempre buscar conhecê-lo. Neste estudo desta semana estamos diante de uma preciosidade à qual muitos não entendem e até mesmo ignoram: a onipresença do Senhor nosso Deus. Bons Estudos!

Introdução

A onipresença significa que Deus está sempre presente. Não há nenhum lugar onde se possa ir para escapar da presença de Deus. Deus não é limitado pelo tempo ou espaço. Ele está presente em cada ponto do tempo e espaço. A presença infinita de Deus é importante porque estabelece que Deus é eterno. Deus sempre existiu e sempre existirá. Antes do início dos tempos, Deus já era. Antes que o mundo ou até mesmo a matéria em si tivesse sido criada, Deus já era. Ele não tem começo nem fim, e nunca houve um tempo quando Ele não existia, nem haverá um tempo em que deixará de existir. Novamente, muitos versículos na Bíblia nos revelam este aspecto da natureza de Deus, e um deles é o Salmo 139.7-10: "Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá".

I. O Deus Presente em Todo Lugar

O prefixo omni procede da palavra latina que significa “todo”. Assim, dizer que Deus é onipresente é dizer que Ele está presente em todos os lugares. Em muitas religiões, Deus é considerado onipresente, enquanto que no judaísmo e cristianismo, esta visão é adicionalmente subdividida na transcendência e imanência de Deus. Embora Deus não seja totalmente imerso no tecido da criação (panteísmo), Ele está presente em todos os lugares e em todos os momentos.

A presença de Deus é contínua ao longo de toda a criação, embora não seja revelada da mesma maneira e ao mesmo tempo para as pessoas em toda parte. Às vezes Ele pode estar ativamente presente em uma situação, embora escolha não revelar a Sua presença em uma outra circunstância, em alguma outra área. A Bíblia revela que Deus tanto pode estar presente a uma pessoa de uma forma manifesta (Sl 46.1, Is 57.15) quanto estar presente em todas as situações em toda a criação em qualquer momento (Sl 33.13-14).

II. O Deus Presente em Nossas Vidas

A onipresença é o método de Deus de estar presente em todos os intervalos de tempo e espaço. Embora Deus esteja presente em todo tempo e espaço, Ele não é localmente limitado a qualquer tempo ou espaço. Deus está em toda parte e em cada momento. Nenhuma partícula ou molécula atômica é tão pequena para escapar da presença de Deus, e nenhuma galáxia é tão grande que Ele não a possa conter. Entretanto, se tentássemos remover a criação, Deus ainda a conheceria, pois Ele sabe de todas as possibilidades, sejam elas reais ou não.

Deus está naturalmente presente em todos os aspectos da ordem natural das coisas, em todo tempo, maneira e lugar (Is 40.12; Na 1.3). Deus está ativamente presente de uma maneira diferente em cada acontecimento na história como um guia providente dos assuntos humanos (Sl 48.7; 2 Cr 20.37; Dn 5.5-6). Deus está presente e atento de uma maneira especial àqueles que invocam o Seu nome, intercedem por outros, adoram a Deus, fazem petições e oram fervorosamente por perdão (Sl 46.1). Ele está supremamente presente na pessoa do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (Cl 2.19), e misticamente presente na igreja universal que cobre a terra e contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.

Assim como a onisciência de Deus apresenta aparentes paradoxos devido às limitações da mente humana, o mesmo ocorre com a onipresença de Deus. Um desses paradoxos é importante: a presença de Deus no inferno, o lugar ao qual os ímpios são enviados e sofrem a fúria ilimitada e incessante de Deus por causa do seu pecado. Muitos argumentam que o inferno seja um lugar de separação de Deus (Mt 25.41) e se assim for, não se pode dizer então que Deus esteja em um lugar separado dEle. No entanto, os ímpios no inferno suportam a Sua ira eterna, pois Apocalipse 14.10 fala do seu tormento na presença do Cordeiro. Pensar que Deus esteja presente em um lugar aonde os maus são supostamente enviados causa certa consternação. No entanto, este paradoxo pode ser explicado pelo fato de que Deus pode estar presente -- porque Ele enche todas as coisas com a Sua presença (Cl 1.17) e sustenta tudo pela palavra do Seu poder (Hb 1.3) – mesmo assim, Ele não necessariamente está em todos os lugares para abençoar.

III. O Deus Presente em Todos os Dias

Assim como Deus é muitas vezes separado de Seus filhos por causa do pecado (Is 52.9), está longe dos ímpios (Pv 15.29) e ordena que os incrédulos escravos da escuridão no final dos tempos se afastem a um lugar de castigo eterno, Deus ainda está lá no meio. Ele sabe como as almas no inferno estão agora sofrendo; Ele conhece suas angústias, seus gritos por alívio, suas lágrimas e tristeza pelo estado eterno no qual suas almas se encontram. Ele está presente em todos os sentidos como um lembrete perpétuo do seu pecado que criou uma separação de todas as bênçãos que de outra forma poderiam ter recebido. Ele está presente em todos os sentidos, mas não exibe nenhum outro atributo além da Sua ira. Da mesma forma, Ele também estará no céu, manifestando todas as bênçãos que nem podemos começar a compreender aqui. Ele estará lá exibindo Sua múltiplas bênçãos, Seu múltiplo amor e Sua múltipla bondade-de fato, todos os seus atributos, com a exceção da Sua ira. A onipresença de Deus deve servir como um lembrete de que não podemos nos esconder de Deus quando pecamos (Sl 139.11-12), mas podemos voltar-nos para Deus em arrependimento e fé sem termos que nos deslocar (Is 57.16).

terça-feira, 10 de julho de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2018 - Capítulo 2 - O Senhor Deus Onipotente



Comentarista: Alexandro Milesi

Texto Bíblico Base Semanal: Gênesis 1.1-11,31

1. No princípio criou Deus o céu e a terra.
2. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
3. E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
4. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
5. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
6. E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
7. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.
8. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
9. E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
10. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.
11. E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.
31.E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

Momento Interação

No início da Bíblia Sagrada em Gênesis 1, o Senhor Deus já Se revela nos mostrando a Sua onipotência mediante a criação dos Céus e da Terra. Em um forte para não dizer um intenso período de ateísmo como estamos vivendo tanto dentro quanto fora de igreja, é necessário enfatizarmos aos nosso irmãos que somente o Senhor Deus detém todo o poder que há,  nos céus, na terra e debaixo da terra. Que todos nós possamos sempre guardar esta ênfase divina em nossos corações em tempos de dúvida e incredulidade no qual estamos vivendo e presenciando.

Introdução

A onipotência significa que Deus é todo-poderoso, ou seja, Ele tem poder ilimitado. Ter todo o poder é importante porque estabelece a capacidade de Deus de realizar a Sua vontade soberana. Porque Deus é onipotente e tem poder infinito, nada pode impedir que a Sua vontade decretada venha a acontecer, e nada pode deter ou atrapalhar Seus propósitos divinos de serem cumpridos. Há muitos versículos na Bíblia em que Deus revela esse aspecto de Sua natureza. Um deles é Salmo 115.3: "O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada." Ou, ao responder à pergunta dos discípulos: "Neste caso, quem pode ser salvo?" (Mt 19.25), Jesus diz: "Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis" (Mt 19.26).

I. O Deus que tem todo o Poder 

A palavra onipotente vem de omni – que significa "todo" e potente que significa "poder". Tal como os atributos da onisciência e onipresença, segue-se que, se Deus é infinito, e se é soberano, o que sabemos que Ele é, então Ele também deve ser onipotente. Ele tem todo o poder sobre todas as coisas em todos os momentos e em todos os sentidos. Jó falou do poder de Deus em Jó 42.2: "Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido." Jó estava reconhecendo a onipotência de Deus na realização de Seus planos. Moisés também foi relembrado por Deus de que Ele tinha todo o poder para levar a cabo Seus propósitos em relação aos israelitas: “Porém, o SENHOR disse a Moisés: Teria sido encurtada a mão do SENHOR? Agora verás se a minha palavra se há de cumprir ou não” (Nm 11:23). Em nenhum lugar a onipotência de Deus é vista mais claramente do que na criação. Deus disse: "Haja..." e assim foi (Gn 1:3, 6, 9, etc.) O homem necessita de ferramentas e materiais para criar, Deus simplesmente falou e pelo poder de Sua palavra tudo foi criado do nada. "Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca" (Sl 33.6).

II. O Deus que tem toda a Honra

O poder de Deus também é visto na preservação da Sua criação. Toda a vida na terra pereceria se não fosse pela Sua provisão contínua de tudo o que precisamos para comer, vestir e habitar, todos feitos com recursos renováveis sustentados pelo Seu poder como o preservador do homem e animal (Sl 36.6). Os mares que cobrem a maior parte da terra, e sobre os quais somos impotentes, oprimiriam-nos se Deus não os limitasse (Jó 38.8-11). A onipotência de Deus se estende aos governos e líderes (Dn 2.21) porque Ele os restringe ou deixa seguir o seu caminho de acordo com os Seus planos e propósitos. Seu poder é ilimitado em relação a Satanás e seus demônios. O ataque de Satanás em Jó foi limitado a apenas algumas ações por ter sido contido pelo poder ilimitado de Deus (Jó 1.12; 2.6). Jesus relembrou Pilatos de que ele não teria poder sobre Ele se não lhe tivesse sido concedido pelo Deus de todo o poder (Jo 19.11). Sendo onipotente, Deus pode fazer qualquer coisa. No entanto, isso não significa que Deus tenha perdido a Sua onipotência quando a Bíblia diz que Ele não pode fazer certas coisas. Por exemplo, Hebreus 6.18 diz que Ele não pode mentir. Isso não significa que Ele não tem o poder de mentir, mas que Deus escolhe não mentir de acordo com a Sua própria perfeição moral. Da mesma forma, apesar dEle ser todo-poderoso e odiar o mal, Ele permite que o mal aconteça de acordo com o Seu bom propósito. Ele usa certos acontecimentos perversos para levar a cabo os Seus propósitos, tal como quando o maior mal de todos ocorreu -- o assassinato do perfeito, santo e inocente Cordeiro de Deus para a redenção da humanidade.

III. O Deus que tem toda a Glória

Como o Deus encarnado, Jesus Cristo é onipotente. Seu poder é visto nos milagres que realizou – em Suas numerosas curas, na alimentação dos cinco mil (Mc 6.30-44), em acalmar a tempestade (Mc 4.37-41) e na exibição definitiva de poder ao ressuscitar Lázaro e a filha de Jairo dos mortos (Jo 11.38-44; Mc 5.35-43), um exemplo de Seu controle sobre a vida e a morte. A morte foi a principal razão pela qual Jesus veio: para destruí-la (1 Co 15.22; Hb 2.14) e para restaurar os pecadores a um relacionamento correto com Deus. O Senhor Jesus disse claramente que Ele tinha o poder para dar a Sua vida e para retomá-la, um fato que alegorizou ao falar sobre o templo (Jo 2.19). Ele tinha o poder de invocar doze legiões de anjos para salvá-lo durante seu julgamento, se necessário (Mt 26.53), mas escolheu oferecer-se em humildade no nosso lugar (Fp 2.1-11).

O grande mistério é que este poder pode ser compartilhado por crentes que estão unidos a Deus em Jesus Cristo. Paulo diz: "De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo" (2 Co 12.9 b). O poder de Deus é mais exaltado em nós quanto maiores forem as nossas fraquezas porque Ele "é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera" (Ef 3.20). É o poder de Deus que continua mantendo-nos em um estado de graça apesar do nosso pecado (2 Tm 1.12), e pelo Seu poder somos guardados de cair (Jd 24). Seu poder será proclamado por todos os seres celestiais por toda a eternidade (Ap 19.1). Que essa seja a nossa oração interminável!

segunda-feira, 9 de julho de 2018

3 Lições que podemos aprender com a Sogra de Pedro


Mateus 8:14,15 relata a cura da sogra de Pedro, e nesse texto podemos aprender princípios doutrinários que contribuirão para uma vida piedosa. As curas realizadas por Cristo apresentadas nos evangelhos, não tem apenas o intuito de nos ensinar curas físicas, mas espirituais e pontos doutrinários para vida cristã.

Nesse texto, fica evidente três princípios que são: pecado original, sacrifício de Cristo e o serviço cristão. Vamos então analisar cada um deles e sua parte prática.

1. Pecado Original

O texto de Mateus relata: E tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre (Mt 8:14). Já Marcos e Lucas relatam que depois de haverem saído da sinagoga foram para a casa de Pedro. 

Mateus deixa evidente que essa mulher estava enferma, acamada, impossibilitada de fazer suas atividades do cotidiano, não sabemos qual doença ela foi acometida. Essa é primeira lição que podemos aprender com esse relato, o pecado. Assim se encontrava a humanidade depois da queda de Adão, ficou enferma pelo pecado e toda sua descendência ficou sujeita ao mesmo. Antes de Adão desobedecer a Deus, o homem era santo, perfeito e vivia em harmonia com o seu Criador, mas quando violou as ordens de Deus, veio as consequências das suas ações sobre toda humanidade. A Confissão Belga, no capitulo 15 descreve sobre o pecado original dizendo:
Cremos que, pela desobediência de Adão, o pecado original se estendeu por todo o gênero humano. Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana e um mal hereditário, com que até as crianças no ventre de suas mães estão contaminadas. É a raiz que produz no homem todo tipo de pecado. Por isso, é tão repugnante e abominável diante de Deus que é suficiente para condenar o gênero humano.Nem pelo batismo o pecado original é totalmente anulado ou destruído, porque o pecado sempre jorra desta depravação como água corrente de uma fonte contaminada. O pecado original, porém, não é atribuído aos filhos de Deus para condená-los, mas é perdoado pela graça e misericórdia de Deus. Isto não quer dizer que eles podem continuar descuidadamente numa vida pecaminosa. Pelo contrário, os fiéis, conscientes desta depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado pela morte (Romanos 7:24).Neste ponto rejeitamos o erro do pelagianismo, que diz que o pecado é somente uma questão de imitação.
Portanto, o homem jamais poderá ser salvo por suas próprias ações, porque elas deixaram o homem totalmente voltado para o pecado, somente pela graça de Deus ele pode ser resgatado.

2. Sacrifício de Cristo

Depois de Jesus contemplar a mulher com febre, Ele a toma pela mão, e a febre a deixa (Mt 8:15). Aqui, aprendemos algo de suma importância, nós estávamos enfermos pelo pecado de tal forma, que erámos escravo de satanás, e voltados completamente contra a lei de Deus. A mão de Jesus resgatando essa mulher desta enfermidade, simboliza seu sacrifício na cruz, em favor dos pecadores por quem Ele morreu, essa é a segunda lição que podemos aprender com esse relato.

Como o apóstolo escreveu para a igreja de Éfeso: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus (Ef 2:4-7). Fomos salvos não porque Deus viu algo de bom em nossas atitudes, mas por causa da sua graça e misericórdia, como Paulo descreve, tudo isso Cristo fez por meio da sua morte na cruz.

Deus nos tirou de um charco de lodo e pôs os nossos pés sobre uma rocha (Sl 40,2). Se não fora pela morte de Jesus na cruz, ainda estávamos no lamaçal do pecado, mas aprouve a Deus enviar seu filho para nos salvar da maldição do pecado. O propósito de Cristo ao morrer na cruz foi justamente pelos nossos pecados (1Co 15:3), para a nossa justificação (Rm 4:25), nossa reconciliação com Deus (2Co 5:18) e para colocar a sua justiça em nossa conta (2Co 5:21).

O apóstolo Pedro falando sobre o sacrifício de Cristo diz: Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado (1Pe 1:18,19). Percebemos por esse texto, que tínhamos uma dívida para com Deus que éramos incapazes de pagar, entretanto, Cristo veio e pagou nossa dívida, não com prata ou ouro, mas com seu precioso sangue imaculado. Cristo é o nosso sacerdote, e continua a interceder pelo seu povo. O Breve Catecismo de Westminster na pergunta de número 25 e resposta, nos mostra como Cristo exerce a função de sacerdote:
Cristo exerce as funções de sacerdote, oferecendo-se a si mesmo, uma só vez, em sacrifício, para satisfazer a justiça divina, reconciliar-nos com Deus e fazendo contínua intercessão por nós.
3. Serviço

Após Jesus estender a mão sobre a sogra de Pedro, a febre a deixou, ela se levantou, e o serviu (Mt 8:14). Deus enviou seu filho ao mundo para nos libertar do império do pecado, nós éramos escravos do pecado, filhos da ira e da desobediência. Jesus ao morrer na cruz, nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados (Cl 1:13,14). A terceira lição que aprendemos aqui é: Cristo nos salvou para servimos a Ele.
“Servir a Deus implica todo aquele que foi salvo pelo sangue de Cristo, viver uma vida completamente de devoção a Deus, vida essa que venha refletir as obras de Cristo no falar, andar, pensar, na sociedade e família”. 

Paulo escrevendo para a igreja de Éfeso, ensina para aqueles cristãos no capitulo 2, que fomos salvos inteiramente pela graça e não por obras. Mas no verso 10 do mesmo capitulo ele diz: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas. Paulo não deixa de dar importância as obras, porém, ele demonstra que as obras não são a causa da salvação e sim a consequência dela. Logo, quem é salvo pela graça de Deus, vai produzir boas obras através do serviço cristão para a glória de Deus. Porque Deus nos criou para isto, manifestar sua glória. O Catecismo Puritanos pergunta de número 1 descreve assim:
Qual é o fim principal do homem? Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus, e deleitar-se nEle para sempre.

Jesus deu maior importância nessa área do serviço cristão no sermão da montanha, Ele afirmou que somos sal da terra e luz do mundo (Mt 5:13-16). Mas o que Ele queria ensinar ao dizer que somos o sal da terra e luz do mundo? Ele estava dizendo que os seus discípulos deveriam influenciar a sociedade por meio de suas obras, assim como o sal era usado como um conservante; eles deveriam conservar o mundo vivendo uma vida de integridade. Cristo disse que era luz do mundo (Jo 8:12), nesse texto de Mateus, o mesmo chama os discípulos de luz do mundo, dando a entender que, assim como a lua reflete a luz do sol no lado escurecido da terra, a igreja deve refletir os raios do “Sol da Justiça” (Ml 4.2) em um mundo escurecido pelo pecado.

Conclusão

A parte prática que podemos aplicar para nossa vida cristã é:

Primeiro, a cura da sogra de Pedro no ensina que um dia estávamos enfermos pelo pecado, afastado completamente de Deus, e impossibilitados de ir até Deus por meio de nossas ações.
Segundo, Deus enviou seu filho para nos resgatar do império das trevas, para o reino de Cristo. Fomos comprados pelo sangue de Cristo, reconciliados e justificados por meio da sua obra na cruz do calvário.

Terceiro, todos que foram salvos pelos méritos de Cristo, passarão a servir a Deus, usando seus talentos para a glória do reino de Cristo, e frutificando em toda boa obra.

Sidney Muniz  
Notas:
Confissão Belga
Breve Catecismo de Westminster
Catecismo Puritano
Comentário Bíblico de Beacon


terça-feira, 3 de julho de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2018 - Capítulo 1 - O Soberano e Eterno Deus



Comentarista: Alexandro Milesi


Texto Bíblico Base Semanal: Jó 38.1-13

1. Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo:
2. Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?
3. Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás.
4. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.
5. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?
6. Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina,
7. Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?
8. Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre;
9. Quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa?
10. Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos,
11. E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?
12. Ou desde os teus dias deste ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar;
13. Para que pegasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos dela;

Momento Interação

Neste mês de Julho, estudaremos um dos temas mais importantes e preciosos acerca do nosso Senhor Deus. O tema deste mês trata acerca dos Atributos de Deus, que tem por título: A Imagem do Deus Invisível - Estudos sobre os Atributos de Deus. O comentarista deste mês é o irmão Alexandro Milesi, Ministro do Evangelho, escritor, expositor bíblico, e membro da equipe de comentaristas do Ministério Evangelho Avivado. Que neste mês o seu conhecimento querido leitor, possa fazê-lo cada vez mais ser um seguidor assíduo de Cristo. Ótimos Estudos!

Introdução

Em nenhum momento desejamos provar a existência de Deus, assim como na bíblia o nosso desejo é escrever a pessoas que tem a fé em um Deus invisível mais real, um Deus que não se vê mais se sente, uma fé em um Deus todo poderoso. E que ao observarmos ao longo da historia e da criação do universo é um Deus que tem prazer de se mostrar através de sua criação, embora quero deixar claro que a sua criação não é Deus, apenas podemos perceber através de alguns detalhes a presença de um Deus dotado de inteligência e vontade, um Deus que é  presente em nossa historia e que orquestra tudo, tudo esta em suas mãos, e Ele é o governante de  todas as coisas. Um exemplo muito claro disso é a grande precisão de nosso universo onde todas as coisas por menores que sejam foram criadas com um proposito e fazem parte de um grande equilíbrio que o ser humano tem descoberto ao longo dos séculos. Vejamos a força da gravidade é algo que mantem o equilíbrio da crosta terrestre a pressão interna perto do núcleo e o manto terrestre um pequeno desiquilíbrio dessa tal gravidade destruiria a vida na terra. E ainda o lugar da terra no universo nos mostra um Deus que não só criou como também tem o controle e o cuidado, de todas as coisas, pois um pequeno desvio da terra pode destruí-la devido a uma colisão. Hebreus 11.3 diz: ”pela fé entendemos que os mundos foram criados por palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê”.

I. O Deus Além de Toda Compreensão 

Deus nos contou, nas Escrituras as suas muitas qualidades: 1. Deus é eterno. "Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus" (Sl 90.2). "Ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém" (Jd 25). É difícil até mesmo imaginar um ser que sempre existiu e sempre existirá, eterno e imutável. Tudo o mais teve um começo, terá um fim e sempre está mudando. 2. Deus tudo sabe. As perguntas de Deus a Jó, em Jó 38-39, mostraram a imensa diferença entre o entendimento dos homens e sua própria infinita sabedoria. Às vezes, a sabedoria de Deus é tão mais alta do que a nossa que, realmente, ela parece-nos loucura (1 Co 1). Nestes casos é essencial confiar na sabedoria de Deus. Nós, como meras criaturas, não temos nenhum direito de desafiar a vontade de Deus. 3. Deus tem todo o poder. Ele é, freqüentemente, descrito como "Todo-poderoso". Que grande e espantoso Deus! Deus impera sobre tudo. "Sabei que o Senhor é Deus: foi ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio" (Sl 100.3). Esta é a razão mais fundamental para obedecer a Deus. Ele nos possui; ele tem o direito de mandar e imperar. Foi-nos dada por Deus a capacidade, porém não o direito, de desobedecer.

II. O Deus Além de Toda Imaginação

Deus revelou-se por suas ações. A própria criação mostra a grandeza e a magnificência de Deus. Nosso sol é um dos 100 bilhões de estrelas em nossa galáxia da Via Láctea. Há cerca de 100 bilhões de galáxias, de acordo com as estimativas recentes. Nossa galáxia tem a largura de cerca de 100 mil anos-luz. Um ano-luz mede cerca de 9 trilhões de quilômetros. A distância média entre galáxias vizinhas é de 10 milhões de anos-luz. A magnitude da criação está absolutamente além de nossa compreensão. A libertação, por Deus, de seu povo do Egito também o revelou. Quando Moisés e Arão se aproximaram, pela primeira vez, do Faraó, que era provavelmente o mais poderoso homem do mundo, com a ordem de Deus para que deixasse os israelitas saírem, ele reagiu com desprezo: "Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz, e deixe ir a Israel?" (Êx 5.2). Deus respondeu à pergunta do Faraó com um curso em dez lições. Quando se completou a décima praga, os egípcios imploraram aos israelitas que saíssem. O poder do monarca da mais poderosa nação da terra era nada diante de Deus.

Deus nos deu retratos seus nas Escrituras. João, por exemplo, viu o Cristo glorificado. Ele então registrou o que viu, para ajudar-nos a ver Cristo em nossas próprias mentes. Tente imaginar o que João viu: "Voltei-me para quem falava comigo, e voltado, vi sete candeeiros de ouro, e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares, e cingido à altura do peito com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como a voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saia-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno" (Ap 1.12-18). 

Pense no efeito que esta visão teve sobre o resto da vida de João. Ele, provavelmente, nunca passou nem mesmo um dia sem ser profundamente influenciado pelo Cristo exaltado que ele havia visto. Medite neste ser com olhos de fogo, com uma voz como o estrondo de uma cachoeira, com os pés como se fossem de bronze em brasa, com poder para reduzir a cinzas tudo no seu caminho. Imagine um ser gigantesco para segurar 7 estrelas com uma só mão! Veja o brilho de sua face, que luzia como o sol! Não admira que João caiu como morto; quem poderia ter força para ficar em pé, depois de ver tal ser esmagador? Se pelo menos pudéssemos ver Cristo deste modo, nossas vidas também seriam profundamente afetadas.

III. O Senhor Deus Alfa e Ômega

Cada vez que as Escrituras mencionam que homens encontraram a Deus, lemos que eles caíram diante dele em temor e reverência (cf. Is 6). Aqueles que chegam a entender a natureza de Deus, como é apresentada nas Escrituras, também o respeitarão e se humilharão diante dele. "Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor" (Hebreus 12:28-29). Um olhar de Deus nos faz ver nossa pequenez, nossa fraqueza, e nosso pecado, e chegamos a respeitar e temer a Deus de muitos modos.

1. Temos que ser reverentes quando falamos sobre Deus. Deus é o maior, o mais espantoso, e o mais santo ser no universo. Jamais devemos falar de Deus por brincadeira; não devemos sequer falar dele negligentemente; e não devemos nunca tomar seu santo nome em vão. Frequentemente pessoas dizem, "Ó meu Deus" ou "Ó meu Deus do céu", sem pensar. Quando pessoas tratam o nome de Deus irreverentemente é porque nunca perceberam a grandeza do Deus cujo nome elas usam tão levianamente. 

2. Temos que ser reverentes quando falamos a Deus. A magnificência de Deus deverá certamente levar-nos a adorá-lo. Mas as experiências infelizes de homens como Nadabe e Abiú, Saul, Davi e outros (Lv 10; 1 Sm 13; 15; 2 Sm 6) deverão nos advertir da necessidade de adorar a Deus da maneira exata como ele ensina. Adorar a Deus com os lábios, enquanto a mente se distrai, e adorar a Deus de acordo com fórmulas e modelos inventados pelos homens é expressamente proibido (Mt 15.8-9). 

3. Temos que ser reverentes quando ouvimos as palavras de Deus. Em Neemias 8, Esdras lia a lei desde manhã cedo até o meio dia, enquanto todo o povo, de pé, ouvia atentamente. Eles, então, estavam querendo obedecer, em cada detalhe, a palavra que lhes era lida. Quando eles descobriram o modelo de Deus para a festa dos tabernáculos, eles o seguiram, ainda que a festa tivesse sido negligenciada pelos judeus por mil anos. Por causa da grandeza de Deus, sua palavra é mais importante do que centenas de anos de tradição religiosa. Onde estão aqueles que respeitam a Deus o bastante para seguir cuidadosamente suas instruções, ainda mesmo que elas pareçam estranhas ou fora de moda?