quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Agosto/2018 - Capítulo 5 - Alegrem-se sempre no Senhor



Comentarista: Lucas Soares



Texto Bíblico Base Semanal: Filipenses 4.1-13

1. Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados.
2. Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor.
3. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os meus outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.
4. Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.
5. Seja a vossa eqüidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6. Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.
7. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
8. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
9. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.
10. Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.
11. Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.
12. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.
13. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.

Momento Interação

Em filipenses 4, Paulo exorta os moradores de Filipos a alegrar-se no Senhor Jesus Cristo e a perseverar em  oração. Mais uma vez os estimula a unidade e fala sobre como aprendeu a viver todas as situações da vida, tendo muito ou pouco. Por fim, ele os agradece por sua generosidade nas ofertas e roga a Deus que os abençoe.Aos filipenses, o apóstolo Paulo dá a “receita” de uma Igreja vitoriosa: a unidade. Ele os estimula continuamente a viverem em comunhão e procura tratar de forma amorosa e espiritual cada foco de contenda. A alegria deve ser algo notável entre os cristãos, a despeito de qualquer situação. Todos que nos cercam devem perceber nosso prazer de viver a vida em Jesus.

Nossa mente deve ser ocupada, preenchida, transbordante de pensamentos do alto. Além disso, os cristãos têm o dever de não apenas aprender mais, sobretudo devem colocar em prática o que já se sabe. Bons Estudos!

Introdução

O capítulo 4 de Filipenses é repleto de orientações práticas para a vida cristã. No início, Paulo aborda o desentendimento ocorrido entre duas pessoas, algo que pode roubar a paz e a alegria (Fp 4.2). A briga deve ter sido suficientemente grave para merecer menção nesta carta pública. Paulo encoraja essas irmãs na fé a viverem em harmonia com Deus e com o próximo. Isso se encaixa com o tema do capítulo 3, no qual os filipenses são exortados a colocarem as necessidades dos outros acima das suas próprias. A transição de Paulo (portanto) encerra a seção anterior (Fp 3.17-21) e introduz as exortações subsequentes. O apóstolo considerava a vida dos amados filipenses como alegria e coroa, a recompensa que premia o trabalho que ele tem feito. Com a ordem estai assim firmes, que exige ação contínua da parte dos cristãos de Filipos, Paulo inicia uma série de dez ordenanças, que se estende até os agradecimentos a igreja em Filipos.

I. Permanecendo firmes no Senhor

Paulo exortou os filipenses a esforçar-se para obterem quatro virtudes cristãs básicas: (1) regozijar-se, sempre, no Senhor (Fp 4.4), (2) serem moderados com todas as pessoas (Fp 4.5), (3) serem constantes na oração, não ansiosos (Fp 4.6), e (4) meditarem em coisas excelentes (Fp 4.8). Em meio às dificuldades, a todas as situações, os cristãos devem regozijar-se. A alegria deles não deve ser baseada em circunstâncias favoráveis; em vez disso, deve ser fundamentada em seu relacionamento com Deus. Os cristãos enfrentarão tribulações neste mundo, mas devem regozijar-se nas provações porque sabem que o Senhor as usa para aperfeiçoar o caráter deles (Tg 1.2-4). Equidade identifica a pessoa que revela calma e clareza de espírito. O indivíduo moderado está disposto a sacrificar tudo a que tem direito para mostrar consideração aos outros. O advérbio perto sugere que a volta do Senhor poderia ocorrer a qualquer momento. Paulo usa esse fato para motivar os filipenses a honrarem a Deus com a própria vida.

II. Alegrai-vos no Senhor

Paulo aconselha a igreja a se concentrar no lado bom e belo na vida, porque isso ajuda a pessoa a ser positiva em um mundo negativo. No verso 8, o verbo utilizado é “pensar” nas virtudes; enquanto que no versículo 9 o verbo se torna “praticar” as virtudes: “Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês”, NVI). Tais virtudes também devem ser o padrão para o cristão avaliar todas as suas atividades de entretenimento e lazer.

Contentar-se em qualquer situação é a base da alegria, especialmente para Paulo que se encontrava preso no momento em que escreveu esta carta (Fp 4.11). Há uma grande necessidade de encontrar contentamento no que se tem, sem buscar continuamente adquirir mais. Poderíamos nos perguntar: Estou satisfeito com o que tenho? Ou estou sempre e continuamente procurando adquirir mais e mais coisas e realizações, numa busca insaciável? Estar satisfeito com o que se tem é o caminho para a alegria em qualquer situação em que nos encontrarmos. Como alguém já observou: “a comparação mata o contentamento”. A ênfase do verso 13, “tudo posso naquele que me fortalece” está em Cristo, que nos concede forças. Esta é uma fusão da vontade humana com o poder divino. Nós somos capazes de fazer grandes coisas, não por nossa própria capacidade, mas na dependência de Deus. Podemos, portanto, enfrentar hoje o que quer que aconteça em nosso caminho, não por causa de quem somos, mas por causa da conexão que temos com o Cristo Vivo.

III. O Agradecimento da Paulo pelos Filipenses

Ao receber ajuda dos filipenses, Paulo se regozija grandemente "no Senhor" (Fp 4.10). Mesmo assim, ele explica que seu contentamento vem, não das coisas que ele tem nesta vida, mas em sua relação com o Senhor. O contentamento, nesta vida, é uma atitude aprendida (Fp 4.11). Em todas as coisas que Paulo sofreu por amor do evangelho (Fp 1.17; 3.4-11; 2 Co 11.23-30), ele aprendeu a manter sua atenção em Cristo (2 Co 12.7-10). Se aprendemos a ter Cristo como o foco de nossa vida, a nossa circunstância material perderá sua importância (Fp 4.12-13).

Ainda que Paulo não precisasse do donativo deles para ficar contente, assim mesmo ele se regozijou em recebê-lo porque eles participaram da aflição dele (Fp 4.14). Eles tinham ajudado a Paulo desde o início, quando ele saiu de Filipos para ensinar em Tessalônica (Fp 4.15-16; At 16.11-17.4; 2 Co 8.1-5). Agora que tinham oportunidade de ajudá-lo novamente, isso significaria "fruto" para crédito deles (Fp 4.17). Eles colheriam ricas recompensas do Pai (Fp 4.19). A dádiva deles era um sacrifício pessoal, "como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus" (Fp 4.18). Não é o objeto do sacrifício que dá a suave fragrância a Deus, mas o coração daquele que faz o sacrifício. Os corações dos filipenses eram suaves para Deus, em seu abundante amor para com Paulo.

Essa generosidade é o modelo para os cristãos de hoje. Eles não deram esperando receber bênçãos em retribuição. Não deram porque era algo que "a igreja" exigia. Eles deram com ânimo e de coração, sabendo que sua dádiva estava indo para a divulgação do evangelho e que "Deus ama a quem dá com alegria" (2 Co 9.7). Nosso amor genuíno de uns pelos outros e nosso cuidado com a unidade no corpo de Cristo devem compelir-nos a ver uns aos outros assim como Cristo nos vê. Podemos saudar nossos irmão "em Cristo Jesus", se há lutas entre nós? (Fp 4.2-3). Temos que humilhar-nos e abandonar nossas diferenças pessoais para ajudar uns aos outros chegar ao céu. Isso é exatamente o que Jesus fez por nós (Fp 2.5-11). Os filipenses haviam ajudado a levar o evangelho até aqueles da casa de César, que se lembravam deles com amor. Em tudo isto, a graça do Senhor é óbvia. Paulo começou sua carta desejando-lhes a graça do Senhor, e encerra-a com o mesmo desejo (Fp 4.23). Onde abunda a graça do Senhor, haverá paz, unidade, e força para superar as tentativas de Satanás a destruir os servos de Deus (2 Co 12.9-10). 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Agosto/2018 - Capítulo 4 - A Vigilância dos Maus Obreiros e o Fruto do Espírito




Comentarista: Lucas Soares


Texto Bíblico Base Semanal: Filipenses 3.1-14

1. Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.
2. Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão;
3. Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.
4. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu:
5. Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu;
6. Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível.
7. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
8. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
9. E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10. Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;
11. Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.
13. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,
14. Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Momento Interação

Os filipenses, assim como todo cristão devem ter em Jesus a sua fonte de alegria. Paulo não se cansa de repetir isso. Outro cuidado que eles deviam ter, era o de evitar os falsos mestres e a vaidade dos títulos e da aparência. Para isto, Paulo apresenta o seu próprio exemplo de judeu e fariseu. O seu novo nascimento em Cristo, o fez perceber o quanto seu “passado glorioso” de nada valia. Esse entendimento era tão profundo para o apóstolo, que ele diz: “considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo”. Em filipenses 3, Paulo fala sobre a superioridade da salvação em Jesus Cristo e sobre a alegria, como fruto do relacionamento sincero com Deus. Exorta os irmão a fugirem da aparência e compara os cristãos a atletas de alta performance. Bons Estudos!

Introdução

Paulo desejava muito que os filipenses resistissem ao legalismo assim como ao antinomianismo (Fp 3.17-4.1). Eles precisavam viver na vida presente com os olhos fixos no objetivo do seu futuro, no retorno de Cristo. Na segunda parte da seção principal dessa carta, Paulo direcionou a atenção para os muitos erros que haviam entrado na igreja em Filipos. Para resumir tudo o que disse sobre uma vida digna de Cristo, Paulo acrescenta que vos regozijeis no Senhor. Este regozijo é no Senhor, não nas circunstâncias. Deus sempre está no comando, por isso, mesmo na prisão, Paulo pode regozijar- se. Consequentemente, ele não se aborrece (incomoda) de incentivar os filipenses a regozijar-se. Seria uma garantia para a conduta deles porque eles tomariam a atitude correta. A preocupação de Paulo era que os filipenses não caíssem na armadilha preparada por aqueles que estavam dentro da igreja e apoiavam a heresia, por isso o apóstolo disse que seus conselhos são segurança.

I. Guardai-vos dos Maus Obreiros

Nos tempos do Novo Testamento, cães eram animais odiados. O termo passou a ser usado como referência a todos os que tinham uma mente impura no que diz respeito à moral. Uma vez que o termo obreiros era usado ocasionalmente para identificar aqueles que propagavam uma religião, é provável que as palavras maus obreiros aludam a mestres que estavam espalhando doutrinas destrutivas. Empregando o vocábulo circuncisão, Paulo expõe de um modo sarcástico e específico aqueles que desejavam restabelecer práticas religiosas judaicas como sendo necessárias para a salvação. Ele escolhe um termo cujo significado literal é cortar. Ao fazer isso, o apóstolo sugere que essas pessoas sequer entendiam a verdade sobre a prática da circuncisão no Antigo Testamento, compreendendo-a simplesmente como um corte da carne.

A chave à nossa alegria deve estar "no Senhor" (Fp 3.1), e não nas nossas próprias obras. Devemos estar buscando "em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça" (Mt 6.33). Por este motivo, Paulo escreve aos filipenses mais uma vez "as mesmas coisas" que já ouviram dele em Cristo. É nossa segurança no evangelho que continuamos estudando as mesmas palavras do Senhor, ao invés de criar novos e "melhores" credos. Tudo que precisamos para sermos fiéis e piedosos já foi nos dado nas Escrituras (2 Tm 3.16-17; 2 Pe 1.3; Jd 3). Quando acrescentamos ou tiramos alguma coisa da vontade divina revelada, mostramos que nossa confiança está em nós mesmos e na nossa sabedoria e não na dele.

Alguns chegaram a Filipos ensinando coisas que não faziam parte do evangelho de Cristo. Falaram que os irmãos precisavam se circuncidarem e cumprirem a Lei de Moisés. Paulo explica que a circuncisão verdadeira é do espírito, e não da carne (Cl 2.11-14). É Cristo quem circuncida nosso coração e espírito quando, pela fé obediente, somos batizados nele. A falsa circuncisão tem ligação com Abraão apenas pela descendência física, mas a verdadeira circuncisão são aqueles que têm a fé de Abraão (Gl 3.7-14,26-29).

II. A Justiça que vem de Deus

Paulo mostra a futilidade de confiar na carne, usando o exemplo da própria vida dele. Se alguém poderia ter confiado na carne, seria Paulo. As coisas que ele conseguiu fazer, como judeu, eram notáveis. Mas, para Paulo, nada disso importava. Ele não somente considerava todas essas coisas perda, mas até as chamou de refugo. Até as maiores coisas que um homem pode conseguir aqui nessa vida não são nada quando comparadas com "a sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus" (Fp 3.8). Paulo considerava tudo refugo para não ser tentado confiar nas coisas que ele tinha feito. Ele sabia que precisava se conformar com Cristo na sua morte (Fp 3.10-11).  Se houver algo que ameaça nos impedir de participar da ressurreição, precisamos considerar tal coisa refugo e jogá-la fora.

A justiça de Paulo, agora, não procedia da lei, antes vinha mediante a fé em Cristo. Paulo reconhecia que a salvação é baseada não em obras humanas de obediência à lei, mas inteiramente e exclusivamente na "justiça que precede de Deus", que é dada àqueles que estão unidos com Cristo (Rm 1.16-17; 3.21-26). Ela nos é dada mediante a fé em Cristo. Cristo é o objeto da fé (GI 2.16), e agora que Paulo confiava somente em Cristo, ele havia abandonado toda a confiança em suas próprias credenciais (Fp 3.7-8).

A fé é o meio, não a base, da salvação. Paulo declara que nós somos salvos por meio da fé, nunca que somos salvos por causa da fé. O mérito de Cristo é a base da salvação. A fé é o instrumento que liga os crentes a Cristo e seu mérito. Por isso que ela é baseada na fé. Essa frase pode ser traduzida "dada por Deus em resposta à fé". A fé recebe o dom de Deus da justiça (Rm 3.22; 5.17), e o exercício da fé precede o veredicto de Deus da justificação (Rm 4.3; 5.1; GI 3.6).

III. Prosseguindo para o Alvo

Dos versículos 12 ao 16 do capítulo 3 de Filipenses, ele vai falar do viver agora para o futuro. Paulo deixou o ataque aos legalistas para focalizar nos desafios de viver nesta vida tendo em vista o que Cristo trará no futuro. Embora os crentes já tenham recebido muito de Cristo, ainda há muito mais a ser experimentado nele.

Paulo não julgava que ele mesmo já tenha recebido ou alcançado tudo isso (Fp 3.10-11). Paulo ainda não tinha recebido todos os benefícios da salvação. Ele enfatizou esse ponto para contrastar com qualquer ideia de perfeição nesta vida (cf. Tg 3.2; 1 Jo 1.8) e a fim de expressar a grandiosidade de sua futura glorificação em Cristo.

O processo salvador que deverá ser consumado no dia de Cristo (Fp 1.6,10) e na ressurreição dos mortos (Fp 3.11) já começou, mas ainda não está completo. Assim, ele Paulo nos orientava a prosseguir para o alvo. O objetivo da batalha de Paulo prometia um troféu esplêndido: a salvação em toda a sua totalidade (cf. 1.28; Rm 13.11). Esse era o prêmio da soberana vocação. Deus já havia chamado Paulo (Rm 8.30; GI 1.15). Era porque Paulo havia sido "conquistado por Cristo Jesus" (Fp 3. 12) que ele prosseguia com vigor na direção do alvo da vida na glória (Fp 3.13-14). Todos, pois, que somos perfeitos ou que tenham alcançado maturidade. As primeiras palavras de Paulo no versículo 15 podem ter sido um tributo às pessoas que, de fato, pensavam e viviam de maneira perfeita. Paulo, na verdade, usou a palavra grega, aqui traduzida "perfeição", num sentido favorável (cf. Cl 1.28). Outro modo de interpretar isso é que Paulo devia estar usando de ironia para falar das pessoas que já se consideravam "perfeitas" (Fp 3.12), e a sua intenção era corrigir esse pensamento.

Se isso fosse diferente, isso também Deus esclareceria para eles. Seja o discernimento e o entendimento espiritual ou a concordância entre os cristãos que esteja sendo considerado aqui, a graça de Deus é necessária (Fp 1.19-11). Nesse meio-tempo, a conduta dos crentes deveria estar de acordo com o grau de percepção que Deus já concedeu a cada um (Fp 3.16).

domingo, 19 de agosto de 2018

Os Obstáculos e os Benefícios da Meditação



Toda prática espiritual tem seus obstáculos, e os seus benefícios para a vida cristã. Precisamos estar conscientes das barreiras que nos impedem de fazer da meditação um hábito espiritual. Todos que pretendem realizar essa pratica piedosa, enfrentarão obstáculos. Por isso, é necessário que conheçamos cada um deles para que possamos lutar e vence-los. Se os cristãos conhecessem os benefícios que há em meditar nas coisas de Deus, não perderiam tempo com as coisas fúteis dessa vida e desejariam mais de Deus sobre suas vidas.

Portanto, o propósito desse texto é mostrar os entraves que surgem sobre os que querem meditar e receber as bênçãos que procedem dessa prática.

1. Os obstáculos da Meditação

Destacaremos aqui alguns obstáculos que impedem o sucesso na meditação:

a) Ignorância

Quando perguntamos a alguns cristãos se eles meditam, os mesmos afirmam: “Que não conseguem concentrar seus pensamentos nisso, porque eles são como a onda do mar que é arremessado de um lado para o outro”. Diante disso, devemos entender que os pensamentos dispersos não isentam o dever do cristão. Geralmente, quando esses argumentos são usados, fica claro a ignorância sobre o dever de meditar. E não somente isto, mas é uma prova clara que não há amor a Deus e a sua palavra. Desse modo, muitos deixam de meditar por falta de conhecimento sobre o assunto e preferem ficar na ignorância.

b) As atividades dessa vida 

Alguns não meditam por falta de conhecimento sobre esse tema, outros colocam como barreira as atividades desse mundo. Alegam que não podem, pois andam ocupados demais com os empreendimentos deste mundo, assim, acham que não podem ter um desempenho com seriedade. A primeira coisa que a pessoa que esta nessa situação deve ter em mente é: a verdadeira espiritualidade, não é praticada somente em momentos de lazer, porém, as atividades desse mundo devem levar-nos mais a meditação. Josué estava na liderança do povo de Deus, era um homem altamente ocupado, mas Deus disse que ele deveria meditar na sua lei de dia e de noite.

c) Sono Espiritual  

Um dos obstáculos ferrenho do homem nesse hábito, é o sono espiritual ou a preguiça espiritual. As pessoas que vivem assim, dizem que têm boas intenções, mas suas almas se inclinam para distante da meditação. O autor de Provérbios afirma: A sonolência cobrirá de trapos o homem (Pv 23:21). É mais do que claro, todo aquele que se lança na sonolência para com a meditação, sofrerá prejuízos quanto a espiritualidade; um deles é a indiferença para com as coisas de Deus. Certo puritano sobre isto disse: “É preferível esmerar-se do que sofrer dores, e jungido com as cordas do dever do que com as cadeias das trevas”. Uma pessoa que vive em uma situação como esta, precisa analisar suas preferências, para assim ver se estão mais inclinadas a Deus ou ao mundo, porque a preguiça espiritual não é defeito físico apenas, mas espiritual.

d) Prazeres e amizades do mundo

Os prazeres e as amizades do mundo têm impedido muitos cristãos de meditarem na palavra de Deus. Muitos não estão dispostos a abandonarem o entretenimento fútil do mundo e nem os amigos. Esses devem lembrar que, “as coisas desse mundo estragam nossa espiritualidade e nos indispõe para com os deveres da meditação”. As coisas de Deus são maiores do que os prazeres do mundo, as coisas desse mundo passam, todavia, aqueles que se empregam na meditação, serão recompensados na eternidade e nessa vida. Lembrando o que Tiago disse: Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4:4).

e) Falta de disposição

A falta de disposição tem sido um grande vilão, que tem roubado a muitos quanto a prática da meditação. Os que estão nessa situação a consideram uma tarefa muito difícil e sobrecarregada, por isso, não se dedicam a estar a sós com Deus. Esses pensamentos, precisam ser purificados com o sangue de Cristo, para que assim, venham se comprometer com a meditação e os meios de graça. O puritano Calamy demonstra, os prejuízos graves de ficar indisposto a meditação: As consequências de omitir-se da meditação são sérias. Conduz ao endurecimento do coração. Por que as promessas e ameaças de Deus causam tão pouca impressão em nós? Porque falhamos em meditar sobre elas. Por que somos tão ingratos a Deus por Suas bênçãos? Por que Suas providências e as aflições falham em produzir santo fruto em nossas vidas? Por que não conseguimos beneficiar-nos com a Palavra e os sacramentos? Por que somos tão prontos a julgar os outros? Por que nos preparamos tão mal para a eternidade? Por que a falta de meditação é tão clamorosa em nós?

2. Os benefícios da meditação

Depois de verificarmos os obstáculos a meditação, agora verificaremos os benefícios que ela trás para a vida cristã, elas são:

  • A meditação promove o temor a Deus, o qual é o principio da sabedoria (Pv 1:8). 
  • A meditação melhora nossa vida de oração, porque através dela nos aperfeiçoaremos nessa prática e abre nosso entendimento para palavra de Deus (Sl 119:18). 
  • A meditação nos leva amar a lei do Senhor e meditar nela todos os dias (Sl 119:97). 
  • A meditação aumenta o arrependimento e a transformação da vida (Sl 119.59) 
  •  A meditação é uma grande amiga para a memória. 
  • A meditação ajuda-nos a valorizarmos o tempo que Deus nos deu para usarmos na sua presença. 
  •  A meditação glorifica a Deus (Sl 49.3). 
  • A meditação é uma poderosa arma contra Satanás e a tentação (Sl 119:11,15; 1Jo 2:14). 
  • A meditação ajuda a prevenir contra pensamentos maus e vãos (Sl 101:3). 
  • A meditação é um forte antídoto contra o pecado e a cura da cobiça. 
  • A meditação nos auxilia nas provações 
  •  A meditação ajuda a entendermos as promessas de Deus contida nas Escrituras. 
  • A meditação traz um entendimento mais profundo da palavra de Deus. 
  • A meditação nos leva adorar a Deus de forma mais teocêntrica. 
  • A meditação nos ajuda a visualizar o culto como uma disciplina a ser cultivada. Ela nos leva a preferir a casa de Deus à nossa própria. 
Esses pontos, são suficientes para nos conscientizarmos dos grandes benefícios da meditação para a espiritualidade cristã. 

Conclusão 

Portanto, devemos estar cientes dos obstáculos a meditação, devemos conhecer cada uma dessas barreira para as vencermos; bem como dos benefícios que ela traz para vida cristã. Como disse Thomas Brooks, “a meditação é o alimento de suas almas, é o próprio estômago e o calor natural pelos quais as verdades são digeridas. Uma pessoa logo viverá sem seu coração, quando for capaz de obter o bem pelo qual lê sem meditação. ... Não é aquele que lê mais, e sim aquele que medita mais é que provará ser o cristão mais seleto mais suave, mais sábio e mais forte”.
Que possamos sempre fazer da meditação uma disciplina para a vida cristã. Se não queremos ter uma vida cristã superficial, devemos valorizar essa prática.

Sidney Muniz
Notas:
Espiritualidade Reformada – Joel Beeke

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Agosto/2018 - Capítulo 3 - O Amor, Santidade e Humildade



Comentarista: Lucas Soares


Texto Bíblico Base Semanal:Filipenses 2:1-11

1. Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
2. Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.
3. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
4. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
5. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6. Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
7. Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
9. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
10. Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11. E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Momento Interação

Como podemos experimentar a alegria de ser um cristão? A alegria nasce quando decidimos mudar de sermos centrados em nós mesmos para nos tornarmos centrados em Cristo. Alguém disse uma vez: “Aquele que escolhe a si mesmo como companhia e busca agradar a si mesmo está pronto a ser corrompido pela companhia que escolheu.” Em contraste, o cristão convida continuamente Jesus a ser seu companheiro e modelo.

Somos instados por Paulo a seguir o exemplo de amor e humildade que Cristo demonstrava em uma cultura que promove o egoísmo como modelo. A proliferação quase global de “selfies” – imagens de si mesmo – pode ser um indicativo da época em que estamos vivendo. Pode ser difícil para alguns de nós colocar as necessidades dos outros acima das nossas. Mas esta era a atitude de Cristo a qual somos exortados a possuir. Bons Estudos!

Introdução

No capítulo 2 da Epístola aos Filipenses, Paulo mostra-nos como a sua alegria podia ser completa, assim como a nossa também pode ser: através do exemplo de Cristo. A alegria de Paulo se tornava completa ao ver crentes unidos e amorosos uns para com os outros. O apóstolo Paulo exorta sobre a necessidade da unidade espiritual entre os cristãos. Mais ainda, lembra-nos que devemos ser mais como Cristo, ter o mesmo ânimo e o mesmo amor incondicional. O amor cristão deve ser recíproco, ou seja, “ame e será amado”. Jesus era divino, mas também humano. Humilhou-se a si mesmo, converteu-se em servo. Foi criado como um ser humano comum, provavelmente trabalhando como carpinteiro com seu pai terreno. Foi obediente até a cruz, sofreu morte vergonhosa e dolorosa, a morte de um escravo.

I.  Um Mesmo Sentimento em Cristo

A ambição egoísta pode arruinar a Igreja e o mundo, mas o amor genuíno pode redimi-los. Ter amor genuíno e humildade significa olharmos sob a perspectiva da verdade. Ser humildes não significa que tenhamos que depreciarmos a nós mesmos. Tenhamos presente que somos pecadores salvos somente pela graça; mas temos sido salvos e, portanto, nosso valor no Reino de Deus é grande. Por isso, deixemos de lado nosso egoísmo e tratemo-nos com respeito e com cortesia. Olhemos para Cristo, que foi o verdadeiro exemplo de humildade e de amor incondicional.

Filipos era uma cidade cosmopolita, e assim são as Bahamas e muitos outros países do mundo. A Igreja é um reflexo da comunidade, de pessoas com uma variedade de histórias pessoais. Com tanta variedade entre os membros, a unidade não é sempre fácil de ser mantida, embora não haja sinais evidentes de divisão na Igreja. Como seguidores de Cristo, devemos salvaguardar a unidade no corpo de Cristo. O apóstolo Paulo adverte-nos contra o egoísmo, a discriminação e os ciúmes que podem levar-nos à separação. Mostrar nosso interesse autêntico pelos outros é um passo positivo para manter a unidade entre os crentes e alcançar a comunidade de fora.

II. A Obediência de Cristo até o Fim

Embora Cristo seja Deus, fez-se humano para levar a cabo o plano de salvação de Deus Pai para toda a humanidade. Cristo não somente tinha a aparência de um ser humano; fez-se humano para identificar-se com nossos pecados. “Embora existisse com o mesmo ser de Deus, não presumiu igualdade com Ele”. Ele morreu na cruz por nossos pecados, para que não tivéssemos que morrer eternamente. Assim, como podemos fazer menos que louvar a Cristo como nosso Senhor e nos dedicarmos ao Seu serviço?

Muitas vezes em nossa sociedade, as pessoas se desculpam do próprio egoísmo, da injustiça ou da maldade, reclamando seus privilégios. Por exemplo, alguém pode pensar: “Nesta prova posso colar; pois mereço terminar o meu curso”. Ou “posso gastar todo este dinheiro em coisas para mim, porque trabalhei muito duro para ganhá-lo”. Nós deveríamos ter uma atitude diferente para sermos capazes de servir o próximo. Se somos verdadeiros seguidores de Cristo, devemos viver como ele viveu. Devemos desenvolver sua atitude de amor incondicional para servir o outro, sem pensar no reconhecimento de nosso esforço. 

Ser humilde como Cristo é o exemplo máximo que devemos procurar imitar (Fp 2.5-7). Cristo colocou nossas necessidades acima das Suas próprias e Se esvaziou, assumindo a forma mais baixa da humanidade, a de um escravo a morrer na cruz.

III. O Operar de Deus em Nós

Sob o prisma do no início do capítulo 2, Paulo faz algumas exortações aos filipenses, mas antes faz um reconhecimento: a obediência dos filipenses na presença e na ausência do apóstolo. Os Filipenses abraçaram o Evangelho e continuaram a perseverar na observação dos valores que o Evangelho de Cristo apresenta, mesmo Paulo estando longe. Paulo conhecia bem os filipenses, pois havia uma relação muito próxima entre o apóstolo e os membros da Igreja em Filipos. Ele sabia da intenção do coração e propósitos dos irmãos em Filipos, descritos dos versos 15 e 16:

· Ser um cristão irrepreensível 
· Ser um filho de Deus sincero
· Ser inculpável no meio de uma geração corrupta
· Conservar a Palavra da Vida
· Ser como luzeiro a brilhar

Paulo percebeu que sua prisão estava produzindo um desestímulo entre os filipenses, embora eles continuassem fiéis ao Evangelho. Alguns membros da igreja estavam com dificuldades em cumprir com os seus propósitos de servir a Deus. Paulo, como pastor, ensina que eles poderiam continuar os propósitos de Deus mesmo em meio às dificuldades e passa a ensinar aos filipenses uma grande lição. Algumas vezes isto acontece conosco também. Fazemos propósitos de sermos cristãos que cumprem com suas responsabilidades, de ler a bíblia todos os dias, de servir a Deus e à Igreja, além de outros; e percebemos que nem sempre cumprimos com os mesmos. Isto estava acontecendo com a Igreja de Filipos, pois a ausência e prisão do apóstolo estavam criando um desestimulo para a perseverança nos propósitos.

Sem a presença de Paulo os filipenses poderiam praticar os atos para o bem de toda a comunidade, pois era Deus quem efetuaria isto na vida deles. O verbo grego energeo tem o sentido de dar poder, energizar, tem também o sentido de produzir. Isto seria o resultado da graça de Deus. Em outras palavras, o que está sendo ensinado é que o cristão deve cumprir seus propósitos na dependência da Graça de Deus e fortalecido pela presença de Deus em sua vida. É Deus quem efetua o querer e o realizar. Em Romanos 7.18 o apóstolo diz que o querer o bem está nele, mas não o efetuar. O cristão que tentar viver a vida cristã confiado na sua própria capacidade, força ou formação, descobrirá muito cedo a sua incapacidade para tal. Paulo dá esta lição, pois ele mesmo havia tido esta experiência quando afirma o seguinte: "porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7.19).

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Diretrizes para uma boa Meditação


Para uma boa meditação, é necessário que tenhamos algumas diretrizes. É importante mencionar que essas diretrizes têm como objetivo nos disciplinar nessa prática piedosa, que um dia foi muito valorizada pela igreja, mas hoje sofre um declínio, podemos assim dizer. Portanto, é preciso resgata essa prática que já foi tão utilizada em tempos passados pelo povo de Deus.

Destacaremos aqui, algumas instruções que podem nos ajudar a meditar de uma maneira mais eficiente.

1. Preparação

É necessário nos prepararmos para tal prática, toda meditação requer isso. Eis algumas sugestões que o auxiliarão.

Primeiro, é importante nos limpar das coisas deste mundo, como: suas atividades e diversões, do mesmo modo, das tribulações e agitações interiores. Por isso, é importante orar para que Deus possa nos guardar das companhias externas, mas também das internas; isto é, dos pensamentos mundanos que possam nos impedir de meditar.

Segundo, devemos ter o coração purificado da culpa e da poluição do pecado. Antes de nos engajar na meditação, precisamos ir até Deus com um coração disposto a pedir perdão e alcançar misericórdia; confiando na promessa de que, se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça (1Jo 1:9).

Terceiro, abrace a meditação com seriedade. É fundamental, estarmos cientes de sua importância para nossa vida espiritual, seu poder e excelência. Fazendo dela um hábito, desfrutaremos mais a cada dia da presença de Deus e sentiremos o começo da alegria eterna nessa terra.

2. Frequência

A meditação divina deve ser frequente, é recomendado que ocorra duas vezes ao dia, caso o tempo e as obrigações permitam, mas se não for possível, é importante que seja realizada uma vez ao dia. Diante disso, alguém poderia dizer que não possui tempo para empregar nessa disciplina, porém, isso é apenas uma desculpa para não praticar a meditação. Deus ordenou Josué a meditar no livro da lei de dia e de noite (Js 1:8), se Deus ordenou a Josué, que era um comandante cheio de tarefas a meditar, acaso somos melhores do que esse homem para não realizarmos essa atividade? Da mesma forma que o Senhor o ordenou, assim, Ele também quer que os seus filhos o façam.

Cada vez que fizermos da meditação uma prática diária da nossa vida cristã, mais conheceremos de Deus. A meditação se tornará mais fácil, todavia, se a rejeitarmos mais distante ficaremos de termos uma comunhão mais intima com Deus. Portanto, com a frequência dessa prática, logo contemplaremos seus preciosos frutos.

3. Tempo

É importante estabelecer um tempo para meditar e persistir nesse período. Esse é um dos segredos para sermos bem-sucedido nessa área, alguns não obtém sucesso por que não perseveram. Fazendo isso, nos tornaremos pessoas mais disciplinadas e não negligentes.

Um tempo bom para nos dedicarmos a isso é no período da manhã, onde pode ser usado para uma combinação com o resto do dia. Jesus se levantava de madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava (Mc 1:35). O salmista buscava durante as manhãs: Antecipo-me à alva da manhã e clamo; aguardo com esperança as tuas palavras (Sl 119:147). Entretanto, para alguns, durante a noite pode ser mais proveitoso, devido as atividades do dia estarem concluídas. E assim se sentem mais prontos para meditar na palavra de Deus. Temos um exemplo do Salmista: Bendigo ao Senhor que me aconselha; até os meus rins me ensinam de noite (Sl 16:7). Já outros no final da tarde: Saíra Isaque ao campo à tarde, para meditar; e levantando os olhos, viu, e eis que vinham camelos (Gn 24:63). Escolha um desses horário para que possa buscar a Deus e meditar na Sua palavra. Estabeleça um tempo, como meia hora (exemplo) e medite, assim se aperfeiçoará cada mais; depois de um tempo, mude de meia hora para uma hora.

4. Use o dia do Senhor

Você pode usar o domingo para meditação, esse é o dia que devemos separar para descansarmos de todo trabalho da semana. Esse também foi o dia que Cristo ressuscitou e completou toda a obra da salvação. Podemos meditar nas obras de Cristo, como: sua morte e ressurreição, ascensão, ceia, o sangue de Cristo que purifica todo pecado, seu sofrimento na cruz, seus ensinamentos, sua segunda vinda para buscar o seu povo e etc.

Sobre o que devemos fazer nesse dia de descanso, o Catecismo Puritano ensina:  Como o Sabath deve ser santificado? Resposta: “O Sabath deve ser santificado por um santo repouso por todo aquele dia, mesmo daquelas atividades seculares e recreações que são lícitas em outros dias, e durante este dia, todo o tempo deve ser gasto em exercícios públicos e particulares de adoração a Deus, com exceção daquele tempo que for destinado a praticar obras de necessidade e misericórdia”. Sendo assim, é importante usar esse dia para meditar nas obras de Deus.

5. Escolha um Lugar 

A escolha de um lugar para fazer boas meditações, é de suma importância para quem quer fazer dela uma prática piedosa. Jonathan Edward faz uma declaração sobre o segredo da piedade de Sarah, sua esposa quando ela era adolescente: "Ela quase não se preocupa com outra coisa, exceto meditar Nele....Ela ama estar sozinha, andando pelos campos e bosques, e parece que há alguém invisível sempre conversando com ela". Sarah saia pelos bosques e campos com o intuito de buscar a Deus e meditar. Geralmente, alguns historiadores contam que quando Sarah e Edward namoravam, eles tinham esses momentos de meditações, o lugar escolhido por eles eram os campos e os bosques. O próprio Jonathan, segundo alguns biógrafos, afirma que ele passou uma hora deitado no campo olhando para os céus, chorando e meditando nas obras de Cristo.

Por mais que não tenhamos bosques ou campos a semelhança de Sarah e Jonathan, podemos fazer isto em nosso próprio quarto. Sair para um lugar tranquilo ajuda muito no processo da meditação, apesar de hoje nos acostumarmos com o barulho. Como disse Donald S. White: “Creio que a conveniência do som tem contribuído para a superficialidade espiritual do cristianismo ocidental contemporâneo. O advento dos aparelhos de som acessíveis e portáteis, por exemplo, tem sido uma bênção mista. O lado negativo é que agora não temos que ir a lugar algum sem vozes humanas. Como resultado, ficamos sozinhos com nossos próprios pensamentos e com a voz de Deus com menos frequência”. Os puritanos aconselhavam que a pessoa almejasse a privacidade, silêncio e descanso, dos quais o primeiro exclua qualquer companhia, o segundo, qualquer ruído, e o terceiro, qualquer movimento.

Conclusão    

Essas são as diretrizes que você poderá usar para transformar sua vida cristã e melhorar sua vida de devoção a Deus. Lembrando, é importante nos prepararmos antecipadamente para fazermos boas meditações, limpando nossos corações da culpa e da poluição do pecado. A meditação precisa ser exercida com frequência, persevere nessa disciplina e não a negligencie. Estabeleça um tempo e persista nele para ficar mais disciplinado nessa área. Use o dia do Senhor para meditar nas obras de Cristo ou em outros temas que estão na palavra de Deus. E escolha um lugar para fazer suas meditações, prefira lugares calmos, pois eles o ajudarão com a pratica.

Sidney Muniz

Notas:
Espiritualidade Reformada – Joel Beeke
Catecismo Puritano – Charles Spurgeon
Disciplinas Espirituais – Donald S. White


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Agosto/2018 - Capítulo 2 - O Progresso do Evangelho



Comentarista: Lucas Soares


Texto Bíblico Base Semanal: Filipenses 1.1-8,14-17

1. Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:
2. Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo.
3. Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,
4. Fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas súplicas,
5. Pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora.
6. Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;
7. Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho.
8. Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição de Jesus Cristo.
14. E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor.
15. Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade;
16. Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões.
17. Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho.

Momento Interação

A congregação de Filipos foi a primeira Igreja cristã da Europa. Fundada na casa de Lídia, e a partir de sua conversão a Igreja dos Filipenses estava localizada em uma das principais colônias do Império Romano. Na Igreja dos filipenses ministravam vários bispos (supervisores ou presbíteros – At 20.17- 28), entre eles Lucas o médico, autor dos Evangelhos e de Atos dos Apóstolos.

Paulo nutria grande alegria pelos filipenses. Esta satisfação era fruto da forma como a Igreja, recebia suas palavras e as colocava em prática. O apóstolo entendia que isso era a operação do Espírito Santo, entre os filipenses. De maneira que nem mesmo prisões e sofrimentos os distanciavam. Em Filipenses 1, Paulo saúda a Igreja e deixa claro o seu amor pelos irmãos. Expressa alegria pela participação deles em seu sofrimento e os encoraja a perseverar em Jesus Cristo. Bons Estudos!

Introdução

Filipos foi o primeiro lugar na Europa onde Paulo pregou o evangelho formalmente e estabeleceu um ramo da Igreja (At 16.11–40). Um dos propósitos de Paulo em escrever essa carta era expressar gratidão pelo carinho e apoio financeiro que os santos em Filipos tinham estendido a ele durante sua segunda viagem missionária e sua prisão em Roma (Fp 1.3–11; 4.10–19). Paulo também elogiou os membros em Filipos por sua fé em Jesus Cristo e deu-lhes conselhos com base em informações sobre eles, que havia recebido de um discípulo filipense chamado Epafrodito (Fp 4.18). O conselho de Paulo incluiu um incentivo a serem humildes e unidos (Fp 2.1–18; 4.2–3). Paulo também advertiu os filipenses a tomarem cuidado com cristãos corruptos, como aqueles que ensinavam que a circuncisão era necessária para a conversão. Essas pessoas (geralmente chamadas de judaizantes) declaravam falsamente que os novos conversos precisavam se submeter à antiga lei da circuncisão, do Velho Testamento, antes de se tornarem cristãos (Fp 3.2–3).

I. O Amor de Paulo pelos Filipenses

Paulo expressa gratidão pelo companheirismo dos santos de Filipos. Ele ensina que a oposição que sentiu ao servir ao Senhor, inclusive ao ser preso, havia promovido a causa do evangelho. Ele incentiva os membros da Igreja a permanecerem firmes em união ao defenderem a fé. A lembrança de Paulo do tempo que ele passou com os filipenses fazia com que ele orasse por eles de maneira constante ("em todas as minhas orações"), inclusiva ("por todos vós") e com gratidão ("Dou graças ao meu Deus"). Ele dava graças a Deus fazendo isso com alegria que é um tema dominante em Filipenses (Fp 1.18,26; 3.1; 4.4,10) pela cooperação deles no evangelho, desde o primeiro dia. De modo especial, o apoio financeiro dos filipenses (Fp 4.10-20) foi fundamental para ele no evangelho - a palavra "evangelho" era a maneira preferida de Paulo descrever a sua mensagem e ela aparece nove vezes em Filipenses (proporcionalmente mais do que em qualquer outra carta).
O comprometimento dele com o evangelho (Fp 1.7) ligava Paulo aos filipenses e estes a ele desde o primeiro dia até agora. Paulo se lembrava da primeira vez que havia pregado o evangelho em Filipos (Fp 4.15; At 16.12-40). Paulo estava confiante de que Deus completaria a salvação dos crentes em Filipos (Fp 1.6). Em outro lugar, Paulo enfatiza o papel do esforço humano em perseverar na fé, mas aqui ele ressalta claramente que a perseverança dos santos depende somente do poder de Deus, que os preserva pela graça.

O propósito salvador de Deus será consumado no "Dia de Cristo" (Fp 1.10; 2.16), quando Jesus retornar em glória para ressuscitar o seu povo da morte (Fp 3.11,20-21) e receber exaltação universal (Fp 2.9-11).

II. O Progresso do Evangelho

O evangelho havia se expandido em proporções notáveis por meio de Paulo e dos filipenses. Paulo dedicava todos os aspectos da sua viria à expansão do evangelho. Ele estava preso em Roma por causa de Cristo, regozijava-se nas pregações de seus rivais desde que Cristo fosse exaltado e expressou confiança de que Cristo seria honrado tanto se ele morresse quanto se ele continuasse a viver.

Os filipenses precisavam de um lembrete de como o evangelho tinha de ser passado adiante por meio deles. Deus os havia chamado à unidade em Cristo e para o serviço mútuo. Ficou evidente a todos que Paulo estava na prisão por causa de Cristo Jesus. A prisão de Paulo por causa de Cristo tornou-se conhecida não só dos soldados que trabalhavam para o imperador, mas também de toda a família imperial e talvez de todo a população romana.

Seguindo o costume da época, Paulo usava esse termo “irmãos” para todas as pessoas na igreja visível, independentemente de serem homens ou mulheres. A designação, entretanto, não significa que fossem necessariamente salvos ou membros da igreja invisível. Essa importante expressão de Paulo “no Senhor”, como já falamos, aponta para a união dos crentes com Cristo e para os recursos divinos disponíveis por meio de Cristo àqueles que estão unidos a ele (Fp 4.13). A expressão aparece nove vezes em Filipenses (incluindo "no Senhor Jesus" em Fp 2.19). Por meio do encarceramento de Paulo, Cristo o Senhor fortalecia e encorajava os "irmãos" a proclamarem o evangelho de modo destemido.

III. Viver é Cristo, Morrer é Ganho!

A epístola de Paulo aos santos em Filipos é considerada a mais alegre e animadora das suas cartas, fato que se torna especialmente interessante ao perceber que Paulo estava preso quando a escreveu. Ele estava aguardando julgamento pelo governo, e corria o risco real de ser condenado à morte por ter pregado o evangelho de Jesus. A capacidade deste apóstolo de se sentir alegre diante desta circunstância nos desafia a avaliar nossa própria perspectiva sobre a vida e a morte. Depois de comentar sobre sua prisão e a esperança de um julgamento favorável, ele disse uma coisa surpreendente: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21). É natural procurar preservar e prolongar a vida, e fazer de tudo para afastar a morte. Paulo, porém, considerava a morte um avanço desejável. O que aprendemos da atitude deste apóstolo sobre a perspectiva do seguidor de Cristo referente à morte?

1) A morte física traz lucro! O ensinamento bíblico inclui uma afirmação constante e confiante da vida após a morte para as pessoas salvas pela graça de Deus por meio do sacrifício de Jesus. Paulo escreveu: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23). Pedro reforçou este entendimento: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1 Pe 1.3-5).

2) Diante desta expectativa, o sofrimento da vida terrestre é passageiro. Pedro falou de sofrimento “por breve tempo” (1 Pe 1.6) “durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Pe 1.17) e descreveu os cristãos como “peregrinos e forasteiros” (1 Pe 2.11).

3) Há motivo para viver aqui. Mesmo sabendo destes fatos, Paulo viu motivos para permanecer mais um tempo nesta vida. Ele vivia para servir a Cristo e aos homens. Continuaria glorificando ao Senhor na eternidade, mas queria ficar para poder servir aos outros aqui: “E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença, de novo, convosco” (Fp 1.25-26).

A perspectiva esperançosa do cristão alivia uma parte do sofrimento em relação às pessoas que morrem em Cristo. Sentimos a falta dos fieis falecidos, mas não nos preocupamos com o destino deles. Paulo comparou a morte com o sono porque acreditava na vida eterna: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança” (1 Ts 4.13).

terça-feira, 7 de agosto de 2018

A Necessidade da Meditação


Muitos cristãos não praticam a meditação bíblica, porque não conhecem seu valor para a  vida cristã. Quando entendemos a importância da meditação, olhamos para as ordens de Deus sobre outros prismas. Portanto, uma das causas porque muitos cristãos não se envolvem na prática da meditação, é por falta de conhecimento sobre o assunto; outros por acharem que ela tem uma ligação com seitas orientais que a usam para fins errados e sem apoio na Palavra de Deus.

Conhecendo a necessidade da meditação, passaremos a nos mover mais para essa disciplina, que é essencial para todo cristão que quer crescer na graça e no conhecimento de Cristo Jesus. “Creio que conhecendo seis delas, nos ajudará nesse processo”.  

1. Ordenança Bíblica

É a primeira coisa que devemos ter em mente: “a meditação é uma ordenança bíblica”. Só isso, já é mais que suficiente para nos engajarmos na meditação da palavra de Deus, o Senhor nos ordenou, e por isso não podemos ser negligentes.

Moisés ensinou os israelitas a temerem somente a Deus e o adorá-lo, mas não apenas isso, ele instruiu os pais a ensinar as crianças nessa disciplina cristã “em todo tempo” quando ele diz: e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te (Dt 6:7). Diante disso, temos o exemplo de Maria, o texto declara: Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração (Lc 2:19). Maria meditava em Cristo e sua obra messiânica. Paulo aconselha o jovem Timóteo no ministério: Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos (1Tm 4:15). Em que exatamente Paulo recomenda Timóteo? Ele exorta o jovem meditar sobre sua conduta diante das pessoas, na leitura, na prática da palavra, dom e ensino.

Todos esses textos, mostram claramente que devemos meditar nas coisas de Deus. Ele também deixa claro a responsabilidade dos pais de ensinar seus filhos a meditarem, e como temer a Deus e guardar a palavra no coração. Aqui vai uma breve reflexão, sobre a exortação que Paulo fez ao jovem Timóteo. Será que estamos meditando na nossa conduta diante dos homens? Como estamos usando o dom que Deus nos deu, na leitura e prática das Escrituras? 

2. Meditar na Palavra como uma Carta

A palavra de Deus é como uma carta que Ele nos enviou, e nessa carta devemos meditar. Ele a enviou porque ama seu povo, para instruir na verdade, nos livrar dos caminhos maus, para conhecermos seus Atributos e nos relacionarmos melhor com Ele. Cada vez que meditarmos nessa carta que foi enviada com tanto amor, devemos está em alerta sobre aquilo que Ele espera, ou seja, que seus filhos o obedeçam. E sobre aquilo que Deus condena, seja em uma narrativa ou epístola. Esteja atento também quando estiver diante das Escrituras, pois você está diante da presença do Deus que fez os céus e a terra; considere com toda reverência que aquelas palavras pertencem ao próprio Deus. Analise as palavras de bênçãos que Deus concede aos que o obedecem, sua palavra e os castigos por causa da desobediência, assim estará crescendo a imagem de Cristo: E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2:52).

3. A meditação deixa o cristão fundamentado

Ninguém pode se tornar um cristão solido sem meditar, um cristão que não medita é como o homem insensato que edificou sua casa na areia, desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda (Mt 7:26,27). Veja as palavras de Thomas Watson sobre isto: “Um cristão sem meditação é como um soldado sem armas, ou um operário sem ferramentas. Sem meditação, as verdades de Deus não permaneceriam conosco; o coração é duro e a memória, efêmera; e sem meditação tudo está perdido.”

Todo aquele que professa sua fé na pessoa de Jesus, deve fundamentar seu cristianismo na meditação. Assim como não existe soldados sem armas para guerra, também não há cristão consistente sem a prática da meditação. Se você não medita nas verdades da palavra de Deus quando ler, há uma grande probabilidade de sua vida cristã ser superficial, será que é isso que Deus quer para seus filhos? esse cristianismo fraco? Torne sua fé sólida através da meditação!

4. Sem meditação a palavra pregada falhará

Muitos cristãos possuem o costume de ir ao culto ouvir a palavra de Deus, mas poucos praticam o hábito de meditar no sermão pregado aos domingos. Precisamos criar esse hábito após os cultos, assim os puritanos instruíam suas famílias depois do culto; eles se preparavam antes do culto fazendo orações para que Deus o abençoasse ao ouvir a palavra de Deus e pelo pregador para que Deus usasse na ministração. Saindo do culto, a família se reunia para jantar e lembrar dos pontos pregado na mensagem pelo o pastor da congregação. Assim, toda a família meditava na palavra de Deus. Thomas White disse: Os sermões são, particularmente, férteis campos para meditação. “É melhor ouvir apenas um sermão e meditar sobre seu conteúdo, do que ouvir dois sermões e não meditar sobre nenhum deles.”

Não devemos usar somente a leitura da palavra de Deus para meditar, os sermões não podem ficar fora disso tudo. É necessário nos disciplinarmos a cada domingo depois do culto, para meditar no sermão pregado, porque ele é um campo fértil para a meditação. (Isso quando a palavra de Deus é explanada e aplicada de forma correta).

5. Sem meditação nossas orações serão menos efetivas

A vida de oração de todo crente, depende da forma como ele pratica a meditação. Com sua ausência, nossas orações serão menos efetivas, ou seja, seremos homens fracos de oração. Para termos uma vida de oração sólida, é preciso fazer da meditação um dever e uma necessidade a vida cristã. Sobre isso os puritanos declaravam: “A meditação é uma sorte de dever central entre palavra e oração, e se relaciona com ambas. A palavra alimenta a meditação e a meditação alimenta a oração; devemos ouvir para que não erremos e meditar para que não sejamos estéreis. Esses deveres devem sempre ir de mãos dadas; a meditação deve seguir a audição e preceder a oração.”

É impossível meditar nas verdades divinas e não levar uma vida de oração. Porque o fruto da meditação junto com a palavra, é a oração. Homens de Deus como Davi, era forte na oração porque meditava na palavra de Deus, Salmos nos mostra como Davi fala da meditação na lei do Senhor e na forma de orar a Deus. Diante disso, temos um exemplo maior, que é Cristo, nos evangelhos encontramos Ele se retirando para buscar a Deus em oração.

6. Sem meditação somos incapazes de defender a verdade

Muitos cristãos são fracos na área de apologética, justamente porque não empregam tempo na meditação. Enquanto não voltarmos para essa prática, seremos incapazes de defender a verdade divina. Como Pedro disse: Antes santificai a Cristo, como SENHOR, em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (1Pe 3:15). Como vamos responder com mansidão e termos sobre a razão da esperança que há em nós, se não estamos dispostos a empregar tempo em meditar na palavra de Deus? Esse texto jamais será cumprido desassociado da meditação. 

Não sabemos defender o nosso cristianismo porque falhamos na disciplina da meditação, não amamos a verdade, estamos mais interessados nas coisas desse mundo do que nas coisas de Deus e por último; é porque não amamos os seus mandamentos. “Jesus quando foi tentando pelo diabo no deserto, defendeu de forma perfeita sua crença em Deus e venceu satanás no deserto”. Portanto, se queremos demonstrar nosso amor a Deus, devemos defender suas verdades, e como fazer isso? Por meio da meditação.  

Conclusão

Assim como uma árvore é conhecida pelos frutos, assim conhecemos um cristão pela prática da meditação. Não podemos ter uma fé firme sem esse hábito, por meio dele teremos um cristianismo mais sólido. Sem a mesma, não seremos produtivos na oração, ouvindo o sermão pregado aos domingos e na leitura das Escritura Sagrada.

Portanto, para que haja essa prática, é necessário conhecer a ordem divina sobre isso e a sua necessidade. Desenvolva esse hábito, não se conforme com uma vida superficial, mas queira crescer na graça de Deus; e uma das formas de conseguir isso é utilizando a meditação.  

Sidney Muniz
Notas:
Prática da Piedade – Lewis Bayly
Espiritualidade Reformada – Joel Beeke