sábado, 31 de outubro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Outubro/2020 - Capítulo 5 - Os Sofrimentos de Paulo por Amor ao Evangelho

 



Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Coríntios 11.16-33

16. Outra vez digo: Ninguém me julgue insensato, ou então recebei-me como insensato, para que também me glorie um pouco.
17. O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura, nesta confiança de gloriar-me.
18. Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei.
19. Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos.
20. Pois sois sofredores, se alguém vos põe em servidão, se alguém vos devora, se alguém vos apanha, se alguém se exalta, se alguém vos fere no rosto.
21. Envergonhado o digo, como se nós fôssemos fracos, mas no que qualquer tem ousadia (com insensatez falo) também eu tenho ousadia.
22. São hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de Abraão? também eu.
23. São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
24. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
25. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
26. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
27. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
28. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
29. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?
30. Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.
31. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto.
32. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem.
33. E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.

Momento Interação

Estes ataques contra o ministério de Paulo conferem uma oportunidade para que o Espírito Santo nos dê uma ideia mais clara de suas obras e sofrimentos. Sim, ele era um ministro de Cristo e pode enumerar as provas disso: uma longa lista de sofrimentos suportados por amor ao Evangelho. Os versículos 23 a 28, 31 e 32 detalham o que o apóstolo chama em 2 Coríntios 4.17 de sua "leve e momentânea tribulação". Mas qual recurso divino o sustentava para que ele suportasse todas essas excepcionais provas? Um "eterno peso de glória" estava constantemente em seus pensamentos: Cristo na glória, sua eterna recompensa. 

Queridos irmãos, retenhamos esse segredo: quanto mais tempo dedicarmos nosso pensamento ao Senhor, menos tempo teremos para pensar em nossas pequenas dificuldades - e o que elas são, comparadas às tribulações do apóstolo? Quanto maior peso o eterno amor divino tiver na balança do nosso coração, menos importância terão as circunstâncias momentâneas que nos afligem. Contudo, existe uma coisa que nunca devemos esquecer: "a preocupação com todas as igrejas" (v. 28). Esta preocupação se manifesta, em primeiro lugar, mediante as orações. Que o Senhor nos conceda um genuíno amor por Sua Igreja e por de seus membros individualmente.

Introdução

Por que nós complicamos tanto o Evangelho? Por que gostamos tanto de complicações e fórmulas mentirosas para viver? Por que será que existe tanta mentira e fingimento no meio dos irmãos? Estas são perguntas que nós devemos nos perguntar constantemente. A bíblia nos concedeu através do Espírito Santo o que foi citado na carta de Paulo aos Coríntios e, sinceramente, não sei já conseguimos entender estas palavras mesmo depois de dois mil anos de história.

A mensagem deste versículo não é mais uma falácia vazia, mas é a realidade que ecoa em nossos corações. Eva foi enganada e dissuadida pelo diabo assim como a maioria dos irmãos tem sido enganados nos nossos dias. E a forma como identificamos se estamos sendo enganados ou não pelo diabo é observar se o Evangelho é real em nós. Se vivemos a realidade daquilo que lemos, então a palavra de Deus toma forma em nossas vidas. No evangelho da cruz de Cristo não existe espaço para racionalização, existe compreensão, comunhão com o Espírito e prática da palavra de Deus. Tomar a cruz e viver ao lado de um Pai de amor até a nossa morte e assim certamente alcançaremos a ressurreição dos mortos! Glória a Deus!

O evangelho não é conhecimento ele é o poder de Deus que se manifesta através dos homens de pequena fé. Que flui através de nós como um rio. De nós, isto é, do nosso interior, fluem verdadeiros rios de água viva e estas águas certamente irão curar as pessoas à nossa volta. E uma vez unidos neste mesmo propósito e com a mesma mente e o mesmo parecer e o mesmo espírito, então este rio há de jorrar até a vida eterna. E, por fim, este rio há de crescer e inundar toda a terra. Aleluia! Esta é a promessa que vivemos.

I. A Autoridade Apostólica de Paulo

Antes de reconhecer a Autoridade, Paulo tentou acabar com a igreja (At 8.3); mas depois de se encontrar com Jesus na estrada de Damasco entendeu que era difícil recalcitrar (revoltar-se; rebelar-se, dar coices), contra os aguilhões (autoridade divina) (At 9.5) Imediatamente Paulo caiu no chão e reconheceu Jesus como Senhor. Em seguida, deu-se início ao tratamento de Paulo. O que precisava aprender aquele que tinha livre trânsito nas salas dos governadores e dos sumos-sacerdotes? O que precisava aprender aquele que fora instruído aos pés de Gamaliel, o homem mais sábio de sua época e que podia se comunicar livremente com qualquer estrangeiro do seu tempo? O que precisava aprender aquele que não parava de ameaçar e perseguir a igreja, por considerá-la a escória da humanidade?

A resposta é simples: Paulo precisava aprender a obedecer. A obediência era o ponto de partida não só para a restauração como para a confirmação da conversão de Paulo e posteriormente do seu ministério. Não nos esqueçamos de que foi ele quem escreveu a carta aos romanos. No momento em que foi salvo por Jesus, Paulo reconheceu a autoridade de Deus. Prova disso foi a sua atitude de submeter a sua vida a um cristão simples de Damasco chamado Ananias. Ananias é mencionado na Bíblia apenas uma vez. Humanamente não se tratava de um ilustre catedrático ou um respeitado homem de negócios. Era apenas um cristão cheio do Espírito Santo, cuja vida estava em total submissão a Deus.

Como pode Paulo, que era formado e capacitado dar ouvidos às Palavras de Ananias – um ilustre desconhecido? A resposta é: o conhecimento da Autoridade Espiritual. Se Paulo não tivesse tido um encontro com a Autoridade na estrada de Damasco jamais teria se sujeitado a Ananias. Isto nos faz aprender mais um princípio: Todo aquele que conhece a autoridade lida com a autoridade e não com o homem. Não consideramos o homem, mas a autoridade investida nele. Não obedecemos ao homem, obedecemos à autoridade de Deus que está nesse homem.

Isto deve responder às nossas posturas equivocadas diante de um governante calhorda, de um pai estúpido, de um líder espiritual hipócrita ou de um policial que abusa da sua autoridade. Certa vez, perguntaram a um grupo de membros de igreja: “Você é submisso aos seus líderes?”. As respostas mais comuns foram: ”Se eu achar que devo, sim”; “Se eles fizerem por onde merecer, sim”; “Se os líderes procurarem viver de acordo com a vontade de Deus, sim”. O nosso erro está em sempre atrelar a nossa obediência a homens e não a Deus. Com isso damos lugar à rebeldia, alimentamos a desordem e saímos do propósito de Deus. O que seria da família se os filhos só obedecessem aos pais que nunca cometeram erros? O que seria da nação?

II. A Prova do Apostolado de Paulo

A Segunda Carta aos Coríntios contém: uma defesa pessoal e comovente de seu apostolado e ministério cap.(1-7). o apóstolo Paulo se apresenta como apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus. É significativo ele começar com essa observação, pois alguns em Corinto questionavam se Paulo havia, de fato, sido comissionado pelo Senhor. Ele responde que não escolheu o ministério por sua própria vontade, nem foi ordenado pelos homens; antes, foi escolhido por Cristo Jesus pela vontade de Deus. Nos últimos capítulos da epístola, Paulo volta a defender seu ministério, desta vez contra os ataques dos super-apóstolos (11.5) que, do mesmo modo, são falsos apóstolos (11.3). Na qualidade de apóstolo, sua autoridade é tanto de natureza espiritual quanto soberanamente poderosa para combater o mal e o pecado. Com efeito, toda vanglória é ilegítima. É Deus quem realiza o trabalho (10.17). A aprovação do Senhor é a única que tem validade (10.18).

Ser “autêntico” é “ter origem comprovada”, “em que não há falsidade, espontâneo, real”, “que tem autoridade, válido”. Paulo sempre foi um homem autêntico, alguém que jamais escondeu as suas convicções e que as defendia em todo lugar, sob quaisquer circunstâncias. Fosse diante do Sinédrio, de César ou dos apóstolos, Paulo jamais escondeu as suas convicções e o seu modo de pensar. O preço da autenticidade é alto e, por vezes, Paulo muito sofreu por causa de seu apego à verdade (IICo 11.23-28). Aliás, ao resumir o ministério, o Senhor disse que Paulo aprenderia quanto se deve padecer pelo nome de Cristo (At 9.16). ou seja, o desprezo que sofremos, a desonra que ganhamos por parte do mundo em virtude de nossa submissão ao Senhor, pois, como nos diz Jesus: “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a Mim” (Jo 15.18).

III. Os Sofrimentos de Paulo por amor ao Evangelho

A segunda Epístola aos Coríntios fala especificamente do cuidado da parte de Deus em preservar a doutrina, utilizando homens fiéis, como Paulo e outros, a fim de manter a integridade da palavra do senhor. Podemos afirmar que esta segunda carta é uma continuação da primeira. A segunda carta aos Coríntios, deve ter sida escrita entre os anos de 56-57 D.C., Na Macedônia. Provavelmente seu portador tenha sido Tito. Logo após ter saído de Éfeso, onde quase perdeu a vida (At.19), o apostolo foi a procura de Tito, indo encontrá-lo em terras da Macedônia (At. 20.1,2 2 Co 7.5,6). Chegando ao local, tomou conhecimento dos efeitos que sua primeira carta produzira. Então resolveu escrever a segunda, com o propósito de consolar, admoestar e prevenir os crentes contra os falsos mestres, bem como também para manter a sua autoridade apostólica (2 Co 12,13).

Apostolo Paulo, um homem temente a Deus e preocupado com a igreja da época, fugindo dos perseguidores, os quais o caçavam por pregar a palavra de Deus e seus ensinamentos, mesmo assim, sofrendo estas perseguições, ainda encontrava tempo e disposição para escrever suas cartas no sentido de conduzir a igreja a viver o evangelho ensinado por Jesus Cristo e preservar a sã doutrina. Por amor a este evangelho e temente a Deus, apostolo Paulo, passa a sofrer perseguições a ponto de ser açoitado e preso. Paulo acima descreve a perseguição que sofrera, por pregar o evangelho de Cristo e as consequências das escolhas de proclamar o amor de Cristo. Trazendo ao nosso tempo, vemos muitos crentes, abandonando as igrejas e evangelho e alegar o fracasso espiritual, devidos às lutas. Aqui aprendemos que as lutas devem nos fortalecer e leva ao entendimento que estamos percorrendo os caminhos de lutas que conduzem ao céu

IV. O Testemunho de Paulo

O Apóstolo Paulo por várias vezes enfatizou o modo como ele se conduzia perante os outros e consigo mesmo. No caso do verso ele se dirigia aos Coríntios. Em primeiro lugar vinha sua consciência para com ele mesmo, em seguida para com Deus e, finalmente, para com os homens. Assim, Paulo demonstrava ser muito rigoroso em seus pensamentos e para com sua individualidade, não admitindo que o exterior de sua pessoa refletisse outra coisa que não seu próprio interior, com as reservas normais de qualquer ser humano, claro.

Todos nós temos uma esfera de existência e de consciência só nossa, e não mostrar esse lado aos outros não é egoísmo ou defraudação, mas tão somente o resguardo da privacidade que Deus dá a cada um, e que, portanto, nos cabe. A questão de Paulo não era o seu testemunho em si, como pessoa diante de Deus, mas, sim, o testemunho do “homem Paulo” para com Deus e, por consequência, deste mesmo “homem Paulo”, que cria em Deus e Dele falava, para com os demais homens. Ele, Paulo, dizia que sua consciência estava limpa, pois que pregava o Evangelho com simplicidade, idoneidade, integridade, sinceridade, honestidade. Pode parecer algo óbvio de se dizer, mas houve e há muitos e muitos que pregam o Evangelho sem essa preocupação, e isso sem investigarmos e levarmos em conta os motivos e os interesses dessas pessoas.

Assim, antes de darmos testemunho nosso de Deus Pai aos outros, a nossa própria consciência deve dar-nos testemunho de nós mesmos, em relação à nossa posição e estado para com Deus. Parece algo sem sentido, mas não é: veja-se que nós temos presença de espírito em relação ao meio em que vivemos, logo, para que possamos falar de Deus, precisamos primeiro Nele crer, para em seguida termos consciência do que somos diante Dele, e do que devemos fazer e como nos portar. Isso é sério, e não é tão simples como se possa imaginar. O mais importante nisso tudo é contarmos com a Graça de Deus. Devemos ser quem somos (tentando melhorar, em Jesus, a cada instante), porém, empenhados em sempre dar o nosso melhor ao Senhor e aos demais, de coração aberto e com idoneidade. Sendo verdade que não temos como ser 100% transparentes com quem está à nossa volta, tenhamos consciência de que para o Senhor somos 100% transparentes, não por nós, mas por Ele, que tudo vê e sabe. O que nos mantêm firmes neste Mundo não é a nossa força, sabedoria, habilidades e/ou riquezas, mas a Graça de Deus, na qual devemos nos fiar e viver. 

Conclusão

O trabalho do diabo é complicar o que é simples, colocar nas nossas vidas o que não fazem sentido no reino de Deus. Ele semeia ídolos na nossa vida e a partir deles o diabo continua nos prendendo e assim você se torna infrutífero e sem vida em si mesmo. Mas qual seria o antídoto destas mentiras e ídolos? A simplicidade pode ser a resposta. Por que será que você acha que das crianças é o reino dos Céus? As crianças são singelas e ingênuas. A palavra 'simplicidade' no grego trás este sentido de singeleza e até de ingenuidade. Mas também carrega a ideia de sinceridade como alguém que não tem do que se esconder. Não há do que se esconder de Deus e nem tampouco também tem o que se esconder dos homens, porque se pecamos, então temos advogado junto ao Pai. Mas não precisamos pecar mais, porque Deus, em Cristo, aperfeiçoou em nós o Espírito para que através do Espírito a nossa guerra fosse vencida naqueles que não andam na carne.

Quer saber se alguém é de Cristo? Veja se ela é uma pessoa singela, simples e até ingênua. Uma pessoa pura que não se mistura com a sujidade do mundo e das impurezas. Porque nós não fomos chamados para viver novamente no engano do pecado, mas para que em nossos membros reinasse a justiça de um Deus Justo. É sobre isso que o versículo trata. O Evangelho é singelo, deve ser verdadeiro e nós devemos ser verdadeiros com Deus e com os nossos irmãos. Sem máscaras, sem mentiras. Seja quente, seja frio, mas não seja morno. Seja útil nas mãos de Deus. Tenha um ardor pela santidade tamanha que o pecado será para ti uma sujeira imensa que você não ousará olhar. Essa vida é possível e está disponível, mas ela reside na simplicidade e na pureza que estão em Cristo Jesus.

Pela Graça de Deus, pois, dom gratuito e favor imerecido que nos foi e é dado constantemente, temos a obrigação, por gratidão, de sermos pessoas verdadeiras, íntegras e honestas, tendo em vista a nossa vida no Senhor e com relação à Sua Santa Palavra. Esse deve ser o testemunho de nossas consciências, nosso para nós mesmos, ininterruptamente. E depois, só depois disso acertado, então, aos outros.



Sugestão de Leitura da Semana: BARBOSA, Maxwell. Ações de Graças. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

O Maior Cenário da História da Humanidade

 


Por Leonardo Pereira


Nenhum nascimento mais importante jamais aconteceu. A chegada do Messias, naquele humilde cenário em Belém, foi o acontecimento que preparou o caminho para as mudanças mais profundas e benéficas que o mundo jamais viu. Aqueles que hoje têm pelo menos uma aparência de respeito pelo Salvador imaginam a cena do seu nascimento com adoração pela criança que nasceu para morrer por todos nós. Mas como teríamos reagido à chegada de Deus entre os homens se fôssemos vivos no tempo em que ele nasceu?

Talvez muitos de nós nos coloquemos nos cenários bíblicos com a grandiosa imaginação de que nos teríamos elevado sobre as multidões com fé inabalável. Mas, naquele tempo, até mesmo os tão criticados escribas e fariseus tinham tão exaltadas ideias a respeito deles mesmos (Mt 23.30). Os relatos em Mateus e Lucas das reações variadas ao recém chegado Messias podem ser exatamente os espelhos de que necessitamos para olharmos a nós mesmos. Considerem aqueles que saudaram o Salvador.

Pastores: Visitantes honestos e humildes (Lucas 2.8-10)

Deus mandou os anjos mensageiros, não a Augusto ou Herodes, mas aos simples pastores. A revelação de Deus convidou estes observadores, homens honestos e humildes, à ação. Eles foram ansiosos ao Senhor e imediatamente começaram a espalhar as boas novas. Inda que Jesus tenha crescido de todas as maneiras (Lc 2.52). Ele nunca se elevou acima de tais ambientes de pessoas simples e sinceras. Seus seguidores foram principalmente os pobres homens do campo, tão frequentemente desprezados e ignorados pelas pessoas "religiosas" daquele tempo. O mesmo é verdade hoje em dia.

Simeão: Aquele que não descansaria enquanto não encontrasse Cristo (Lucas 2.25-35)

Que grande descrição do singelo propósito da vida de Simeão: "homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel" (v. 25). Deus assegurou a tal pessoa que ela viveria para ver o Cristo (v. 26). Somente quando essa divina promessa se cumpriu, no templo, Simeão pode partir em paz (v. 29). O semblante de Simeão é refletido nas faces dos que buscam diligentemente e que não desistirão antes de encontrar a Verdade que liberta os homens. Os Simeões de todas as épocas concluem que a vida sem Cristo é incompleta. A afirmação do Espírito a Simeão é repetida por Jesus a quantos procuram incansavelmente pela verdade: "Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra: e a quem bate, abrir-se-lhe-á" (Mt 7.8).

Ana: Devota serva que repartiu as notícias (Lucas 2.36-38)

Em Ana vemos o retrato de uma das mais suaves imagens na terra: uma santa idosa, cuja vida foi devotada ao serviço de Deus. Horas passadas aos pés ou ao lado dos leitos de aflição de tais soldados não são nunca desperdiçadas, pois vemos mesmo na face da morte a graça e o caráter moldados através de longos anos de dedicação e submissão ao Mestre. Ana era uma dessas servas, mas seu turno de dever neste mundo ainda não tinha chegado ao fim. Não era de seu feitio retirar-se para um lugar de descanso enquanto alguém mais jovem assumia o posto, mas mesmo em sua idade avançada ela "dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém" (v. 38). Com Ana podemos aprender a seguir uma vida de incansável serviço como pessoa que verdadeiramente ama contar a história de Jesus.

Os magos do Oriente: Vieram de longe em busca (Mateus 2.1-12)

Seja por causa dos mistérios envolvendo os homens ou pelos meios especiais pelos quais eles foram trazidos a Cristo, os magos eram dos mais fascinantes entre aqueles que saudaram o Salvador. Nossa visão mais próxima desta espécie de homens pode ser encontrada em Daniel, quando os astrólogos e os feiticeiros eram apontados à vergonha ao serem comparados com aqueles cuja confiança estava na genuína revelação de Deus. Ainda mais, tais religiões falsas e inadequadas poderiam ser usadas por Deus para apontar aos homens a direção certa. Os magos observavam a natureza, e Deus apontava a eles as Escrituras, que lhes apontavam a Cristo. Sem a revelação da palavra de Deus, estes homens não poderiam mesmo chegar ao Rei que havia nascido para salvar os homens. Outras passagens demonstram a sabedoria do Senhor ao trazer homens de tão "longe" para a completa revelação da Verdade (cf. Sl 19; Rm 1.16-20; At 17.24-31).

Herodes: Aquele que não queria ceder (Mateus 2.13-18)

Conhecido por sua violência e mania de grandeza, Herodes estava perturbado com as notícias sobre o Cristo (v. 3). Ele estava inquieto só em pensar que poderia ser compelido a mudar e ceder o poder a outro. Admitir abertamente sua atitude em relação ao filho de Deus poderia trazer certos riscos; contudo, Herodes fingiu um desejo de adorar e honrar a Jesus (v. 8). Finalmente, Herodes mostrou sua verdadeira intenção quando ele tentou destruir Jesus (v. 16).

Herodes é, de vários modos, um espelho bem polido de muitas pessoas para com Cristo. Ele é o tipo daqueles que estão perturbados pelo evangelho, inquietos sobre qualquer coisa que possa exigir que eles mudem. Tais pessoas, como Herodes, podem parecer que servem a Cristo, enquanto, realmente, apenas representam uma peça para outros homens verem. Em vez de verem Jesus como o Salvador que pode conduzi-los à liberdade e à glória, eles o-veêm como uma ameaça que poderá destroná-los de soberbas posições na vida. Assim como Herodes procurou matar Jesus, tais pessoas batem o prego nas mãos dele ao tratarem o seu sacrifício como inútil e vão (Hb 6.6; 10.28,29).

A multidão: Indiferente para com Jesus

Houve outros que tiveram oportunidade de saudar Jesus: aqueles que passavam por José e Maria enquanto eles caminhavam para o templo, em Jerusalém; aqueles que viveram na mesma vizinhança, enquanto Jesus crescia; mesmo seus próprios parentes, que viajavam na mesma companhia naquelas jornadas a Jerusalém, por ocasião das festas. A vasta multidão que assim encontrou Jesus simplesmente passou por ele sem notar. Para ela, ele era somente o filho do carpinteiro ali da rua. Sua presença, que tinha poder para dar significado a suas vidas mal traçadas, era olhada como sendo comum e insignificante.

Está a multidão de nossos dias um pouco melhor? É dada a Jesus a oportunidade de transformar as vidas de homens e mulheres, ou passam por ele sem nem um momento de atenção séria?

Como devemos saudar o Salvador?

Não vivemos na Belém de 2000 anos atrás. Não ouvimos as vozes da haste celestial ou o grito das mães cujos recém-nascidos foram trucidados. Nós não vimos sua estrela no oriente, nem ouvimos as impressionantes palavras de Simeão. Entretanto, temos que determinar como saudaremos o Salvador. Será como o humilde pastor? Como Simeão, o que esperava? Como a devota Ana? Como os magos que só se deram por satisfeitos quando chegaram ao Cristo? Ou seria nossa saudação como a saudação maníaca e ameaçadora de Herodes ou a apática desatenção da população? Como você saúda Jesus?


Referências:

ALLAN, Dennis. Saudando o Salvador. Artigo publicado em: https://estudosdabiblia.net/d4.htm. Visitado em: 27/10/2020.

CAMPOS, Ygor. Panorama Bíblico Volume 5 - Evangelhos e Atos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

GONÇALVES, José. Lucas. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

GONÇALVES, Matheus. O Evangelho do Médico Amado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.

RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Outubro/2020 - Capítulo 4 - A Defesa do Apostolado de Paulo

 



Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Coríntios 10.1-18

1. Além disto, eu, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo, eu que, na verdade, quando presente entre vós, sou humilde, mas ausente, ousado para convosco;
2. Rogo-vos, pois, que, quando estiver presente, não me veja obrigado a usar com confiança da ousadia que espero ter com alguns, que nos julgam, como se andássemos segundo a carne.
3. Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.
4. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
5. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;
6. E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.
7. Olhais para as coisas segundo a aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo, que, assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos.
8. Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação, e não para vossa destruição, não me envergonharei.
9. Para que não pareça como se quisera intimidar-vos por cartas.
10. Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível.
11. Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.
12. Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento.
13. Porém, não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós;
14. Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvéssemos de chegar até vós, pois já chegamos também até vós no evangelho de Cristo,
15. Não nos gloriando fora da medida nos trabalhos alheios; antes tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra,
16. Para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós e não em campo de outrem, para não nos gloriarmos no que estava já preparado.
17. Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.
18. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.

Momento Interação

Com uma mentalidade militar, Paulo fala da milícia cristã, mas esta força militar não é para gerar a destruição, mas a construção ou a reconstrução de vidas derrotadas pelo diabo. Como eu sempre falo aos meus filhos, desde pequenos, que destruir, embora pareça mais atraente, por causa das superproduções cinematográficas, envolvendo grandes explosões e colisões fantásticas, é muito fácil e sem graça. O bom mesmo é construir. Toda construção requer trabalho, energia, força, garra, tempo e muita dedicação. Em 2 Coríntios capítulo 10, Paulo começa falando sobre as armas que têm utilizado na sua luta para pregar o Evangelho de Jesus. São armas espirituais poderosas em Deus para destruir toda e qualquer oposição. Ele não prioriza artifícios humanos, mas restringe a eficácia do seu ministério a intimidade com Deus. Ele continua dizendo que o motivo disso é que todos nós pertencemos ao Senhor Jesus. Portanto se alguém quer gloriar-se, glorie-se no Senhor.

I. Defesa contra os Falsos Apóstolos

Falsos apóstolos haviam aparecido em corinto que se opunham a Paulo. Ele defendeu o seu apostolado e advertiu com severidade os coríntios a seguirem os seus verdadeiros ensinamentos. Veremos doravante de 10.1 a 13.10 a defesa de Paulo conta esses falsos apóstolos. Nesses quatro capítulos, Paulo lidou com o problema dos falsos apóstolos (11.13) que haviam se oposto à sua autoridade. Mesmo com Tito tendo trazido as boas notícias sobre a resolução dos problemas anteriores em Corinto, esse problema adicional exigia a atenção de Paulo.

Paulo havia expressado confiança na igreja de Corinto como um todo (7.16), mas nem todos os coríntios foram totalmente persuadidos a apoiá-lo. Entre 9.12-15 e 10.1, o tom de Paulo mudou abruptamente de esperança e agradecimento para exasperação à medida que ele se vê forçado a defender a genuinidade do seu chamado como apóstolo. A atenção de Paulo dá a esse problema é dividida em três partes principais: o poder espiritual de Paulo (10.1-12), os seus motivos para gloriar-se (10.13-12.21) e uma advertência solene (13.1-10).

II. Poder Espiritual

Paulo desafiou os seus inimigos chamando a atenção deles para o poder divino que acompanhava o seu ministério. Paulo tinha a profunda preocupação de que os coríntios se lembrassem do ponto de vista cristão sobre a guerra espiritual. A guerra espiritual não é travada da mesma maneira que as nações do mundo guerreiam. Mesmo sendo homens, não devemos lutar da mesma maneira que eles, segundo padrões humanos – vs. 3. As nossas armas não devem ser humanas, mas poderosas em Deus para destruição de fortalezas.

Entre elas, a oração, a proclamação da poderosa Palavra de Deus e a autoridade para desviar oposições demoníacas (At 16.18; Ef. 6.10-18). Além disso, existia um tipo de autoridade apostólica poderosa que podemos vislumbrar ligeiramente nas confrontações de Pedro com Ananias e Safira (At 5.1-11) e com Elimaz (At 13.8-12). Essa autoridade apostólica tinha um poder irresistível quando era usada (Jo 14.13).

No reino espiritual (sobre o qual Paulo estava talando), a palavra "fortaleza" se refere a centros de oposição demoníacos ao evangelho (l Pe 5.8-9; 1Jo 5.19). Paulo reconhecia que os seus inimigos em Corinto eram servos de Satanás (11.14-15), mas esse conhecimento não o assustava, porque o poder do Espírito Santo dentro dele era muito maior. Falsa sabedoria e argumentos sofisticados eram algumas das armas usadas por aqueles servos de Satanás em seu ataque contra Paulo.

Paulo havia, anteriormente, falado sobre a diferença entre a sabedoria desse mundo e a sabedoria espiritual da mensagem da cruz, e ele havia advertido os coríntios quanto a serem iludidos pela sabedoria do mundo (1Co 1.18-2.16). Agora, Paulo via que os seus inimigos haviam feito alguns avanços com a falsa sabedoria à qual ele deveria se opor totalmente e, ao mesmo tempo, ganhar novamente a lealdade e a obediência dos cristãos coríntios.

III. A Defesa de Paulo

Se os coríntios cerrassem fileiras para se opuserem a esses falsos apóstolos, Paulo estava pronto para exercitar a disciplina na igreja quanto aos falsos apóstolos pelo mal que eles haviam trazido para a igreja. Paulo sabia que deveria se revestir da autoridade que Cristo havia dado a ele e advertiu os coríntios que ele estava disposto a exercer essa autoridade (vs. 4). Paulo não usava o tipo de oratória treinada e prezada pelo mundo e que era projetada para trazer glória para o orador. Os que foram influenciados pelos inimigos de Paulo desvalorizaram o ministério de Paulo porque ele não tinha, ou escolheu não usar, essa habilidade (cf. as notas sobre 1Co 1.17; 2.1).

Incentivados pelos "apóstolos" rivais, alguns coríntios influentes haviam começado a considerar esses homens como superiores a Paulo. Paulo foi julgado deficiente como orador (vs. 10; 11.5), que oscilava entre a firmeza enquanto ausente e a timidez quando presente (vs. 10-11), sem amor para com eles (ao recusar uma doação em dinheiro, o que, na visão deles, os desconsiderava como inferiores; 11.7-11; 12.14-18) e deficiente em algumas experiências religiosas de “poder" (12.1-5).

Paulo preferiu lidar com esse problema recusando-se a comparar-se com os seus inimigos de maneira direta, uma vez que os padrões de comparação escolhidos pelos coríntios (a sabedoria do mundo) eram imperfeitos. Em vez disso, Paulo comparou-se aos seus inimigos de uma maneira irônica, usando um tipo de comparação, mas que na essência mostrava o contraste absoluto que havia entre eles e ele próprio (11.16-12.10).

IV. Glorificação Adequada

Paulo começou a "gloriar-se" só para dizer o que Deus havia feito por meio dele, incluindo a conversão dos próprios coríntios. Deus havia enviado Paulo para trabalhar em Corinto - algo que Paulo deu a entender que não era verdade quanto aos seus inimigos. Paulo estava esperando que os coríntios repudiassem os falsos apóstolos e crescessem ainda mais na fé. Então, a igreja de Corinto proveria uma base perfeita da qual ele poderia iniciar uma outra viagem missionária na direção do Ocidente, para Roma e, posteriormente, para a Espanha (At 19.21; Rm 15.22-29). Porém, a situação cm Corinto deveria ser resolvida antes que ele pudesse fazer isso.

Nos vs. 17, Paulo cita Jr 9.24 "quem se gloriar, glorie-se no Senhor", em que o profeta esclarece que a glorificação era verdadeira somente quando reconhecemos a grandeza de Deus. Todos os motivos de orgulho mencionados por Paulo nessa epístola terminam do modo correto: dando glória a Deus e, desse modo, gloriando-se no Senhor. Novamente Paulo – vs. 18 - muda o foco da perspectiva humana (não é aprovado o que se gloria a si mesmo), meramente horizontal, para a perspectiva divina (cf. 5.11,16; 6.8-10), onde é louvado aquele que o Senhor louva.

Conclusão

Compartilhar o evangelho não é a única vez que vemos resistência. Também podemos enfrentar fortalezas demoníacas em nossas vidas, em nossas famílias e até mesmo em nossas igrejas. Qualquer pessoa que tenha lutado contra um vício, orgulho ou teve que "fugir das paixões da mocidade" sabe que o pecado, a falta de fé e uma visão mundana da vida são de fato "fortalezas". O Senhor está construindo a Sua Igreja, e as "portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). Aquilo de que precisamos são soldados cristãos, totalmente devotos à vontade do Senhor dos Exércitos, o qual vai usar as armas espirituais que Ele mesmo oferece. "Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus" (Sl 20.7).



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.



segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A Felicidade do Crente e a Certeza do Porvir

 


Por Leonardo Pereira


Encontramos na atualidade um período de uma intensa velocidade de nossas vidas, com compromissos à todo o tempo, e infelizmente, presenciando insegurança das mais diversas maneiras, sejam elas inseguranças de âmbitos materiais, sociais, morais, éticas e espirituais. Acompanhamos um grande tempo de incerteza não antes visto ao redor do mundo, muito antes da grande pandemia do Coronavírus (COVID-19). A pandemia de maneira específica, foi um forte fator que se mostrou como a humanidade caminha por este planeta de maneira desacreditada em si e infelizmente, incrédula aos caminhos do Criador, bem como ao seu pleno direcionamento de nosso planeta terra. 

Entretanto, há mais de três milênios atrás, encontramos nos escritos dos salmistas situações conflitantes na humanidade, mas que sabiam em que criam e aonde estavam depositadas as suas confianças. Bem diferente da humanidade pós-moderna que apresenta-nos mais dúvidas e incertezas do que soluções e certezas objetivas, o salmista Davi quando escreve o salmo 16, traz não somente para Israel mas para nós também, esperança de tempos de felicidade na presença do Senhor, como também certeza do mundo vindouro perante à nós. Neste artigo, destacaremos alguns pontos do salmo de Davi para nossas vidas em tempos de perplexidade e espanto para o mundo, e para a Igreja de Cristo.

A Confiança da Proteção do Senhor

Uma das características de Davi é a sua plena confiança no Senhor em que Jeová sempre o está protegendo e guardando-o: "Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio. A minha alma disse ao Senhor: Tu és o meu Senhor, a minha bondade não chega à tua presença, Mas aos santos que estão na terra, e aos ilustres em quem está todo o meu prazer" (Sl 16.1-3). Davi nos ensina que a nossa confiança plena deve estar perante ao Senhor e não nos homens. Vivemos dias em que muitos buscam a sua proteção em outros homens e em seus bens, e não isto que a Palavra de Deus nos ensina. As Escrituras nos deixam claro de que a nossa fé, confiança e alma devem ser dedicadas ao nosso Criador de Todas as Coisas. Por isto que Davi ratifica que somente à Deus é creditado a nossa fé, confiança e segurança, quando o segundo monarca de Israel diz: "Tu és o meu Senhor" (Sl 16.2b).

Deus é misericordioso para com os bons, mas o seu rosto vira-se aos maus

Davi mostra-nos que o Senhor tem prazer em um relacionamento puro e íntegro na bondade do coração do homem, mas que se afasta daqueles que intentam males a outrem: "As dores se multiplicarão àqueles que fazem oferendas a outro deus; eu não oferecerei as suas libações de sangue, nem tomarei os seus nomes nos meus lábios. O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice; tu sustentas a minha sorte. As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança. Louvarei ao Senhor que me aconselhou; até os meus rins me ensinam de noite" (Sl 16.4-7). O salmista tem o belo prazer em afirmar e reafirmar que o Senhor busca aqueles que são quebrantados de coração e bondosos no agir e no falar. Somente com o modo de vida digno não provém suficiência para a nossa salvação, mas evidencia a atuação divina em nossas vidas diante do Altísimo. Deus não possui prazer algum para os que praticam males contra o próximo e usam tal condição em seus corações para terem uma vida iníqua, e para os tais, julga-os com retidão, e aos que mostram-se fiéis ao Rei, possuem do Senhor uma intimidade sublime, um relacionamento aonde Deus é todo em nós. Isto nos é confirmando por Davi quando em seu salmo ele diz: "O Senhor é a porção da minha herança" (Sl 16.5).

Deus sempre deve ser a nossa maior Prioridade

Finalizando todo o contexto do capítulo 16 do Livro dos Salmos, Davi afirma que a sua maior prioridade não era o seu reinado, os seus bens ou mesmo a sua função. O objetivo magno de sua vida era dedicar-se completamente ao Senhor, pois à Ele, é o seu maior bem, o seu foco, o seu alvo, a sua maior prioridade em sua vida e no futuro (porvir): "Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei.

Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção" (Sl 16.8-10). Davi não permite que as intempéries da vida possam tirar de sua alma a segurança, a confiança e a proteção do altíssimo que está sobre Ele. Assim devemos nós agir também, colocando Deus sempre em primeiro lugar em tudo que há em nossas vidas. Para o filho de Jessé, não havia acasos, incertezas ou dúvidas no seu coração. Tendo Deus continuamente em sua vida, que incerteza adentraria o seu coração e o faria temer pelo amanhã? Davi sabia com convicção do seu coração que com Deus, o seu presente e o futuro estão seguros nas mãos daquele que rege todo o universo, o que vemos e o que não vemos. Este é o Deus e o nosso Deus!

Temos prazer na Presença do Senhor!

Davi conclui o seu salmo 16 dizendo que na presença do Senhor, há a verdadeira alegria, não como o mundo nos concede de uma maneira passageira ou transitória, mas no Altíssimo, encontramos fartura, plenitude de alegria, que vem do Senhor de modo permanente e fiel: "Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente" (Sl 16.11). A alegria do Senhor é permanente, infinita, prazerosa, reconfortante, maravilhosa e graciosa em nossas vidas. Dediquemos o nosso tempo ao nosso Senhor Jeová. Somente n´Ele temos a plena certeza, confiança e segurança que o mundo jamais poderá nos outorgar. Somente diante do Altíssimo é que obtemos a certeza de uma vida debaixo da sua poderosa mão no presente e no porvir.


Referências:

PEREIRA, Leonardo; MUNIZ, Sidney, ROGÉRIO, Marcos; ATAÍDE, Romulo. Comentário Bíblico Evangelho Avivado Volume 1 - Antigo Testamento - 2ª Edição. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

GONÇALVES, Matheus. Salmos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2016.

PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Panorama Bíblico Volume 3 - Livros Poéticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

ROGÉRIO, Marcos. Livros Poéticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.






sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Outubro/2020 - Capítulo 3 - A Dedicação do Apóstolo Paulo em seu Ministério




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Coríntios 6.1-18

1. E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão
2. (Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação).
3. Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado;
4. Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias,
5. Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns,
6. Na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido,
7. Na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda,
8. Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros;
9. Como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos;
10. Como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.
11. Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado.
12. Não estais estreitados em nós; mas estais estreitados nos vossos próprios afetos.
13. Ora, em recompensa disto, (falo como a filhos) dilatai-vos também vós.
14. Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
15. E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
16. E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
17. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;
18. E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.

Momento Interação

O cristão precisa compreender bem cedo em seu ministério aquilo que ele realmente é. Se formos fracos em nossos ideais e ainda buscarmos louvores dos homens, poderemos ser levados por aquilo que dizem a nosso respeito. Nós não somos aquilo que as pessoas dizem, mas aquilo que Deus nos fez sermos através de Jesus Cristo. Paulo percebeu isso e comparou as coisas que sofria e o que os seus opositores diziam a seu respeito com aquilo que Ele sabia que era, por causa da graça de Cristo. Paulo era tratado como mentiroso, mas ele sabia que falava a verdade. Era apontado como um desconhecido, mas ele sabia que os irmãos de Corinto o conheciam bem. Muitos diziam que ele estava morto, mas ele continuava vivo e servindo a Deus! Apesar de sofrer duros castigos, ele não havia sucumbido! Ele as vezes ficava triste, mas não ignorava que na maior parte do tempo estava alegre! Apesar da sua pobreza, ele podia enriquecer as pessoas com as riquezas da graça de Cristo. Apesar de aparentemente não possuir nada, por causa de Cristo, Ele tinha tudo! Cristo em nós é a esperança da glória! Com Ele somos mais do que vencedores!

Introdução

O que aprendemos com esse apelo de Paulo aos corintos? Primeiro, a preocupação em não dar escândalo também deve ser nossa. Somos pecadores redimidos, justificados, adotados, e isso é permanente. A obra de Cristo é completa em nossa vida, entretanto ainda temos a natureza pecaminosa. O diabo não pode mexer na nossa salvação, mas pode nos trazer tristeza ao nos enlaçar em um pecado; a fim de trazer vergonha ao Evangelho, para nós e tristeza para os envolvidos e afetados pelo pecado. Devemos ter cuidado com essa nossa natureza pecaminosa… cuidado com a vida. Como exemplo disso, o pastor falou da história de Davi e de toda a tristeza em consequência do pecado do homem segundo o coração de Deus.

Segundo, o que recomenda o ministro, um crente: sofrimento. Isso é bem diferente do que se é pregado (Teologia da prosperidade). Terceiro, a humildade de Paulo em chamar os corintos à reconciliação mesmo não sendo ele o causador. Isso deve chamar nossa situação. Apesar das injúrias, calúnias, difamações, o coração de Paulo continuava aberto. Certamente Paulo sabia que a luta é contra o diabo (que usa as pessoas) e não contra as pessoas. Portanto, é válido fazer isso em nossos relacionamentos. Pois é sábio ter uma visão macro da história, ciente que Deus controla tudo e tem um propósito.

I. A Abnegação de Paulo ao Ministério

Abnegação é sacrificar seus próprios desejos para agradar ou ajudar outra pessoa. A Bíblia fala sobre a importância da abnegação para fazer a vontade de Deus. Alguma abnegação também é importante no relacionamento com outras pessoas. A palavra abnegação não aparece na Bíblia mas o conceito está presente em várias passagens. Jesus não queria sofrer na cruz mas ele decidiu fazer a vontade de Deus, negando sua própria vontade para salvar a muitos (Lc 22.42). Ele colocou a vontade do Pai acima da sua e foi vitorioso!

A organização dos capítulos da Bíblia (não somente das epístolas paulinas) muitas vezes não obedece à estrutura lógica dos versículos. Os dois primeiros versículos do capítulo 6 são um complemento do capítulo cinco. Quando Paulo usa o plural e “nós, cooperando também com ele”, refere-se ao Senhor Jesus que realizou a obra expiatória, pois o Pai o fez pecado por nós (5.21), a fim de pagar a dívida da humanidade, reconciliando-nos com o Criador. Ao tornar conhecida a obra da redenção, Paulo afirma que estamos cooperando com Jesus Cristo. Deus não depende de ninguém para fazer o que precisa ser feito, mas Ele deseja uma relação de comunhão e serviço em conjunto com o homem, para que este tenha o privilégio de participar do ministério da reconciliação.

Paulo aprendeu com Jesus que o serviço é a postura ideal para quem deseja liderar, pois o Mestre mesmo disse que não tinha vindo ao mundo para ser servido, mas para servir (Mt 20.26-28). O apóstolo dedicou, pois, sua vida e personificou sua liderança como um líder-servidor. Ele procurou imitar o Mestre em tudo, servindo apenas aos interesses da Igreja de Cristo (2 Co 12.15; Fp 2.17; 1 Ts 2.8). O versículo dois é uma citação de Isaías 49.8. Neste vaticínio do profeta messiânico, surge o Servo do Senhor (que é o Cristo profetizado), com a promessa de ajuda no dia em que a salvação for manifestada aos gentios. Paulo usa a profecia para anunciar que o tempo aceitável (favorável) é agora, o dia da salvação é hoje, e a proclamação do Evangelho que pregava está no presente. 

O tempo aceitável por Deus e pelos homens é agora, e todos podem participar livremente da reconciliação oferecida em Cristo. A parte final do versículo dois evidencia a preocupação paulina com os coríntios em relação à graça de Deus. A graça salvadora é para “agora”, porque este é o momento oportuno de sua aceitação. Paulo aprendeu com Jesus que o serviço é a postura ideal para quem deseja liderar na vida eclesiástica.

II. O Perigo do Jugo Desigual

O propósito de Deus, neste princípio espiritual, é evitar o desvio e a contaminação do seu povo! É difícil pensar em outra área da vida cristã que esteja rodeada de tantas dúvidas incertezas, desânimos e fraquezas como o namoro dos jovens cristãos! A Palavra de Deus nos afirma que nenhum pecado é tão nocivo, para o nosso corpo como o pecado do adultério e da fornicação, uma vez que este é o único pecado que o homem/mulher comete contra o seu próprio corpo! Quantas quedas, quantos dissabores, quantos sofrimentos, quantas perdas, foram causados pela utilização precipitada e indevida do sexo, pelas paixões desenfreadas, fruto da natureza carnal. Facilmente nós podemos lembrar das consequências que esse pecado causou nas vidas de Sansão e de Davi!

É o objeto de ligação, que têm como propósito unir e conjugar os esforços de dois animais da mesma espécie, num determinado sentido, com o propósito principal de levarem uma carga! Este termo, também é utilizado de forma figurada, para descrever os laços de amor, a união, comunhão entre um casal, uma sociedade, as amizades! Na prática, o que se espera desses animais, é que ambos conjuguem esforços numa mesma e determinada direção, orientados pelo seu proprietário (uma figura de Deus). Que eles sejam compactáveis no seu trabalho, tenham um mesmo procedimento, possuam uma mesma natureza, sem a qual será impossível realizarem a tarefa a que estão destinados.

Vivemos tempos em que muitos jovens crentes não querem obedecer a este princípio espiritual, trazendo sobre si mesmo, a infelicidade e muitas dores que de outra forma seriam evitadas. O casamento de forma figurada, é comparado à igreja, ele é o pilar, o pequeno embrião, onde tudo começa, onde o amor se propaga e difunde, não por isso de admirar, que ele seja tão fortemente atacado por Satanás, para que o homem não venha a cumprir todo o propósito de Deus na sua vida!

III. O Ministério da Reconciliação

Como cooperadores de Deus, Paulo insistia com eles para não receberem a graça de Deus em vão. Há dois sentidos possíveis para esse versículo. Primeiro, Paulo pode ter querido dizer que se os coríntios crentes permitissem que a sua igreja fosse destruída pelos "falsos apóstolos" (11.13), ou se eles se recusassem a purificar a si mesmos de "toda impureza, tanto da carne como do espírito" (7.1), suas vidas glorificariam a Deus cada vez menos até que a graça salvadora que eles recebiam traria menos benefício a eles nesta vida e menos recompensas eternas (5.10).

Segundo, Paulo pode ter querido dizer que, em casos extremos, alguns que faziam parte da igreja visível poderiam demonstrar que a fé que eles tinham não era a fé salvadora. Nesses casos, mesmo que experimentassem os resultados da graça salvadora em sua comunidade (Hb 6.4-6), não receberiam a graça para eles mesmos.

Quando Deus oferece ajuda, é prudente respondermos imediatamente antes que a oferta seja retirada. "Agora", num sentido amplo, refere-se a toda a era do evangelho; porém, num sentido específico, refere-se ao tempo real da vida quando uma pessoa ouve a oferta de ajuda de Deus. O apelo divino impõe a decisão da pessoa para o tempo presente para o dia que se chama hoje, que o escritor de Hebreus também advertiu que se hoje ouvirmos a voz do Espírito, não é para endurecermos nossos corações como fizeram os nossos pais no deserto (Hb 3.7-18). Hoje é o dia da nossa salvação! Hoje é o dia da sua salvação! O objetivo de Paulo não era nunca o seu próprio conforto ou segurança ou riqueza, mas a expansão do evangelho, a salvação do perdido, a edificação da igreja e a glória de Deus. Ele procurava defender o seu próprio ministério apenas para atingir esses objetivos.

Conclusão

Finalmente, o apóstolo encerra sua defesa pessoal do seu ministério. Ele os lembra do papel paterno que ele tem desempenhado em suas vidas. E como um pai ele os adverte: “não se juntem com descrentes para trabalhar com eles”, “pois nós somos o templo do Deus vivo” (vs. 14, 16 NTLH). Ainda mais importante nesta consideração é a lembrança de que Deus é nosso Pai celestial (vs. 17-18).O que distinguia a visão de mundo dos judeus e cristãos primitivos de todas as outras religiões do mundo e ainda distingue hoje, é exatamente essa compreensão de um Pai celestial transcendente e pessoal.



Sugestão de Leitura da Semana: BARROS, Emanuel; SOUZA, Everton. O Progresso do Evangelho. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.


sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Outubro/2020 - Capítulo 2 - Os Frutos do Ministério de Paulo

 


Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Coríntios 3.1-17

1. Porventura começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de recomendação de vós?
2. Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.
3. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
4. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5. Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6. O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.
7. E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
8. Como não será de maior glória o ministério do Espírito?
9. Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
10. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória.
11. Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
12. Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar.
13. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
14. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido;
15. E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
16. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.
17. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

Momento Interação

Paulo vai falar da nova aliança que é muito superior à antiga, pois nela a glória de Deus está no Espírito e naquela, no que se desvanece. No entanto, somente há um jeito de perceber isso: retirando-se o véu da antiga aliança, por meio somente da fé em Cristo Jesus. Todos os que derem ouvidos a Deus terão seus véus retirados, mas os que o resistirem e o rejeitarem por causa de suas péssimas escolhas e orgulhos, permanecerão com o véu eternamente. Não ouça, você, os espíritos, mas ouça o Espírito que ele te levará a toda a verdade. 

Os inimigos de Paulo usavam cartas de recomendação para apoiar a própria causa. Paulo reagiu referindo-se aos próprios coríntios como sendo a sua "carta viva" de recomendação. Ambas as perguntas nesse versículo primeiro são retóricas e implicam a resposta "não". De modo geral, Paulo não fazia pouco das cartas de recomendação (At 15.25-26; 18.27; 1 Co 16.10,11), mas aparentemente seus oponentes haviam apresentado à igreja de Corinto algumas cartas de recomendação fraudulentas. Paulo mostrou que a sua carta era muito superior, porque ele era recomendado pela mudança de vida dos cristãos coríntios (2 Co 3.2). Em 2 Coríntios 3, Paulo começa dizendo que os Coríntios são cartas de recomendação do seu ministério. E estas são cartas vivas escritas no coração do apóstolo. Diante disso, ele revela qual é o segredo do sucesso do seu ministério: a capacitação que vem de Deus e a vivificação do Espírito. Paulo mostra que o ministério do Espírito Santo é muito superior ao ministério da Lei. Isto porque o ministério do Espírito inspira liberdade.

Introdução

O capítulo 3 de 2 Coríntios está dentro de uma seção da carta do apóstolo aonde ele faz uma reflexão sobre a importância do ministério apostólico (2 Co 2.14-7.4). No capítulo 3 de Coríntios, Paulo escreve dizendo que os cristãos convertidos ao Evangelho são cartas vivas (2 Co 3.1-3). Com isso, o apóstolo estava se referindo ao fato de que pessoas inimigas do verdadeiro Evangelho e opositores de seu ministério, estavam utilizando cartas de recomendação fraudulentas para atestar a própria causa. Por outro lado, Paulo argumenta que os próprios cristãos de Corinto, que tiveram suas vidas transformadas pelo Evangelho, eram cartas vivas que comprovavam a legitimidade de seu ministério. Ele estava dizendo que os cristãos genuínos são “manifestos como carta de Cristo” que é lida por todos os homens. Essa carta não era escrita com tinta, “mas pelo Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, o coração” (2 Co 3.2,3).

I. Uma Carta Inspirada

Essa afirmação indica que Paulo e seus companheiros de trabalho tinham grande afeto pela igreja de Corinto. A leitura alternativa, "seus corações", apesar de apoiada por poucos dos manuscritos antigos, é também possível e faz sentido no contexto. Assumindo essa última leitura, Paulo estava alertando os coríntios a reconhecerem que a existência deles como igreja constituía uma carta muito mais efetiva de recomendação para ele (2 Co 2.17; 1 Co 9.2).

Eles demonstravam ser uma carta de Cristo, produzida pelo ministério deles. A igreja de Corinto era uma obra da graça de Deus na qual Deus havia maravilhosamente usado Paulo e seus companheiros de trabalho. Essa "carta" que os coríntios constituíam era superior às cartas escritas dos inimigos de Paulo porque a obra do Espírito na vida dos coríntios era indubitavelmente verificável. Os resultados observáveis na vida dos coríntios atestaram a validade (cf. "conhecida e lida por todos", vs. 2) e superioridade do ministério de Paulo acima do de seus inimigos (cf. 11.1-5; 12.11). Eles, como cartas vivas, não foram escritos em tábuas de pedra – uma referência à lei e os Dez Mandamentos – mas, em tábuas de carne. A "carta" composta pelas vidas dos coríntios também demonstrava a validade do ministério de Paulo uma vez que a sua glória ultrapassava a glória do ministério de Moisés.

II. O Testemunho no Coração

Moisés havia dado a Israel os Dez Mandamentos em tábuas de pedra (Dt 9.10), e Deus pretendia que essa lei fosse escrita no coração do seu povo (Dt 6.6)- aliás, ela estava escrita no coração de alguns (p. ex., SI 119.11). Como um todo, entretanto, o povo de Israel rejeitou o testemunho de Deus mediado por Moisés e não amou a lei de Deus e nem a guardou no coração. Como resultado, eles foram exilados na Assíria e na Babilônia. Mas Jeremias 31.33; Ezequiel 11.19; 36.26 falaram de um dia vindouro quando Deus restauraria o seu povo do exílio. Nesse dia, todos os povos de Deus obedeceriam a ele em justiça e guardariam a sua lei. Embora essa promessa não será totalmente cumprida até que Jesus volte. Paulo indicou que ela já havia começado a se cumprir mesmo durante o seu próprio ministério. Por essa razão, o seu ministério ultrapassava até mesmo o de Moisés (vs. 6-16).

III. A Nova Aliança

Infelizmente, os inimigos de Paulo valorizavam mais a habilidade mundana do que a competência que vem somente de Deus. A nossa suficiência vem de Deus, ou seja, toda habilidade e todo poder no ministério vem de Deus. Por isso que ele nos capacitou, na nova aliança, a sermos ministros. O novo relacionamento legal que Deus estabeleceu com o seu povo por meio de Jesus Cristo e por meio da morte de Cristo. Apesar de Deus não ter dado a lei mosaica como um mero conjunto de letras para operarem sem o trabalho interior do Espírito (Dt 6.6), o legalismo judaico havia reduzido a lei a pouco mais do que um código externo. Como resultado, os legalistas judeus se baseavam nas meras leis escritas, as quais exigiam perfeita obediência, mas não davam poder para obedecer. Embora a lei matasse, por isso; o espírito, vivificava. A obra do Espírito naqueles que seguem a Cristo não é divorciada dos padrões morais da lei, porque o Espírito Santo escreve a lei de Deus no coração do homem (Jr 31.31-34; Hb 8.8-12; 9.13-14), instilando amor pelos padrões morais de Deus e poder para obedecer a eles (Rm 8.4; 1 Co 7.19).

Paulo não estava querendo dizer que não havia vida espiritual durante a antiga aliança, mas simplesmente enfatizando que a lei escrita, que era característica da antiga aliança, não poderia, por si só, produzir vida no povo de Deus. Mas o Espírito Santo, cujo ministério poderoso e doador de vidas caracteriza a nova aliança, traz nova vida numa medida muito maior e numa distribuição mais ampla do que a que estava disponível na antiga aliança. A lei que deveria gerar vida, no entanto, foi o ministério da morte. A lei era "para vida" (Rm 7.10-11), mas ela se tornou um instrumento de morte para aqueles sem fé porque a lei os condenava quando eles não obedeciam a ela. Tanto era verdade que os filhos de Israel não podiam fitar a face de Moisés. Mesmo na antiga aliança, durante o seu ministério a Israel infiel (Nm 32.13), Moisés tinha a glória radiante de Deus brilhando na sua face (Êx 34.29-35).

Se a aliança menos importante era, ainda assim, gloriosa, como não será de maior glória o ministério do Espírito! – vs. 8. Ou seja, não haverá uma manifestação muito mais poderosa da glória de Deus nestes tempos, quando o Espírito está mais presente e é mais poderoso? Um dos ministérios trouxe a condenação – o da lei – e o outro a justiça. Os crentes obtém a justiça na declaração legal inicial de Deus que os declara justos ("justificação") no início da vida cristã, no desenvolvimento dos pensamentos e ações justos ("santificação") e, finalmente, na nossa futura perfeição ("glorificação"). São estas as três principais fases na vida de um cristão: a justificação (fomos justificados); a santificação (estamos sendo santificados – é um processo que não se conclui na presente era) e glorificação (seremos glorificados com Cristo Jesus).

IV. Aonde está o Espírito, Há Liberdade!

O véu permanece somente até a pessoa se converte a Cristo. Ai, sim, o véu é retirado, pois o Senhor é Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade – vs. 16-17 - ou seja, liberdade da morte, do pecado e da obediência à lei. Paulo falou sobre a intima relação entre Cristo e o Espírito Santo. Pela virtude de sua ressurreição e ascensão, Cristo e o Espírito doador da vida estão tão intimamente identificados em função (não em pessoa) que também são idênticos na experiência do crente (1 Co 15.45). Desse modo, ao mesmo tempo, Paulo falou sobre o crente sendo habitado pelo "Espírito", pelo "Espírito de Deus", pelo "Espírito de Cristo" e por "Cristo" (Rm 8.9-11; cf. At 16.6-7). Ao falar sobre esse relacionamento, Paulo não obscureceu a distinção entre as pessoas da Trindade, mas somente indicou que elas cooperam em suas funções. De modo alternativo, esse versículo pode interpretar o significado de Êxodo 34.34, indicando que o "Senhor" desse versículo é o Espírito Santo, que atuou em Moisés de maneira semelhante à maneira que agora opera naqueles que ministram com base na nova aliança. Uma experiência característica dos crentes da nova aliança é descrita aqui.

Diferente de Moisés (vs. 13) que cobria o seu rosto com o véu a fim de esconder a glória que se desvanecia, Paulo permanecia descoberto diante das pessoas com o rosto desvendado, sabendo que a glória da nova aliança nunca iria diminuir, mas somente aumentar, ainda que ele, na presente fase pudesse se desvanecer completamente. Do mesmo modo, os crentes agora se mostram desembaraçadamente diante do mundo, "refletindo" na própria vida a glória de Cristo. Longe de manifestarem glória temporária, os crentes refletem uma glória sempre crescente à medida que são transformados progressivamente à semelhança de Cristo. As outras aplicações dessa palavra grega “transformação” no Novo Testamento se reterem à transfiguração de Cristo (Mt 17.2; Mc 9.2) e à contínua transformação dos crentes pela renovação de suas mentes (Rm 12.2).

Conclusão

Todos nós contemplamos (cf. 2 Co 3.18) a glória do Senhor conforme a imagem (como em um espelho) que estamos sendo transformados, na sua própria imagem. Uma referência ao crescimento da pessoa ao longo de sua vida à semelhança de Cristo. Trata-se de um crescimento moral e espiritual que Paulo chamou de "a crescente glória". Os crentes estão sendo restaurados a uma semelhança cada vez maior à imagem de Deus, imagem essa que foi desfigurada na queda de Adão. Em Gálatas 4.19, Paulo se angustiava mesmo até que pudessem os cristãos se transformarem em verdadeiros Cristos: "como me angustio até que Cristo seja formado em vós!". No futuro, ninguém poderá alegar que fomos privilegiados em relação aos demais porque conhecemos ao Senhor e nisso prosseguimos, pois diante de todos a justiça, o amor e a verdade estão expostos claramente, mas para poderem ver, é necessário abandonar o que se desvanece e seguir o novo. A novidade de vida é Cristo Jesus!


Sugestão de Leitura da Semana: GOMES, Eliezér. Maturidade Espiritual. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


terça-feira, 6 de outubro de 2020

As atitudes de Ana em meio as Aflições


Aqueles que professam a fé em Cristo passarão por aflições em sua caminhada cristã. Ana mãe de Samuel enfrentou aflições em sua vida, mas soube como vence-las (1Sm 1.9-19). Não basta apenas enfrentarmos as tribulações da vida, porém, temos que sempre encontrar uma forma com base na Bíblia para vencemos elas.

O presente texto, tem como objetivo analisar de forma sucinta as aflições de Ana e as atitudes que a levou a vencer.

As dificuldades de Ana

Ana era esposa de Elcana, ele também possuía outra mulher chamada Penina. A dificuldade de Ana começa por não possuir filhos, porque o Senhor tinha cerrado sua madre (1Sm 1.5). Na cultura judaica, uma mulher sem filhos era considerada uma fracassada, sua esterilidade era um embaraço social para o seu marido. Porque os filhos constituíam uma fonte de trabalho para a família, era responsabilidade deles de cuidar dos pais quando chegasse a velhice. Embora Elcana pudesse se separar de Ana – ao marido era permitido divorcia-se de uma esposa estéril, mas Elcana permaneceu amando Ana apesar das críticas da sociedade[1].

Além disso, sua rival a irritava continuamente por ser estéril (1Sm 1.6). Ana sofreu muito por conta da esterilidade da sua rival, isso não veio do acaso, nem para castigo (Rm 6.18), entretanto, estava debaixo do controle soberano do Senhor[2]. Portanto, por causa disso Ana apenas chorava e não comia (1Sm 1.7).

Ana diante das aflições  

Primeiramente, Ana tomou uma atitude diante das aflições em que estava enfrentando. Ela foi ao templo do Senhor, pois com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente (1Sm 1.9,10). Segundo, Ana fez um voto ao Senhor, dizendo: “se benignamente atentares para aflição da sua serva, e de mim te lembrares, não esqueceres, mas deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida (1Sm 1.11,12)”. Assim, ela apresentou sua oração a Deus com toda a sua sinceridade, se derramou diante da presença do Senhor e fez um voto a Deus.

Ana diante do sacerdote Eli

Perseverando Ana em orar ao Senhor, Eli percebeu que ela movia apenas os lábios em sua oração, porém não se ouvia sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada (1Sm 1.12,13). O sacerdote ordena que ela se aparte do vinho, mas Ana responde com toda a sinceridade do seu coração dizendo que, não estava embriagada e que não era filha de Belial. Eli corrige rapidamente corrigiu seu erro e se uniu-se a Ana em seu pedido para que Deus atendesse seu desejo[3]. Dessa forma, aquela mulher diante das tribulações que a solava, permaneceu firme em sua oração. Depois, voltou ao seu caminho e seu semblante já não era triste (1Sm 1.18).

Conclusão

Algumas verdades dessa história pode ser aplicada a vida cristã. Primeiro, a oração é chave para vencemos as aflições da vida. Não existe vida cristã sem a oração, ela é a respiração da alma. Um cristão que não cultiva uma vida de oração, sua vida estará fadada ao fracasso. Segundo, os votos são uma forma de mostramos nosso compromisso diante de Deus, o Senhor abençoa quando os votos são feitos com sinceridade. Terceiro, Deus ouve nossas orações. Deus ouviu o pedido de Ana e concedeu a ela um filho. Isso nos ensina que Deus ouve as orações do seu povo e no momento certo Ele concede o pedido.  

 

Sidney Muniz

 

Referências:



[1] Bíblia Aplicação Pessoal

[2] Bíblia de Estudo de Genebra

[3] Comentário Bíblico Beacon


 

domingo, 4 de outubro de 2020

Recomendação de Leitura do Mês - Azorrague - Antônio Carlos Costa

 


Por Leonardo Pereira

Certamente é inegável as menções feitas para aqueles que fazem parte do evangelicalismo brasileiro atual. Inúmeras pessoas com artigos, livros, vídeos na internet tratam deste assunto de maneira divergente, seja para elogios ou mesmo para críticas construtivas. A importância de se terem livros que exploram esta parte da camada brasileira que professa a sua fé é hoje uma fonte impressionante de extensas pesquisas, bem como pesquisas realizadas por leigos ou acadêmicos, no que tange ao movimento evangélico ou mesmo a igreja evangélica brasileira. Partindo de uma premissa para se falar sobre ambos é que o escritor Antônio Carlos Costa, escreve uma obra voltada para uma reflexão mais intensa e extensa do que muitos outros livros sugeriram ou sugerem. É com este objetivo que ele escreveu a sua magnífica obra chamada "Azorrague", pela editora Mundo Cristão (SP), e é sobre este livro que a Sugestão de Livro do mês de Outubro no Blog Evangelho Avivado traz um pano de fundo para reflexão aos leitores que possam se interessar por esta obra.


O Autor

Primeiramente, antes de falarmos sobre o livro Azorrague, é muito importante conhecermos a pessoa e o ministério de Antônio Carlos Costa, dado ao grande impacto que sua obra causou no Brasil não somente pela temática cristã, mas também pelo desenvolvimento moral e social do país, um dos objetivos de sua obra. Antônio Carlos Costa, nascido em 1962, no Rio de Janeiro, é fundador da ONG Rio de Paz (instituição filiada ao Departamento de Informação Pública da ONU, a qual promove ações voltadas para a redução das violações dos direitos humanos). Jornalista, teólogo, pastor da Igreja Presbiteriana da Barra (RJ), é mestre em História do Cristianismo pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper e doutorando em Teologia pela Faculté Jean Calvin, em Aix-En-Provence, na França. É casado com Adriany e pai de três filhos, Pedro, Matheus e Alyssa.

O Livro

O próprio  autor ao apresentar a sua obra, concede-nos um pensamento reflexivo para o povo evangélico, e também para os que buscam compreender o evangelicalismo brasileira. Antônio diz que "Impressiona a quantidade de passagens bíblicas que mostram Cristo confrontando gente profundamente envolvida com instituição religiosa. Nessas horas, emerge um Cristo que parece odiar religião. Um Cristo que revela quanto a cultura religiosa pode nos deformar, adoecer e afastar de Deus". Resumindo a sua ênfase, Antônio Carlos Costa enfatiza que muitos que professam a sua fé em Cristo e o pregam, vivem com uma visão de um Jesus imerso em uma religião e não dentro das pessoas, o que faz com que muitos possuam uma visão desvirtuada do Altíssimo e da sua vontade. O autor convida os leitores a refletirem sobre como eles possuem uma visão de quem realmente é o Senhor Jesus Cristo: o que ensinou e o que consta nas Escrituras Sagradas? ou o Jesus que pregam as religiões? Partindo destas perguntas é que Antônio Carlos Costa elabora um estudo aprofundado para com os seus leitores no decorrer dos capítulos do seu livro. É um verdadeiro convite à uma reflexão bastante profunda sobre como conhecemos a Jesus Cristo e como o buscamos verdadeiramente no cotidiano.

Recomendações Finais

Os evangelhos apontam inúmeras situações nas quais Jesus estabeleceu uma postura duramente crítica em relação às lideranças das instituições religiosas de sua época. Uma leitura apressada desses textos pode dar a falsa impressão de que se trata de um problema específico do Mestre com a religião judaica. E podemos ir além no autoengano imaginando que a Igreja superou o momento caótico da religião de outrora.  Antônio Carlos Costa irá surpreender seus leitores ao analisar as controvérsias de Jesus com a religião e revelar como os líderes religiosos de hoje podem cair nas mesmas armadilhas de ontem, escondendo Deus das pessoas. Bíblico, contundente e inspirador, Azorrague permite ao leitor redescobrir o Deus justo, amoroso e verdadeiro, tantas vezes encoberto pela prática religiosa legalista, moralista e autoritária.


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Outubro/2020 - Capítulo 1 - Introdução á Segunda Epístola aos Coríntios

 


Comentarista: Maxwell Barbosa


Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Coríntios 1.1-11

1. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus, que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia.
2. Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação;
4. Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
5. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.
6. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos;
7. E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.
8. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos.
9. Mas já em nós mesmos tínha- mos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
10. O qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda,
11. Ajudando-nos também vós com orações por nós, para que pela mercê, que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.

Momento Interação

Por todas as suas epístolas, Paulo frequentemente se refere à lei mosaica, comparando-a com a suprema grandeza do evangelho de Jesus Cristo e a salvação pela graça. Em 2 Coríntios 3.4-11, Paulo contrasta a lei do Antigo Testamento com a nova aliança da graça, referindo-se à lei como aquele que "mata", enquanto que o Espírito vivifica. A lei é o "ministério da morte, gravado com letras em pedras" (v. 7; Êx 24.12) porque traz apenas o conhecimento do pecado e sua condenação. A glória da lei é que ela reflete a glória de Deus, mas o ministério do Espírito é muito mais glorioso do que o Ministério da lei porque ele reflete Sua misericórdia, graça e amor em providenciar Cristo como o cumprimento da lei.

Introdução

Olhando o conjunto das Cartas Paulinas consideramos as cartas aos Coríntios como uma das grandes cartas. Encontramos nelas muitos assuntos que Paulo tratou e orientou os cristãos desta Comunidade. Lendo as introduções as Cartas aos Coríntios, encontramos autores que considerando a quantidade de assuntos tratados, afirmam que originalmente Paulo teria escrito de 4 ou até mais cartas. Depois foram agrupadas, se apresentado hoje com esta forma de duas cartas. Respondendo a pergunta podemos afirmar que Paulo escreve a segunda carta aos Coríntios para refutar as calúnias que ele estava sendo vítima e para de uma vez por todas solucionar os conflitos que existia, no relacionamento entre os membros da comunidade. O estilo da carta segue o de Paulo, estilo envolvente, discurso de um convertido, entusiasmado por Jesus Cristo. Paulo no seu discurso vai esclarecendo os mal entendido que encontramos escritos em (2 Co 1.12-2.11) e defende a autenticidade de seu ministério (2 Co 10-13).

I. A 2ª Epístola aos Coríntios

Esta carta é a mais biográfica e a menos doutrinária das epístolas de Paulo. Ela nos diz mais sobre Paulo como pessoa e como ministro do que qualquer outra. Dito isso, há algumas coisas que podemos aprender desta carta e aplicar hoje em nossas vidas. A primeira coisa é a boa administração, não só de dinheiro, mas de tempo também. Os macedônios não só deram generosamente, mas "também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus" (2 Co 8.5). Da mesma forma, não só devemos dedicar tudo o que temos para o Senhor, mas tudo o que somos. Ele realmente não precisa do nosso dinheiro. Ele é onipotente! Ele quer um coração que anseia por servir, agradar e amar. Boa administração e ofertar a Deus é mais do que apenas dar dinheiro. Sim, Deus quer que ofereçamos o dízimo da nossa renda, e Ele promete abençoar-nos quando damos a Ele. Há mais, porém. Deus quer 100%. Ele quer que nos entreguemos por completo a Ele. Tudo o que somos. Devemos viver nossas vidas para servir o nosso Pai. Devemos não só dar a Deus de nosso salário, mas as nossas próprias vidas devem ser um reflexo dEle. Devemos dar tudo de nós ao Senhor em primeiro lugar, e depois para a igreja e ao trabalho do ministério de Jesus Cristo.

II. Data e Autoria do Livro

Logo depois que Paulo escreveu 1 Coríntios, uma revolta eclodiu em Éfeso em oposição a seus ensinamentos (ver Atos 19:23–41), e ele partiu para a Macedônia (cf. At 20.1; 2 Co 2.13; 7.5). Parece que, enquanto ele estava na Macedônia, escreveu 2 Coríntios, provavelmente por volta de 55–57 d.C.  O livro de 2 Coríntios foi escrito para os membros da Igreja em Corinto. Enquanto Paulo estava na Macedônia durante sua terceira viagem missionária, Tito trouxe-lhe notícias de Corinto dizendo-lhe que uma carta anterior que ele tinha enviado foi bem recebida pelos santos lá (2 Co 7.6–13). O Ramo de Corinto estava fazendo progressos, mas Paulo também ficou sabendo de falsos mestres lá que começaram a corromper as doutrinas puras de Cristo. Algum tempo depois da visita inicial de Paulo a Corinto e de uma provável segunda visita (2 Co 1.15,16), quando Paulo parece ter repreendido alguns dos santos (2 Co 2.1; 12.21), pregadores da região de Jerusalém entraram em Corinto e começaram a ensinar aos santos que eles precisavam adotar as práticas judaicas, ao contrário dos ensinamentos de Paulo. Boa parte de 2 Coríntios aborda os problemas causados por esses falsos mestres.

III. A Mensagem da 2ª Epístola aos Coríntios

Em sua segunda carta aos Coríntios, Paulo expressa seu alívio e alegria que a igreja tinha recebido a sua carta "severa" (hoje perdida) de uma maneira positiva. Essa carta dirigia-se a questões que estavam causando divisões na igreja, principalmente a chegada dos (falsos) apóstolos (2 Co 11.13) que estavam atacando o caráter de Paulo, semeando a discórdia entre os crentes e ensinando uma falsa doutrina. Eles parecem ter questionado a veracidade de Paulo (2 Co 1.15-17), a sua capacidade de falar (2 Co 10.10, 11.6) e sua relutância em aceitar sustento da igreja em Corinto (2 Co 11.7 - 9; 12.13). Havia também algumas pessoas que não haviam se arrependido de seu comportamento licencioso (2 Co 12.20,21). Positivamente, Paulo achou que os Coríntios tinham recebido bem sua carta "severa". Paulo ficou muito feliz ao ficar sabendo por parte de Tito que a maioria dos membros da igreja de Coríntios tinha se arrependido de sua rebelião contra Paulo (2 Co 2.12,13, 7.5-9). O apóstolo os encoraja por isso através de uma expressão de amor genuíno (2 Co 7.3-16). Paulo também buscou reivindicar seu apostolado, já que alguns membros da igreja tinham provavelmente questionado sua autoridade (2 Co 13.3).

Conclusão

Nesta Epístola, Paulo fala muito dos seus sofrimentos, especialmente nos caps. 4, 6, a 11. Quando de sua conversão, o Senhor lhe dissera: "Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome" (At 9.16). Os sofrimentos começaram imediatamente e continuaram sem interrupção por mais de trinta anos. Tramaram tirar‑lhe a vida em Damasco (At 9.24). E em Jerusalém (At 9.29). Expulsaram‑no de Antioquia (At 13.50). Tentaram apedrejá-lo em Iconio (At 14.5). Apedrejaram‑no e deram‑no como morto em Listra (14.19). Em Filipos, açoitaram‑no com varas e puseram‑no ao tronco (At 16.23,24). Em Tessalônica, os judeus e o populacho acometeram‑no junto com o povo amotinado, At 17:5. Expulsaram‑no de Beréia (At 17.13,14). Conspiraram contra ele em Corinto (At 18.12). Em Éfeso, quase perdeu a vida nas mãos da turba enfurecida (At 19.29; 2 Co 1.8,9). Outra vez em Corinto, pouco depois de escrever esta epístola, tramaram sua morte (At 20.3). Em Jerusalém ainda, só não o liquidaram num instante por causa dos soldados romanos (At 22.22,23). Depois esteve preso dois anos em Cesáreia e mais dois em Roma. Além de tudo isto, ainda houve açoites, prisões, naufrágios e incessantes privações, de toda espécie, que não foram escritas (2 Co 11.23‑27). Final­mente, foi levado preso a Roma para ser executado como criminoso (2 Tm 2.9). Deve ter tido uma admirável paciência no sofrimento, pois cantava quando padecia. Só uma pessoa de constituição férrea podia suportar isso e, mesmo assim, não bastaria, sem a graça maravilhosa de Deus. Sempre consciente da presença do seu Senhor "sentia‑se imortal até que realizasse sua obra”.


Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.