sábado, 29 de maio de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2021 - Capítulo 5 - O Final do Ministério de Moisés

 




Comentarista: Leonardo Pereira



Texto Bíblico Base Semanal: Deuteronômio 34.1-12

1. Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está em frente a Jericó e o SENHOR mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã;

2. E todo Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés e toda a terra de Judá, até ao mar ocidental;

3. E o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar.

4. E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: À tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não passarás.

5. Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor.

6. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura.

7. Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor.

8. E os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moisés se cumpriram.

9. E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés.

10. E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face;

11. Nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra.

12. E em toda a mão forte, e em todo o grande espanto, que praticou Moisés aos olhos de todo o Israel.

Momento Interação

Em Deuteronômio 34 vemos o relato da morte de Moisés, que após abençoar a todo o povo, subiu ao monte e de longe, contemplou a terra como lhe disse o Senhor. Após isso, ele morreu, mas foi sepultado pelo próprio Deus, dessa forma ninguém soube onde seu cadáver foi colocado. Moisés, o grande servo de Deus, morreu com 120 anos de idade, em boa condição física. Sua visão e força, permaneceram até o fim, não é à toa que antes de morrer, ele subiu um monte, algo que exige muita força física. Todo o Israel permaneceu de luto por trinta dias, indicando a importância de Moisés para eles, em seguida, Josué passou a liderar o povo. O capítulo encerra, reforçando, que nunca mais se viu em Israel os milagres e sinais que foram operados por Deus, através de Moisés, o que é um fato. Mesmo em toda a Bíblia, não há relatos tão contundentes da glória de Deus, como na saída do povo do Egito e na peregrinação no deserto. Como é bom ver que quando colocamos nossa vida à disposição do Senhor, Ele age e faz muito além de tudo o que esperamos ou pensamos.

Introdução

O Livro de Deuteronômio se conclui de maneira sublime. Moisés conclui a sua missão em levar ao povo para a terra a qual o Senhor conduziria o seu povo escolhido por quarenta anos. Chegara o momento de encerrar a o ministério com um papel ímpar tanto para a Israel, quanto para a Igreja de Cristo. O fim de Deuteronômio é o cumprimento da promessa de Deus aos patriarcas. Neste estudo, abordaremos o fim do ministério de Moisés, a chegada às proximidades da Terra Prometida, a sucessão de Josué, e o legado de Moisés para a humanidade.

I. As Últimas Instruções de Moisés

Ao longo de todo o seu ministério profético, legislatório e de liderança, Moisés teve por base cumprir em sua vida, tudo aquilo que o Senhor havia preparado em sua vida. Moisés agora chegando ao fim de sua grande missão, faz aquilo que todo líder guiado pelo Senhor, tem por papel de seu ministério: preparar a nova geração de Israel para obedecer, temor e aprender com o Deus Santo e Poderoso. As instruções de Moisés para com os hebreus é o grande legado do grande líder, profeta que Moisés foi, não somente para Israel, bem como para toda a humanidade.

1. Aprendendo a Temer ao Senhor. O hebreu Moisés nas planícies do Rio Jordão (Dt 1.1) exortou por várias vezes ao povo a temer ao Senhor. Primeiramente, o líder da nação os exorta a comunidade hebreia para os obedecerem ao Senhor Deus (cf Dt 4.1-6). O objetivo principal de Moisés em levar ao povo a temerem verdadeiramente à Deus. As murmurações, inclinações á prática do pecado e as inúmeras rebeliões de Israel contra o Criador, levarem o líder hebreu à encorajá-los á serem fiéis ao Deus Vivo e Poderoso quando entrassem na Terra Prometida.

2. Aprendendo a Meditar na Palavra. Assim como Deus instruiu Moisés na Sabedoria Bíblica e Teológica. Moisés agora instruiu o povo com o objetivo de que seus patrícios pudessem andarem na vontade do Senhor por intermédio da sua Palavra. Moisés ao final da sua carreira não deixa de ensinar ao povo, o verdadeiro valor e propósito das Escrituras Sagradas, mostrando-nos o exemplo grandioso do líder que foi e continua sendo.

3. Aprendendo a Conhecer Mais ao Senhor. A preocupação maior de Moisés para com o povo hebreu era de que a nova geração esquecesse do Senhor e de seus feitos, para que fossem atrás de deuses estranhos. Por isso, o líder hebreu os exorta a jamais irem para os caminhos errados. Para que tal atitude não viesse à acontecer, tal situação foi elaborada para que os mantessem fiéis. Moisés os incentivam a conhecerem à Deus constantemente. Moisés como líder, prepara o povo para que aprendessem a conhecerem ao Senhor, e assim, vivendo na presença do Altíssimo.

II. Moisés nomeia Josué como Sucessor

O final da carreira ministerial de Moisés sem um sucessor para a nação hebreia, resultaria em sérias consequências para Israel, antes mesmo de entrarem na Terra Prometida. Logo, sem um sucessor para o profeta, a nação logo ia se perder com um paganismo generalizado que encontraria em seu caminho. Por isso, Deus diz à Moisés que preparasse alguém em seu lugar, e a pessoa escolhida para tamanha tarefa foi um valoroso homem conhecido como Oseias, filho de Num, o qual o líder o chamou de Josué.

1. Josué, Filho de Num. Josué anteriormente conhecido como Oseias (Nm 13.16), foi um dos escolhidos para ser um dos doze espias à verificar a Terra de Canaã. Regressando à Moisés, dez espias voltaram trazendo um relatório negativo e desanimador de Canaã (Nm 13.27-29). Juntamente com Calebe, encoraja à subir à terra para conquistá-la (Nm 13.30-33). Devido a sua fé e a de Calebe, foi-lhes permitido ao Senhor, que eles, da antiga geração, entrassem na Terra Prometida (Nm 14.30,31).

2. Deus Escolhe Josué para sucessor de Moisés. Devido a rebeldia de Arão e Moisés no deserto de Zim, decorrente da contenda nas águas (Nm 27.12,13), Deus disse à Moisés que ele somente veria a terra de Canaã, mas que lá não entraria. Por isso, o Senhor diz à Moisés para que ponhas as mãos sobre a cabeça de Josué, e que o apresentasse ele perante a Eleazar, o sacerdote, e perante a congregação de Israel, para que saibam quem seria o sucessor de Moisés que os guiaria durante as conquistas de Canaã (Nm 27.18-23).

3. O Preparo de Josué. A preparação de Josué, filho de Num, para ser o sucessor de Moisés foi tremendamente intenso. Houve para ele um preparo moral, espiritual e teológico. O preparo moral veio da intimidade com o Senhor e pela companhia de Moisés e dos seus ensinamentos. O preparo espiritual foi pelo poder do Altíssimo que o capacitava cada vez mais para as lutas e combates em prol de Israel. A preparação teológica se deu pela meditação na Palavra do Senhor, sempre este evento, relembrado por Moisés e posteriormente, relembrado pelo Senhor de não cessar de meditar, estudar e conhecer a mensagem divina na Escritura Sagrada.

III. A Morte de Moisés

Chegara o momento em que Moisés haveria de encerrar o seu ministério. A morte de Moisés decorre-se em alguns eventos que presenciamos neste tópico. Ao final de sua vida, encontramos neste valoroso líder hebreu, um grande exemplo de liderança, de sabedoria e de uma profunda comunhão com o Senhor Deus. Conheçamos um pouco mais dos últimos momentos de Moisés.

1. O Último Cântico de Moisés. Em Deuteronômio capítulo 32, Moisés proferiu o seu último cântico ao Senhor. Neste momento de louvor o líder hebreu traz em sua composição, um belíssimo ato de adoração dedicado somente ao Deus-Vivo. Moisés, mesmo ao final de sua vida, ele não deixou de adorar ao Senhor, mesmo diante da morte, eminente ele fez aquilo que lhe é o momento mais poderoso e satisfatório da sua vida, que é louvar ao Senhor.

2. A Vista para Canaã. Moisés já havia sido informado pelo Senhor que ele somente veria a terra a qual entregaria nas mãos do povo hebreu. Contudo, Moisés não pisaria na Terra Prometida. No entanto, ainda que ali fosse impedido de pisar na terra, Deus ali mesmo encerrou o seu ministério com o dever de missão cumprida: "E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: À tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não passarás" (Dt 34.4). A promessa do Senhor continua sendo mantida fielmente, ainda que Moisés não mais estivesse por alí, Deus era fiel para cumprir com a sua poderosa Palavra.

3. A Morte de Moisés. As Escrituras Sagradas nos informa que o líder hebreu logo após ter visto a Terra Prometida, "morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura" (Dt 34.5,6). O mais importante na morte de Moisés não foi o fato de ele não ter entrado na Terra Prometida, e sim, o seu sepultamento. Deus o sepultou em um local que somente ele o conhece. Encontramos aqui o cuidado e o zelo que o Senhor para os seus mesmo depois da morte. Para muitos, Moisés é um homem que não entrou na Terra Prometida, para outros, Moisés é um valoroso servo do Senhor, o qual com grande zelo guardou o seu ministério até o fim.

4. O Vigor de Moisés. O momento em que é mais chamado a atenção, é a citação que o autor que biografou os momentos finais do ministério de Moisés, trata sobre a vigor de Moisés no que concerne a sua vida física: "Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor" (Dt 34.7). Deus sustentou Moisés em todos os momentos da sua vida. O vigor que possuía, a força que ele tinha e a visão com qual acompanhara pela sua vida inteira, foi resultado da graça, bondade e misericórdia do Senhor em sua vida. Isto é uma promessa bíblica à todos os que confiam no Senhor: "Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão" (Is 40.31).

5. O Legado de Moisés. Um autenticidade entre os autores das Escrituras Sagradas é a grande importância de Moisés para a nação de Israel e também para os gentios. O autor da parte final de Deuteronômio atesta a vida e o ministério de Moisés que o segue por toda a sua vida. Moisés foi e é um grande profeta, legislador, líder e conselheiro. Um verdadeiro exemplo de liderança e um modelo exemplar de como ser um genuíno servo do Senhor. Dentre muitos personagens nos quais encontramos nas Escrituras Sagradas (exceto o Senhor Jesus Cristo - a verdadeira sabedoria), Moisés certamente ganha um grande destaque não somente por conduzir a nação hebreia, mas por ser um verdadeiro sistematizador das instituições do povo hebreu. O líder hebreu, no Espírito do Senhor, concede uma nova identidade a Israel que outrora, havia se perdido em decorrência de viverem longos anos em terras estrangeiras. O legado de Moisés é o exemplo em que os hebreus se espelham, e a Igreja de Cristo é muito abençoada pela sua liderança e a sua mensagem.

Conclusão

Moisés ao final de sua vida em seus 120 anos, jamais perdeu o alvo de adorar ao Senhor e serví-lo continuamente. Encerrou o seu ministério de maneira sublime e mesmo apenas vendo a terra prometida, por Deus foi aprovado em concluir o seu ministério de maneira íntegra e prudente. O autor que conclui o Livro de Deuteronômio outorga a Moisés uma definição mais do que merecida à o líder hebreu que tão muito contribuiu para Israel e sobretudo, para a Igreja do Senhor: "E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face; Nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra. E em toda a mão forte, e em todo o grande espanto, que praticou Moisés aos olhos de todo o Israel" (Dt 34.10-12). Sejamos gratos ao Senhor pela vida e do ministério de Moisés, que muito abençoa-nos com as suas obras e com o seu incrível ministério.



Sugestão de Leitura da Semana: MENEZES, Walter. Liderança & Legado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.


quinta-feira, 27 de maio de 2021

Jesus, o Caminho para sair da Confusão Religiosa

 




Por Leonardo Pereira



Quando Deus deu sua lei, através de Moisés, a Israel, ele não providenciou a divisão de seu povo em seitas e partidos. Mas, na época em que Jesus veio ao mundo, as seitas e os partidos estavam bem fixados. Havia fariseus, saduceus, essênios e, sem dúvida, outros. Supunha-se que todos os que eram sérios a respeito de religião, seriam associados a uma dessas seitas. A qual destes partidos Jesus pertenceu? Todos têm que concordar que ele não pertenceu a nenhum deles. Ele manteve sua independência; até o fim ele manteve relação com Deus sem pertencer a nenhuma seita. Por esta razão, todos se opunham a ele.

Jesus não providenciou para que seus seguidores fossem divididos em seitas e partidos. Ele, antes, desejava que pudessem ser unidos. Depois de orar por seus apóstolos, ele acrescentou: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti; também sejam eles em nós…" (Jo 17.20,21). Através dos anos, contudo, desenvolveram-se divisões e estas se perpetuaram pela escrita dos credos e da formação de organizações denominacionais. O resultado é que, agora, entre os seguidores que professam ser de Jesus, há muitos corpos (denominações), muitos senhores (autoridades religiosas), muitas fés (credos) e muitos batismos.

Que diferente é a situação presente da unidade descrita no Novo Testamento: "…há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" (Ef 4.4-6). Muitos, hoje em dia, lamentam a divisão entre os crentes e o desejo deles é que tal não existisse. Eles desejam a união de todas as grandes denominações e estão trabalhando diligentemente para esse fim. Mas admitem que, até que isto seja conseguido, não há nada que um indivíduo possa fazer a não ser juntar-se a uma das divisões existentes e manter um espírito bondoso e tolerante. Nada no ensinamento ou na prática de Jesus apóia esta concepção de unidade.

Jesus não se encarregou de convocar uma conferência ecumênica designada a efetuar uma fusão dos fariseus, saduceus e essênios numa super-seita. Nem orou para que seus discípulos pudessem unir-se numa super-denominação. Ele orou, antes, para que os crentes individuais se unissem nele e no Pai. Seu ensinamento foi designado para trazer indivíduos de doutrinas e tradições dos homens para a simples palavra de Deus. Através de seu ensinamento e exemplo, ele absolutamente pode ser para nós o caminho para sairmos da confusão religiosa.

A Igreja do Senhor

Jesus prometeu construir sua própria igreja. Ele disse: "…sobre esta pedra edificarei a minha igreja…" (Mt 16.18). Ele prometeu construir só uma igreja e ela seria dele. A rocha sobre a qual ela tinha que ser edificada não era Pedro, mas a verdade que Pedro confessou: "Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Co 3.11). A palavra igreja significa "convocado". Pregando o evangelho no dia de Pentecostes, Pedro e os outros apóstolos "convocaram" aqueles que creram em Jesus.

"Ouvindo eles estas cousas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2.37,38). "Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas" (At 2.41).

Este foi o começo da igreja. Ela era composta por todos os que foram salvos por Jesus Cristo e continuou a crescer na medida em que outros eram salvos: "…acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (At 2.47). Grupos destas pessoas salvas encontravam-se em várias cidades e cada grupo era uma igreja. Ainda que unidos em Cristo, eles eram independentes de qualquer associação ou federação humana. Cristo os dirigia através de seus apóstolos inspirados, ensinando-lhes como deveriam adorar e trabalhar juntos.

Para Evitar a Divisão, Seguir a Jesus

Se obedecermos às mesmas instruções que Pedro deu no Pentecostes, arrependendo-nos de nossos pecados e sendo batizados em nome de Jesus Cristo, nós também seremos salvos. Quando formos salvos, o Senhor nos acrescentará à sua igreja, como acrescentou aqueles cristãos. Eles não se ligaram a nenhuma outra organização religiosa; nem devemos nós nos ligar também. Em Cristo somos unidos com todos os outros que estão nele.  Assim entrando na igreja do Senhor, teremos que estudar cuidadosamente a descrição dessa igreja no Novo Testamento. Isto é encontrado no livro de Atos e nas cartas que se seguem a ele. Desde que os apóstolos foram guiados pelo Espírito Santo, podemos ficar certos de que as igrejas sob sua instrução eram exatamente o que Jesus queria que fossem. Se imitarmos essas igrejas primitivas, o Senhor se agradará de nós.

Imitar uma igreja do Novo Testamento talvez não seria tão difícil como se possa imaginar. Talvez você encontre um grupo independente de cristãos, seguindo o padrão do Novo Testamento, já fazendo reuniões em sua cidade. Se não, apenas dois ou três que tenham o mesmo propósito podem encontrar-se e adorar juntos de modo aceitável. Nenhum grande edifício de igreja faz-se necessário (havia igrejas no primeiro século que se reuniam nas casas  - Romanos 16.5; 1 Coríntios 16.19). Nenhum sacerdócio ordenado por homens é necessário, desde que todos os cristãos são sacerdotes (1 Pe 2.5). Nenhum alvará de nenhuma organização é necessário, porque a única afiliação é com o corpo de Cristo. Jesus disse: "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mt 18.20).


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Fartos com a bondade de Deus

 




Por Leonardo Pereira



Nos dias de Jeremias, Israel não estava satisfeito com Deus. Achavam que os outros deuses eram as chaves para sua felicidade. O problema era que Israel tinha se tornado tão materialista que pensou no seu bem estar somente em termos materiais. Os tempos bons foram medidos pela abundância, pela prosperidade e por posses físicas, e acreditava-se que estas coisas eram presentes dos deuses tais como Baal e Aserá. Yahweh (o Senhor) tinha se tornado associado com a pobreza e a necessidade. Havia um elemento de verdade nisto. Deus tinha retido a prosperidade física de Israel no esforço de chamar a sua atenção, assim veria que precisava de Deus e que precisava estar num relacionamento correto com ele. Entretanto, em vez disso, Israel começou a pensar que se Deus não os abençoasse, Baal abençoaria. Assim, se afastaram do Deus Todo-Poderoso e voltaram-se a um ídolo impotente.

Israel falhou em não ver que a retidão com Deus é a única coisa verdadeiramente importante na vida. Como Jesus nos diz: “Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mt 6.25). Disse também: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12.15). O apóstolo Paulo incentivou a mesma atitude quando disse: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6.6-8). Nossas circunstâncias e confortos físicos não são nossos maiores problemas. No entanto, passamos boa parte das nossas vidas agindo com se fossem.

O que é verdadeiramente importante, muito mais do que qualquer outra coisa, é estar certo com Deus. Deus fez isso possível por meio do presente de seu Filho que deu sua vida para nós na cruz. Em Jeremias 31.10-14, Deus estava falando do dia em que encheria Israel com sua bondade outra vez, mas não era em simples bênçãos físicas que Deus estava pensando. Era numa bênção que seria de natureza espiritual, uma que seria proclamada aos gentios (Jr 31.10). A proclamação de Deus ajuntar seu Israel para si seria uma notícia tão maravilhosa que o povo de Deus ficaria feliz simplesmente em saber que a comunhão com Deus tinha sido restaurada. Afinal, o que podia ser mais importante? Que bondade maior de Deus poderia existir?

E nós? Ficamos satisfeitos sabendo que fomos abençoados por Deus com o maior presente de todos – a salvação das consequências terríveis do pecado? Nossa atitude é que se tivermos isso, não precisamos realmente de mais nada? Ou somos como os israelitas antigos, que eram tão míopes que as coisas físicas eram tudo que viam e valorizavam?


sábado, 22 de maio de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2021 - Capítulo 4 - A Misericórdia de Deus

 




Comentarista: Leonardo Pereira



Texto Bíblico Base Semanal: Deuteronômio 30.1-16

1. E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus,

2. E te converteres ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma,

3. Então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus.

4. Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará o Senhor teu Deus, e te tomará dali;

5. E o Senhor teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais.

6. E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas.

7. E o Senhor teu Deus porá todas estas maldições sobre os teus inimigos, e sobre os que te odiarem, que te perseguirem.

8. Converter-te-ás, pois, e darás ouvidos à voz do Senhor; cumprirás todos os seus mandamentos que hoje te ordeno.

9. E o Senhor teu Deus te fará prosperar em toda a obra das tuas mãos, no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto da tua terra para o teu bem; porquanto o Senhor tornará a alegrar-se em ti para te fazer bem, como se alegrou em teus pais,

10. Quando deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, quando te converteres ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma.

11. Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti.

12. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?

13. Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?

14. Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.

15. Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal;

16. Porquanto te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o Senhor teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir.


Momento Interação

O início de Deuteronômio 30 nos lembra da bondade e misericórdia do Senhor Deus. Ao longo de vários capítulos, ele vem advertindo Seu povo com relação a desobediência e sua muitas consequências. Contudo, em Seu maravilhoso amor e generosidade, o Senhor Deus conforta com misericórdia. Caso eles pequem, e todas as adversidades da desobediência venham sobre eles, se houver arrependimento a misericórdia se manifestará em suas vidas e eles serão trazidos de volta. Glória a Deus! Temos um Deus bondoso misericordioso, santo e fiel. Por mais severo que Ele pareça, o que mais transborda é o Seu amor. Há dois caminhos muito definidos diante de cada um de nós, a vida e a morte, a benção e a maldição. A escolha sobre qual deles iremos trilhar é nossa, não de Deus. Há um bom e maravilhoso projeto de Deus para nossa vida, mas a escolha de vive-lo ou não, está em nossas mãos. Escolha a vida e a benção, pra que tudo vá bem em sua vida.

Introdução

A misericórdia do Senhor é a expressão máxima do seu eterno amor. Não fora a bondade e a benignidade do Senhor em suas ações para com a humanidade, certamente, hoje não existiríamos em decorrência do pecado de Adão e Eva, que culminou na Queda da raça humana.. Conhecer um pouco tal atributo maravilhoso que envolve a Graça Divinal do Senhor do Universo, nos leva à possuirmos uma intimidade maior para com o Pai Celeste. No estudo de hoje acerca do capítulo 30 do Livro de Deuteronômio, veremos que a misericórdia do Senhor, abrange a todos os povos, quer aos hebreus no Antigo, seja aos gentios no Novo Testamento.

I. Voltando aos Caminhos do Senhor

Israel se encontrava em um momento de decisão muito importante na sua trajetória. Deveriam eles refletirem sobre todo percurso até aquele momento, ou então, abandonarem aos caminhos do Senhor por completo. O Senhor não almejava de Israel uma nação indecisa ou mal-recebida, mas sim, que eles tomassem uma posição diante d´Ele e os perseguiria até o fim. Deus está mostrando a sua misericórdia para com o povo mostrando que eles já podiam decidir por si mesmos o que deveriam fazer.

1. Recordando os Ensinamentos do Senhor. Os capítulos 27 e 28 do Livro de Deuteronômio (as maldições no Monte Ebal e as bênçãos no Monte Gerizim) seguido por um novo concerto no capítulo 29 do mesmo livro, prepara a nação para um novo renovo espiritual na vida do povo. Os versículos 1 e 2 do capítulo 30 nos mostra que Deus está preparando Israel para assumirem uma posição de integridade e de fidelidade, seja ao Criador, ou seja ao mundo. Israel deveria tomar esta decisão mediante à tudo o que já ensinou o Senhor Deus ao povo.

2. Recordando as Promessas do Senhor. Os versículos 1-3 do capítulo 30 do Livro de Deuteronômio nos informa que o Senhor relembra à Israel que, relembrando as bênçãos (Gerizim) e as maldições (Ebal) que sobre eles viriam, se obedecessem ao Senhor ou não, que se eles permanecessem em fidelidade eterna ao Senhor. Deus promete ao povo que se Ele os livraria do cativeiro, dos sofrimentos futuros e os conduziria rumo ao lugar prometido ao qual o próprio Deus prometera a Abraão, Isaque e Jacó.

3. Voltando à Terra dos Pais. O Senhor mantinha a palavra para com Israel prometendo sempre que eles voltariam à Terra Prometida. Deus sempre estava-os recordando ao povo que ele é e sempre será fiel em suas promessas, no que diz respeito ao povo escolhido. Ainda que houvessem dúvidas e falta de fé para a nova geração hebreia, o Senhor Todo-Poderoso zela pela sua mensagem poderosa, usando sua maravilhosa graça e misericórdia para com Israel e hoje, para com a Igreja de Jesus Cristo.

II. O Senhor perdoará os Pecados da Nação

Além de prometê-los em retorno à sua verdadeira terra, o Senhor deu-lhes uma palavra de ânimo, de conforto e de segurança para os que buscam voltar aos seus caminhos. No decorrer do capítulo 30 do Livro de Deuteronômio, percebemos que o Senhor anseia por aqueles que verdadeiramente desejam pelo perdão divino, e consequentemente, viverem uma vida que agrade ao Senhor, sendo abençoados por Ele, o seguindo fielmente.

1. A Circuncisão do Coração Hebreu. Para aqueles que se arrependeram verdadeiramente dos delitos praticados contra o Senhor, o próprio Deus irá purificar os corações hebreus e os da sua descendência, e o Senhor utiliza a figura da circuncisão, que era uma prática comum entre os hebreus, para ue haja uma purificação/aliança na consagração do primogênito ao Senhor. Aqueles que abandonaram os caminhos do Altíssimo, tem os seus corações purificados, suas vidas consagradas e os de seus familiares também (cf. Dt 30.6).

2. As Bênçãos à um Povo. O verso 7 do capítulo 30 trata que as maldições será para aqueles que os perseguem e obedecerem aos servos fiéis do Altíssimo. Um povo abençoado por Deus é um povo fiel e íntegro, que se desvia do mal. Deus torna as maldições em bênçãos quando o povo o segue e o serve de inteireza com convicção em seus corações. Deus guarda o seu povo das maldições e abençoa-nos com toda sorte de bênçãos.

3. A Conversão do Povo Hebreu. Conversão é um processo no qual uma pessoa passa a conhecer os caminhos do Senhor e abandona sua vida antiga de pecado e iniquidade. Também por este processo passava  o povo hebreu em seus quarenta anos no deserto. Novamente, no capítulo 30 no versículo 8, Moisés diz ao povo que é mister a conversão da nação, a fim de que dessem ouvidos à voz do Senhor (Dt 30.8). Uma pessoa não-convertida, ainda que ouça ao Senhor, poderá endurecer o seu coração para a mensagem divina. Por isto, a mensagem divina da conversão foi necessária a Israel ontem e é-nos necessária hoje. A salvação de uma alma à Cristo Jesus passa também pelo processo da conversão aos caminhos do Altíssimo.

III. Ouvindo e se Atentando à Voz de Deus

Todo bom ouvinte da mensagem divina é uma exímio seguidor dos preceitos de Jeová. Um autêntico servo do Senhor certamente se atenta para tudo aquilo que diz e faz. Neste tópico, analisaremos a importância de se ter tais características do Mestre e Senhor de todas as coisas: Ouvir, atnetar e fazer conforme tudo aquilo que o Senhor lhe apraz.

1. Ouvindo a Mensagem Divina. Ouvir a mensagem divina mostra-nos que o Senhor tem prazer em se relacionar com seu povo. Deus evidencia a sua eterna misericórdia e graça aos que buscam ouvir a tua voz (cf. Dt 30.10-14). Ouvir é a primeira base de uma relacionamento do homem com o Senhor. Não podemos compreender a mensagem divina se não ouvirmos à Deus. Precisamos fazer conforme o conselho de Salomão em Eclesiastes: Deu tudo o que temos ouvido, o fim é temermos ao Senhor (Ec 12.13,14).

2. Atentando-se a Voz do Altíssimo. Além de ouvir  o que o Senhor tem a nos dizer, a nação de Israel deveria buscar estar bastante atenta ao que tem pra ela. Muitos ouviram as exortações e recomendações durante a jornada, mas não buscavam ter o extremo zelo em estarem atentos a mensagem divina, e por isso, não estarem plenamente nos caminhos do Senhor. O cuidado é o zelo pela Palavra do Senhor é a síntese da vida cristã, pois é a atenção maior que deve ser considerada em nossas vidas (Hb 4.12,13).

3. Cumprindo a Vontade do Senhor. A parte final do capítulo 30 do Livro de Deuteronômio trata sobre caminhar na vontade do Senhor e cumprir a sua vontade. O Senhor estava mostrando-os cotidianamente a sua graça, bondade e misericórdia perante um povo obstinado com um coração de dura cerviz. Os que cumprem a vontade do Senhor são os que abrem os corações para ouví-lo e andar na direção na qual Ele nos proporciona. Devemos assim como Israel, estarmos dispostos a labutar na Santa Obra do Altíssimo.

Conclusão

Neste estudo, vimos que a misericórdia abrange à todos que recebem o Senhor em verdade e integridade. A misericórdia do Senhor é a razão de não perdermos de vista o foco da presença de Deus, que age de maneira constante em nossas vidas à fim de que o reconheçamos e entendemos que o mesmo Senhor que agiu na vida dos israelitas durante a jornada, é o mesmo que atua sobremaneira em nossas vidas.



Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. Vida com o Senhor. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


terça-feira, 18 de maio de 2021

Um Conflito Desnecessário sobre o Batismo

 




Por Leonardo Pereira



Uma das tristes realidades que atrapalha o progresso do evangelho são as inúmeras divisões sobre questões de doutrina e prática. Alguns procuram uma solução superficial no ecumenismo, sugerindo que a resposta ao problema seja simplesmente ignorar as diferenças. Essa abordagem não é muito diferente do ensinamento dos falsos profetas que Deus criticou 2.600 anos atrás: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 8.11). Colocar um curativo em uma ferida infeccionada pode mascarar o problema temporariamente, e até trazer um alívio psicológico para o paciente, mas não resolverá o problema. É necessário tratar a infecção.

De semelhante modo, conflitos doutrinários e práticos entre pessoas que desejam agradar ao Senhor precisam ser tratados, não apenas cobertos e ignorados. Às vezes, os conflitos são frutos de interpretações equivocadas de textos bíblicos (2 Pe 3.16). Outras vezes, o problema é resultado de uma ênfase exagerada em uma verdade ao ponto de negar outras (Mt 23.23; Tg 2.14-26). Antes de defender uma interpretação e criar divisões, devemos tomar o tempo necessário para examinar bem os textos bíblicos relevantes. Desta maneira, poderemos esclarecer dúvidas e evitar conflitos desnecessários. Vamos considerar um exemplo de um conflito que atrapalha alguns e causa divisões.

O batismo correto deve ser feito em nome de Jesus, ou em nome do Pai, Filho e Espírito Santo?

Jesus afirmou sua autoridade absoluta, universal e eterna quando mandou batizar “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.18-20). Os servos fiéis que ouviram suas instruções batizaram “em nome de Jesus Cristo” (At 2.38), “em o nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5) e “em nome de Jesus Cristo” (At 10.48). Vários grupos religiosos defendem uma fórmula ou outra, até ao ponto de negar a validade dos batismos feitos com palavras diferentes. Quem defende batismo exclusivamente no nome de Jesus, por exemplo, rejeita pessoas batizadas em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. O estudo das Escrituras nos ajuda muito para esclarecer essas dúvidas e evitar conflito desnecessário.

Primeiro, observamos que nem Jesus nem os apóstolos falaram de uma fórmula oficial. Nenhum dos relatos sugere que a pessoa que realizou o batismo tenha falado uma sequência especial de palavras. Quando comparamos os versículos citados acima, observamos diferenças na maneira de citar o nome do Senhor e nas preposições usadas. Se fosse uma fórmula específica, poderíamos esperar uniformidade em todas as ocasiões relatadas.

Segundo, percebemos diferenças nos textos originais que mostram significados muito além de meras fórmulas. As palavras gregas usadas em Mateus 28.19 e em Atos 8.16 e Atos 19.5 (especificamente a preposição “eis”) enfatizam a relação resultante do batismo – batizados para entrar no nome de Jesus e, simultaneamente, do Pai e do Espírito Santo. As preposições empregadas em Atos 2.38 (“epi”) e 10.48 (“en”) focalizam a base do batismo, ou seja, a autorização dada por Jesus.

Somando as informações, entendemos que os apóstolos batizaram pela autorização de Jesus e que o batismo foi o meio determinado pelo Senhor Jesus para os arrependidos entrarem em comunhão com ele, com seu Pai e com o Espírito Santo. No contexto da dedicação e autonegação dos homens escolhidos para divulgar o evangelho, a ideia implícita nos ensinamentos que sugerem uma contradição entre o ensinamento de Jesus e o procedimento dos apóstolos é incoerente. Os apóstolos fizeram o que Cristo mandou: pela autoridade do Senhor Jesus, ensinaram seus ouvintes a se arrependerem e serem batizados para receber perdão e entrar em comunhão com Deus.

Evitemos os conflitos desnecessários causados por interpretações equivocadas das Escrituras.


segunda-feira, 17 de maio de 2021

Mantendo a igreja pura

 




Por Leonardo Pereira



Um dos maiores desafios que os irmãos enfrentam hoje é de manter a igreja pura. Por mais que tentamos, parece que algo sempre passa, e fica bem abaixo dos nossos narizes por períodos de tempo, até alguém notar. Eu me lembro de um homem do sul dos Estados Unidos que disse, “Copperheads (uma cobra venenosa comum na América do Norte) são o tipo de cobra que podem entrar escondido na sua casa e ficar lá por um bom tempo antes de serem notados.” Que pensamento assustador! É assim com o pecado.

Todos os cristãos pecam de vez em quando. A Bíblia diz isso (1 Jo 1.8). Mas precisamos ficar de olho por aqueles que são facciosos e escondem seus pecados, mas ainda querem fazer parte da igreja local (At 20.28-31). É incrível saber que alguns praticarão o pecado, o esconderão e ainda buscarão refúgio em uma igreja local (At 5.1-11; 2 Co 11.26). Como diz o velho ditado, “Quem saberá que mal habita nos corações dos homens?” Sim, até o dia em que o Senhor voltar, haverá sujeira entre o povo de Deus, mas não vamos nos desanimar. Vamos, em vez disso, continuar tentando expor o errado. Aqui tem algumas coisas que podemos fazer.

Se você sabe que algo está errado, lide com isso! 

Ter medo, ignorar, ou esperar que algo suma sozinho não é a resposta para lidar com o pecado entre cristãos. Lembre-se de que Deus disse a Josué após o pecado que Acã. Ele disse que tinha que ser resolvido ou Israel continuaria a cair perante seus inimigos (Js 7.7-13). Se não for resolvido, ainda está lá (Jo 9.41; Rm 6.12,13; Ef 4.27).

Não fique ansioso pelo crescimento numérico da igreja!

É melhor ter uma igreja com apenas seis pessoas, do que uma igreja de setecentas e trinta pessoas, com maioria delas praticando o pecado (Mt 18.20; Dt 7.7; 1 Sm 14.6; Jz 7.7; 1 Pe 3.20; Gn 18.32). Quando o interesse em números é maior do que o interesse na verdade, os irmãos deixarão passar coisas, ou as esconderão debaixo do tapete, para que a lista de chamada não diminua por ter que se livrar dos pecadores (1 Co 5.7; Pv 22.10). Não vamos esquecer que quando a verdade é ensinada e executada, não teremos as massas a nossa volta, porque apenas alguns serão salvos (Mt 7.13,14).

Conheça todos! 

Quando os irmãos não investem tempo uns com os outros, nunca se conhecerão bem. Em Atos 2.42-46, podemos ver que a igreja passou bastante tempo junto, e que ao fazer isso tiveram a oportunidade de se conhecerem melhor. Conhecendo os gostos e desgostos uns dos outros, podemos saber se um cristão está entrando no pecado, ou vivendo com um pecado (Hb 3.12,13).

Ensine o conselho integral de Deus!

A palavra de Deus é viva e eficaz, perfurando até os pensamentos e os propósitos do coração (Hb 4.12; At 2.37; At 24.24,25). Com uma arma tão poderosa em nossas mãos, precisamos usá-la, porque é a única coisa que pode jogar luz no homem e alertar-lo e o direcionar a correção (1 Co 1.17-21). Paulo reconheceu isso porque ele disse que não havia falhado em proclamar todo o desígnio de Deus (At 20.27). Quando os irmãos falham em ensinar tudo que o Senhor disse, ficam lacunas, nas quais o pecado reinará e crescerá. Não vamos evitar mexer nos assuntos importantes que a Bíblia ensina; vamos ensinar o evangelho sobre todos os assuntos para que os homens cumpram ou faça um favor à igreja e a deixem (1 Jo 2.19; Jo 6.64-66; 1 Tm 4.1-5; Mt 19.16-24).


sábado, 15 de maio de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2021 - Capítulo 3 - A Promessa de um Grande Profeta

 




Comentarista: Leonardo Pereira



Texto Bíblico Base Semanal: Deuteronômio 18.15-22


15. O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;

16. Conforme a tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horebe, no dia da assembléia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.

17. Então o Senhor me disse: Falaram bem naquilo que disseram.

18. Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.

19. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele.

20. Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá.

21. E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou?

22. Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.


Momento Interação

Na primeira parte de Deuteronômio capítulo 18 vemos a expressão do cuidado de Deus com os sacerdotes e levitas que serviam no Tabernáculo, o Senhor ordenou que eles se alimentassem do que fosse apresentado como oferta queimada. O motivo para isso, é que os Levitas não tinham direito a nenhuma porção de terra em Canaã, mas tudo quanto fosse consagrado ao Senhor, pertenceria a eles. Ele cuida generosamente daqueles que dedicam sua vida para servir no santuário de maneira genuína e dedicada. Vemos aqui, que a vontade de Deus é que seus servos sejam bem cuidados pela Igreja e vivam de maneira digna, não miseravelmente. Na parte final do capítulo, temos uma das profecias mais contundentes do Antigo Testamento, referente a Jesus Cristo. Dos versículos 15 a 22, o Senhor diz que levantará entre eles um grande profeta, maior do que o próprio Moisés. Em Jesus vemos esta profecia plenamente cumprida. O Senhor fez coisas maiores do que Moisés, ele venceu a tentação, o pecado, o Diabo e por fim, a morte. Ele é o princípio e o fim!

Introdução

No Livro de Deuteronômio, temos um vislumbre maravilhoso do aparecimento do redentor de Israel e da Igreja. Moisés, ao transmitir sua mensagem ao povo hebreu, o profeta fala que futuramente o Senhor levantaria um profeta semelhante à ele, em palavras, obras e características. Este profeta haveria de trazer-lhes uma mensagem poderosa. Mais do que a mensagem, sua pessoa era e é, extremamente vital no plano da redenção do povo que jazia em trevas, imersos no pecado e distantes de Deus. Neste capítulo, estudaremos a profecia de Moisés  sobre o levantar deste grande profeta na nação semelhante à ele, com reflexos para o decorrer da nação de Israel, sobretudo também para a Igreja.

I. Um Surgimento de um Poderoso Profeta

Atualmente o conceito de profecia e de profetas (o ministério profético), tem sido muito defasados em virtudes de polêmicas e discordâncias deste importante ministério à serviço do povo de Deus. Contudo, tal ministério e sua atividade são de grande contribuição, pois por intermédio deles, o Senhor abençoa o seu povo, edifica a cada um, e os exorta através do ministério profético com toda longanimidade e doutrina, mediante à Palavra Divina. Moisés ensina-nos que o ministério profético e a sua atuação, tem o seu papel ratificados por Deus, por intermédio da sua Palavra.

1. É o Senhor quem levanta Profetas. Os profetas verdadeiros foram levantados por Deus com uma única missão: a divulgação da mensagem divina à todos aqueles à quem enviava os seus arautos. Com uma generalização do ministério profético e a sua atividade, surgem constantemente profetas que devem ser postos à prova (cf. Dt 18.20-22). Os profetas levantados por Deus, são vocacionados pelo próprio Senhor. O falso profeta perece em pouco tempo. Aqueles que são verdadeiros profetas autentificados pelo Senhor para a execução da obra santa, ainda que sofram por amor ao cumprimento da vontade de Deus, tem os seus ministérios e os seus legados conservados no Altíssimo para memória nossa por toda a eternidade. Não é o homem que se faz profeta por si próprio. É o próprio Deus pessoalmente quem levanta os seus profetas valorosos.

2. "O Senhor levantará um profeta em Israel". No capítulo 18 do Livro de Deuteronômio, Moisés diz ao povo que dentre eles, se levantará um profeta semelhante à ele (cf. Dt 18.15). Este texto se dá devido destaque não à um profeta maior ou menor (os livros proféticos), mas à um profeta que deverá ser diferente e destacada entre os demais que surgiram ou surgirão. Moisés, além d ser um grande legislador, era também um grande profeta usado poderosamente nas mãos de Deus. À semelhança do grande líder hebreu, este profeta seria usado de maneira incomparável pelo Senhor, assim como Moisés fizera em sua liderança sobre a nação de Israel durante os quarenta anos de jornada, e naquele momento, prosseguindo com a nova geração, a geração que nasceu durante a peregrinação (Dt 1.1).

3. Semelhanças entre este profeta e Moisés. As semelhanças entre este profeta e Moisés são muitas, considerando o período em que a profecia fora presenciada aos filhos de Israel. Pela parte profética, Moisés cita que esta pessoa é semelhante a ele em obras e palavras e que o povo deveria ouví-lo. Isto significa que em seu caráter profético e ministerial, o profeta afirma que tal profeta, à diferença dos demais que ainda haverão de surgir durante toda a história bíblica, este profeta seria grandioso representante de Deus, merecendo ser digno de total atenção do povo (cf. Dt 18.15; At 7.37).

II. A Mensagem deste Grande Profeta

A promessa de um grande profeta, bem como a sua mensagem para o plano da redenção ocorre desde o Livro de Gênesis. Esta profecia se decorre ao longo de toda a Escritura Sagrada e no Livro de Deuteronômio não é diferente. No quinto livro escrito por Moisés, o grande legislador hebreu, é-nos apresentado um vislumbre mais claro e específico sobre a vinda do Messias, o profeta esperado e aguardado por muitos. Sua autoridade e o seu poder são evidenciados pela maneira como o líder da geração israelita aborda o assunto. Neste tópico, aprofundaremos um pouco mais sobre os aspectos messiânicos deste grande profeta no Livro de Deuteronômio.

1. Um Mestre Profético. Moisés se refere à este homem como um grande profeta. Muito mais que um profeta aprovado pelo próprio Deus, Ele era um verdadeiro mestre no ensino das Escrituras Sagradas. Os profetas do Senhor foram homens cheios do poder de Deus e poderosos nas Escrituras Sagradas. Moisés, mesmo durante todo o decorrer do seu discurso no Livro de Deuteronômio, exortou constantemente aos hebreus, na meditação da Palavra Divina. À semelhança de Moisés, era também este homem uma pessoa cheia do poder de Deus, conhecedor-nato das Escrituras (Antigo Testamento) e poderoso no ensino bíblico, doutrinário e teológico.

2. Um Mestre na Palavra. Assim como no ministério profético, o ministério de ensino deste profeta é muito similar ao ministério do legislador hebreu. Moisés foi um homem poderoso em obras e palavras diante do povo de Israel e diante de Deus. Ele ensinou e doutrinou a nação com lições acompanhados das práticas que se seguiam: "Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te (Dt 11.18,19). Aquilo que o profeta falava à nação, era plenamente da parte do Senhor, conforme a sua própria vontade para o Povo de Israel. Assim como era Moisés era mestre na Palavra, este profeta seria o arauto da mensagem divina por excelência.

3. Um Mestre no Exemplo. Moisés foi um exemplo magnífico de um líder, intercessor, professor, a orientador da nação amada e eleita por Deus. No entanto, Moisés era apenas um reflexo do verdadeiro mestre por excelência. Moisés falou deste profeta aos israelitas, sobre alguém ser mais imponente do que ele, sobretudo no exemplo de sua vida, seu ministério e principalmente, pela missão que o Altíssimo lhe confiou. Nisto encontramos a ponte que liga a nação de Israel até a sua redenção e justamente, a sua salvação reluzente (cf. Hb 4.16).

III. A Autenticidade do Profeta

Á semelhança dos atestados profetas do Senhor, a missão deste profeta consiste em manter a pureza doutrinária e teológica da Palavra de Deus, bem como exorta, repreender e encorajar povos e nações para os quais o Senhor os comissionara. Mais do que conhecer ao profeta e a sua mensagem, é necessário conferir sua autenticidade diante de Deus e dos homens. Somente homens aprovados por Deus, verdadeiramente experimentados na obra do Senhor, é quem possui credenciais mais do que louváveis para o ministério profético.

1. A Vida do Profeta em Intimidade com o Senhor. O profeta é o porta-voz do Senhor. É o mensageiro divino que tem compromisso com a Palavra de Deus e com o Deus da Palavra. Conhecemos verdadeiramente um profeta quando ele transmite a poderosa mensagem do Senhor com fidelidade, lealdade e com integridade. O profeta também possui uma vida de intimidade com o Altíssimo. Nenhum profeta na história bíblica que profetizasse em nome do Senhor, seria legitimamente profeta se não tivesse com Deus, uma intensa e ardorosa vida de intimidade com Deus.

2. O Testemunho do Profeta. A vida do profeta é a vida de intimidade com o Senhor. Sua vida é um testemunho perante os olhos dos crentes e descrentes. O testemunho do profeta leva-se em muito em conta pelo fato de que o seu ministério procede em primeiro lugar, uma vida de devoção com Deus e em segundo lugar, uma vida dedica a cumprir a vontade do Senhor. Observamos muito bem o exemplo em 2 Reis quando a sunamita encontra-se pela rua com o profeta Eliseu e ela imediatamente transmite um diagnóstico em decorrência da vida do profeta: "E ela disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que sempre passa por nós é um santo homem de Deus" (2 Rs 4.9). A vida do profeta é a vida do seu ministério. A sua autenticidade se passa pela sua vida com Deus e com a sua vontade.

3. A Prova Magna da Vida do Profeta. Moisés respondeu aos seus patrícios acerca de muitas dúvidas sobre como descobrir quem é realmente um verdadeiro profeta. Ele diz embasado na mensagem divina que devemos estar atentos à certos detalhes do profeta, da sua profecia e os seus efeitos: "Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele" (Dt 18.20-22). Só reconhecemos um verdadeiro profeta quando o que tudo ele disser, agir, pensar e fizer, estiver completamente em acordo com a vontade divina. A prova magna da vida de um verdadeiro profeta é uma vida dedicada aos anseios divinos, bem como levar ao povo a mensagem que provém do Altíssimo, exatamente de acordo com o que o Senhor diz-nos

Conclusão

O grande líder, profeta e legislador Moisés profetizando acerca do futuro da nação profética de Israel, transmite a Israel que futuramente haveira de vir um profeta que seria totalmente diferente do que Israel já viu ou veria. A semelhança dele, um exímio profeta haveria de trazer a mensagem salvífica não somente para Israel, bem como para toda a humanidade. Jesus Cristo, profeta aprovado pelo Senhor, como Moisés, haveria de vir ao mundo não somente para que toda Israel ouvissem á Ele, mas como também por Ele através dele, toda a humanidade viria a ser abençoada por meio de seu ministério terreno.



Sugestão de Leitura da Semana: SILVA, Oliveira. Arautos de Deus. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


sexta-feira, 14 de maio de 2021

Recomendação Musical Evangelho Avivado - Sem Limites (Aline Barros)




Por Leonardo Pereira


Com a produção de Ricardo Feghali e Cleberson Horsth, Sem limites é o primeiro e terceiro (vou explicar o porquê depois) álbum antológico de Aline Kistenmacker Barros dos Santos, ou, simplesmente, Aline Barros. É um álbum de adoração, que marca o início da carreira de Aline, com apenas 18 anos de idade. E é a nossa recomendação musical do mês de maio aqui no Blog Evangelho Avivado.

É importante, antes de tudo, contextualizar para você, querido irmão, o momento de Aline e da música gospel naquele momentos, visto que este álbum, não só marcou a carreira dela (muitos cantores não tem tanto sucesso em seu primeiro álbum, como Aline teve em seu primeiro), mas também a música gospel brasileira. Aline, que é filha dos pastores Ronaldo e Sandra Barros, com ministério até então na Comunidade da Vila da Penha, desde cedo já vinha mostrando sinais de que seria uma promissora cantora. Com dois anos, já manifestou interesse pela música, das quais começou a ser alcançado em 85, quando ela começa a integrar o ministério de louvor da Comunidade.

Em pouco tempo, já começa a participar de várias gravações, sendo que aos 14 anos ela grava o seu primeiro solo: a música Tua palavra, no CD da Comunidade da Vila da Penha, lançado pela MK Music. Isso, em pleno início dos anos 90, faz com que ela fique durante 45 (quarenta e cinco) dias seguidos na parada de sucessos das rádios do Rio. Dois anos depois, com 16 anos, ela grava a música Consagração, que, por sua vez, ganhou duas proezas inimagináveis para ela e para todos: 9 (nove) meses seguidos em PRIMEIRO LUGAR nas rádios de todo o Brasil, além da música ser cantada em todas as igrejas do país. Isso selou de vez Aline como cantora evangélica.

Em 1995, pela gravadora Grape Vine, Aline grava seu primeiro álbum: o LP (é, ainda era disco de vinil) Sem limites, contendo dez canções, sendo várias composições de pessoas conhecidas da música gospel, além de algumas versões. Após ter lançado seu disco "Voz do coração", em 1998, em 1999 a gravadora AB Records, lançada pouco tempo depois do lançamento do álbum inicial, lança uma nova versão do álbum, agora em CD, contendo além das 10 canções originais, mais duas canções: os sucessos Consagração/Louvor ao Rei e Tua Palavra, além de faixa interativa.

Vamos começar a análise?

Teclas com sons mais eletrônicos, um pouco psicodélicos, combinados a percussões simples, mas precisas, fazem a base de Sem limites, música título, e que tem a assinatura de Marquinhos Gomes. A música tem uma batida mais leve e lenta, e o efeito “anos 90” na voz de Aline é muito legal. Esse conjunto torna a música inovadora – mostrando qual vai ser a linha desse álbum. A letra fala que Deus não tem limites para nos dar a vitória, mesmo quando achamos que tudo está perdido. Destaque para o solo de violão no meio da canção.

Uma das mais conhecidas da carreira de Aline é, sem dúvida, Sou feliz, com a autoria dela e seu pai, Ronaldo. Uma introdução muito legal, com as teclas em sons menos eletrônicos, mas não menos modernos, desembocando em uma batida muito legal da percussão. Nesse momento, vemos mais firmes os backings vocais, que dão um ótimo suporte a música. É um belo exemplo de que apenas teclas e percussão conseguem fazer uma ótima parceria.

Uma junção de piano e órgão são a base da canção Cidade Santa, hino 521 do Cantor Cristão, de autoria do pastor português Robert Moreton. Possui uma tocada típica das canções da Harpa Cristã ou do Cantor Cristão. E essa mesma “essência” é o que Aline usa. As participações dos backings, junto da voz excepcional de Aline, fazem dessa um exemplo de que as músicas antigas não precisam de muitas modificações para que continuem sendo lindas.

Quando a força de Cristo falar é, na verdade, uma versão da canção "Picture perfect", de Micheal W. Smith. É uma música com estilo bem moderno, assim como a sua letra. É um belo pop, que traz as guitarras e cordas pra esse CD. O jogo de vozes, ao longo da canção, da um toque bem diferente – assim como a letra, que fala das futilidades de querer se tornar bonito, se maquiar, usar a roupa da moda, se, no fundo, não guardamos e cuidamos do nosso coração, buscando mais a Deus.

Apenas os violões – suficientes – conduzem Família, original de Twila Paris. Música suave, mas muito linda, que fala do plano de Deus para com todas as famílias. Ele quer restaurar os lares e trazer paz a todos. Gosto da percussão simples ao longo da canção, dando um estilo diferente. A junção dos backings com a voz de Aline fazem dessa, pra mim, uma das mais legais do disco.

Prosseguimos com a famosíssima canção Para sempre te adorarei, de autoria de Alda Célia. Acho que é uma das melhores do álbum, não só pela letra maravilhosa, mas principalmente por estar com todos os instrumentos – teclas, cordas e percussão, de forma correta, sem nenhum se sobressaindo. A letra, não preciso comentar, pois é uma das melhores. Embora seja uma regravação de 1995, a música tem estilo mais atual do que outras – para se ter uma ideia, a original de Consagração (você pode achar no Youtube) é do ano anterior e não é tão moderna quanto essa.

Outra letra de Alda Célia, Deus do impossível, é uma das mais conhecidas de Aline. Os arranjos, de teclas e percussão, são diferentes em dois momentos da música, sendo o primeiro mais “atual” que o segundo. Acho que a letra, conforme está posta, é um bom pedido para que a música tivesse uma duração maior – poderia se explorar mais um pouco a letra, com repetições e etc. Versa sobre a grandiosidade do nosso Deus, que é capaz de abrir o mar, libertar prisioneiros, dar filhos à mulheres estéreis, dar vista aos cegos, entre outras proezas!

Jesus faz parte, de Marquinhos Gomes novamente, é o único momento em que os metais aparecem, com o saxofone. É um estilo mais rápido que as outras canções, mas que em compensação, é um pop comum para a época, mas inovador na música cristã. A canção é cantada, não só por Aline, mas por várias crianças. Embora não seja uma música com “apelo” infantil, ela é, acima de tudo, uma canção animada, com várias batidas eletrônicas, tanto em percussão quanto em acordes. É uma das minhas favoritas!

É de Aline a autoria de Jesus Cristo mudou meu viver, um estilo mais calmo, que me lembra um pouco a música título. Basicamente nas teclas, com algumas participações da percussão, é uma bela oportunidade de prestigiar a voz excelente de Aline. A letra versa a diferença que acontece na vida e coração daquele que conhece e aceita a Cristo como seu salvador.

Se clamares, que se firma na percussão e nas teclas, de forma mais simples, é uma música interessante, cuja estrofe tem estilo mais calmo, enquanto o coro é mais “agitado”. A voz de Aline, junto do backing no coro, canta sobre o que acontece quando clamamos a Deus, onde obtemos vitórias e a ajuda de Deus.

As duas canções que seguem são inéditas no CD de 1999

Tua palavra, pra mim é a melhor deste projeto e uma das melhores da carreira de Aline – não por isso, foi uma das que alavancou a carreira dela. É uma canção completa, pois possui teclados, percussões e cordas em estilos comuns aos dias de hoje – ou seja, é uma canção muito à frente da época em que fora lançada. Além disso, quem a ouve percebe porquê Aline se tornou o que ela é hoje. Arranjos excelentes, vozes fenomenais, além de uma letra maravilhosa, foram combinação para o sucesso. A letra fala do poder da palavra conosco, para curar os doentes, para evangelizar a todos, ser luz e lâmpada para nós.

Para encerrar com chave de ouro, temos Consagração/Louvor ao Rei, que, nesse CD ganha uma nova roupagem, com mais órgãos e percussões um pouco mais fortes. Além disso, a nova versão é um pouquinho mais rápida. A letra é maravilhosa – entendo tranquilamente porque se tornou sucesso, pois pra 1994 ela é uma página a parte da nossa música evangélica. O órgão no final, enquanto se canta “A honra, a glória, a força e o poder ao Rei Jesus, e o louvor ao Rei Jesus” é de arrepiar!

Esse é um dos CDs mais conhecidos e admirados na história da música evangélica brasileira. Foi o primeiro passo da carreira de uma das maiores e melhores cantoras do país!


 

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Recomendação de Leitura no Mês - Família: Lugar de Refúgio ou Campo de Batalha? (Ilma Luci Gomes Cunha)

 




Por Leonardo Pereira



Estudar sobre o valor da família é de muita importância para nós, pois, de uma forma ou de outra, nascemos numa família. Com exceção daqueles que são fruto da marginalidade, cada um de nós vem de uma família, seja pobre ou rica, desconhecida ou famosa, pequena ou grande, evangélica ou não. A família é a base de nossa vivência. Dela nascemos e dela dependemos na maior parte da existência. Isso é plano de Deus!

Análise

A família é uma instituição divina. Ela é tão importante, que foi criada antes da Igreja, antes do Estado, antes da nação. Deus não fez o homem para viver na solidão. Quando acabou de criar o homem, Adão, o Senhor disse: "Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma adjutora, que esteja como diante dele" (Gn 2.18). Deus tinha em mente a constituição da família, mas esta não está completa só com o casal. Por isso, o Senhor previu a procriação, dizendo: "Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra (Gn 1.27,28). 

Fica mais clara a origem da família, quando lemos: "Portanto, deixará o homem seu pai e e sua mãe e se unirá à sua mulher e serão ambos uma só carne" (Gn 2.24). "O homem" aí é o filho, nascido de pai e mãe. Deus fez a família para que o homem não vivesse na solidão (Sl 68.6; 113.9). Por ser de origem divina, o inimigo tem atacado a família de maneira implacável. As tentações aos pais de família, principalmente na área do sexo e do mau relacionamento com os filhos tem sido constante; os ataques aos filhos, lançando-os contra os pais; dos pais contra os filhos; o problema das drogas, do sexo ilícito, da pornografia, de outros vícios, do homossexualismo.

Reflexão

Em Família, lugar de refúgio ou campo de batalha?, da Dra. Ilma Cunha, fala que ainda que a família seja tão combatida na atualidade e muitos pensem que é uma instituição falida, somos convocados como cristãos a darmos o devido valor a ela, lutarmos por esta causa e pela preservação dos seus valores. A Dra. Ilma Cunha aborda muito bem a fragilidade dos relacionamentos dos membros do núcleo familiar e compreende as razões e consequências desses desajustes. Assim, a partir de uma larga experiência clínica e em sala de aula, ela escreveu este livro; no qual, firmada em uma postura cristã e em conformidade com a Bíblia, não omitiu o elemento fundamental do perdão e a compreensão entre os componentes da família. 

Um ponto muito importante na obra da Dra. Ilma Cunha é a ênfase fundamental para a excelente manutenção familiar: "só a submissão ao Espírito Santo faz com que o crente obedeça à Palavra de Deus". Os membros da família precisam demonstrar o Fruto do Espírito em seu relacionamento , conforme Gl 5.22-23. Pastores ou membros da igreja, filhos ou pais, esposos e esposas, todos sem exceção precisam viver dando fruto do Espírito. No texto acima, temos a Fórmula do Bom Relacionamento Cristão (BRC): BRC= f (A, G, P, L, B, B, F, M, T.) Os pais devem ser companheiros dos filhos e não seus ditadores. Uma boa regra é ter FIRMEZA com AMOR. 

Por outro lado, os filhos devem obedecer aos seus pais e honrá-los, "pois é mandamento com promessa"; hoje, no meio da milenar rebelião contra Deus, há filhos que não honram os pais. Isso satisfaz ao inimigo do lar. É necessário muita oração, adoração a Deus no lar, para que os conflitos sejam motivo de crescimento e maturidade e não de confrontos e contendas. O CULTO DOMÉSTICO não elimina os conflitos, mas ajuda a enfrentá-los como cristãos e a superá-los para a glória de Deus.

Recomendação

No relacionamento entre os membros da família cristã, é importante que todos dêem lugar à presença de Deus, vigiando para que o inimigo não encontre brecha para atuar entre eles. Oração e jejum; leitura da bíblia diária; culto doméstico; a prática do Fruto do Espírito, principalmente do amor, da longanimidade, da benignidade, da bondade e da temperança, são garantia certa contra as desavenças e conflitos no lar. Que Deus nos abençoe que possamos colocar em prática o que nos orienta a Sua Palavra para a família e o lar.

Nesta obra, ela mostra seu profundo conhecimento da psicologia e das Escrituras Sagradas, usando essas duas fontes de sabedoria a fim de demonstrar a autoridade máxima da Palavra de Deus na solução das questões familiares e do ser humano. Este livro eu recomendo pra todas as pessoas com ou sem família, muitas respostas serão encontradas... Desde quando eu li este livro, encontrei muitas respostas que procurava, e minha maneira de ver o mundo e as pessoas da minha família, passei a ver com outro olhos. Muita cura e libertação, passou a ser o foco da minha vida familiar.


domingo, 9 de maio de 2021

Mãe - Honra e Louvor

 




Por Leonardo Pereira




Em Efésios 6.1-4, Paulo diz: "Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor". Nesses versículos, encontramos instruções dirigidas aos filhos e aos pais. A base desses mandamentos já foi dada em Efésios 5:21: "...sujeitando-vos, uns aos outros no temor de Cristo". Os filhos precisam se sujeitar aos pais, sendo obedientes a eles. Os pais, também, servem aos filhos, criando-os e corrigindo-os com amor.

O Fundamento de Efésios 6.1-4

Quando estudamos esses primeiros versículos de Efésios 6, é fácil esquecer de um versículo importante: "Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa)" (versículo 2). Muitos filhos respeitam o pai. Quando ele fala, eles ouvem. Os filhos baixam as cabeças para ouvir, com respeito e até vergonha, as palavras de correção que vêm do pai. Mas, quando a mãe corrige as atitudes dos filhos, são diferentes. Por quê, se o versículo diz honrar pai e mãe? Vamos pensar um pouco mais sobre esse segundo aspecto do mandamento.

Jesus sabia que a honra para pai e mãe fazia parte da lei do Velho Testamento, que ele citou em Mateus 19.19. Pelo fato que o mesmo mandamento foi incluído no Novo Testamento, podemos perceber a importância desse princípio. Desde a criação, Deus pretendia que os filhos honrassem ambos os pais. Há um exemplo de tal honra implícito na história de Noé. No meio a um mundo corrupto, Noé e sua mulher criaram três filhos. Esses três, junto com suas esposas, entraram na arca com Noé (Gn 5.32; 7.13). Mesmo se mais ninguém acreditava na mensagem pregada por Noé, os próprios filhos honraram os pais.

Honra Devida à Digna Mãe

O livro de Provérbios contém muito conselho sobre a obediência e honra aos pais. Às vezes, os textos destacam a honra devida à mãe, que é nossa ênfase neste artigo. "Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe. Porque serão diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o teu pescoço" (Pv 1.8,9). As instruções que ouvimos da boca da mãe servem para nos guiar o resto da vida: "Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe; ata-os perpetuamente ao teu coração, pendura-os ao pescoço. Quando caminhares, isso te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida" (Pv 6.20-23).

O filho obediente traz alegria aos pais: "O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe" (Pv 10.1). Podemos ver essa verdade na vida de muitas famílias. Quando os filhos se mostram rebeldes e insensatos, as mães sofrem, talvez mais do que qualquer outra pessoa (cf. Pv 15.20-22). Na nossa sociedade, há uma grande e triste tendência de desprezar os velhos. Muitos filhos negligenciam as necessidades dos pais ou até os abandonam em lares da terceira idade ou outras instituições, porque não querem assumir a responsabilidade deles. Provérbios 23.22 diz: "Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer". Honra inclui a responsabilidade de fornecer as necessidades físicas dos pais (cf. Mt 15.4-6).

No Novo Testamento, encontramos duas mulheres que tiveram influência muito boa e importante na vida de um jovem. Timóteo, um evangelista bem respeitado, foi instruído desde a infância nas coisas de Deus (2 Tm 3.14,15). A avó dele (Lóide) e, depois dela, a mãe (Eunice) educaram Timóteo no caminho de Deus (2 Tm 1.5). Muitas mães têm feito a mesma coisa, guiando os filhos ao Senhor pela palavra e pelo exemplo de vidas retas e dedicadas no serviço de Deus. Uma mãe dessas merece todo respeito e honra dos filhos.

Conclusão

Vamos encerrar com as palavras sábias de Provérbios 23.15-10: "Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á também o meu; exultará o meu íntimo, quando os teus lábios falarem coisas retas. Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, no temor do SENHOR perseverarás todo dia. Porque deveras haverá bom futuro; não será frustrada a tua esperança. Ouve, filho meu, e sê sábio; guia retamente no caminho o teu coração. Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne".



Referências:

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico Efésios. Rio de Janeiro: CPAD, 1983.

CUNHA, Ilma Luci Gomes. Família: Campo de Batalha ou Lugar de Refúgio? Rio de Janeiro: Central Gospel, 2013.

LOPES, Hernandes Dias. Efésios - A Noiva Gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2010.

RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

ROGÉRIO, Marcos. Família Cristã. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.