segunda-feira, 28 de junho de 2021

Misturando óleo com água




Por Leonardo Pereira



Desde que a teoria da evolução se alçou à elevada posição que agora tem no mundo acadêmico, os homens têm procurado encontrar meios de conciliá-la com o ensinamento da Bíblia. Aqueles que insistem em que tal conciliação pode ser conseguida são chamados "teístas evolucionistas". Eles declaram crer tanto no relato bíblico da criação como na teoria da evolução. Mas pode uma pessoa que aceita a teoria da evolução crer realmente no relato da criação na Bíblia, como é registrado em Gênesis 1-2? Podemos realmente dizer que a Bíblia só diz quem criou este mundo, enquanto a teoria da evolução nos diz como ele o fez? Tais idéias podem parecer nobres na superfície, porém um exame cuidadoso dos dois primeiros capítulos de Gênesis porá nossas mentes girando com os obstáculos que têm que ser dominados para efetuar uma tal reconciliação. Considere, por exemplo, a seguinte lista de contradições entre as afirmações claras da Escritura e as igualmente claras exigências da teoria da evolução: A Bíblia ensina que a terra foi criada antes do sol e das estrelas (Gênesis 1:1,16). A teoria da evolução (em seu pleno contexto científico) ensina que o sol e as estrelas existiam em alguns casos bilhões de anos antes da terra.

A Bíblia ensina que as plantas estavam crescendo na terra antes que o sol fosse criado (Gn 1.11). A teoria da evolução exige que o sol brilhe antes que as plantas cresçam.

A Bíblia ensina que as plantas terrestres precederam a vida marinha (Gn 1.11,20). A teoria da evolução exige que a vida marinha preceda as plantas.

A Bíblia ensina que as aves foram criadas antes dos insetos (Gn 1.20, 24). A teoria da evolução exige que os insetos precedam as aves.

A Bíblia ensina que as baleias foram criadas antes dos répteis, ou qualquer outro animal terrestre (Gn 1.21,24). Mas a teoria da evolução não somente ensina que os répteis vieram antes das baleias, mas que as baleias são de fato animais terrestres que retornaram à água.

A Bíblia ensina que as aves foram criadas antes dos répteis (Gn 1.20, 24). Mas a evolução exige que as aves sejam descendentes diretas dos répteis.

A Bíblia ensina que o homem foi criado antes que a chuva caísse na terra (Gn 2.5-7). A teoria da evolução exige que a chuva caísse na terra durante milhões de anos antes dos homens. (Os termos para as plantas de 2.5 são aparentemente usados para plantas cultivadas, tais como as que cresceram no jardim do Éden e não para a vegetação geral de 1.11).

A Bíblia ensina que a morte e o sofrimento são o resultado do pecado, e que o pecado entrou no mundo com Adão e Eva (Gn 2.17). Mas a teoria da evolução exige que o processo da luta da vida e da morte já estava existindo durante milhões de anos antes do homem, e que os ancestrais mais imediatos do homem foram parte daquela luta.

Finalmente, a Bíblia ensina que o homem foi feito primeiro, e então a mulher foi feita de sua costela (Gn 2.18-22). Este é o golpe decisivo de qualquer tentativa de reconciliar a teoria da evolução com a Bíblia. A evolução exige que os sexos se desenvolvessem juntos. Deveria, portanto, ficar claro, mesmo para o mais distraído observador, que o relatório bíblico da criação e a teoria da evolução não podem ser melhor misturados do que óleo com água. Este fato tem sido percebido igualmente tanto pelos mais fortes crentes como descrentes durante todos os passados 150 anos.
   
As explicações da Bíblia e da evolução são mutuamente exclusivas porque são produzidas a partir de premissas mutuamente exclusivas. O relato bíblico está baseado na aceitação de que "No princípio Deus ..." A teoria da evolução, por outro lado, não é uma teoria que se impôs sobre a mente científica coletiva através do peso cabal da evidência, como muitos cientistas gostariam que crêssemos. Antes, é uma teoria que deve sua própria origem e vida aos homens que rejeitaram a crença em Deus e sentiram-se compelidos a prover uma explicação alternativa para a origem da vida.
   
E sempre que tentativas são feitas para conciliar as duas, é sempre a Bíblia que sai perdendo no final das contas. A teoria da evolução é sempre mantida intacta. E o relato bíblico é que é forçado a ceder território, como se fosse somente uma "descrição poética de verdades espirituais". Devemos ser prudentes, portanto, em respeitar a descrença destes homens e aceitar a evolução pelo que é -- uma explicação sem Deus da origem da vida. Então teremos nossas cabeças adequadamente limpas para perceber a escolha que teremos que fazer. Se Deus for Deus, então sirva-o. E se Baal for Deus, então sirva-o. Mas não vamos a lugar nenhum coxeando entre os dois (1 Rs 18.21).


 

sábado, 26 de junho de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Junho/2021 - Capítulo 5 - O Amor Conjugal que não se Apaga

 




Comentarista: Felipe Vieira



Texto Bíblico Base Semanal: Cantares 8.5-14

5. Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo da macieira te despertei, ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores aquela que te deu à luz.

6. Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas.

7. As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.

8. Temos uma irmã pequena, que ainda não tem seios; que faremos a esta nossa irmã, no dia em que dela se falar?

9. Se ela for um muro, edificaremos sobre ela um palácio de prata; e, se ela for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro.

10. Eu sou um muro, e os meus seios são como as suas torres; então eu era aos seus olhos como aquela que acha paz.

11. Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; entregou-a a uns guardas; e cada um lhe trazia pelo seu fruto mil peças de prata.

12. A minha vinha, que me pertence, está diante de mim; as mil peças de prata são para ti, ó Salomão, e duzentas para os que guardam o seu fruto.

13. Ó tu, que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para ouvir a tua voz; faze-me, pois, também ouvi-la.

14. Vem depressa, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes dos aromas.


Momento Interação

 A leitura do texto arremete aos dias do reinado de Salomão, no início da monarquia israelita. Percebe-se um período de tranquilidade e paz onde o casal central desenvolve sua história amorosa, o que corrobora para o período áureo dos reinados de Davi (ao final) e Salomão. As diversas referências a animais e plantas exóticas também arremetem ao vasto conhecimento adquirido por Salomão. O singelo esforço que Salomão faz em sua obra, é tão somente o de fazer realçar a beleza desse interlúdio lírico cuja mensagem precisa não somente ser redescoberta, mas também deve ser colocada em prática, pois fornece uma excelente receita para uma vida conjugal prazerosa e feliz, bem como serve de parâmetros para uma prática sexual que confronta abertamente a inconsequente libertinagem e permissividade que a Sociedade tem adotado nesses últimos tempos, dos quais as novelas brasileiras se constituem um triste retrato deste degradante contexto. 

Diante de um quadro social cada vez mais caótico, onde o número de divórcios aumentam assustadoramente, em que o número de meninas e adolescentes grávidas parece não declinar e a liberalidade sexual é ensinada didaticamente nos meios de comunicação, torna-se urgente “descobrir” esse precioso livro do Cântico dos Cânticos e seu salutar e libertador ensino sobre as temáticas sexuais, sem medo e sem pudor moralista, pois se trata de um livro que detêm exatamente o mesmo valor e relevância dos demais livros que conjuntamente formam a primeira parte da Bíblia. A prevalência do divórcio e de tentativas modernas de redefinir o casamento estão em notório contraste com o Livro de Cantares de Salomão. Casamento, diz o poeta bíblico, deve ser comemorado, desfrutado e reverenciado. Este capítulo fornece algumas orientações práticas para fortalecer nosso casamento


Introdução

O casamento não é invenção humana que pode ser definida e destruída conforme os caprichos egoístas dos homens. O casamento foi criado por Deus. Ele é testemunha dos nossos votos e está preparado para julgar a nossa desobediência. Desrespeito pelos compromissos do casamento destrói a nossa comunhão com o nosso Criador. É imprescindível que aprendamos a ver o casamento como Deus o vê: "Cada um tenha a sua própria esposa". Em 1 Coríntios 7.2, Paulo repete o princípio que Deus estabeleceu quando criou o primeiro casal. "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2.24). 

As palavras de Jesus em Mateus 19.4-6 afirmam que a intenção de Deus desde a criação de Adão e Eva era que o homem fosse fiel a uma esposa legítima até a morte. As palavras que descrevem o primeiro casamento mostram que o Senhor pretendia que outros seguissem o mesmo padrão. Adão não tinha pais para deixar, mas os filhos de centenas de gerações posteriores têm cumprido este aspecto do princípio perpétuo estabelecido no Éden. Mesmo em sociedades corrompidas por anarquia e iniquidade, o casamento mantém uma posição honrada (Hb 13.4).

Juntar duas pessoas numa união completa descreve vividamente a beleza do casamento que Deus planejou. Deus não pretendia deixar o homem sozinho; então ele lhe deu a companheira perfeitamente adequada. Quando um homem e uma mulher se casam, eles formam uma nova e única unidade. Eles dividem uma relação sexual especial que jamais deve ser compartilhada com outros (1 Co 7.3-5). Quando a mulher segue a liderança de amor do marido (Ef 5.22-33), os dois participam juntos de sonhos e sofrimento, de conquistas e calamidades, do vigor da juventude e da fragilidade da velhice. Para este par privilegiado, a vida não se define mais com a palavra eu, e sim com a palavra nós.

Ao longo dos anos, a fusão de duas mentes na busca da mesma meta eterna cria uma intimidade e compreensão sem igual em relações humanas. A faísca de admiração no olhar de uma jovem noiva é apenas uma sombra do brilho constante no olho de uma mulher que superou décadas de desafios da vida com o homem que ela ama. O prazer que o noivo sente quando toma a mão da sua noiva é meramente um presságio do carinho que sentirá anos depois quando toma a mão de sua mulher, então envelhecida, para firmar os seus passos incertos.

I. Os Cônjuges aos Pés do Senhor

Aqueles que desprezam a perfeição do plano divino sofrem as tristes conseqüências de lares quebrados, corações esmagados, e espíritos quebrantados. Uma sociedade que apóia divórcios pecaminosos e incentiva casamentos ilícitos ceifará o que semeia. O sacrifício necessário para casamentos bem-sucedidos é sufocado pelo egoísmo que os destrói. O amor que fornece segurança é substituído pela lascívia que deixa esposas e filhos inocentes abandonados e desprotegidos num mundo cruel. Nem leis humanas nem doutrinas engenhosas podem mudar o fato que Deus permite apenas dois motivos para contrair novas núpcias: morte do primeiro companheiro (Rm 7.3; 1 Co 7.8-9,39) ou divórcio porque o parceiro cometeu adultério (Mt 19.9).

Outros abusos da vontade de Deus também causam destruição. O sexo antes do casamento, incluído no termo bíblico fornicação ou relações sexuais ilícitas, sempre está errado (1 Co 6.9-11,18; 7.2; Gl 5.19; Hb 13.4). Mesmo quando perdoado pela graça de Deus, o sexo antes do casamento, muitas vezes, traz graves conseqüências. Além das possíveis conseqüências físicas, a fornicação pode roubar o casamento posterior da intimidade especial que Deus fez para ser dividida exclusivamente por pessoas casadas. Relações homossexuais são outra perversão do plano de Deus. Todas as tentativas de "autoridades" humanas a defender a conduta homossexual como algo "natural" não podem apagar as palavras nítidas de Romanos 1.26,27 e 1 Coríntios 6.9-11. Homossexuais, como fornicadores, adúlteros e todos os outros pecadores, precisam se arrepender para buscar o perdão de Deus (Lc 13.3; At 2.38; 8.22; Mt 3.8).

O casamento é uma das ricas bênçãos preparadas para nós pelo benevolente Criador. Quando seguimos o plano dele, gozamos das maravilhas do amor e da segurança nesta vida, e a expectativa de um lar perfeito na eternidade.

II. A Força do Amor

Um amor cristão está profundamente preocupado como o bem-estar espiritual de outros. Um homem com tal amor, tendo escolhido uma mulher piedosa para sua companheira, jamais pensaria em violar a virtude dela, não importa quão forte suas paixões possam ser. Ele não a vê como um objeto a ser usado para seu prazer, mas como um tesouro a ser respeitado e protegido. É impensável, também, que uma mulher cristã, exercendo aquele amor que vem de Deus, se orgulhasse de "fazer um homem ficar nervoso" pelo modo como ela se veste ou se comporta. Ainda que ela possa "saber como cuidar-se," ela entende que o "o saber ensoberbece, mas o amor edifica" (1 Co 8.1). O amor que vem de Deus nunca deve desafiar outro a pecar com as palavras, "Se me ama, você fará". Amor piedoso "não se regozija na iniquidade". Qualquer expressão suposta de amor que seja desagradável a Deus, é fraudulenta.

Muitos cristãos devotos em outras situações parecem aceitar o velho adágio que "na guerra como no amor tudo vale". "Inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas" parecem ser perfeitamente justificados. Não importa a ocasião, estas são obras da carne e "não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam" (Gl 5.19-21). Muitos que não recorreriam a golpes físicos para acertar uma rivalidade usarão de trapaça, engano, duplicidade, astúcia, perfídia, mexerico, calúnia e o que mais possa vir-lhes à cabeça para conseguir seu intento. "Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins" (Tg 3.15,16). 

Nenhum homem ou mulher é digno de tal corrupção da alma. É melhor exercer aquela "sabedoria, porém, lá do alto [que] é, primeiramente pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento" (Tg 3.17). Esta sabedoria conquistará qualquer parceiro que valha a pena conquistar. Graças a Deus, muitos que sucumbem a tal tentação se arrependem e amadurecem depois que seu prêmio é conquistado. O jovem que conquistou sua noiva naquela noite à beira do rio, amadureceu e não recomendará seu ato a outros. Não, verdadeiramente, a lei do amor piedoso não fica suspensa durante o casamento.

III. O Legado do Relacionamento Conjugal

Como frequentemente acontece em mensagens proféticas, este Salmo evidentemente aplica-se a duas personagens. Provavelmente tenha sido escrito em honra do casamento de um rei de Israel ou de Judá e estende a Jesus, conforme a citação em Hebreus 1.8,9. Ao longo da história, têm surgido várias sugestões em relação à ocasião original do Salmo. Alguns sugerem o casamento de Salomão com a filha do Faraó (1 Rs 3.1), ou de Salomão com uma princesa sidônia (1 Rs 11.1-5). Outros sugerem o casamento de Acabe com Jezabel (1 Rs 16.31). Ainda outros acham mais provável o casamento de Jeorão, um descendente de Davi, com Atalia, filha de Acabe e Jezabel e, por isso, descendente dos reis de Sidom (2 Rs 8.16-18,25-26).

Mas a citação de uma parte deste Salmo em Hebreus 1.8,9 nos leva a uma aplicação ao reino messiânico. Assim, a figura comum do casamento para descrever a relação do Senhor com seu povo é usada aqui para profetizar sobre a glória da igreja de Jesus Cristo. Neste Salmo, o Rei é elogiado por sua beleza, coragem, glória, etc. (1-5). A citação em Hebreus 1.8,9 claramente aplica os versículos 6 e 7 ao Messias, e serve para reforçar a doutrina da divindade de Cristo. O rei aparece em toda a sua glória, acompanhado pela rainha adornada de ouro (8-9).

O casamento mostra a dedicação da noiva (o povo de Deus) e o amor do marido (Cristo, o Rei). Da mesma maneira que uma noiva deixa os pais para morar com o marido, esta formosa noiva esquece de seu povo e entra no palácio do Rei. Nisto, ela mostra a lealdade ao Senhor, deixando para trás as coisas do reino das trevas (Cl 1.13) e se inclinando em submissão ao seu marido. Habitando com ele no palácio real, ela é abençoada para sempre (Ef 5.25-27; Ap 19.7,8; 21.2). O versículo 11 diz que ele cobiça ou deseja a beleza dela, usando a intimidade do casamento para descrever o amor do Senhor para seu povo purificado (Ef 5.27,28). O casamento é a relação mais especial entre seres humanos. Vários autores bíblicos usaram esta figura para nos mostrar um pouco da bênção da comunhão com Deus.

Conclusão

O casamento é a primeira relação humana. Tem sobrevivido a milhares de anos na história da humanidade. Ao mesmo tempo, o casamento está constantemente sob ataque. Muitos procuram diminuir a santidade desta relação especial de um homem e uma mulher, apoiando casamentos de homossexuais. Outros negam a sua permanência, defendendo o divórcio por qualquer motivo. E muitas pessoas simplesmente ignoram a importância do casamento, vivendo amigadas e desrespeitando o plano divino para um compromisso especial e exclusivo entre duas pessoas.  No meio a tanta corrupção do plano de Deus, os discípulos casados precisam lutar para manter casamentos sólidos, conforme a palavra do Senhor. 

Deus definiu o casamento quando criou o primeiro casal. Ele disse: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Observamos nestas palavras os elementos básicos da aliança do casamento: uma decisão de entrar num novo relacionamento (deixar pai e mãe); um compromisso assumido (unir-se a sua mulher); uma relação especial que sela a aliança (tornar-se uma só carne).  Apesar dos abusos tolerados durante milhares de anos, Jesus afirmou os mesmos princípios como base da sua legislação sobre o casamento (Mt 19.4-6; Mc 10.6-8). Continuando a mesma ênfase na mensagem do Novo Testamento, Paulo frisou o caráter monógamo do casamento: “...cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7.2). A lei conjugal vigora até a morte de um dos cônjuges, deixando o viúvo livre para casar de novo (Rm 7.1-3; 1 Co 7.39; 1 Tm 5.14; Mt 22.30). 

No geral, Deus proíbe o divórcio e pessoas divorciadas que casam de novo praticam adultério (Lc 16.18; Mc 10.11,12; 1 Co 7.10,11). Se alguém se divorciar, assim pecando contra Deus, deve reconciliar-se com o cônjuge ou ficar só (1 Co 7.11). Se um descrente abandonar seu cônjuge cristão, este pode deixá-lo sair, mas Deus não autoriza segundo casamento nestes casos (1 Co 7.15). A única situação em que o Senhor autoriza divórcio e segundo casamento é no caso de divórcio por causa de relações sexuais ilícitas (Mt 19.9).  É triste observar que um dos maiores desafios que os casados enfrentam hoje vem de igrejas que ensinam falsas doutrinas sobre a santidade deste relacionamento especial. Muitos pastores e teólogos procuram amenizar as exigências do Senhor, dando abertura para pessoas entrarem ou ficarem em casamentos ilícitos. Vamos observar alguns dos argumentos usados para negar a força da palavra de Deus e enfraquecer a santidade do casamento: 

Alguns procuram negar a validade das núpcias contraídas antes de se converter, dizendo que o casamento abençoado é o casamento de crentes. São diversos os argumentos usados para tentar dizer que uma mensagem se aplica aos descrentes, e outra, aos cristãos. Mas, por estudo cuidadoso das Escrituras, podemos ver os problemas com tais ensinamentos. José respeitou o casamento de pessoas que não serviam a Deus (Gn 39.7-9), e nós devemos mostrar o mesmo respeito hoje. O casamento veio antes da Lei de Moisés, antes do evangelho e antes da igreja. Nunca foi subordinado a alguma instituição religiosa, e não depende de nenhuma organização religiosa para ter sua validade. No Novo Testamento, Jesus falou sobre o casamento sem limitar suas palavras a determinadas pessoas. A mensagem dele é para a salvação de todos (Rm 1.16), exige o arrependimento de todos (At 17.30) e julgará todos (Jo 12.47). 



Sugestão de Leitura da Semana: GOMES, Eliezér. Batalha Espiritual. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


Comentário Bíblico Mensal: Junho/2021 - Capítulo 4 - A Reconciliação no Relacionamento Conjugal

 




Comentarista: Felipe Vieira



Cânticos 5.10-16

10. O meu amado é branco e rosado; ele é o primeiro entre dez mil.

11. A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo.

12. Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste.

13. As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como flores perfumadas; os seus lábios são como lírios gotejando mirra com doce aroma.

14. As suas mãos são como anéis de ouro engastados de berilo; o seu ventre como alvo marfim, coberto de safiras.

15. As suas pernas como colunas de mármore, colocadas sobre bases de ouro puro; o seu aspecto como o Líbano, excelente como os cedros.

16. A sua boca é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.

Cânticos 6.3-13

3. Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu;ele apascenta entre os lírios.

4. Formosa és, meu amor, como Tirza, aprazível como Jerusalém, terrível como um exército com bandeiras.

5. Desvia de mim os teus olhos, porque eles me dominam. O teu cabelo é como o rebanho das cabras que aparecem em Gileade.

6. Os teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e não há estéril entre elas.

7. Como um pedaço de romã, assim são as tuas faces entre os teus cabelos.

8. Sessenta são as rainhas, e oitenta as concubinas, e as virgens sem número.

9. Porém uma é a minha pomba, a minha imaculada, a única de sua mãe, e a mais querida daquela que a deu à luz; viram-na as filhas e chamaram-na bem-aventurada, as rainhas e as concubinas louvaram-na.

10. Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras?

11. Desci ao jardim das nogueiras, para ver os frutos do vale, a ver se floresciam as vides e brotavam as romãzeiras.

12. Antes de eu o sentir, me pôs a minha alma nos carros do meu nobre povo.

13. Volta, volta, ó Sulamita, volta, volta, para que nós te vejamos. Por que olhais para a Sulamita como para as fileiras de dois exércitos?


Momento Interação

Alguns intérpretes da Bíblia vêem em Cantares de Salomão uma exata representação simbólica de Cristo e Sua igreja. Cristo é visto como o rei, enquanto que a igreja é representada pela sulamita. Apesar de acreditarmos que o livro deve ser entendido literalmente como uma representação do casamento, existem alguns elementos que prenunciam a Igreja e seu relacionamento com o rei, o Senhor Jesus. Cantares 2.4 descreve a experiência de cada crente que é procurado e comprado pelo Senhor Jesus. Estamos em um local de grande riqueza espiritual e somos cobertos por Seu amor. O versículo 16 do capítulo 2 diz: "O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios." Aqui está uma imagem não só da segurança do crente em Cristo (Jo 10.28,29), mas do Bom Pastor que conhece as Suas ovelhas – Seus seguidores – e dá a Sua vida por nós (Jo 10.11). Graças a Ele, não somos mais manchados pelo pecado, tivemos nossas "manchas" removidas pelo Seu sangue (Ct 4.7, Ef 5.27). Nosso mundo está confuso sobre o casamento. 

Introdução

Toda família tem desacordos. O casal que nunca tem conflitos não existe. Infelizmente, conflitos podem levar a brigas sérias. Uma briga séria é aquela que desune esposo e esposa, mas nunca resolve a causa do problema. Como resultado, casais acumulam amargura, rixas, raiva descontrolada, ódio e, frequentemente, divórcio. O que falta a muitos casais é habilidade para discutir os desacordos e resolvê-los. Na verdade, falta-lhes a capacidade para discutir problemas sérios, chegar a um plano para resolvê-los e, então, pôr em ação esse plano. Eu ressalto que esta é uma habilidade que muitas pessoas simplesmente nunca aprenderam, mas que pode ser aprendida. O casamento não é um objeto a ser aceito ou uma idéia a ser admirada, é uma instituição social prática designada por Deus para satisfazer certas necessidades humanas criadas. É uma provisão de Deus, dada para abençoar e satisfazer as necessidades de suas criaturas.

Mas, se este é verdadeiramente o caso, como podemos explicar a tragédia vivente, respirando, que a maioria dos casamentos tem se tornado em nosso mundo atual. Não será por apontar para a complexidade de nosso ambiente social e econômico. O segredo de nossos fracassos no casamento não se acha em nenhum lugar fora de nossos corações e as escolhas que cada um de nós fez. Isto parece diminuir as perspectivas de melhora? Deveria fazer exatamente o oposto. Nossa capacidade de alterar nossas circunstâncias é muito limitada, mas temos absoluto domínio sobre nossas atitudes. Podemos não ser capazes de mudar nosso ambiente, mas podemos certamente mudar nossos valores.

Há milhões de casais unidos no mundo de hoje que estão cheios de mágoa, raiva e desespero, e que não vêem solução para sua miséria além dos tribunais de divórcio. A experiência me ensina que há casamentos entre cristãos que são caracterizados por um sentimento excruciante de desesperada resignação a uma relação que não dá alegria ou bênção. A aparente infindável demanda por mais livros sobre casamento revela que uma porção desses casais infelizes, na igreja e fora dela, está procurando auxílio antes que escape. A resposta de Deus é que não há somente esperança, há absoluta esperança.

I. Os Problemas no Casamento

O problema do casamento em nossos tempos é um problema de pecado. Isso pode soar como simplista, mas o casamento é uma relação humana, e não há nada que possa devastar uma relação humana como o pecado. No coração do pecado está a preocupação consigo mesmo, e no coração de cada relação humana cálida, amorosa e profunda está a preocupação pelo outro. O casamento, como todos os laços sociais, não pode florescer enquanto os participantes não encontrarem um amor mais alto do que aquele que eles usualmente aspiram. O que os parceiros de casamento necessitam de modo a amar um ao outro é amar a Deus. E, se temos de amar a Deus verdadeiramente, teremos que nos arrepender de uma porção de rebelião, orgulho e egoísmo (Lc 15.18). E como podemos amar a Deus se não amamos como ele ama, graciosamente, pacientemente, sempre preocupado com o que o amado necessita antes que com o que ele merece? Este tipo de amor não é um sentimento do coração, que vem espontâneo e não buscado, mas uma resolução moral pela qual uma pessoa determina fazer o bem a outros não importa o que eles mereçam ou como se comportam conosco.

O maior manual de casamento que jamais existiu é a Bíblia, não porque ela trate exclusivamente desse assunto, mas porque ela fala às necessidades dos homens pecadores e às perversas atitudes que têm destruído nossa relação com Deus e poluído nossas relações com outros, incluindo, mais tragicamente, nossos próprios parceiros no casamento. Se quisermos aproximarmo-nos de nossos esposos e esposas, então aproximemo-nos de Deus. Os casamentos estão fracassando porque os indivíduos que estão neles estão fracassando em ser como Cristo em atitude, e que quando essas atitudes são mudadas, há muita razão para acreditar que podemos construir uma relação segura, amorosa, e maravilhosamente compensadora em nossos casamentos.

Mas, objeta-se, meu companheiro e eu perdemos toda a afeição e desejo de um pelo outro. Como se pode reacender um casamento que está morto? O amor dedicado tem o poder de fazer amigos de inimigos e amantes de estranhos (Gn 24.64-67). Mas, diz outro, eu sou o único que se preocupa; como pode uma pessoa reconstruir uma relação destroçada? É estranho que cristãos façam tal pergunta. Nós certamente não nos preocupamos quando Jesus continuou pacientemente amando-nos, entregando sua própria vida por amor de nós. O Senhor, obviamente, não teve sucesso com todos, mas ele teve sucesso conosco; talvez ele possa ter sucesso com nossos companheiros (conselheiros de casamento dizem que sim). Como saberemos a menos que tentemos? O casamento dará certo maravilhosamente quando decidirmos ser o tipo de pessoa que Deus quer que sejamos. Então poderemos ter tudo isto, e o céu também.

II. Buscando Soluções no Casamento

Diz-se com frequência que um bom casamento é uma "amostra do céu". O companheirismo de que um homem e uma mulher podem gozar em relação ao casamento é uma bênção imensa dada por nosso Criador (Gn 2.18-24). Certamente, Deus destinou o casamento a ser benéfico e satisfatório para ambos, o esposo e a esposa. Infelizmente, muitos casais não descreveriam seus casamentos como "celestiais". O que podemos fazer para termos "bons casamentos"? Homens e mulheres têm tentado várias estratégias para assegurar casamentos bem sucedidos. Muitos têm raciocinado que o modo de ter um bom casamento é casar-se com a pessoa de melhor aparência possível. 

Conquanto não seja pecado ser fisicamente atraente, a aparência pessoal não é garantia de que uma pessoa será uma boa companheira. O homem extremamente elegante ou a mulher impressionantemente bela com frequência não dão bons esposos! Outros têm concluído que um casamento espetacular e uma lua-de-mel dispendiosa são o ponto de partida de um bom casamento. Contudo, estas são coisas que não duram muito tempo e quando a grandiosidade da cerimônia e a emoção da lua-de-mel passam, é comum que o esposo e a esposa descubram que sua relação não é realmente muito boa. Ainda outros têm seguido a estratégia de acumular bens antes de casar ou, em alguns casos, de procurar uma pessoa rica com quem casar! Tal segurança financeira constituirá, pensam eles, o alicerce de um bom casamento. Algumas vezes parceiros em al relação assentada sobre a riqueza material pagarão quase tudo para escapar do casamento. O resultado de tais preparativos financeiros é que há mais bens a serem divididos quando o casal se divorcia.

Deverá ser notado que não há nada inerentemente pecaminoso em ser fisicamente atraente, ter um grande casamento e uma lua-de-mel agradabilíssima ou mesmo economizar dinheiro antes do casamento com a esperança de um padrão de vida mais alto. Cada uma destas coisas pode ser uma bênção para um casamento. Nenhuma destas coisas, contudo, resulta necessariamente em um bom casamento. Se desejamos relações satisfatórias, precisamos abandonar as soluções e valores de sabedoria humana e consultar o manual de casamento escrito por Aquele que criou o casamento no princípio. Na Bíblia podemos encontrar toda a informação que precisamos para construir casamentos bem sucedidos. As Escrituras ensinam que o casamento é destinado a durar até que um dos cônjuges morra (Rm 7.1-3; Mc 10.9). Se cada parceiro mantiver esta convicção, o casamento terá uma possibilidade maior de dar certo. Quando aparecem problemas (e sempre aparecem!), tanto o esposo como a esposa empenham-se em resolvê-los em vez de procurar escapar facilmente através do divórcio.
 
Quando Paulo escreveu sobre as responsabilidades dos cônjuges, ele observou que as esposas deveriam ser submissas a seus esposos (Ef 5.22-24). Ele ordenou ainda mais que os esposos deveriam amar suas esposas (Ef 5.25-29). Este amor (na língua grega, "agape") não é de puro sentimento ou mesmo a expressão de palavras vazias, mas é antes o resultado de uma escolha moral e expressa-se em ação. Elcana, pai do profeta Samuel do Velho Testamento, evidentemente amava profundamente sua esposa Ana (1 Sm 1.1-8). Ele expressou seu amor por ela através de sua generosidade. Além do mais, este tipo de amor busca o bem estar de outros independente do tratamento com que eles retribuem. O apóstolo Paulo descreveu o caráter deste amor em 1 Coríntios 13.4-7. As responsabilidades de amor e submissão incluem outras específicas.

Por exemplo, para amar sua esposa, o esposo tem que se comunicar com ela. Para procurar o melhor bem estar da esposa, ele precisa entender as necessidades e desejos dela. Mais uma vez, observando o exemplo de Elcana e Ana, quando ela estava triste por causa de sua esterilidade e da provocação de sua rival, Elcana procurou descobrir a causa de sua angústia (1 Sm 1.4-5,8). Se o esposo comunica a razão para suas decisões, torna-se muito mais fácil para a esposa submeter-se. Sem comunicação adequada entre cônjuges, é extremamente difícil, talvez impossível, ter-se um bom casamento. Comunicação franca entre esposo e esposa permite a cada um entender melhor o outro, evitando muitos desentendimentos. A participação nas opiniões, sonhos e temores através da comunicação permite uma intimidade que ajuda a unir o casal.

III. A Reconciliação no Relacionamento Conjugal

Todos os bons casamentos exigem honestidade e discrição de ambos. Tanto esposo como esposa deverão empenhar-se em sempre falar a verdade um ao outro (Ef 4.25; Cl 3.9). Bons casamentos dependem da confiança e uma mentira descoberta destrói essa confiança. A esposa que descobre que seu esposo mentiu para ela em um assunto imaginará que ele no futuro estará mentindo também sobre outros assuntos . . . mesmo que ele esteja falando a verdade. Infelizmente, aqueles que praticam o engano com frequência acreditam arrogantemente que são muito inteligentes para "serem apanhados". O mentiroso pode frequentemente cobrir seu engano por algum tempo, mas as mentiras costumam ser descobertas. A esposa que esconde informação de seu esposo está também praticando o engano, uma forma de desonestidade. A suspeita que resulta quando o engano é descoberto ameaça a bela intimidade possível num casamento.

Quando duas pessoas vivem juntas ainda que por curto período de tempo, elas podem aprender algumas coisas nada lisonjeiras sobre um e outro. Num bom casamento, o esposo não falará destas faltas de sua esposa com outros. Ele protegerá a reputação dela à vista dos outros, enquanto trabalhará para ajudá-la a melhorar nessas áreas. De modo semelhante, a esposa não discutirá as fraquezas de seu esposo com outras pessoas. A prática de tal discrição encorajará maior intimidade na comunicação dentro do casamento. Cada parceiro sentir-se-á bem partilhando com o outro os pensamentos mais particulares porque ele ou ela sabe que estes pensamentos não serão revelados a outros. 

Poucas coisas destroem um casamento mais depressa do que a infidelidade sexual. Num bom casamento, cada parceiro tem não somente de se abster de atos abertos de impureza sexual, mas não deve dar ao outro causa para suspeita. O esposo precisa evitar que seus olhos se fixem na direção de outras mulheres e a esposa tem que ser cuidadosa para que seu comportamento a respeito de outros homens seja puro (Mt 5.27,28). O resumo feito por Paulo das responsabilidades do esposo e da esposa em Efésios 5.33 revela que a submissão da esposa envolve respeito ao seu esposo. Do mesmo modo, o esposo não deverá tratar sua esposa como inferior a ele porque ela voluntariamente aceitou uma posição de submissão (1 Pe 3.7). Em vez disso, ele deverá tratá-la com dignidade e consideração. Ele não deve diminuí-la nem tratá-la com aspereza ou amargura simplesmente porque Deus lhe deu autoridade na família (Cl 3.19).

O egoísmo está na base de um número incrível de dificuldades matrimoniais. É extremamente difícil viver com alguém que sempre pensa só em si mesmo. Cuidar de uma criança é trabalho duro porque ela não tem consideração com as necessidades e desejos dos outros. Suas necessidades precisam ser satisfeitas imediatamente ou ela fará com que seus pais saibam de sua infelicidade por meio de gritos estridentes! Como adultos, já deveremos ter ultrapassado tal egoísmo, mas infelizmente alguns esposos agem bem dessa mesma maneira. Se as coisas não são feitas como lhes serve, eles ficam trombudos ou têm ataques de cólera, muito parecidos com os das crianças que não sabem de nada melhor. A mulher virtuosa de Provérbios 31 sacrificava-se, trabalhando para prover a sua casa (Pv 31.10-31). Cada cônjuge [amadurecido] deverá estar querendo pôr as necessidades e desejos do outro antes do seu próprio, se necessário (Fp 2.4; 1 Co 13.5), e os que são infantis não deveriam casar-se!

Conclusão

A paciência é o lubrificante que evita que o casamento se aqueça demais quando os problemas provocam atrito entre os parceiros. Uma falta de paciência, no mais das vezes, resulta em decisões insensatas ou irritação. Tiago deu bom conselho quando escreveu "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus" (Tg 1.19,20). A paciência é aquela qualidade que permite a uma pessoa suportar com calma serenidade uma situação que não é ideal ou desejável (longanimidade; Gl 5.22; Ef 4.2; Cl 3.12). A impaciência é quase sempre uma forma de egoísmo na qual nos tornamos furiosos porque as coisas não estão acontecendo do modo que queremos que aconteçam. Haverá muitas ocasiões durante um casamento nas quais as coisas não serão ideais!

Algumas pessoas não querem admitir nenhuma falha. É inevitável que um cônjuge peque contra o outro. A humildade é a qualidade que permite-nos reconhecer nossa própria falibilidade, admitir nossas faltas e pedir perdão àqueles que tivermos maltratado. A pressuposição de que sempre sabemos o que é melhor ou que nunca cometemos nenhum erro é uma forma de arrogância. Tal arrogância é oposta ao amor (1 Co 13.4). Num bom casamento, ambos os parceiros servirão um ao outro fazendo muitos pequenos favores. A arrogância não permite a "atitude servil" (Jo 13.1-15). A humildade também ajuda a perdoar os outros que pecam contra nós, porque nos lembra que nós mesmos somos falíveis e frequentemente necessitamos ser perdoados (Ef 4.31,32; Cl 3.13). No decorrer de um casamento, haverá muitas oportunidades para perdoar seu cônjuge! Ofensas não perdoadas tendem a ser como feridas não curadas, inflamadas; elas afetam severamente a saúde da relação.
 
Quando alguém está procurando um bom companheiro ou simplesmente tentando melhorar uma relação conjugal existente, estes princípios ajudarão a assegurar um casamento bem sucedido. De fato, muitos desses traços característicos que promovem um casamento bem sucedido podem ser aplicados praticamente em qualquer relação humana para torná-la melhor!


quinta-feira, 24 de junho de 2021

Deus: Nosso Criador e Redentor

 




Por Leonardo Pereira



Quando João foi convidado ao céu, ele viu o Pai e o Filho em seus papéis mais conhecidos. O Pai foi louvado como Criador (Ap  4.11). O Filho foi louvado como Redentor (Ap 5.9-10). Os dois foram louvados juntos, mostrando que as pessoas divinas e seus trabalhos são perfeitamente interligados (Ap 5.13-14). Sabemos que Deus é o nosso Criador, e que ele é, também, nosso Redentor. Mas, é importante parar e refletir sobre um fato claramente revelado nas Escrituras: somente o Criador pode ser o Redentor.

Deus o Criador

O primeiro versículo da Bíblia estabelece a base de tudo que vem depois: "No princípio criou Deus os céus e a terra". O mesmo capítulo afirma especificamente que Deus criou o homem (Gn 1.26-27). A criação é o princípio da revelação de Deus aos homens. Salmo 19.1 diz: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos." Esta evidência é tão forte que Paulo considerou indesculpáveis os homens que rejeitam a existência e a soberania de Deus: "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis" (Rm 1.20). Muitas outras passagens falam sobre a posição de Deus como Criador. Todas as provas da natureza e da palavra escrita afirmam que Deus nos criou.

Deus o Salvador

A doutrina da salvação é tão importante nas Escrituras que pode ser considerada o tema principal da Bíblia. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, Deus é descrito como Salvador. Muitos dos Salmos louvam a Deus pela salvação que ele oferece aos homens: "Deus é o meu escudo; ele salva os retos de coração" (7.10); "Agora, sei que o SENHOR salva o seu ungido" (20.6a); "O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus o SENHOR, está o escaparmos da morte" (68.20); etc. A salvação é tema importante em outros livros, também. Jeremias 30.11 diz: "Porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para salvar-te...." O livro de Isaías, especialmente os últimos capítulos que falam muito sobre o Servo Messiânico, destaca o papel de Deus como único Salvador: "Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti" (43.3); "Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há salvador" (43.11); "Verdadeiramente, tu és Deus misterioso, ó Deus de Israel, ó Salvador" (45.15); "Pois não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim" (45.21b); "Todo homem saberá que eu sou o SENHOR, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó" (49.26b).

A ênfase no papel de Deus como Salvador aumenta mais ainda no Novo Testamento, onde Deus Pai e seu Filho, Jesus Cristo, são descritos como Salvador. Maria pensava no Pai quando ela falou: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador" (Lc 1.46-47). O anjo que apareceu aos pastores para anunciar o nascimento de Jesus aplicou a mesma linguagem ao Filho: "... é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2:11). Paulo chamou Jesus de Salvador: "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3.20). Em outros trechos, ele aplicou a mesma palavra ao Pai (1 Tm 1.1; 2.3; 4.10).

Deus o Redentor ou Resgatador

A Bíblia também usa a idéia de Redentor ou Resgatador para descrever o papel salvador de Deus. Nós frequentemente trocamos essas   palavras, usando Salvador e Redentor como sinônimos. Os significados dessas palavras são quase iguais, mas é interessante observar que redentor é um termo mais específico que frisa um aspecto especial do trabalho salvador de Deus. A idéia de redimir ou remir é de livrar, libertar ou comprar de volta (resgatar). A lei de Moisés incluiu regras sobre o resgate de casas e campos (Lv 27.15,19). Levítico 25.25 e Rute 2:20 mostram que os parentes tinham uma responsabilidade e direito especial em alguns casos. Esse papel pode ser descrito como "resgatador-parente".

As referências a Deus como Redentor ou Resgatador introduzem esse aspecto importante do trabalho dele. Em Êxodo 6:6, ele prometeu resgatar o povo de Israel da escravidão egípcia. Salmo 77.15 louva o Deus Redentor: "Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José." Isaías, um profeta rico em linguagem da salvação, refere repetidamente ao Senhor que redime (41.14; 43.14; 48.17). No Novo Testamento, Jesus diz que veio para "dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20.28). O resgate não foi barato. Pedro diz que nós não fomos resgatados com ouro ou prata, mas com o precioso sangue de Jesus (1 Pe 1.18-19).

Criador-Redentor

Já consideramos alguns exemplos que mostram que Deus é Criador, e que ele é Redentor. Agora, vamos pensar em como o Criador é o único qualificado para nos redimir. Isaías 44.24 associa essas duas idéias: "Assim diz o SENHOR, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno...".  Sendo o Criador, Deus tem o direito absoluto de mandar. Ele é o único dono da criação. "Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam" (Sl 24.1). A mesma relação do Criador às criaturas que estabelece a autoridade de Deus o faz o único com direito de redimi-las. Redimir quer dizer "comprar de volta". Os homens pertenciam ao Criador, mas se venderam ao pecado para serem escravos da injustiça (Rm 6.6,12-14,16,19,20). Ele, através de Jesus, comprou de volta suas criaturas (1 Co 6.19-20).

Resgatador-Parente

Isaías 43.6-7 associa a idéia de Criador com o conceito de Resgatador-Parente. Deus diz: "Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz." Da mesma forma que Boaz resgatou Rute, Deus resgata seus filhos. Ele tem o direito exclusivo de resgatar sua família, os homens e as mulheres feitos à imagem dele.

Conclusões importantes

Do ensino bíblico sobre nosso Criador e Redentor, podemos tirar algumas conclusões importantíssimas. Entre elas:

1. Deus é o único que tem direito de nos redimir. Nenhum outro é nosso Criador. Nenhum outro é o nosso dono. Este fato tem uma implicação interessante em relação à divindade de Jesus. O fato que ele é descrito como Redentor é mais uma prova que ele é realmente Deus. Jesus não é criatura; ele é Criador e Redentor.

2. Deus é o único que tem poder para nos salvar. No Velho e no Novo Testamento, achamos afirmações nítidas: "Eu, eu sou o Senhor (Is 43.11).

Pedro, comentando sobre Jesus, diz: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo que importa que sejamos salvos" (At 4.12).


segunda-feira, 21 de junho de 2021

A Criação: Deus Se Manifestou

 




Por Leonardo Pereira



"A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis..." (Rm 1.18-20). Todos nós conhecemos a história da criação. É uma história tão fantástica, tão maravilhosa e tão simples que a lembramos desde a nossa mocidade, e agora também a contamos para os nossos filhos. E às vezes, talvez justamente por sua simplicidade, ficamos contentes em deixar que o relato bíblico da criação seja relegado às aulinhas dominicais das crianças, enquanto os adultos estudam assuntos "mais profundos". Mas, será que a história da criação é somente uma "historinha" para as crianças?

Vamos lembrar primeiramente que "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tm 3.16,17). Se Deus revelou alguma coisa, é porque ele quer ensinar algo de valor para o nosso crescimento espiritual. Em sua forte exortação aos cristãos de Roma, o apóstolo Paulo apelou para a criação como um ato singular que por si só é prova da existência de Deus. Ele disse que Deus é justo em julgar com ira os que o rejeitam, porque, pela criação, os homens deveriam reconhecer claramente "os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade" (Rm 1.18-20). Quando olharmos para a criação, devemos ver o Deus vivo que está por trás dela. Até mesmo as pessoas que nunca leram a Bíblia são responsáveis de reconhecer que Deus existe, pois ele se manifestou em sua obra criadora (Sl 19.1-4). Nós, os que somos abençoados por termos a Bíblia em nossas mãos, devemos olhar para a criação do modo como Deus a revelou em Gênesis capítulo 1. O que aprendemos na criação sobre o eterno poder e a divindade de Deus?

Gênesis 1.1-2: Antes do Princípio

Os céus e a terra foram criados por Deus "no princípio" (Gn 1.1). Sendo este o caso, então o que existia antes do princípio? A única resposta é: Deus! O Criador, necessariamente, deve existir antes de sua criação. Deus é um ser eterno: ele existia já antes do princípio, e existirá depois de toda a criação ser desfeita (Is 41.4; 44.6; 2 Pe 3.9-12). Deus é um ser poderoso: ele teve a força de criar do nada "os céus e a terra," ou seja, tudo o que há no universo, fora e dentro do nosso planeta (Hb 11.3; At 17.24; Cl 1.15-17). O Criador, necessariamente, é senhor de toda a sua criação. Deus, por seu eterno poder, criou e governa os céus e a terra: "...E o Espírito de Deus pairava por sobre as águas" (Gn 1.2). Deus é espírito: ele não é material como a sua criação, e não será encontrado através de meios materiais. A verdadeira busca de Deus será uma busca espiritual (Jo 4.23-24; At 17.24-25, 29).

O Estado Do Mundo No Princípio

A terra, no princípio, estava sem forma: antes de Deus usar seu eterno poder para organizar, tudo estava em caos (Gn 1.2). Além disso, a terra estava vazia: antes de Deus criar, havia uma imensidão de nada, um abismo vazio. E ainda mais, a terra jazia em trevas: antes de Deus trazer a luz, havia somente uma escuridão profunda. A partir desta situação original da terra, observemos a maneira de Deus trabalhar, assim aprendendo muito sobre a sua divindade (sua natureza como ser divino).

Gênesis 1.3-5: Nas Trevas, Deus Faz Luz

A primeira coisa necessária para andarmos com segurança é a luz. Então, a primeira coisa que Deus fez em sua obra criadora foi de converter a situação geral da terra de trevas para luz. Deus é luz por sua própria natureza (1 Jo 1.5-7), e tudo o que ele faz é para manifestar a luz da verdade. Notemos que Deus criou a luz, bem como a maior parte de sua criação, simplesmente pelo poder de sua palavra! "Disse Deus: Haja luz; e houve luz" (Gn 1.3). Deus falou, e assim se fez (Gn 1.6-7, 9, 11, 14-15, 20, 24). O poder de Deus tanto para criar como para manter a sua criação reside na sua palavra! (Hb 1.1-3). Esse fato deve nos confortar extremamente, pois a mesma palavra poderosa que Deus usou para criar o mundo foi, com amor, colocada aqui em nossas mãos por ele! Quando verdadeiramente entendermos isto, teremos muito mais cuidado em como usarmos a Bíblia. Quem somos nós para mudar esta palavra tão poderosa, a fim de torná-la "mais suave" aos nossos ouvidos ou aos ouvidos de outras pessoas para a quem a pregamos? Com esse poder vem a grande responsabilidade de seguir e pregar somente aquilo que Deus revelou. Pois, ele é o Senhor, e é a palavra dele que tem o eterno poder da criação (Is 55.6-11).

Gênesis 1.6-10: No Caos, Deus Faz Ordem

Tendo resolvido o problema da luz, Deus converteu o caos em ordem. Onde a terra estava sem forma, Deus criou e fez a separação entre o céu azul (a atmosfera), a terra firme e os mares. Assim, o poder criador da palavra de Deus coloca todas as coisas em sua própria ordem. Quando refletimos sobre a palavra de Deus, geralmente pensamos em termos de seus mandamentos, como os dez mandamentos, por exemplo. Uma outra palavra para mandamento é ordem. A natureza de Deus é de ordenar, e suas ordens são dadas para organizar e manter sua criação. Quando a criação desobedece as ordens de Deus, o resultado é desordem. Isto se torna óbvio quando olhamos ao redor para o nosso mundo de hoje. A desordem está por toda parte - homicídios, adultérios, homossexualismo, vícios, etc. - porque os homens (parte da criação de Deus!) têm rejeitado a ordem que Deus manda em sua palavra. Será possível gozar da ordem perfeita de Deus somente quando obedecemos e ensinamos os outros a obedecerem também a palavra dele.

Gênesis 1.11-25: Deus Enche O Que Está Vazio

Depois de haver criado um lugar bem organizado e com bastante luz, Deus olhou para a sua criação e viu que ainda estava vazia. Notamos que é a natureza de Deus encher todas as coisas com o bem, para a glória dele. Assim, ele transformou o estado vazio da terra, colocando plantas sobre a terra firme, planetas e estrelas no céu, e animais na terra, nas águas e no céu. Podemos ver que Deus colocou ordem em tudo, governando até a reprodução das espécies de plantas e animais com a sua palavra (Gn 1.11-12,21,24-25).

Gênesis 1.26-31: O Motivo Por Trás De Tudo

Quando tudo estava perfeito e bem ordenado de acordo com seus planos, Deus criou o homem e o colocou no meio. Olhando bem para o relato da criação, podemos ver que  Deus fez tudo já pensando neste último passo. Por que criar e dividir a luz das trevas? É claro que Deus não precisava da luz, já que ele existia antes dela! Por que separar terra firme e céus? Deus é Espírito e não precisa de lugares físicos para sua moradia (1 Rs 8.27; At 17.24). Por que fazer plantas e animais, estrelas e outros planetas? Deus não fez estas coisas para ele mesmo, e sim para o homem que ainda havia de criar. Gênesis 1:14 nos mostra que um dos motivos para Deus criar os luzeiros era para que servissem de sinais. A única parte de toda essa criação que é capaz de observar e entender sinais é o homem. Já que Deus não havia feito nenhum homem quando preparou os luzeiros, concluímos que o homem estava nos planos de Deus desde o princípio. De fato, a Bíblia nos ensina que a salvação do homem estava nos planos de Deus mesmo antes do princípio da criação (Ef 1.3-5, 11, 2.10, 3.8-11). Quando olharmos para a criação, então, devemos ficar admirados com o eterno poder de Deus, e ainda mais com o seu eterno propósito de salvar o homem da desordem de sua própria desobediência. Deus fez toda a terra e os céus justamente para a habitação do homem, a fim de que o homem olhasse para tudo isso e o buscasse (At 17.22-31).

Conclusão: A Nova Criação Em Cristo

Quando olhamos para a sociedade, não há dúvida de que temos feito desordem da ordem de Deus. Mas Deus, por sua natureza divina, em sua misercórdia, ainda quer restaurar  a ordem, e por isso enviou o seu filho, Jesus (Ef 1.10). Deus enviou Jesus como resposta para a desordem, para poder criar de novo um mundo obediente às ordens de Deus. O apóstolo Paulo diz "...se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Co 5.17). Onde há trevas, Cristo diz: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida" (Jo 8.12). Em um mundo de caos, Cristo estabelece a ordem e a união pela sua igreja: "...há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" (Ef 4.4-6). Onde há vidas vazias, é Cristo que "...a tudo enche em todas as coisas" (Ef 1.23).

É responsabilidade de cada pessoa reconhecer que Deus existe e o buscar. A revelação geral de Deus (isto é, o mero fato de ele existir, como é evidente pela criação) nos torna indesculpáveis se o rejeitarmos. Mas, para conseguirmos escapar do estrago feito pela nossa desobediência, é necessário muito mais do que apenas reconhecer que Deus existe. Paulo avisou: "Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos" (At 17.30-31). Jesus Cristo veio para fazer a nova obra criadora de Deus, nos corações e nas almas dos homens. Que busquemos a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23-24), nos arrependendo de nossa desobediência, o pecado, e obedecendo a ordem de Deus em Cristo, para que ele possa fazer de nós novas criaturas, segundo a vontade de Deus!


sábado, 19 de junho de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Junho/2021 - Capítulo 3 - O Amor do Esposo pela Esposa

 




Comentarista: Felipe Vieira



Texto Bíblico Base Semanal: Cantares 4.1-12


1. Eis que és formosa, meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gileade.

2. Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e nenhuma há estéril entre elas.

3. Os teus lábios são como um fio de escarlate, e o teu falar é agradável; a tua fronte é qual um pedaço de romã entre os teus cabelos.

4. O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para pendurar armas; mil escudos pendem dela, todos broquéis de poderosos.

5. Os teus dois seios são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios.

6. Até que refresque o dia, e fujam as sombras, irei ao monte da mirra, e ao outeiro do incenso.

7. Tu és toda formosa, meu amor, e em ti não há mancha.

8. Vem comigo do Líbano, ó minha esposa, vem comigo do Líbano; olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leões, desde os montes dos leopardos.

9. Enlevaste-me o coração, minha irmã, minha esposa; enlevaste-me o coração com um dos teus olhares, com um colar do teu pescoço.

10. Que belos são os teus amores, minha irmã, esposa minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho! E o aroma dos teus ungüentos do que o de todas as especiarias!

11. Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.

12. Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada.


Momento Interação

O casamento possui período de fases. Os desafios e as dificuldades surgem como forma de amadurecer a relação, e o casal se fortalecer e assim, abençoarem as vidas de novos cônjuges que iniciam a caminhada de uma vida à dois. Na noite de núpcias, o marido novamente elogia a beleza de sua esposa, e em linguagem altamente simbólica, a mulher convida o seu cônjuge para participar de tudo o que ela tem para oferecer. Eles fazem amor e Deus abençoa sua união. Com a maturação do casamento, o marido e sua mulher passam por um momento difícil, simbolizado em um outro sonho. Neste segundo sonho, a sulamita repulsa seu marido e ele sai. Sentindo-se culpada, ela procura por ele por toda a cidade; desta vez, no entretanto, ao invés de ajudá-la, os guardas a espancaram -- simbólico de sua consciência pesarosa. As coisas têm um final feliz, com os amantes se encontrando e se reconciliando. Quando o cântico termina, o marido e a esposa estão confiantes e seguros em seu amor, eles cantam sobre a natureza permanente do amor verdadeiro, e deixam claro que muito querem estar na presença um do outro.

Introdução

A Bíblia coloca o marido como o líder da unidade familiar. Assim como Cristo é a cabeça da Igreja, o marido é a cabeça da mulher (Ef 5.23). Essa é realmente uma implicação muito séria, pois significa que assim como Cristo lidera a Igreja, o marido crente também deve liderar sua família. Obviamente isso quer dizer que a liderança do marido cristão deve ser uma liderança amorosa, justa e santa. Por isso que a conduta do crente como marido deve ser uma conduta de amor e respeito pautada na Palavra de Deus e à semelhança do amor e do cuidado de Cristo por Sua Igreja. O apóstolo Paulo explica que os maridos devem amar suas próprias esposas, “assim como também Cristo amou a Igreja, e se entregou por ela; a fim de santificá-la, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.25-27).

Portanto, o marido crente deve amar sua esposa não com um amor egoísta, mas com um amor sacrifical. O amor do marido por sua esposa jamais deve objetivar seus próprios interesses. Além disso, como sacerdote de sua casa, o marido deve amar sua esposa com um amor santificador. Amparada no amor de seu marido, a mulher é santificada e protegida das investidas estranhas ao seu matrimônio. Na sequência Paulo também diz que os maridos devem amar suas esposas com um amor abnegado e cuidador. Ele explica que o crente precisa amar sua mulher como ama seu próprio corpo. Nesse sentido, o marido que ama a sua mulher ama-se a si mesmo (Ef 5.28). Dessa forma, assim como não é esperado que alguém maltrate seu próprio corpo, também não é esperado que o marido maltrate sua esposa. Ao contrário disso, ele deve cuidar dela, protegê-la e sustentá-la, assim como o Senhor cuida da Igreja (Ef 5.29). A palavra “cuidar” nesse versículo traduz um termo grego que pode significar “acariciar”. Isso quer dizer que o cuidado do marido por sua esposa deve ser expresso em carinho e atenção.

I. O Amor do Esposo pela Esposa

A conduta do crente em relação à família é explicada de forma clara na Bíblia. Não há qualquer dúvida de que a conduta do crente como marido deve ser exemplar na liderança de sua família, bem como também deve ser a conduta da esposa como sábia edificadora de sua casa nos princípios do Senhor (Pv 14.1). Já os filhos cristãos, por sua vez, devem honrar e obedecer aos seus pais, e os pais crentes não devem provocar os seus filhos. Na Carta aos Efésios encontramos o texto bíblico que aborda de forma mais direta qual deve ser a conduta do crente em relação à família. Entre os capítulos 5 e 6 de sua epístola, o apóstolo Paulo faz uma exposição sobre a vida familiar cristã de acordo com a vontade de Deus. Em sua exposição o apóstolo aborda o papel do marido, da esposa e dos filhos num lar cristão.

A Bíblia ensina a plena dignidade da mulher, de modo que diante do Senhor não há distinção entre homens e mulheres (Gl 3.8). Mas também é verdade que a Bíblia ensina que homens e mulheres foram chamados para executar papeis diferentes. Então o fato de a Bíblia mostrar o homem no papel de líder de sua casa, isso não quer dizer que a mulher é inferior a ele ou menos digna. Em vez disso, a mulher é a ajudadora que Deus providenciou para completar o homem. O apóstolo Paulo usa a analogia do relacionamento de Cristo e a Igreja para falar da relação entre o marido e a esposa. Então assim como a Igreja é sujeita a Cristo, a esposa deve ser sujeita ao marido (Ef 5.22,23).

Mas a submissão da esposa ao marido não deve ser uma submissão incondicional e irracional, nem um instrumento para lhe colocar numa posição de inferioridade. Também é interessante notar que a Bíblia não ensina uma submissão genérica; isto é, a Bíblia não ensina que toda mulher de forma geral deve ser submissa a todo homem. Mas a Bíblia fala da submissão da esposa ao seu próprio marido. Quando a Bíblia diz que a mulher deve se sujeitar ao seu marido, isso não quer dizer que a mulher é menos importante que o marido ou que ela não tenha direitos perante ele. Devemos perceber que a Bíblia ensina a submissão da esposa à liderança santa, justa e amorosa do marido. Os maridos jamais devem se esquecer que a Bíblia diz que a mulher deve ser submissa a um marido que a ama como Cristo ama a Igreja. Quando o marido lidera sua casa como Cristo lidera Sua Igreja, a esposa tem prazer em estar sob sua liderança, pois isso implica num lar seguro e feliz. 

II. O Valor do Amor Conjugal

O “matrimônio” está livre das sanções de ascetismo por um lado e de comportamento lascivo da libertinagem do outro. “O leito” – e o relacionamento de confiança e amor que ele simboliza (Ef 5.21; 1 Pe 3.1-8) – deve ser respeitado e colocado como prioridade, “digno de honra”. Deus julgará aqueles que o desonrem por impureza sexual geral ou relações sexuais extramatrimoniais, “impuros e adúlteros”. Isso inclui os que têm casos extraconjugais (1 Co 6.9,10). Inclui “matrimônios” que jamais deveriam ter sido consumados por causa de divórcios e segundo casamentos antibíblicos (Mt 19.9). Inclui aqueles que mantêm relações sexuais em “relacionamentos a longo prazo” sem o compromisso do casamento, pois são relações imorais. Inclui aqueles que são sexualmente imorais, mesmo sendo “maiores de idade” consentindo aos atos de fornicação (Gl 5.19-21). Inclui aqueles que estão em relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, mesmo que alegam ser “monógamos e comprometidos” (Rm 1.26,27). 

O julgamento de Deus virá sobre todos esses como também os outros relacionamentos significantes que evitam o casamento, o relacionamento lícito de “marido e mulher”. Se quiser ter uma relação íntima dentro da vontade de Deus, você tem de fazê-lo num relacionamento heterossexual, comprometido e amoroso, monógamo e matrimonial (Gn 2.24; Mt 19.9; Ef 5.31). Ignorar até as leis de estados civis a respeito da solenidade dos votos matrimoniais a favor de “sabemos que estamos comprometidos um ao outro" não escapará o julgamento de Deus (Rm 13.1).  Agora tal relacionamento no “matrimônio” deve ser “honrado por todos”. Há uma honra muito grande em estar casado. Eu sei que o casamento é um remédio amargo para alguns, cujas expectativas eram egoístas ou irreais. Eles ficaram desapontados que o “matrimônio” não cumpriu todas as suas fantasias douradas de todos os seus sonhos dourados, que a outra pessoa, com quem estão casados, não é igual a eles de todas as maneiras e às vezes é intolerável e insuportável.

O casamento é como um investimento na bolsa de valores a longo prazo, com altas e baixas pelo caminho. Mas é digno de honra se comprometer com uma pessoa para toda a vida, crescer juntos e interdependentes, construir o relacionamento com amor e dependência, envelhecer juntos e enfrentar o inverno da vida juntos. É um vôo menos romântico do que uma jornada cheia de desafios com topos de montanhas e o sol do deserto no caminho.  Mas alguns perguntam: “O que há de tão importante no casamento? Não vejo como um pedaço de papel pode fazer tanta diferença”. Estes mesmos críticos sabem a importância de uma carteira de habilitação, a certidão da escritura da sua casa, os documentos do carro em seu próprio nome, afirmando que o carro foi totalmente pago, o boletim de escola do seu filho, o consentimento a receber tratamento médico, o cartão do CPF, o extrato bancário e inúmeros outros “pedaços de papel” que formalizam, obrigam e simbolizam um relacionamento.

III. O Exemplo de como ser um Exímio Marido

Há dois relacionamentos em vida nos quais Deus exige compromisso absoluto: o relacionamento do cristão com Cristo e o relacionamento da pessoa casada com seu companheiro. Uma pessoa pode trocar sua cidadania por outra, pode mudar de emprego ou de casa ou de congregação. Mas, os compromissos com Cristo e com o companheiro de casamento são para a vida toda. Abandono de qualquer dos dois traz o desprezo de Deus. Quando uma pessoa se torna cristã, ela promete sua lealdade a Cristo como seu Senhor e Rei. Perseguições podem vir, ou desânimo, ou tentações ou problemas na igreja, mas ela promete ser fiel, fiel até a morte. Semelhantemente, quando alguém se casa, ele promete à companheira seu amor e fidelidade enquanto os dois viverem. Problemas podem surgir, ou doença, ou dificuldades financeiras, ou pressão dos membros da família, ou mal-entendidos, mas ele promete ser fiel. Ele não a deixará. Ele nem pensa em divórcio. Ele tem um compromisso com ela—ele pertence a ela e ela a ele—e o compromisso é absoluto.

A vontade de Deus em relação à permanência do casamento é claramente revelada. No casamento, um homem deixa seu pai e sua mãe e se une à sua esposa (Gn 2.24). São ligados (Rm 7.2,3). São ajuntados por Deus e não devem ser separados (Mt 19.6). Eles se tornam uma só carne (Mt 19.6). Não conseguimos imaginar termos mais fortes para descrever a permanência do relacionamento. Não é de admirar que Malaquias disse que Deus odeia o divórcio (Ml 2.16). A maior alegria que o homem pode realizar na terra se encontra nesses dois relacionamentos de compromisso absoluto. A alegria não é encontrada no meio-compromisso. Um homem que está sempre considerando outros empregos, nunca se comprometendo com seu atual emprego, é um homem instável, dividido entre duas opções. É assim com a pessoa que tenta servir ao Senhor com meio-compromisso. Ele anda entediado e desinteressado, com apenas a religião suficiente para ficar infeliz. Ele procura segurar o mundo com uma mão e o Senhor com a outra, e não acha a felicidade em nenhum dos dois. Por outro lado, precisamos olhar para os apóstolos e os primeiros discípulos para ver que o compromisso absoluto, o tipo de compromisso que aceita perseguição e faz sacrifício, é um elemento básico da felicidade no Senhor (At 2.41-47; 5.40-42; 16.25).

É assim com o casamento. Deus sabia que a alegria no casamento seria encontrada somente no compromisso absoluto. Portanto, ele ordenou pelo apóstolo Paulo: "...cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (1 Co 7.2). Essa declaração pode perturbar aqueles que, no passado, ignoraram o ensinamento dele (as consequências do pecado sempre são terríveis - Gálatas 6.7,8), mas ela é para o benefício do homem, e vem de Deus, o qual manda para o nosso bem (Dt 10.13).

Conclusão

Vamos considerar a “honra” que deve ser dada ao casamento. A palavra timios no grego é traduzida como “precioso” ou “caro” em outros textos. Por exemplo, a fundação da cidade santa em Apocalipse 21.19 tem “pedras preciosas”. O sangue do Cordeiro perfeito de Deus, pelo qual nós somos redimidos dos nossos pecados, é “precioso” (1 Pe 1.19). As promessas de Deus que nos motivam à piedade são “preciosas” (2 Pe 1.4). Jesus, como a pedra viva e pedra angular, é “precioso” (2 Pe 2.4-6). O “espírito suave e manso” de uma mulher cristã piedosa é “precioso” aos olhos de Deus (1 Pe 3.4). E o “matrimônio e o leito matrimonial” são timios também. Não precisa de um estudioso para ver o valor que Deus dá ao casamento.

O matrimônio é para adultos. É trabalho sério. É uma lembrança contínua do significado de manter a sua palavra. Meus pais colocaram a sua certidão de casamento num quadro na parede do seu quarto. Eu lembro bem disso. Papel creme, letras enfeitadas, redondinhas, tinta vermelha dos lados, uma sombra de perfil de um homem e uma mulher, virados um para o outro, e palavras sérias sobre o que haviam feito e quando haviam feito. Eu olhava para isso como criança e me perguntava “por que colocaram esta coisa na parede aqui? Eles já sabem que são casados. Não é como se fosse um prêmio ou algo assim” (Eu sei, criança estranha). Mas era um “prêmio” para eles por mais de 41 anos. Para eles não era apenas um pedacinho de papel. Enquadrava todo o seu jeito de lidar um com o outro e eles jamais queriam esquecer disso.

É assim com o matrimônio. Para aqueles que odeiam as “algemas” do casamento e as correntes que os unem, eu digo “AMADUREÇAM!" Às pessoas insatisfeitas com seus casamentos: Parem de procurar “o lado mais verde da cerca”, “amor mais livre” e “ligações sexuais perfeitas”. Considerem o matrimônio da maneira que Deus o pretendeu. Ele não exige que todos se casem nem condena aqueles que continuem solteiros. Ele não dá honra a todos os casamentos apenas porque os dois dizem “Eu aceito”. Mas aqueles que têm o direito de casar, que amam profundamente e sem egoísmo, que se comprometem “para toda a vida” um ao outro, nutrindo o seu relacionamento em temor ao Senhor, estes serão abençoados. E no fim do tempo, quando vocês tiverem vivido bem, amado bem e servido ao Criador juntos, vocês o ouvirão dizer “Vocês honraram o casamento e assim fazendo, me honraram e vingaram a minha vontade num mundo cheio de pecados. Bem feito, servos bons e fiéis. Entrem na paz do seu Senhor.” Não dá para ser melhor que isso.



Sugestão de Leitura da Semana: LINHARES, Gustavo. Tempos Trabalhosos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


quarta-feira, 16 de junho de 2021

A Reação ao Pecado

 




Por Leonardo Pereira




O primeiro rei de Israel, Saul, era uma pessoa de aparência impressionante. Alto e bonito, tudo indicava que ele seria um rei perfeito. O seu reinado, portanto, demonstrava a verdade que a condição do coração é muito mais importante que a aparência externa. A falha de Saul como rei veio da sua desobediência às instruções divinas. A história de 1 Samuel 15 ilustra bem esta fraqueza de Saul. No início do capítulo, Deus mandou Saul destruir completamente os amalequitas, tanto as pessoas quanto os animais. Os amalequitas haviam feito uma emboscada para o povo de Israel quando eles saíram do Egito, atacando os fracos e os que ficavam para trás e Saul seria o instrumento do castigo de Deus.

O capítulo mostra que Saul e o exército de Israel lutaram, sim, contra Amaleque, mas que pouparam a vida de Agague, rei dos amalequitas, e os melhores animais. A reação de Saul à bronca do Senhor através de Samuel é interessante. Saul cumprimentou Samuel após a batalha, proclamando, “escutei as palavras do Senhor” (1 Sm 15.13), mas Samuel o perguntou a respeito dos animais. Saul então tentou outro jeito; ele alegou que o povo havia guardado os melhores animais para sacrificar ao Senhor. Qual seria uma motivação mais nobre do que sacrificar ao Senhor?

Samuel lembrou Saul do mandamento do Senhor de destruir totalmente os amalequitas. Saul reafirmou a sua obediência, mas finalmente reconheceu que os animais salvos “pelo povo” para o sacrifício deveriam ter sido destruídos. Samuel, porém, não permitiu que Saul, o líder do povo, os culpasse e o informou que a obediência é melhor que o sacrifício. Enfim Saul confessou que havia pecado, reparando que ele temia o povo e assim permitiu que poupassem o rei e os animais.

De grande interesse para mim é o comportamento de Saul depois de confessar o pecado. Ele implorou a Samuel que fosse com ele para que ele pudesse adorar ao Senhor, aparentemente diante do povo. Quando Samuel se recusou, Saul pegou e rasgou as suas vestes. Samuel explicou a Saul que de maneira parecida, o reino lhe seria arrancado, mas Saul ainda implorou a Samuel “honra-me, diante dos anciãos do meu povo e diante de Israel” (1 Sm 15.30). Parece que Saul estava mais preocupado com os pensamentos dos outros sobre seu rei do que com o remorso pelo seu pecado. A rebeldia causou o seu pecado; o orgulho evitou com que ele reagisse corretamente ao seu pecado.

Todos nós pecamos. Nossa reação ao conhecimento do pecado é crucial. Aqueles que compreendem a verdadeira natureza do pecado, que é uma afronta ao nosso Criador, são levados a tristeza pelo seu pecado. Aqueles que veem o pecado como “nada demais” irão procurar proteger as suas reputações. O orgulho muitas vezes não os deixará reconhecer o seu pecado. A tristeza que vem de Deus, portanto, leva os homens ao arrependimento e a humildade e permite a confissão do pecado (2 Co 7.10; 1 Jo 1.9). Qual é a sua resposta ao pecado?