Introdução
Os judeus confiaram na lei que Deus lhes deu por intermédio de Moisés. Por terem recebido essa revelação especial, acharam-se superiores aos gentios. Mas possuir a lei não salva. Ser ouvinte da lei não salva. Para serem justificados, teriam de obedecer à lei. Paulo ainda mostrará que nenhum judeu obedeceu a lei perfeitamente. Aqui ele ousa dizer que um gentio que respeite os princípios de justiça, mesmo não tendo a lei escrita, seria aceito por Deus. Tal afirmação seria, para muitos judeus, praticamente blasfêmia! Para apreciar a importância e a necessidade do evangelho, é preciso primeiro descartar falsas bases de confiança. O homem que confia em sua própria justiça não será salvo. A pessoa que se acha segura por fazer parte do povo “escolhido” sofrerá uma grande decepção. Cada um será julgado – não por ser judeu ou gentio – mas de acordo com seu procedimento. O julgamento será feito por um Deus onisciente, usando como base o mesmo evangelho pregado por Paulo (16; João 12:47-48).
I. O Justo Juiz
Com Deus, não há acepção de pessoas. Pedro entendeu esse fato quando pregou, pela primeira vez, aos gentios (Atos 10:34). Aqui, Paulo reafirmou a mesma verdade quando falou da necessidade universal do evangelho (11). Deus é um juiz justo. Cabe ao homem se conformar com a vontade do Senhor.
II. A Culpa dos Judeus (Romanos 2:17-29)
Depois de mais de 1.500 anos de superioridade espiritual, os judeus não acharam fácil aceitar as palavras de Paulo. Eles eram iguais aos gentios? Igualmente culpados diante de Deus?
III. Os Judeus Não Têm Desculpa
Mesmo tendo a lei especial que Deus lhes deu, se mostram desobedientes. Paulo descreve a auto-justiça dos judeus, certamente a mesma confiança que ele tinha anteriormente quando era fariseu:
● Tem por sobrenome judeu (17)
● Repousa na lei (17)
● Gloria-se em Deus (17)
● Conhece a vontade de Deus (18)
● Aprova as coisas excelentes (18; compare 2:3 e 1:32)
● É instruído na lei (18)
● Considera-se guia dos cegos (19)
● Luz aos que estão nas trevas (19)
● Instrutor de ignorantes (20)
● Mestre de crianças (20)
● Tem a sabedoria e a verdade na lei (20)
Os judeus receberam e até ensinaram os princípios da lei. O problema foi de não praticar o que pregavam (21). Será que cometemos o mesmo erro? Ensinamos os outros que devem respeitar a palavra de Deus, mas somos, de fato, obedientes?
Paulo mostrou a culpa dos judeus que pregavam que não se deve furtar, mas furtavam (21); condenavam o adultério, mas o praticavam (22); abominavam os ídolos, mas roubavam os templos deles (22; veja a proibição em Deteuronômio 7:25-26, a citação em Josué 6:18 e a conseqüência da desobediência de Acã em Josué 7).
IV. Judeu Carnal X Judeu Espiritual
Paulo define a diferença entre o judeu carnal e o judeu espiritual (25-29). Ele amplia o argumento de Jesus sobre a necessidade de agir como o povo de Deus. Enquanto os judeus geralmente confiavam muito na sua posição como descendentes de Abraão (João 8:33), a verdadeira descendência é determinada pela atitude e a conduta espiritual (João 8:39-40,47).
A circuncisão – a marca de distinção do judeu – teria valor somente acompanhada por obediência perfeita à lei (25).
O gentio que guarda a lei seria igual ao judeu (26), até capaz de julgar o judeu desobediente (27).
O verdadeiro judeu não é aquele que fez a circuncisão da carne, e sim aquele que fez a circuncisão do coração (28-29). Observe a série de contrastes aqui:
O Judeu Verdadeiro X O Judeu Falso
Um Judeu Interiormente X Um Judeu Exteriormente
Circuncisão do Coração X Circuncisão da Carne
Espírito X Letra
Louvor Procede de Deus X Louvor Procede dos Homens
Essa definição do judeu verdadeiro se torna importante no nosso estudo do resto do livro de Romanos. Sempre devemos prestar bem atenção para discernir o sentido de palavras como “judeu” e “israelita”. Nós, hoje, devemos ser judeus verdadeiros!
V. Os Judeus Têm Vantagem? (Romanos 3:1-18)
Uma vez que Paulo mostrou que a atitude e a conduta de cada pessoa distingue entre o judeu verdadeiro e o falso, poderia concluir que os judeus, os descendentes naturais dos patriarcas, não gozaram nenhum benefício especial. Paulo negaria a posição favorecida dos israelitas no plano de Deus? Qual a vantagem dos judeus? Paulo faz praticamente a mesma pergunta duas vezes (versículos 1 e 9), e responde de dois pontos de vista diferente. Primeiro, ele fala sobre a vantagem que Deus deu aos judeus (1-8). Depois, ele olha da perspectiva da realidade do pecado (9-18). Qualquer vantagem que Deus deu foi desperdiçada quando os judeus pecaram.
VI. A Vantagem Dada por Deus (1-8)
Ao revelar a sua vontade numa aliança especial, Deus deu aos judeus uma grande vantagem (2).
O problema dos judeus não veio da parte de Deus. A incredulidade deles trouxe a condenação (3-5). Independente da falta de fé por parte dos homens, Deus continua sendo fiel. Ele é verdadeiro, mesmo se todo homem for mentiroso. Quando reconhecemos o nosso pecado, exaltamos a justiça de Deus. Se há alguma falha na relação de Deus com os homens, a culpa certamente é dos homens. O final do versículo 4 vem da versão grega de Salmo 51:4, uma passagem que mostra que a confissão do pecado do homem glorifica a Deus e realça a santidade e a justiça dele (compare Josué 7:19-20).
Deus é justo em castigar os judeus (5-8). Foi fácil para os israelitas enxergar a injustiça dos gentios e concluir que aqueles pecadores merecessem o castigo. Reconhecer o seu próprio pecado foi muito mais difícil. Se Deus não aplicar a sua lei com justiça aos judeus, ele não teria direito de castigar os gentios (5-6). Entendendo que a santidade de Deus fica mais evidente quando comparada à injustiça do homem, alguém poderia tentar justificar o pecado para dar mais glória a Deus. Paulo rejeita tal raciocínio, dizendo que pessoas que pensam assim merecem o castigo (7-8).
VII. O Pecado Deixou o Judeu sem Vantagem (9-18)
Paulo pergunta outra vez sobre a vantagem do judeu (9). Mesmo recebendo tratamento preferencial de Deus (3:2), o judeu não manteve a sua vantagem. Ele, como também o gentio, se entregou ao pecado.
Paulo cita vários versículos do Antigo Testamento para mostrar que o homem – ou melhor, todos os homens – se condena pelo pecado. Entre as citações são referências aos Salmos (14:1-3; 53:1-3; 5:9; 140:3; 10:7; 36:1) e ao livro de Isaías (59:7-8). Quando consideramos os contexto dessas citações, observamos que falam da insensatez de homens que negam a Deus, até imaginando que os seus atos pecaminosos não serão descobertos ou não receberão castigo.
Como os judeus, todos nós temos recebido vantagens imensas pela bondade de Deus. Ele enviou o seu Filho, e revelou a sua palavra para o benefício de todos os homens. Mas se nós nos enganarmos, ignorando os princípios de Deus ou achando que os nossos pecados não terão conseqüências, anularemos estas grandes bênçãos. Se continuarmos praticando pecados, imaginando que esses erros não trarão castigo, negamos a justiça de Deus e a verdade da palavra dele. “Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem...” (3:3-4).
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