Capítulo 3: Os Apóstolos e o Verdadeiro Evangelho




Texto Bíblico Semanal: Atos 4.8-20

8. Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel,
9. Visto que hoje somos interrogados acerca do benefício feito a um homem enfermo, e do modo como foi curado,
10. Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.
11. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
12. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
13. Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.
14. E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
15. Todavia, mandando-os sair fora do conselho, conferenciaram entre si,
16. Dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar;
17. Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum.
18. E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.
19. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus;
20. Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.

Momento Interação

Os apóstolos do Senhor Jesus Cristo ficaram encarregados de dar continuidade à obra do Mestre e de anunciar o evangelho até aos confins da terra (At 1.8). Os apóstolos enfrentaram dificuldades e desafios terríveis, tanto pela perseguição física, quanto por perseguição psicológica. Mas cheios do Espírito Santo, falaram aquilo que o Senhor ordenou que falasse, e muitos se converteram pela plena mensagem do Evangelho do Senhor Jesus. Os apóstolos deram e são um verdadeiro exemplo para todos nós cristãos, que devemos sempre perseverar na fé, e falarmos do que temos visto e ouvido (At 4.20).

Introdução

A era apostólica é tida por muitos estudiosos como a melhor era do cristianismo. Às custas de suas próprias vidas os apóstolos defenderam a fé cristã. Em meio a ferozes perseguições os apóstolos mantiveram pura a fé cristã e a doutrina apostólica foi preservada em meio a apostasia predominante. 
O zelo que caracterizou a defesa da fé cristã na era dos apóstolos tem ainda ecoado até nossos dias trazendo ânimo e esperando àqueles que em pleno século XXI também se deparam com lutas, perseguições e privações na defesa do Evangelho de Jesus Cristo.

I. Os Apóstolos Estavam em Oração

Os apóstolos tiveram muito zelo e muita audácia na pregação do Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Como podemos ter a mesma fé e o mesmo zelo? 
Jesus iniciou Seu ministério terrestre com oração e jejum (Mt 4.1) e da mesma forma os apóstolos iniciaram seu trabalho com oração.
Os cinco primeiros capítulos do livro de Atos dos Apóstolos na Bíblia Sagrada mostra a importância dos grupos de oração. A igreja é uma comunidade onde os membros se reúnem e se fortalecem mutuamente, trocam experiências, oram em grupo e mantém comunhão uns com os outros. 
Os discípulos do Senhor não eram cristãos independentes uns dos outros, não eram desigrejados, mas um corpo, uma unidade orgânica, um só corpo com muitos membros (1 Co 12.12). Não existe biblicamente falando cristão independente, quando se retira uma brasa da fogueira a tendência dela e se esfriar cada vez mais até se apagar. Sendo a igreja um corpo (1 Co 12.12-31) do qual Cristo é o cabeça (Ef 2.23) nenhum membro sobrevive fora do corpo. Todo membro do corpo quando amputado desse corpo deixa de receber através da corrente sanguínea o oxigênio e os nutrientes que o mantém vivo. Todo membro espiritual desligado do corpo igualmente morre. 

II. Os Apóstolos Cuidavam do Ensino da Palavra

Os apóstolos juntamente com os primeiros cristãos davam muita ênfase ao ensino da Palavra de Deus. Não havia entre eles pregações antropocêntricas, pregações motivacionais, arengas políticas, ensaios filosóficos, culto emocional, pregações irrelevantes e outras formas de distorções do verdadeiro culto bíblico. Paulo havia dito a Timóteo: "Cuida de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como a teus ouvintes" (1 Tm 4.16). A preocupação com a doutrina era algo constante na vida dos crentes da era apostólica, tanto que diz o relato sagrado: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" (At 2.42). A pregação dos apóstolos era de caráter doutrinário e profético destacando o aspecto histórico-redentor. Como resultado desse zelo apostólico pela Palavra a igreja estava continuamente crescendo sendo edificada na Palavra.
É justamente o ensino fiel da palavra que protege a igreja contra as heresias. Uma igreja sem ênfase na Palavra é uma porta aberta para as heresias. Tanto que Augustus Nicodemus Lopes disse certa vez: "Quer expulsar Satanás? ensine doutrina!".

III. Os Apóstolos Combatiam as Heresias

Muitas vezes, a heresia não tenta destruir a igreja, mas se filiar a ela.  Em Atos 15.1-7 alguns cristãos recém conversos do judaísmo queriam trazer para a igreja o ensino da salvação por meio das obras da lei, observando aspectos da lei especialmente a circuncisão com o objetivo de se obter méritos para a salvação. Tal perversão do Evangelho também colocaria o Evangelho em perigo assim como o gnosticismo.  Assim como no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até o ponto de renegarem o Soberano Senhor que is resgatou repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e por causa deles, será infamado o caminho da verdade (2 Pd 2.1-2). Os gnósticos anulavam a graça salvadora de Deus alegando que o pecado não era algo reprovável porque o pecado é da carne e Deus salvaria o espírito e não a carne. Tal perversão transformaria em libertinagem a graça do Senhor Jesus: "Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o único e Soberano e Senhor, Jesus Cristo" (Jd 4). A graça nunca foi desculpa para a transgressão, a liberdade nunca foi libertinagem.

Agostinho dizia: "A lei foi dada para implorarmos a graça, a graça foi dada para que observássemos a lei".

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