Capítulo 4
Ao estudarmos a carta de Tiago é importante entender que o autor não
escreveu sobre como tornar-se cristão, mas como viver o cristianismo.
Essa importante distinção coloca sua epístola à parte das epístolas de
Paulo, principalmente Romanos e Gálatas, que se concentram mais em como
somos salvos. Provavelmente isso explica porque Tiago fala sobre a
importância das obras, mas, ao contrário de Paulo, nunca se refere às
obras da lei. Tiago trata das boas obras como consequência da vida santa
em Cristo Jesus e não como meio de salvação.
A carta de Tiago se assemelha a um manual prático sobre a vida cristã.
Ela nos diz como lidar com a dúvida é a tentação (1:6-15). Descreve o
tipo de atitude que devemos ter para com ricos e pobres (2:1-7,
14-17). Aprendemos sobre a importância de controlar nossas palavras
(3:1-12) e como orar de maneira eficaz (4:2,3; 5:15-18). Encontramos
valiosos conselhos e muito sábios: Seja pronto para ouvir, tardio para
falar, tardio para se irar (1:19); Deus resiste aos soberbos, mas
concede sua graça aos humildes (4:6); sujeitai - vos, portanto, a Deus;
mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (4:7).
Uma das idéias importantes de Tiago é: O que fazemos deve concordar
com o que dizemos. Nossas ações devem estar alinhadas com nossos
valores e crenças. Como disse Paulo Freire: "É fundamental diminuir a
distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado
momento, a tua fala seja a tua prática."
Devemos alterar, não nossas crenças e valores, mas mudar nossas
atitudes para que se tornem compatíveis com nossas crenças.
Para nós isso é impossível, mas Tiago apresenta Jesus como autor e
consumador da nossa fé e esclarece a maneira pela qual Deus usa as
provações para fortalecer nossa fé e purificar nosso caráter. As
provações ensinam paciência e perseverança, conduzindo à sabedoria e
maturidade espiritual. A santidade na vida prática é nosso alvo e também
é uma promessa.
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