De acordo com a História, um dos tópicos mais
controvertidos entre os que afirmam seguir a Bíblia tem sido a natureza
de Jesus e sua relação com o Pai. Nos primeiros cinco séculos após a
encarnação de Cristo, os cristãos passaram pelas chamadas "controvérsias
cristológicas": vários grupos defendiam visões completamente diferentes
com respeito à natureza de Jesus Cristo e do ser divino. Isso talvez
não nos cause nenhum espanto. Satanás desejaria mais do que nunca
introduzir entre os discípulos erros no que se refere à natureza de
Deus, sendo esses erros básicos e extremamente prejudiciais. Além disso,
qualquer ser humano que tente compreender a natureza de Deus está
lidando com um assunto muito mais profundo que ele mesmo. É natural
tentar reduzir Deus às condições humanas e começar a analisá-lo de
acordo com as limitações humanas.
Mesmo hoje, há acirradas controvérsias entre os supostos seguidores do
Senhor Jesus no que diz respeito à natureza e ao conceito da divindade.
Neste artigo não pretendemos abranger todas, nem esgotar o estudo de
uma delas, mas apresentar certos princípios bíblicos que nos orientarão
diante das várias doutrinas acerca de Jesus.
É importante começar qualquer estudo com a postura correta. Precisamos
sempre estar dispostos a submeter os nossos conceitos ao significado
imparcial dos textos bíblicos. Consultar a Bíblia para tentar provar o
que já decidimos ser a nossa crença é perigoso e muitas vezes leva a
equívocos. Se as nossas concepções nos obrigam a torcer as Escrituras
para que se encaixem ao que pensamos, então devemos abandonar os nossos
conceitos. Nem tudo na Bíblia nos parecerá sábio e razoável. A
sabedoria de Deus não se sujeita à nossa avaliação. Por causa das
nossas limitações, a sabedoria de Deus às vezes parece tola. Não é
necessário que tudo tenha sentido para nós nem que tudo seja coerente,
mas pela fé devemo-nos submeter ao que a Palavra de Deus claramente
afirma sem rodeios (estude 1 Coríntios 1-2).
Jesus é Deus
Vários grupos negam a absoluta divindade de Cristo. Os testemunhas de
jeová, por exemplo, negam que Jesus seja Deus com d maiúsculo. Segundo
eles, ele é um deus, um arcanjo muito elevado, mas não é igual a Deus
Pai. Os teólogos modernos muitas vezes ensinam que Jesus era um grande
homem, um mestre maravilhoso e um grande profeta , mas não Deus na
verdade. A Bíblia ensina que Jesus é Deus.
Há vários "porém" que devem ser ligados a essa afirmação. Quando Jesus
se fez carne, passou a ser humano. Participou da nossa natureza;
submeteu-se à experiência humana. Assim, experimentou a fome, a sede, o
cansaço. Nas palavras de Paulo: "pois ele, subsistindo em forma de
Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de
homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2:6-8). É
importante entendermos que, quando Jesus se fez homem, não deixou de
ser Deus. Ele era Deus vivendo como homem. Mas restringiu-se a forma e
a limitações muito diferentes da natureza de sua existência eterna. Ao
afirmar que Jesus é Deus, então, não estamos tentando negar a realidade
de Jesus ter-se tornado um ser humano verdadeiro.
Afirmar que Jesus é Deus não é afirmar que ele é o Pai. O próximo subitem deste artigo discutirá exatamente essa questão.
Seria válido admitir já de início neste estudo que se acha revelada nas
Escrituras uma nítida diferença entre o papel do Pai e o do Filho. Uma
delas é que foi o Filho que se fez carne, não o Pai. Mas, o que é mais
fundamental, o Pai parece ser revelado na Palavra como o planejador e
diretor, e o Filho, como o concretizador. O Filho submeteu-se à vontade
do Pai. Nesse sentido, Jesus afirmou: "O Pai é maior do que eu" (João
14:28). Entendemos que, de acordo com as Escrituras, o marido deve ser
o cabeça da esposa, e ela deve submeter-se ao marido. Mas isso não
significa que o marido seja superior em essência; simplesmente tem um
papel de autoridade. Tanto marido quanto mulher são plena e igualmente
humanos. Da mesma forma, a liderança do Pai e a submissão do Filho não
implicam diferença de natureza. Ambos são plena e igualmente divinos.
O Testemunho das Escrituras
A Bíblia deixa bem claro que Jesus é Deus. "Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o
seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). O menino que haveria de nascer se
chamaria "Deus Forte".1
Em João 1:1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus". Aqui o Verbo é Jesus (veja João 1:14). Jesus não só
estava com Deus, mas era Deus. Isso parece confuso a princípio. Mas
analise este exemplo simples. Meu nome é Gary Fisher. O nome de minha
esposa é Sandra Fisher. Se ela estivesse aqui comigo agora, seria
possível dizer: "Sandra está com Fisher e Sandra é Fisher". No
primeiro caso, Fisher refere-se a mim especificamente; no segundo, é
usado como o nome da família em que (no meu caso) há quatro membros.
Jesus estava com Deus (o Pai) e era ele mesmo Deus (também compartilhava
da natureza de ser Deus).
"Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!" (João 20:28). Tomé
dirigiu-se a Jesus dizendo: "Senhor meu e Deus meu". Tomé estava
errado? Jesus não achou que estivesse, pois disse: "Porque me viste,
creste? Bem-aventurados são os que não viram e creram" (João 20:29).
Essa passagem é uma comprovação tão forte da divindade de Cristo, que já
se inventaram inúmeras explicações para recusá-la. Por exemplo, Tomé
estava apenas manifestando o seu espanto, como alguém hoje, que talvez
dissesse: "Ó, meu Deus do céu". Mas isso implicaria dizer que Tomé
estava usando o nome de Deus em vão. No entanto, Jesus o elogiou por
isso. Outros acreditam que Tomé estava chamando Jesus seu Senhor e
depois voltando-se ao Pai, dizendo "Deus meu". Mas o texto diz:
"Respondeu-lhe Tomé". Tomé estava reconhecendo que Jesus era seu Deus.
Examine estes textos: "Deles são os patriarcas, e também deles descende
o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo
o sempre" (Romanos 9:5). "Aguardando a bendita esperança e a
manifestão da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tito
2:13). "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco
obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo" (2 Pedro 1:1). Todos se referem a Jesus como Deus.
Jesus afirmou ser Deus em várias ocasiões. Em João 5:17, ele disse:
"Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também".
Os judeus entenderam devidamente a afirmação de Jesus como uma
indicação de que ele era igual a Deus (João 5:18). Em João 10:30, Jesus
declarou: "Eu e o Pai somos um". Jesus fez a ousada declaração em
João 14 de que vê-lo significava ver o Pai: "Se vós me tivésseis
conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o
tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor mostra-nos o Pai, e isso nos
basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não
me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu:
Mostra-nos o Pai?" (João 14:7-9). (Veja também as afirmações de Jesus
em João 8:56-59, as quais serão discutidas numa seção posterior deste
artigo.)
Jesus aceitava ser adorado
Somente Deus deve ser adorado. Adorar a criatura é idolatria e é
terminantemente proibido nas Escrituras (veja Romanos 1:25). O próprio
Jesus afirmou: "Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque
está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto"
(Mateus 4:10) ao citar Deuteronômio 6:13 em resposta à tentação de
Satanás. Em nenhum lugar das Escrituras um homem justo aceitou ser
adorado. Pedro recusou-se a permitir que Cornélio se curvasse diante
dele (Atos 10:25-26). Paulo e Barnabé ficaram abismados quando o povo
de Listra se preparou para adorá-los como deuses. Tomaram imediatamente
uma atitude: "Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo,
rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando:
Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós,
sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que
destas cousas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra o
mar e tudo o que há neles" (Atos 14:14-15). Os anjos são seres celestes
superiores aos homens, mas nem mesmo eles aceitam ser adorados
(Apocalipse 19:10; 22:8-9).
É bem notável, então, que Jesus tenha aceitado a adoração do homem.
Quando Jesus acalmou a tempestade, "os que estavam no barco o adoraram,
dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus!" (Mateus 14:33). Jesus não
os repreendeu por louvá-lo. O cego que Jesus curou em João 9 o adorou
(João 9:38). Várias vezes os discípulos adoraram a Jesus após a
ressurreição, e Jesus jamais deu a entender que aquilo não era certo
(Mateus 28:9,17). Jesus na realidade ensinou de modo claro: "Que todos
honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho
não honra o Pai que o enviou" (João 5:23). Nenhum homem justo e nenhum
anjo do céu (nem o mais exaltado) jamais pediu que os homens os
honrassem da mesma forma que honram ao Pai. Se Jesus não fosse Deus,
então João 5:23 seria uma das blasfêmias mais audaciosas que jamais
foram proferidas por lábios humanos.
Os cristãos primitivos adoravam a Jesus: "O Senhor me livrará também de
toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele,
glória pelos séculos dos séculos. Amém" (2 Timóteo 4:18). "Antes,
crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno" (2 Pedro
3:18). Repare na surpreendente semelhança da adoração oferecida ao Pai
com a oferecida ao Filho. Falando do Pai, Pedro disse: "A ele seja o
domínio, pelos séculos dos séculos. Amém." (1 Pedro 5:11). Mas, em
referência ao Filho, João escreveu: "A ele a glória e o dóminio pelos
séculos dos séculos. Amém" (Apocalipse 1:6). Deus ordenou que mesmo os
anjos devem adorar ao Pai: "E, novamente, ao introduzir o Primogênito
no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem" (Hebreus 1:6).
Todas as hostes celestes adoram a Jesus do mesmo modo que adoram o Pai.
Os quatro seres viventes e os 24 anciãos "E entoavam novo cântico,
dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque
foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de
toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste
reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra" (Apocalipse 5:9-10). O
texto prossegue: "Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono,
dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e
milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro
que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e
honra, e glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e
sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há,
estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o
louvor, e a honra, e a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. E
os quatro seres viventes respondiam: Amém; também os anciãos
prostararam-se e adoraram" (Apocalipse 5:11-14).
Essas declarações de adoração a Jesus Cristo constituem a mais forte
prova de sua divindade. As Escrituras declaram, sem hesitar, que
somente Deus deve ser adorado, mas Jesus é adorado no céu pelas mais
elevadas criaturas celestes. Jesus é até ligado ao Pai na mesma
declaração de louvor. Paulo escreveu a verdade: "Pelo que também Deus o
exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo
da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória
de Deus Pai" (Filipenses 2:9-11).
Afirmações indiretas
Há muitas coisas que Jesus fez que somente Deus é capaz de fazer. Jesus
perdoou os pecados dos homens, mas somente Deus pode perdoar pecados
(veja Marcos 2:1-12; Lucas 7:36-50). Ele afirmou ser capaz de dar vida
(João 5:21; 10:28; 17;2) e de julgar o mundo (Mateus 7:23; 16:27;
25:31-46; João 5:22-27), habilidades que pertencem exclusivamente a
Deus. Jesus criou o mundo (João 1:1-3, 10) e o sustém (Colossenses
1:17). Jesus fez afirmações que implicavam a sua onipresença (Mateus
18:20; 28:20) e onisciência (Marcos 12:25;Mateus 9:4; 12:25; veja também
Apocalipse 2:23; 1 Reis 8:39). Ele afirmou ser maior que o templo,
maior que Jonas e maior que Salomão (Mateus 12:6, 41-42). Ele afirmou
não ter pecado (João 8:46). Tudo isso o põe sem dúvida na categoria de
Deus.
Jesus ensinou que vê-lo era ver o Pai (João 12:45; 14:9), que crer nele
era crer no Pai (João 12:44) e que conhecê-lo era conhecer o Pai (João
8:19; 14:7). Ele disse que quem o recebe, recebe o Pai (Marcos 9:37);
que quem o honra, honra o Pai (João 5:23); mas quem o rejeita e o odeia,
rejeita e odeia o Pai (Lucas 10:16; João 15:23). Qual mero homem, qual
arcanjo poderia fazer afirmações como essas?
O que Jesus disse refletia a noção da sua própria importância. Ele
disse que era a luz do mundo, o pão da vida, a ressurreição e a vida e o
único caminho para o Pai (João 6;35; 8:12; 11:25; 14:6). Ele disse que
as coisas que estavam escritas no Antigo Testamento foram escritas a
seu respeito (Lucas 24:27, 44; João 5:39, 46). Ele disse que, quando o
Espírito Santo viesse, ele o glorificaria (João 14:26; 15:26; 16:14).
Jesus mostrou que era imprescindível ir a ele, ouvi-lo, crer nele,
confessá-lo e segui-lo (Mateus 11:28-30; João 6:45; 18:37; 8:24; 11:25;
Mateus 10:32-33; João 8:12; 10:27). Ele nos ensinou a perder a vida por
amor a ele (Lucas 9:24) e amá-lo mais que ao pai, à mãe, à esposa, aos
filhos e à própria vida (Mateus 10:37; Lucas 14:26). Fazendo uso de uma
metáfora ousada, Jesus disse que devemos comer a sua carne e beber o
seu sangue para que possamos ter vida (João 6:51-58). O Senhor deixou a
ceia em memória dele, para que nunca viéssemos esquecê-lo (Lucas
22:19). Ele ensinou que a sua vidaseria entregue em resgate por muitos
(Mateus 20:28; 26:28; João 10:15; 12:32).
Ou Jesus era um egoista arrogante, ou era Deus. Diante de suas
afirmações ousadas, não há meio-termo. "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João
14:6). "Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade
me foi dada no céu e na terra" (Mateus 28:18).
Jesus é o Deus revelado no Antigo Testamento
Há duas palavras traduzidas por "Senhor" no Antigo Testamento. Uma
delas significa simplesmente senhor, mestre, amo. A outra é geralmente
escrita em letras maiúscula e significa "Eu Sou", ou seja, aquele que
existe por si mesmo, o eterno. Esse "SENHOR" tem origem numa palavra
hebraica de quatro letras: "YHWH". Mas os judeus não pronunciavam a
palavra; eles simplesmente diziam "SENHOR" sempre que a encontravam na
leitura da Bíblia. Eles criam que "YHWH" fosse santo demais para ser
proferido por seres humanos. Assim, a maioria das traduções da Bíblia
simplesmente traduz "YHWH" por SENHOR. Poucas traduzem por "Jeová".
Essa palavra é importante no entendimento da natureza de Cristo, porque é
uma palavra que só se aplica a Deus. Uma palavra como senhor, que é
tão comum, poderia ser usada em respeito a um superior. Mas a palavra
"YHWH" (SENHOR, ou Jeová, Eu Sou) só poderia ser empregada corretamente
em referência ao único e verdadeiro Deus.
Jesus disse que ele é YHWH, Eu Sou: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade,
em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse EU SOU." (João
8:58).2 Era uma declaração chocante, e os judeus pegaram pedras ali
mesmo para apedrejar Jesus por blasfêmia (João 8:59). Muitos textos
aplicam profecias sobre Jeová (o "SENHOR") a Jesus. João Batista ia
preparar o caminho para o "SENHOR" (Isaías 40:3; veja Mateus 3:3; Marcos
1;3; Lucas 3:4-5). A glória do "SENHOR", vista por Isaías, era uma
visão da glória de Jesus (Isaías 6; João 12:37-43). Não são casos
isolados. Várias afirmações sobre o SENHOR no Antigo Testamento são
aplicadas a Jesus no Novo.3 Jesus também é Deus Jeová, o SENHOR.
Jesus não é o Pai
Algumas pessoas tomam as evidências apresentadas acima e ensinam que
Jesus é a mesma pessoa que o Pai. Elas acreditam que o Pai e o Filho
não passam de manifestações diferentes da mesma pessoa. Eles fazem uso
da seguinte ilustração: um homem pode ser ao mesmo tempo pai e filho.
Isso é verdade. Eu sou tanto pai, como filho. Mas eu não sou o meu
próprio pai, nem sou o meu filho. A Bíblia revela três pessoas
diferentes que compõem o único Deus.
Há inúmeros textos que mostram a diferença entre a pessoa do Pai e a do
Filho. "Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não
permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o
Pai como o Filho" (2 João 9). "Tanto o Pai como o Filho" leva a
entender a existência de dois seres. Jesus afirmou ter duas
testemunhas: ele mesmo e o Pai. "Se eu julgo, o meu juizo é
verdadeiro, porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou.
Também na vossa lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é
verdadeiro. Eu testifico de mim mesmo, e o Pai, que me enviou, também
testifica de mim." (João 8:16-18). Se Jesus fosse a mesma pessoa que o
Pai, haveria uma só testemunha, mas Jesus disse claramente que havia
duas. (Veja também 1 João 2:22; 1 Coríntios 8:16).
"Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me
havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de
mim mesmo, mas ele me enviou" (João 8:42). O Pai enviou o Filho. O
Filho não se enviou. Portanto, o Pai não é o Filho.
Jesus muitas vezes orou ao Pai (Lucas 23:34, 46). Estava Jesus orando a
si mesmo? Ele ensinou os discípulos a orar: "Portanto, vós orareis
assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome"
(Mateus 6:9), estando ele próprio na terra. "E eu rogarei ao Pai, e ele
vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco"
(João 14:16). Se o Pai, o Filho e o Espírito Santo são todos uma só
pessoa, então Jesus orou a si mesmo e pediu que enviasse a si mesmo.
O Pai reconhecia o Filho: "E eis uma voz dos céus,que dizia: Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Será que o Pai
estava simplesmente falando para si a respeito de si mesmo? Jesus disse
que, se ele glorificasse a si mesmo, a sua glória não seria nada (João
8:54).
"Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a
vontade daquele que me enviou" (João 6:38). Jesus veio fazer a própria
vontade, ou não? Se respondermos que sim, contrariamos Jesus. Se
dizemos que não (a resposta correta), então admitimos que Jesus e o Pai
são pessoas distintas, porque Jesus de fato veio fazer a vontade do Pai.
(Veja também João 8:29).
O Filho retornou ao Pai no céu (João 16:28; 20:17). Se Jesus é o Pai,
ele já estava no céu antes de subir para junto de si mesmo. Jesus
retornou ao céu para entrar na presença de Deus (Hebreus 9:24). Mas ele
já estava na sua própria presença. Se o Filho e o Pai são a mesma
pessoa, por que Jesus tinha de ir para o céu para entrar na presença
dele próprio?
Vários textos mostram que Jesus está assentado à direita de Deus
(Colossenses 3:1). Seria uma grande façanha alguém sentar à direita de
si mesmo!
Jesus disse que somente o Pai sabia o momento exato de sua vinda; isso
nem mesmo ele sabia (Mateus 24:36). Se Jesus era o Pai, então ele sabia
algumas coisas que não sabia?
Quando Jesus retornar, ele entregará o seu reino de volta ao Pai e se
sujeitará ao Pai (1 Coríntios 15:24-28). Será que Jesus entregará o
reino a si mesmo e se submeterá a si mesmo?
As Escrituras ensinam com uma clareza inconfundível a distinção entre o Pai e o Filho.
A natureza da divindade
Deus é uno (Deuteronômio 6:4; Isaías 40-48; Marcos 12:29; 1 Timóteo
1:17; Tiago 2:19; 4:12, etc.).
A natureza de sua unidade é o assunto em pauta. Com base mesmo no que
se evidenciou acima, deve estar claro que a unidade de Deus é uma união,
não uma unidade absoluta. A palavra equivalente a Deus no Antigo
Testamento (elohim) é uma formação no plural. A palavra equivalente a
um, empregada em referência a Deus no Antigo Testamento (echad) também é
uma forma plural. Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança . . ." (Gênesis 1:26). A quem se refere
esse "nossa"? Somos criados à imagem de Deus, mas há mais de uma pessoa
que compôs Deus. Atente para essas afirmações: "Então, disse o SENHOR
Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do
mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e
coma, e viva eternamente" (Gênesis 3:22). "Vinde, desçamos e
confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de
outro" (Gênesis 11:7). Desde os primeiros capítulos da Bíblia, vemos
Deus revelado como uma unidade plural (veja também Isaías 6:8). Existe
até mesmo diálogos registrados entre Deus e Deus na Bíblia: veja Salmos
110:1, por exemplo.
Em que sentido o Pai e o Filho são um? São uma só pessoa? Ou são um em
unidade e em propósito? Observe atentamente João 17:20-23: "Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó
Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia
que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens
dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim
de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu
me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." Esse texto ensina
que os cristãos devem ser um como o Pai e o Filho são um. Os cristãos
devem passar a ser uma só pessoa? Ou será que devem ser um em unidade e
em propósito? Já que a unidade que os cristãos devem ter não é a de ser
uma só pessoa, então a unidade do Pai e do Filho não significa que são a
mesma pessoa. A Bíblia muitas vezes trata de coisas que são unas.
Marido e mulher são um (Mateus 19:4-6; Efesios 5:31). O que planta e o
que rega são um (1 Coríntios 3:6-8). Os cristãos são um (1 Coríntios
12:14). E também o Pai e o Filho (e o Espírito Santo) são um.
Embora nos tenhamos concentrado principalmente no Pai e no Filho, as
Escrituras mostram que o Espírito Santo também é uma pessoa divina. O
Espírito Santo é revelado como um ser pessoal. Ele faz o que somente
uma pessoa pode fazer: fala (1 Timóteo 4:1); ensina(João 14:26);
reprova (João 16:8); orienta (Gálatas 5:18); intercede (Romanos 8:26);
chama (Atos 13:2); pensa (Romanos 8:27; 1 Coríntios 2:10-11); toma
decisões (Atos 13:12; 15:28). Os sentimentos que tem só uma pessoa pode
ter: é alvo de mentiras (Atos 5:3); é resistido (Atos 7:51); é
desprezado (Hebreus 10:29); fica entristecido (Efésios 4:30); fica irado
(Isaías 63:10); é blasfemado (Mateus 12:31). O Espírito Santo tem
características divinas: é onisciente (1 Coríntios 2:10-11) e
onipresente (Salmo 139:7-10).
O Novo Testamento une Pai, Filho e Espírito Santo de modo
impressionante. Muitos textos mencionam os três: "A graça do Senhor
Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com
todos vós" (2 Coríntios 13:13). "Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo" (Mateus 28:19). "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de
Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas." (1 Pedro 1:2; veja
também Romanos 15:30; 1 Coríntios 12:4-6; 6:11; 2 Corìntios 1:20-21;
Gálatas 4:6; Efésios 2:18; 3:14-17; 5:18-20; 1 Tessalonicenses 5:18-19; 2
Tessalonicenses 2:13; Tito 3:4-6; 1 João 4:13-14; Judas 20-21;
Apocalipse 1:4-5). Embora a Bíblia em momento algum apresente uma
definição teológica de Deus, é possível entender alguns aspectos de seu
ser estudando a revelação dada nas Escrituras. O que podemos concluir
é: Deus é o nome dado à natureza divina, a há três seres que partilham
dessa mesma natureza divina: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
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