A epístola de Tiago é a descrição principal da relação entre fé e obras. Os judeus cristãos (os recipientes da carta de Tiago) estavam tão arraigados na Lei Mosaica e no seu sistema de obras que Tiago dedicou muito tempo para explicar a difícil verdade de que ninguém é justificado pelas obras da lei (Gl 2.16). Ele declara-lhes que, mesmo se muito se esforçarem para manter todas as diferentes leis e rituais, cumprir essa tarefa é impossível e transgredir a menor parte da lei os tornava culpados de toda ela (Tg 2.10) porque a lei é uma entidade e quebrar uma parte dela é o mesmo que quebrá-la por completo.
Autoria e Data: O autor desta epístola (carta) é Tiago, também chamado de Tiago, o Justo, o qual acredita-se ter sido o irmão de Jesus Cristo (Mt 13.55; Mc 6.3). Tiago não se converteu (Jo 7.3-5) até depois da ressurreição (At 1.14; 1 Co 15.7; Gl 1.19). Ele se tornou o chefe da Igreja de Jerusalém e é mencionado em primeiro lugar como um dos pilares da igreja (Gl 2.9). O livro de Tiago é provavelmente o mais antigo livro do Novo Testamento, escrito talvez em 45 d.C., antes do primeiro concílio de Jerusalém em 50 d.C. Tiago foi martirizado em aproximadamente 62 d.C., segundo o historiador Flávio Josefo.
Objetivos da Epístola: Alguns acham que esta carta foi escrita em resposta a uma interpretação excessivamente zelosa do ensino de Paulo sobre a fé. Essa visão extrema, chamada de antinomismo, sustentava que através da fé em Cristo é possível estar completamente livre de todas as leis do Antigo Testamento, todo o legalismo, toda a lei secular e toda a moralidade de uma sociedade. O livro de Tiago se dirige aos cristãos judeus dispersos entre todas as nações (Tg 1.1). Martinho Lutero, o qual detestava esta carta e a chamava de "epístola de palha", não conseguiu reconhecer que o ensino de Tiago sobre as obras complementava – e não contradizia – o ensino de Paulo sobre a fé. Embora os ensinamentos paulinos se concentrem em nossa justificação com Deus, os ensinamentos de Tiago concentram-se nas obras que exemplificam essa justificação. Tiago escreveu aos judeus para incentivá-los a continuar crescendo nesta nova fé cristã. Tiago destaca que as boas ações fluirão naturalmente daqueles que estão cheios do Espírito e questiona se alguém pode ou não ter uma fé salvadora se os frutos do espírito não puderem ser observados, assim como Paulo descreve em Gálatas 5.22-23.
Resumo: A epístola de Tiago busca caminhar na fé através da religião verdadeira (Tg 1.1-27), da fé genuína (Tg 2.1-3.12) e da sabedoria genuína (Tg 3.13-5:20). Este livro contém um notável paralelismo com o Sermão da Montanha de Jesus em Mateus 5-7. Tiago começa no primeiro capítulo descrevendo os traços gerais do caminhar na fé. No capítulo dois e no início do capítulo três, ele discute a justiça social e faz um discurso sobre a fé em ação. Ele então compara e contrasta a diferença entre a sabedoria terrena e a que provém do alto e nos encoraja a afastar-nos do mal e a nos aproximarmos de Deus. Tiago faz uma repreensão particularmente severa aos ricos que acumulam e aqueles que são auto-suficientes. Finalmente, ele termina encorajando os crentes a serem pacientes no sofrimento, orando e cuidando uns dos outros e reforçando a nossa fé através da comunhão.
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