Testemunho
do Novo Testamento
Até
este ponto, têm sido considerados os
textos que têm tremendas implicações.
Agora nos voltamos para alguns textos
mais específicos que se referem a Jesus
como Deus e afirmam que ele é, de fato,
o Criador. Se puder ser demonstrado que
Jesus é o Criador e o mantenedor do
mundo, de acordo com a Bíblia, então
teremos demonstrado que a Bíblia ensina
que Jesus é divino. Mais ainda, se há
passagens específicas que se referem a
Jesus em termos especiais
identificando-o como Deus, então o
ensinamento bíblico sobre Jesus ficará
claro.
Jesus
é o Criador e Mantenedor?
Alguns
acreditam que a Bíblia ensina que Jesus
é um ser criado. Alguma consideração
já tem sido dada a isto. Outras
passagens verificam que Jesus não foi
criado. Por exemplo, Miquéias 5:2 fala
do Messias como sendo “dos
dias de eternidade,” ou “de
eternidade a eternidade.” Isaías
9:6 fala do Messias como o
“Pai eterno.” Isto não
identifica Jesus com sendo a mesma
pessoa que o Pai; identifica-o como o
Criador, o originador. Ele é chamado “eterno.”
Ainda que o Messias tenha nascido neste
mundo no “tempo,”
sua existência como um ser não teve um
início. Esta foi pelo menos uma parte
da declaração que Jesus fez quando
disse aos judeus: “Antes
que Abraão existisse, eu sou” (João
8:58). As Escrituras se referem a Jesus
como o Criador. Colossenses 1:15-16 fala
de Jesus como o “primogênito
de toda a criação”, o
que, como foi antes considerado,
significa que Jesus é preeminente sobre
a criação. Por quê? Porque “nele
foram criadas todas as cousas, nos céus
e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi
criado por meio dele e para ele”.
É evidente que, se Jesus criou “todas
as coisas,” é porque ele fica fora da
classe dos seres criados. João 1:3 diz:
“Todas
as coisas foram feitas por intermédio
dele, e sem ele nada do que foi feito se
fez”. Se esta afirmação
é verdadeira, então Jesus é o
Criador, não a criatura. Portanto,
Jesus é o Deus Criador, de acordo com a
Bíblia.
As
Escrituras também ensinam que Jesus é
o mantenedor de todas as coisas.
Voltando ao contexto de Jesus como o
Criador, a Bíblia afirma que “ele
é antes de todas as coisas. Nele tudo
subsiste” (Colossenses
1:17). A expressão “subsiste”
(sunesteken) aqui indica
“juntar ou manter junto algo em seu
lugar próprio ou apropriado ou relação
apropriada” (Louw e Nida 614).
“Todas as coisas são dependentes do
Filho para sua continuação em existência”
(Reymond 248). Isto ensina que Jesus é
o sustentador do que ele criou. Hebreus
1:3 afirma que Jesus “sustenta
todas as coisas pela palavra de seu
poder”. Aqui Jesus é
descrito como aquele que faz todas as
coisas continuarem. Assim, estas
passagens ensinam que Jesus é aquele
que preserva e sustenta todas as coisas.
Elas implicam que Jesus é Deus,
atribuindo a ele qualidades divinas.
Jesus
é chamado “Deus”
Outras
Escrituras são ainda mais explícitas
em sua afirmação da divindade de
Jesus. Ele é referido como “Deus”
em diversos versículos específicos.
Nesta parte, algumas dessas passagens
serão brevemente citadas.
1.
João
1:1-18. João 1:1 diz:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus.”
Há três pontos afirmados neste versículo.
Primeiro, o “Verbo”
já estava em existência quando o tempo
e a criação começaram; segundo, o
Verbo estava sempre em comunicação com
o Pai, e terceiro, o Verbo sempre
participou da divindade. “O
Verbo era Deus” é uma
declaração que afirma a natureza
divina do Logos. Theos,
que aqui é anarthrous
[substantivo usado sem o artigo],
descreve a natureza do Logos, em vez de
identificar sua pessoa. Jesus como o Logos
é pessoalmente indistinto do Pai
(vers. 1b), contudo é uno com o Pai em
natureza (vers. 1c) (Harris 93). Neste
versículo, então, o Novo Testamento
está ensinando a respeito da divindade
de Jesus. “Aqui, então, João
identifica o Verbo como Deus (totus
deus) e assim fazendo atribuir a ele
a natureza ou essência da divindade”
(Reymond 304). Isto não significa que
deveria ser traduzido como “o Verbo
era divino,” como alguns têm feito.
Que “o Verbo” é uma referência a
Jesus é facilmente visto no contexto. O
versículo 14 diz: “E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
O contexto identifica mais adiante o
“Verbo” como Jesus (vers. 15-17).
João
1:18 tem alguma dificuldade ligada a
ele. A segunda parte do versículo, “o
Deus unigênito, que está no seio do
Pai,” tem algumas variantes nos
manuscritos gregos. A alternativa mais
notável é “o Filho unigênito.”
Como foi explicado antes, “unigênito”
se refere a unicidade (uno e único). A
maioria dos críticos, contudo,
“concorda que monogenes theos
era o escrito original” (Harris 93).
Reymond indica: “O respeitável crítico
textual precisa admitir que a evidência
aponta muito decisivamente em favor de
um theos original” (306).
Parece que haja uma pequena dúvida, em
termos da evidência dos manuscritos,
sobre o uso aqui da expressão que
significa “uno e único Deus”. Se
for o sentido original, seria então
outra instância de ensinamento a
respeito da divindade de Jesus. Contudo,
uma vez que esta passagem tem em si
alguma ambigüidade, seria difícil
repousar um caso inteiro nela. Em ambos
os casos, ela não contradiz o resto do
testemunho do Novo Testamento da
divindade de Jesus.
2.
João
20:28. A Bíblia registra que,
depois que Jesus se levantou dentre os
mortos e apareceu aos seus discípulos
pela primeira vez, Tomé não estava
presente. Quando ouviu que Jesus fora
visto, Tomé duvidou, e disse que teria
que vê-lo por si mesmo para que cresse
nisso. Jesus apareceu a eles novamente,
e quando Tomé ficou convencido,
respondeu a Jesus:
“Meu Senhor e meu Deus”.
Alguns têm tomado esta como uma exclamação
de louvor a Deus (não a Jesus).
Contudo, o texto afirma que Tomé disse
isto “a ele.” Ele estava se
dirigindo a Jesus como Senhor e Deus.
Outros têm dito que esta foi uma
exclamação num momento de excitação.
Contudo, não há registro de uma
repreensão de Jesus. Ele aceitou esta
saudação e levou-a um passo
adiante”: “Porque
me viste, creste?
Bem-aventurados os que não viram e
creram” (vers. 29). Isto se torna a
base para a declaração de João do
motivo porque ele escreveu o livro
(vers. 30-31). Não pode haver dúvida
de que Jesus dê evidência aqui, por
sua aceitação expressa da apreciação
dele por Tomé, que ele era em seu próprio
entendimento seu Senhor para ser servido
e seu Deus para ser adorado” (Reymond
213). “Em nenhum outro lugar no Novo
Testamento Jesus é identificado mais
claramente como Deus” (Erickson 461).
Esta declaração de Tomé, como está,
é por si mesma um tremendo testemunho
do ensinamento do Novo Testamento da
divindade de Jesus.
3.
Romanos
9:5. Paulo escreveu a respeito
dos israelitas: “...
deles são os patriarcas, e também
deles descende o Cristo, segundo a
carne, o qual é sobre todos, Deus
bendito para todo o sempre.”
A NVI traduz como “Cristo,
que é Deus acima de todos, bendito para
sempre”. Ainda que alguns
tenham tentado fazer “Deus bendito
para sempre” separado do contexto como
uma doxologia dirigida ao Pai, “é
muito mais natural considerar as
palavras finais do versículo como uma
descrição ou doxologia do Messias,
Jesus Cristo” (Harris 95). Esta
passagem, na sua leitura mais natural do
texto grego, atribui plena divindade a
Jesus Cristo. Ele permanece como o
Senhor e dominador do universo, e merece
pleno louvor. O argumento de Paulo neste
contexto é que ainda que muitos
companheiros israelitas tivessem
rejeitado Jesus como Messias, Jesus é,
realmente, supremo sobre o universo e,
como Deus, merece ser servido e louvado.
Nenhuma Cristologia mais alta pode ser
encontrada.
4.
Tito
2:13 e 2 Pedro 1:1. Estas duas
passagens podem ser consideradas juntas
por causa de sua frase idêntica:
“Deus e Salvador” (theou kai
soteros). Em ambas as passagens,
“Jesus Cristo” é o objeto da frase.
Alguns argumentam que “Salvador” se
aplica a Jesus, mas “Deus” é uma
referência ao Pai: “Deus (o Pai) e
Salvador Jesus Cristo.” Contudo, isto
não é apoiado pela construção grega.
Esta frase é aplicada a uma pessoa:
Jesus Cristo. Primeiro, esta é a
leitura mais natural do texto. Segundo,
os dois nomes ficam sob um artigo, que
precede “Deus.” Isto indica que eles
têm que ser construídos juntos, não
separadamente. E mais, esta frase foi
uma fórmula comum e sempre denotou uma
divindade, não duas pessoas separadas.
Quando ambos Paulo e Pedro usaram a
frase, então, “seus leitores sempre a
entenderiam como uma referência a uma só
pessoa, Jesus Cristo. Simplesmente não
ocorreria a eles que ‘Deus’ pudesse
significar o Pai, com Jesus Cristo como
o ‘Salvador’” (Harris 96-97). O
que isto tudo significa é que Pedro e
Paulo entenderam que Jesus era ambos,
“Deus e Salvador”.
5.
Hebreus
1:8. Em Hebreus 1 há um
contraste entre o Filho e os seres
angelicais. Isto mostra a superioridade
do Filho sobre os anjos. Para defender
este ponto, é feito o argumento que
Jesus é o único Filho (vers. 5). Ele
tem de ser adorado, até mesmo pelos
anjos (vers. 6). Então, no versículo 8
o próprio Pai chama Jesus Deus: “do
Filho ele diz, teu trono, ó Deus, é
para todo o sempre”. Ainda
que haja alguma controvérsia envolvendo
se “ó Deus” é ou não para ser
construído vocativamente (como na
maioria das traduções) ou como um
nominativo (“Deus é teu trono”) ou
como predicado nominativo (“teu trono
é Deus”), a avassaladora maioria dos
gramáticos, comentaristas, autores de
estudos gerais e traduções para o inglês
dão força a este vocativo (Reymond
296). Na passagem da qual isto é tirado
(Salmo 45:6), o vocativo é visível. Os
versículos 10 e 11 são ligados aos
versículos 8 e 9 pela conjunção kay,
que indica que estes versículos caem
sob a mesma introdução que os versículos
8-9. No versículo 10, Jesus é saudado
como “Senhor”, o que também liga-o
com Yahweh (Salmo 102). Isto fortalece a
decisão para “ó Deus” ser
entendida vocativamente no versículo 8.
Isto significa que o Filho é saudado
como “Deus” nestes versículos, num
sentido ontológico.
A
consideração das passagens precedentes
mostra que o Novo Testamento atribui
consistentemente divindade a Jesus
Cristo. Pelo menos quatro escritores –
João, Paulo, Pedro e o autor de Hebreus
– usam o título “Deus” com referência
a Jesus. O uso deste título foi
primitivo, começando pouco tempo depois
da ressurreição (Tomé) e continuando
até o final do primeiro século. Os
escritos, dirigidos a várias pessoas,
foram espalhados através de várias
regiões, incluindo a Grécia, a Judéia
e Roma. Entre o título de Deus aplicado
a Jesus, as declarações de Jesus e o
resto das Escrituras que implicam sua
divindade, o Novo Testamento está
repleto de ensinamento sobre Jesus sendo
Deus. Se a pessoa deseja ou não aceitar
isto, é outro assunto. Se a pessoa
aceita a Bíblia como verdade, então
ela precisa também aceitar que Jesus é
Deus.
Há
duas passagens que ainda não foram
consideradas, ambas as quais têm ponto
de vista significante sobre o
ensinamento do Novo Testamento a
respeito da divindade de Jesus. São
Colossenses 2:9 e Filienses 2:1-11. Elas
merecem consideração especial.
Colossenses
2:9
“...porquanto
nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade”.
Este único versículo, “além de
todos os outros no Novo Testamento,
afirma que cada atributo divino é
encontrado em Jesus” (Harris 66). Ele
não diz que “muita” ou “alguma”
divindade mora nele, mas a “plenitude
da divindade”. Todo elemento que
existe como divindade está em Cristo,
de acordo com este versículo.
Neste
contexto, Paulo fala de “filosofia
e vãs sutilezas, de acordo com a tradição
dos homens” e
“conforme os rudimentos do mundo” como
sendo contrários a Cristo (vers. 8). A
afirmação no versículo 9, “...
porquanto nele habita corporalmente toda
a plenitude da divindade”,
foi feita para se contrapor a estas vãs
filosofias e dar uma fundação sobre a
qual se pode ser completo em Cristo. Uma
das filosofias contra as quais os
escritores do Novo Testamento falaram
foi a doutrina gnóstica, que negava que
Deus poderia realmente vir na carne. Os
gnósticos acreditavam que a matéria
era inerentemente má, e a partir disto
raciocinavam que Deus não poderia morar
num corpo carnal. João abordou este
mesmo problema (1 João 4:2; 2 João 7).
Os gnósticos ofereceram uma filosofia
adicional. Paulo responde que Cristo é
suficiente para fazer alguém completo
porque nele está a plenitude da
divindade, e ele está acima de tudo
porque ele criou tudo. Assim,
Colossenses 2:9 afirma que a plenitude
da divindade realmente estava em Cristo,
não importa o que os filósofos gnósticos,
ou quem quer que seja, ensinasse. Nada
mais era necessário. Esta, por sua vez,
era a base sobre a qual os cristãos
deveriam agir. “Por que seus leitores
têm que ‘andar’ em Cristo para
‘ficar em guarda’ de modo que ninguém
os faça cativos por meio da busca de
conhecimento que procede da filosofia
humana e da tradição?” (Reymond
249-250). A resposta está no versículo
9.
O
termo “plenitude” (pleroma)
significa “quantidade total, com ênfase
na totalidade” (Louwn e Nida 597).
“Mora” (katoikei) indica o
assentamento em um lugar fixo. É
“estar em casa”. Vincent aponta que
o tempo presente de “mora” denota
“uma característica eterna e
essencial do ser de Cristo. A moradia da
plenitude divina nele é característica
dele como Cristo, desde todas as eras até
todas as eras” (487). O que está
permanentemente “em casa” em Cristo
é a “totalidade” da divindade. A
palavra “deidade” (theotes)
é o mesmo que “divindade” em várias
traduções. O termo significa “a
natureza ou estado de ser Deus” (Louw
e Nida 140). É isso que é Deus, o
estado de divindade. Esta afirmação não
está simplesmente dizendo que Jesus é
Deus em sua pessoa, mas que ele é tudo
o que é Deus. A natureza divina
completa está em casa em Cristo.
Há
dois significados compulsivos
alternativos no termo “corporal” (somatikos)
neste contexto. O primeiro é que ele
significa “corporalmente,” uma referência
ao corpo físico, humano, de Cristo.
“A palavra refere-se ao corpo humano
de Cristo” (Reinecker 573). Tomada
neste sentido, aqui está uma afirmação
do conceito que Jesus era plenamente
Deus mesmo quando humano. A plenitude da
divindade se tornou encarnada. Ao vir a
este mundo, não houve nenhuma mudança
em sua divina natureza. Tudo o que ele
é como Deus continuou a morar em sua
forma corpórea. O segundo significado
possível de “corporal” é
“incorporado” ou concentrado numa
forma visível, tangível. Neste
sentido, a idéia é que à plenitude da
divindade foi dada expressão completa
através de Jesus. Ele era
“completamente” e
“substancialmente” Deus e, portanto,
plenamente incorporou a natureza divina.
Isto ainda incluiria o tempo que Jesus
passou na terra, como a palavra
“mora” indica. Eu prefiro tomar o
termo pelo que aparenta ser para referir
à encarnação de Jesus. Em qualquer
caso, contudo, este versículo mostra
uma alta Cristologia. A passagem ensina
que Jesus é divino.
Filipenses
2
Uma
das passagens mais controversas da Bíblia
é Filipenses 2:5-8. Tem havido muitas
explicações para a passagem; e as
diferenças de interpretação são
significativas. O modo como se
interpreta a passagem afeta seu ponto de
vista de Jesus Cristo. Foi ele sempre
Deus? Se ele era Deus anteriormente à
encarnação, ele reteve sua natureza
divina quando veio à terra? Se ele
reteve sua divindade ao vir à terra, o
que significa quando se diz que ele
“esvaziou-se”? Ele deixou sua
divindade para ser exatamente um homem
comum? Todas as questões como estas têm
tremendas implicações. É preciso ser
cuidadoso ao considerar uma passagem
como esta, evitando uma interpretação
que não se ajuste bem com o resto do
testemunho do Novo Testamento a respeito
de Jesus.
É
provável que Filipenses 2:6-11
contenha, pelo menos em parte, um hino
primitivo (Reymond 251). Há desacordo
sobre se este hino foi composição do
próprio Paulo, ou se ele foi escrito
antes de Paulo, que simplesmente usou o
hino para servir aos seus propósitos
nesta epístola. Em qualquer caso, é
difícil negar que ele foi um hino
primitivo. Neste texto estão as
características estilísticas e hinárias,
tais como paralelismo de pensamento,
inversões, vocabulário incomum e
estilo elevado (Reymond 252). Baseado em
estudos anteriores de Lohmeyer, agora é
geralmente aceito que “o que aqui
[vemos] é uma confissão cristã
primitiva que pertence à literatura de
liturgia antes que prosa epistolar”
(Martin 106). Se isto é verdade, então
este é um forte argumento por uma alta
Cristologia primitiva entre os cristãos
do primeiro século. Mesmo que não
fosse um hino, é ainda evidência que
os cristãos primitivos tinham uma forte
fé na divindade de Jesus.
Este
é um texto no qual as palavras são
muito cuidadosamente escolhidas. Cada
palavra parece significante. Portanto,
numa interpretação deste texto, as
palavras precisam ser definidas e
entendidas. Primeiro, contudo, uma
consideração do texto completo está
em ordem. Sem considerações
contextuais, o texto pode facilmente ser
mal entendido e mal aplicado. Parece que
isto tem sido uma parte do problema que
tem levado a algumas das controvérsias.
Não
parece provável que alguém entenda os
versículos 5-8 sem primeiro entender os
versículos 1-4. No todo, a carta de
Paulo aos filipenses é muito positiva.
O único perigo que ameaçava a igreja,
contudo, era a divisão. Estes versículos
são escritos para tentar salvaguardar
contra a desunião os cristãos dali. No
versículo 1 Paulo apela para o
encorajamento em Cristo, o poder do
amor, o fato da camaradagem, e a
necessidade de compaixão e afeição.
Se um cristão entende e se empenha com
estas coisas, então a unidade
prevalecerá. Ele então apela para sua
necessidade de ser “de um mesmo
pensamento” e “tendo um mesmo
sentimento” (vs. 2). Como isto pode
ser feito? Ele responde nos versículos
3-4. Nestes versículos há três causas
dadas para a desunião (Barclay 31):
ambição egoísta, prestígio pessoal,
e a concentração em si mesmo. Para os
propósitos de explicar os versículos
6-7, deve-se notar especialmente estes
versículos, pois eles servem de
fundamento para o argumento de Paulo a
respeito de Jesus. Barclay observa:
“Paulo
está pleiteando com os filipenses para
viverem em harmonia, porem de lado suas
discórdias, deixarem suas ambições
pessoais e seu orgulho e seu desejo de
proeminência e prestígio, e terem em
seus corações aquele desejo humilde e
desprendido de servir, que foi a essência
da vida de Cristo. Seu apelo final e
irretorquível foi apontar para o
exemplo de Jesus Cristo” (34-35).
Com
os pensamentos precedentes em mente,
Paulo apela para Jesus Cristo como o
exemplo definitivo de alguém que nada
fez por egoísmo ou vã presunção.
“Tende em vós o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus”
(vs. 5). Este é o arremate final dos
pontos de Paulo nos versículos 1-4:
“aprendam a pensar
exatamente como Jesus”.
Isto também serve para
introduzir o que Paulo está para dizer
a respeito de Jesus. “Pensem como
Jesus”, Paulo disse. O que Jesus
pensou? O que ele fez para demonstrar
sua despretensiosa atitude? Ele responde
nos versículos seguintes.
O
versículo 6 ensina que Jesus “existiu
na forma de Deus” O termo
“existiu” (sendo, huparchon)
não é o termo usual para sendo (hon).
Como um particípio presente, ele denota
continuação de uma condição
antecedente. Em outras palavras, Jesus
é e sempre tem sido “em forma de
Deus”. “Isso descreve aquilo que um
homem é em sua própria essência e que
não pode ser mudado. Isso descreve
aquela parte de um homem que, em
quaisquer circunstâncias, permanece o
mesmo” (Barclay 35). Paulo começa
afirmando que Jesus é inalteravelmente
Deus. Seja o que for que Jesus esvaziou,
não foi sua essência divina. Portanto,
qualquer posição que ensine que Jesus
deixou sua divindade não está sendo
fiel a este texto.
O
significado de “forma de Deus” tem
sido acaloradamente debatido. Martin
(96) dá dois significados alternativos
para o termo “forma” (morphe).
O primeiro é o entendimento mais
tradicional e filosófico que “forma
de Deus” significa atributos
essenciais de Deus. Um segundo ponto de
vista, mais recente, é que a frase tem
uma forte ligação com a “glória”
(doxa) de Deus; e assim Jesus
deixou a glória da divindade, não
necessariamente a essência da
divindade, quando veio para a terra.
Esta posição, contudo, parece carecer
de prova. Outros consideram a “forma
de Deus” como uma referência à aparência
visível como Deus. Esta é outra posição
insatisfatória, pois ela dificilmente
pode significar a mesma coisa com referência
à “forma de um servo”. Parece mais
provável, contudo, que a “forma de
Deus” seja uma referência à divina
natureza, que inclui os atributos e
características que fazem de Deus o que
ele é, “que é inseparável de sua
pessoa e que o ser divino se realiza em
sua divina glória e atributos divinos
imanentes, inerentes” (Muller 78 79).
Warfield observou que a “forma de
Deus” se refere a “todas aquelas
qualidades características de Deus que
fazem dele Deus, a presença das quais
constitui Deus, e na ausência das quais
Deus não existe. Aquele que está na
forma de Deus é Deus” (567). Isto
também seria verdadeiro quanto à
“forma de um servo.” Jesus assumiu
todas as qualidades características de
servidão. Dizer, então, que Jesus
“existiu na forma de Deus” é dizer
que Jesus tem sido sempre Deus, com
todas as qualidades que pertencem a
Deus.
A
seguir, Paulo diz que Jesus não
“considerou a igualdade com Deus uma
coisa a ser agarrada”. Isto, também,
tem dado alguma dificuldade à
interpretação abrangente do texto.
Alguns tomam isto para significar que
Jesus não considerava sua divindade
como algo a ser segurado e, portanto,
ele a abandonou ao vir à terra. Isto,
contudo, contradiz o que Paulo tinha
dito a respeito da natureza divina
inalterável de Jesus. Primeiro, ele
afirma que Jesus de fato tem
“igualdade com Deus”. Isto, somente,
é evidência do ensinamento bíblico da
divindade de Jesus. Nada menos do que o
próprio Deus pode ter “igualdade com
Deus”. Mesmo enquanto estava na terra,
Jesus declarou igualdade com o Pai (João
5:17-23). Esta igualdade é em natureza,
não necessariamente no papel
desempenhado. Neste papel, Jesus tomou
uma posição subordinada (1 Coríntios
11:3). Em natureza, ele é igual ao Pai.
Teria
Jesus considerado esta igualdade com
Deus como algo a ser “agarrado”, ou
como algo a ser “segurado”? Ambos os
significados são possíveis com a
palavra grega (harpogmos). Qual
significado faz mais sentido no
contexto? “Como quer que tomemos isto,
ele mais uma vez ressalta a divindade
essencial de Jesus” (Barclay 36). Como
foi afirmado antes, não parece provável
pelo contexto que isto signifique que
Jesus gozou de igualdade com Deus mas
dispensou-a ao se tornar um homem.
Muitas outras passagens mostram que
Jesus foi muito mais do que um homem.
Parece mais provável que o significado
seja que Jesus não se agarrou à
igualdade com Deus através de algum
exercício de sua própria vontade,
separado do Pai. Diversos comentaristas
vêem nesta afirmação um paralelo com
o relato, em Gênesis, da queda de Adão
e Eva. Baseado na afirmação da
serpente, “serás igual a Deus”, o
pecado de Adão e Eva foi, em essência,
uma tentativa de agarrar a divindade.
Através do exercício de sua própria
vontade, separados de Deus, eles
tentaram se tornar seus próprios
deuses. Jesus não fez isto. Antes, ele
voluntariamente submeteu-se à vontade
do Pai, ainda que ele pudesse ter sido
tentado a fazer sua própria vontade
(cf. João 5:30; Mateus 26:39). Reymond
argumenta que esta afirmação deveria
ser interpretada contra o cenário de
sua tentação em Mateus 4 (262). Ele
escreve, “este ‘pensamento’ de
‘apreensão de igualdade’, isto é,
a tentação de não mais caminhar na
trilha do servo mas antes conseguir ‘o
senhorio’ sobre ‘todos os reinos
deste mundo’ (Mateus 4:8) por uma rota
(um ato ‘rebelde’ de exaltação’)
não mapeada para o servo no plano da
salvação. Cristo Jesus resistiu
firmemente” (263). Eu creio que este
é o ponto de vista correto porque se
ajusta melhor ao contexto anterior.
Cristo não fez nada por egoísmo ou vã
presunção mas, com humildade, estimou
os outros como melhores do que ele
mesmo. Nenhum ato mostrou esta atitude
mais do que sua disposição a morrer.
Ao
contrário de buscar igualdade com o Pai
através do exercício de sua própria
vontade, Jesus “esvaziou-se”. Isto
está no ponto crucial da discussão a
respeito da natureza de Jesus nesta
terra. Umas poucas observações podem
ser feitas sobre isto à luz dos comentários
anteriores e do contexto inteiro:
1. Qualquer posição que destrói
efetivamente a divindade de Jesus é
errada, porque ela contradiria não
somente a passagem, mas também um
grande número de outras passagens que
afirmam sua divindade. Este é o efeito
de uma posição que ensina que Jesus
deixou seus atributos e características
divinas. A natureza de uma coisa é os
atributos e características que
fazem-na o que ela é. Se Jesus não
tivesse a natureza de Deus, ele não
seria Deus (cf. Gálatas 4:8).
2. O texto não diz que Jesus se esvaziou
“de” alguma coisa. Acrescentando
“de” à frase, e então enumerando
tudo o que ele supostamente deixou para
vir à terra não é ser fiel ao texto.
Isto é ler no texto o que ele não diz.
Ele “esvaziou-se”. Ele não se
esvaziou “de” um punhado de coisas.
3. Insistir que “esvaziou-se” deverá
ser tomado literalmente para significar
que Jesus teve que despejar alguma coisa
fora de si antes que pudesse tomar
qualquer outra coisa é um abuso do
texto. Diz o texto: “ele esvaziou-se
tomando a forma de um servo cativo.”
Isto se explica por si mesmo. A aceitação
por ele da servidão foi um ato de
auto-esvaziamento.
4. Uma boa comparação pode ser feita com
Isaías 53, um texto que descreve o
servo sofredor. Note no versículo 12 a
frase: “Ele
se derramou na morte”. Não
tem isto uma tocante semelhança com “esvaziou-se”,
e “humilhou-se,
tornando-se obediente até a morte” (Filipenses
2:7-8)? Como o servo sofredor, ele
esvaziou-se, derramou-se até a morte.
5. Novamente, o próprio contexto de
Filipenses 2 mostra o que quer dizer com
a frase “esvaziou-se.” O ponto de
Paulo no texto é insistir com os irmãos
para que sejam de um só sentimento, que
sejam unidos e decididos por um único
propósito (vers. 2). Para cumprir isto
ele instrui: “Não
façam nada por egoísmo ou vã presunção,
mas com humildade de pensamento que cada
um considere o outro como mais
importante do que si mesmo; não olhe
meramente para seus próprios interesses
pessoais, mas também para os interesses
dos outros” (vers. 3-4).
Para atingir o ponto de desprendimento,
precisa-se olhar para Jesus. Por quê?
Porque ele é o exemplo perfeito destas
instruções. Ainda que ele mesmo seja
Deus, enquanto esteve na terra ele não
se agarrou a sua divindade tentando,
separado do Pai, exercer sua própria
vontade independente. Antes, ele
“esvaziou-se”, que é a frase
perfeita para descrever a atitude dos
versículos 3-4. Assim, o que significa
que Jesus “esvaziou-se”? Jesus
Cristo, em seu papel do servo, nada fez
por egoísmo ou vã pretensão, mas em
humildade de pensamento ele considerava
os outros como mais importantes do que
ele mesmo. Ele se interessava pelos
interesses pessoais dos outros. Como ele
fez isto? Em última instância,
morrendo na cruz. Assim, o ponto de
Paulo é que, como Jesus se esvaziou,
assim todos temos que nos esvaziar. É
simplesmente outro modo de dizer que
precisamos negar a nós mesmos (Lucas
9:23), pois isto é o que Jesus fez
quando cumpriu sua missão para o mundo
perdido. Ele se pôs de parte para que
tudo o que ele fez fosse desprendido.
Marcos diz isso deste modo: “Pois
o próprio Filho do homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos” (Marcos
10:45). Estas passagens dizem a mesma
coisa.
6. A idéia de que Jesus se esvaziou de
atributos e características é
completamente estranha ao argumento de
Paulo. Ele aponta Jesus como nosso
exemplo de auto-humilhação. Se Jesus
esvaziou de si uma quantidade de
atributos, então como podemos seguir
seu exemplo? Não podemos despir-nos de
nossa natureza humana. A linha de raciocínio
que Paulo usa para dizer que deveremos
ser altruístas se torna sem significado
através de uma tal interpretação.
7. Muito simplesmente, então, o texto nos
diz que deveremos esvaziar-nos.
Deveremos negar a nós mesmos, não
fazendo nada por egoísmo. Fazemos isto
tomando a atitude de Jesus, o supremo
exemplo de abnegação. Ele esvaziou-se.
Como um servo, ele se submeteu
completamente ao Pai e derramou-se na
morte. Depois disso, ele foi exaltado.
Se nós, também, nos humilharmos do
mesmo modo, Deus promete que seremos
exaltados (Tiago 4:10). Este é o ponto
de toda esta passagem.
O
texto ensina a divindade essencial de
Jesus Cristo. Ensina que Jesus nada fez
por egoísmo, e que ele é o exemplo
supremo de abnegação. Ensina, ainda,
uma Cristologia extremamente alta; não
ensina que ele jamais fosse menos do que
tinha sempre sido: Deus.
Outras
considerações
É
impossível sermos neutros sobre Jesus
Cristo. De fato, aceitamos ou não
aceitamos Jesus como o Filho de Deus. As
implicações da posição que tomamos
sobre Jesus alteram nossa vida. Se alguém
aceita Jesus como o Filho de Deus, então
precisa tomar a decisão de seguir ou não
Jesus. Se alguém não aceita Jesus como
o Filho de Deus, então a Bíblia é
relegada como mito e fábula. Em conseqüência,
esta pessoa não sentirá a necessidade
de submeter-se aos ensinamentos da Bíblia.
Nossa filosofia a respeito de Jesus
determinará o curso da vida.
Há
quem argumente que Jesus foi um bom
homem, porém não foi o Filho de Deus.
O problema com isto é que, se Jesus não
era o Filho de Deus, então ele era um
mentiroso. Se fosse um mentiroso, então
como pode alguém argumentar que ele era
um bom homem? Não se tem simplesmente a
opção de chamar Jesus um bom homem.
Teria de rejeitá-lo como uma fraude,
porém não se pode ser neutro sobre
ele. C. S. Lewis, um ex-agnóstico, expôs
este problema com as seguintes palavras:
“Estou
tentando aqui evitar que alguém diga a
coisa realmente tola que pessoas freqüentemente
dizem sobre ele: “Estou pronto a
aceitar Jesus como um grande mestre
moral, porém não aceito sua declaração
de ser Deus.” Esta é a coisa que
temos que não dizer. Um homem que era
meramente um homem e disse o tipo de
coisas que Jesus disse não seria um
grande mestre moral. Ele seria ou um lunático
– no nível do homem que se diz ser um
ovo frito – ou então seria o Diabo do
Inferno. Temos que fazer nossa escolha.
Ou este homem era, e é, o Filho de
Deus, ou então é um louco ou algo
pior. Podemos calá-lo como tolo,
podemos cuspir nele e matá-lo como a um
demônio; ou podemos cair-lhe aos pés e
chamá-lo Senhor e Deus. Mas não
venhamos com qualquer tolice como
‘panos quentes’ sobre ele ser um
grande mestre humano. Ele não deixou
isso aberto para nós. Ele não
pretendeu deixar” (55-56).
Há
quem objete contra o conceito que Jesus
não poderia ser tanto Deus como homem.
Qualquer atribuição de divindade a
Jesus jamais foi levianamente
considerada. Tem havido sempre tensões
teológicas sobre a natureza de Jesus. O
problema, eu creio, é que temos
dificuldade em conciliar o Cristo de
dupla natureza devido às nossas próprias
limitações. Eu serei o primeiro a
confessar que não entendo como isto
poderia acontecer de outro modo que não
por meio da aceitação do poder e
conhecimento de um Criador. Se
permitirmos que os documentos bíblicos
apóiem-se em suas próprias evidências,
eles parecem sólidos e bastante confiáveis.
O problema aparece quando nossa fé é
desafiada a aceitar algumas coisas que não
são normais, nem ocorrências de todo
dia nesta era científica moderna. Eu não
creio que se possa dizer honestamente
que é impossível para Deus vir na
carne. Tal afirmação é equivalente a
jactar-se de ter todo o conhecimento.
Como podemos saber que Deus não poderia
fazer isto a menos que, primeiro,
assumamos que Deus não existe e, em
segundo lugar, que Deus não pode
“interferir” com sua própria criação?
Obviamente, a fé desempenha um papel
maior neste assunto; mas esta não é
uma fé cega, como muitos alegam. Se
podemos aceitar Deus pelo número de
evidências que ele mesmo deixou, então
podemos aceitar o que Deus tem feito por
nós. Aceitação e pleno entendimento são
dois assuntos diferentes.
Alguns
que aceitam a existência de Deus negam
a divindade de Jesus baseados em que há
um único Deus. Eles rejeitam qualquer
conceito de uma “Trindade.” Eu creio
que nós todos temos um entendimento básico
da possibilidade de haver “uma” de
alguma coisa, e contudo essa alguma
coisa pode ter elementos plurais. Por
exemplo, uma equipe pode consistir de
cinco, nove, ou onze jogadores num campo
esportivo, dependendo do esporte. Um único
casamento consiste de duas pessoas, e
uma família pode ter muitos membros.
Biblicamente, o conceito é confirmado.
A Bíblia diz, a respeito do casamento,
que dois “se
tornarão uma só carne” (Gênesis
2:24). Dois se tornam um, contudo
permanecem personalidades distintas.
Ninguém argumentaria que eles formam
dois casamentos. Qualquer comparação
deste conceito com Deus é inadequada,
mas pelo menos a idéia é compreensível.
Há um Deus, um estado de divindade; mas
há três personalidades distintas às
quais a divindade é atribuída. Isto não
faz três deuses; antes, há um Deus
composto de três personalidades. Tire
qualquer personalidade do quadro e a
unidade de Deus é destruída.
Na
maioria dos casos, parece que a rejeição
de Jesus como o Filho de Deus é mais em
bases filosóficas do que em bases históricas.
É virtualmente impossível refutar a Bíblia
em bases históricas. Rejeitar sua
historicidade por causa de eventos ou
mensagens que ela contém em bases filosóficas
não é histórico. Francamente,
ultimamente não tenho visto uma rejeição
de Jesus em qualquer outra base.
Conclusão
O
propósito deste estudo tem sido mostrar
que a Bíblia, de fato, ensina que Jesus
é Deus. Isto tem sido demonstrado por
meio de numerosas passagens bíblicas. O
Velho Testamento apóia o ensinamento da
divindade de Jesus, e o Novo Testamento
irresistivelmente ensina que Jesus é
Deus. As Escrituras também confirmam
que o entendimento de si próprio por
Jesus é consistente com este
ensinamento. Ainda que ele não tenha
promovido sua própria identidade, ele
fez declarações que são equivalentes
a declarações de divindade. E, mais
ainda, suas obras demonstraram sua
identidade, e sua aceitação de adoração
mostrou seu próprio entendimento. Em última
análise, a ressurreição é a
testemunha mais significativa da
divindade de Jesus. Ela declara
poderosamente que Jesus é o Filho de
Deus (Romanos 1:4).
O
resto do Novo Testamento retrata Jesus
como divino. Ainda que a Bíblia ensine
que Jesus era um ser humano, ela ensina
que ele era muito mais do que isso. Ela
atribui a ele a natureza essencial e caráter
de divindade. Ela não ensina que ele
deixou sua divindade quando veio à
terra. Antes, ela ensina que Jesus tomou
a natureza essencial de servidão; seu
maior ato de serviço foi a dádiva de
sua vida.
A
questão sobre a identidade de Jesus não
terminará tão cedo. Questões recentes
sobre Jesus têm renovado muito da
discussão. Seja qual for a posição
com que se termine, ela será aceita
através de algum processo de “fé”.
Isto é inevitável. A questão
permanece, contudo, sobre qual “é”
a mais razoável. Baseado em considerações
bíblicas, históricas e outras, eu
escolhi crer que Jesus foi, e ainda é,
Deus. Ele nunca pode ser menos do que
isso.
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