Qualquer
estudo detalhado da vida de Jesus envolve comparações dos quatro
relatos do evangelho. Às vezes, estas comparações levantam questões
sobre diferenças nos relatos. Consideremos um exemplo. Os quatro
evangelhos afirmam que dois ladrões foram crucificados com Jesus. Mateus
e Marcos dizem que os dois participaram das blasfêmias contra Jesus
(Mateus 27:44; Marcos 15:32). Lucas, porém, diz:
“Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és
tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe,
porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus,
estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque
recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso” (Lucas 23:39-43).
Só
Lucas fala da discordância entre os dois ladrões e da salvação de um
deles. Esta diferença é prova de contradição entre os relatos? Mostra
que a Bíblia não seja confiável?
Uma
contradição aparece quando um relato nega outro, sem a possibilidade de
conciliar os registros num relato coerente. Se Mateus ou Marcos tivesse
negado a salvação de um dos ladrões, seria uma contradição, porque
Lucas relata a promessa de Jesus a um dos dois.
Mas
neste caso, há pelo menos uma explicação plausível que junta os
relatos: Jesus foi crucificado entre dois ladrões. Inicialmente, os dois
participaram da zombaria. Mas durante seis horas na cruz, um deles
repreendeu o outro, como Lucas relata, e Jesus lhe prometeu um lugar no
paraíso.
Devemos
seguir o mesmo procedimento quando enfrentamos outras diferenças,
devemos procurar uma explicação que admite todos os fatos relatados.
Jesus curou dois endemoninhados (Mateus 8:28-34), mas Marcos e Lucas não
erraram quando falaram da cura de um, especificamente daquele que saiu
pregando o evangelho (Marcos 5:1-20; Lucas 8:26-39). Marcos (10:9-12) e
Lucas (16:18) relatam o ensinamento geral de Jesus sobre o divórcio e
casamento, mas não negam a exceção que Jesus citou em casos de relações
sexuais ilícitas (Mateus 19:9).
Um relato pode complementar outro sem contradição, e a Bíblia continua confiável.
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