“A gente precisa separar a religião das decisões políticas”, pede dirigente da OMS
Reportagens da Folha de São Paulo e da revista Época mostraram esta semana como o número de abortos no Brasil está aumentando drasticamente por temores de microcefalia.
O vírus zika tem uma relação ainda não comprovada com a microcefalia.
Mesmo assim, a médica obstetra brasileira Suzanne Serruya – chefe da
área que estuda o assunto dentro da Organização Mundial da Saúde (OMS) –
defende o “aborto preventivo”.
Ela afirma que deseja fomentar, entre governos e órgãos
multinacionais, as pesquisas e políticas públicas adequadas no combate
ao zika.
Ela não mede palavras: “Os casos de zika vão pressionar o debate
sobre os direitos reprodutivos. A interrupção da gravidez, em qualquer
situação, é uma decisão da mulher… Enfrentar a discussão do aborto é
inevitável, com tudo que ela traz. A gente precisa separar a religião
das decisões políticas. Estados não laicos são extremamente
desfavoráveis à mulher. A interrupção da gestação é uma questão de saúde
pública, envolve morte materna”.
A reportagem da Folha mostra que o temor que a criança desenvolva uma
má-formação está influenciando decisivamente mães a realizarem aborto.
Ainda que não tenham certeza que os filhos nasceriam com microcefalia.
Mesmo com venda proibida no país, o misoprostol (Citotec) tem sido
aplicado pelos médicos.
O infectologista Artur Timerman, de São Paulo, afirma que o simples
risco de o bebê desenvolver microcefalia está levando as mães pela
decisão de abortar. O mesmo é dito pela ginecologista Ana (que prefere
não dar o sobrenome), do Nordeste do país e o infectologista Roberto
Badaró, da Bahia.
Esses numerosos “abortos preventivos” ocorrem pelo medo das possíveis
consequências do zika ao feto, que incluem “repercussões neurológicas,
cegueira, surdez, sem perspectiva de cura ou melhora”, explica o
obstetra Thomas Gollop, professor da USP.
A lei no Brasil permite o aborto apenas em casos de estupro, risco de vida da mãe e quando o feto é anencéfalo.
Por isso, Paulo Leão, procurador do Estado no Rio e membro do movimento
Brasil sem Aborto, afirma que realizar esses abortos por temos de
microcefalia ou outra má-formação é “eugenia” (seleção da espécie).
Atualmente, os casos de microcefalia que supostamente estão
associados ao vírus da zika chegam a 3.448. Aproveitando o temor de uma
epidemia, um grupo de advogados, acadêmicos e ativistas vai procurar o
Supremo Tribunal Federal, pedindo o direito ao aborto quando há
má-formação.
Eles acreditam que têm chance, pois é o mesmo grupo que entrou com a
ação pedindo permissão para interrupção da gravidez de anencéfalos,
acatada pelo STF em 2012.
Um dos pontos contras desse pedido é que o diagnóstico da
microcefalia é tardio, diferentemente do da anencefalia, feito a partir
da 12ª semana de gestação. Em geral, os casos de microcefalia associados
ao zika foram constatados na 28ª semana de gravidez, com desvio padrão
de cinco semanas (para mais ou menos). Ou seja, os bebês já estão
totalmente formados.
Pelo que se desenha e pela ineficácia do governo de Dilma, que não apresentou soluções, chegando a declarar que havia “pedido a batalha para o mosquito”,
parece inevitável uma explosão no número de abortos no país. Ou pior,
usando as epidemias atuais, os abortistas conseguirão regulamentar o
aborto no país, a revelia da constituição.
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