Deus tem feito muitas promessas aos
seus seguidores. Algumas pessoas interpretam tais promessas como se dessem
direito de exigir que ele faça o que tem prometido. Podem exigir que ele
escreva no Livro da Vida os nomes de pessoas que se mostram dispostas a servir a
Cristo. Podem demandar curas, ou bênçãos, ou libertação de algum vício. A
pergunta atrás de todas essas práticas é simples: temos direito de mandar em
Deus?
Quem manda exerce autoridade.
Autoridade é inerente na definição de "mandar". O maior pode mandar
naquele que está subordinado a ele. Reis ou outros em autoridade podem mandar
em seus súditos (Êxodo 7:11; Marcos 6:27). Assim, Deus manda nos homens. "Pelo
que guardareis os meus mandamentos e os cumprireis. Eu sou o Senhor"
(Levítico 22:31). Jesus aplicou o mesmo princípio à sua própria autoridade
quando perguntou: "Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o
que vos mando?" (Lucas 6:46).
Mas, alguém pode replicar:
"Deus fez promessas que se tornam direitos. Podemos exigir os nossos
direitos e mandar que ele nos dê o que garantiu." Tal lógica reflete uma
atitude de alguém que demanda poder político, e não de um servo humilde do
Senhor. Esse modo de pensar introduz a idéia de direitos legais num contexto de
graça. Falar de direitos sugere que merecemos alguma bênção. Mas, todas as
boas coisas que recebemos –quer sejam bênçãos materiais, quer sejam
bênçãos espirituais– vêm pela graça de Deus (Tiago 1:17; Efésios
2:8-9). Deus nos prometeu a salvação por sua misericórdia. Se quisermos falar
de direitos, teremos que encarar um fato desagradável: merecemos a
condenação por causa dos nossos próprios pecados (Romanos 3:10,23; 6:23).
Mesmo se fizer tudo que ele exige de nós, somos servos inúteis (Lucas
17:9-10). O conceito de direitos, exigências e demandas não faz parte da
mentalidade dos verdadeiros servos do Senhor.
Encontramos um exemplo muito rico no
livro de Daniel. Este profeta fiel estava estudando o livro de Jeremias e
percebeu que a promessa feita nele estava para se cumprir. Jeremias tinha falado
de 70 anos de sujeição aos babilônicos, e este prazo já estava vencendo.
Mesmo assim, Daniel não mandou no Senhor. Daniel 9 apresenta a oração dele,
na qual ele buscou ao Senhor "com oração e súplicas, com jejum,
pano de saco e cinza" (9:3). Ele mostrou seu entendimento da
diferença entre exigências de justiça e súplicas baseadas em graça: "...porque
não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas
justiças, mas em tuas muitas misericórdias" (9:18).
Façamos as nossas petições ao
Senhor, com a atitude de servos humildes.
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