Durante
os primeiros dias da igreja, muitos falsos mestres andavam negando a
humanidade de Cristo. Mesmo entre os irmãos de Corinto, alguns não
acreditavam na ressurreição dos mortos e portanto anulavam a
ressurreição de Cristo (1 Coríntios 15).
A
igreja do Novo Testamento tinha problemas, como é evidente pelos
escritos dos apóstolos. As epístolas de João descrevem os desafios
enfrentados pelos filhos de Deus. A segunda e a terceira epístolas de
João lidam especialmente com os falsos mestres e homens tais como
Diótrefes.
Através do Espírito Santo, João dá orientação e exortação concernentes àqueles enganadores. 2 João 7-11 diz: "Porque
muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam
Jesus Cristo vindo em carne: assim é o enganador e o anticristo.
Acautelai-vos para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço,
mas para receberdes completo galardão.Todo aquele que ultrapassa a
doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus; o que permanece
na doutrina, esse tem assim o Pai, como o Filho. Se alguém vem ter
convosco e não trás esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis
as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice
das suas obras más."
João exorta "a senhora eleita e seus filhos"
(2 João 1) a não confraternizarem com essas pessoas e a não darem
nenhum crédito à falsa doutrina delas. Ele busca ajudá-los a manter sua
fé em face da oposição, como o escritor de Hebreus exorta em Hebreus
10:35: "Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão."
A
natureza dos enganadores é que eles querem "ir além" ou "avançar" a
doutrina de Cristo. Para ser um discípulo de Cristo, é preciso
"permanecer" ou "continuar" no ensinamento do Pai. Aqueles que são
falsos mestres não continuarão nos ensinamentos do Pai mas farão para si
mesmos sua própria lei. Jesus fez menção a isto em Marcos 7:7: "E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens."
João
escreve para advertir estes santos, dizendo para serem cuidadosos na
associação e camaradagem oferecidas àqueles que não querem permanecer na
doutrina de Cristo. Ele ainda os instrui: se alguém vem a eles e se
recusa a seguir a doutrina de Cristo, que este falso mestre não seja
recebido. Nem devem oferecer as boas-vindas com as saudações normalmente
estendidas de uns aos outros.
A mesma instrução é dada por Paulo em Romanos 16:17-18: "Rogo-vos,
irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em
desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque
esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio
ventre e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos
incautos."
Sabendo que "muitos enganadores têm saído pelo mundo fora" (2 João 7), e que os santos precisam "não dar crédito a qualquer espírito; antes provar os espíritos se procedem de Deus"
(1 João 4:1), era preciso tomar cuidado com a sua recepção a esses
falsos mestres. Quando João os adverte a não permiti-los em suas casas,
ele está orientando-os a não permitir uma associação com eles que possa
enfraquecer sua fé e decisão.
Para
entender o versículo 10, precisamos compreender a idéia de receber
alguém em casa e lhe dar boas-vindas. O Salmista descreve a essência
deste assunto de saudação no Salmo 129:8: "E também os que passam não dizem: A bênção do SENHOR seja convosco! Nós vos abençoamos em nome do SENHOR!"
João
instrui os santos a não dar tais bênçãos àqueles que não querem
permanecer na doutrina de Cristo. Recebê-los em seus lares é uma relação
de permanência com eles. Este versículo tem sido usado por alguns para
ensinar que, se alguém bate à porta desejando ensinar alguma doutrina
falsa, é errado aceitá-lo "dentro de casa" para conversar com ele. Este
não é o significado da mensagem de João.
Não
há nada de errado em permitir que uma pessoa entre em casa para
discutir a Bíblia. João (através do Espírito Santo) proibia não o ato
específico de conversar com alguém sobre a Bíblia em nossas casas, mas
sim a nossa participação com tal falso mestre, apoiando a sua divulgação
de falsas doutrinas.
Ele
explica no versículo 11 que se tolerarmos, pela nossa amizade, os
enganadores e lhes dermos estes tipos de saudações, acabaremos
partilhando de suas más obras. Por quê? Porque não mostramos a convicção
de ficar do lado de Cristo e de defender a verdade.
Se
um Mórmon viesse à minha casa e quisesse falar comigo sobre a Bíblia (e
só a Bíblia), eu o deixaria entrar para abrirmos a Bíblia e
conversarmos sobre seu falso ensinamento. Isto não contradiria a
Escritura enquanto eu procuro defender a verdade diante dele.
Abrir
a porta para uma pessoa para estudar com ela não é a razão pela qual
João escreveu as instruções aos santos de 2 João. Se isto fosse
verdadeiro, proibiria qualquer pessoa de conversar com quem quer que
fosse que não cresse na verdade, em sua própria casa. Este versículo tem
sido usado incorretamente para definir um padrão desconhecido no Novo
Testamento. Ele tem sido aplicado a um costume moderno de grupos
religiosos que vão de porta em porta mascateando suas falsas doutrinas.
Contudo, João (como Paulo) adverte que permanecer com estes enganadores
pode levar a perder "aquilo que temos realizado com esforço..." (2 João 8).
Recebê-lo em sua casa
demonstra uma disposição de associar-se com desejo de ser companheiro
dele e de compartilhar sua falsa doutrina; isto Deus proíbe, para que
não aprovemos o que falsos mestres ensinam.
Uma
advertência precisa ser feita a quem esteja despreparado para falar com
aqueles que batem à sua porta para discutir a Bíblia. Seria melhor
pedir-lhes que voltem outra vez e convidar um cristão forte para
ajudá-lo a falar com eles sobre a verdade.
Não
podemos aceitar e manter comunhão com aqueles que ultrapassam a
doutrina de Cristo, deixando que alguns suponham que todos são filhos de
Deus em Cristo. Não posso tratar como cristã uma pessoa que não é
cristã, nem posso tolerar a falsa doutrina dela. Seja em nossa sala de
estar, escritório, portão, quintal, ou qualquer outro lugar, deveríamos
estar sempre prontos para dar uma defesa a todos que pedem a respeito de
nossa esperança e nossa confiança em Jesus Cristo (1 Pedro 3:15).
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