domingo, 2 de junho de 2019

Pérolas aos Porcos - A Valorização da Mensagem de Cristo




Por Leonardo Pereira



Introdução

"Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas" (Mt 7.6). Nenhum grupo específico de homens está sendo visado. "Cães" e "porcos" não se referem aos gentios ou a certa classe de pecadores extraordinariamente repreensível. Eles são simplesmente figuras nas proverbiais afirmações, nos moldes de 2 Pedro 2.22. Ambos os provérbios ilustram a futilidade de tentar oferecer algo de grande valor a alguém incapaz de apreciá-lo. O que é santo refere-se aos sacrifícios do Velho Testamento, que só os sacerdotes podiam comer (cf. Êx 29.23; Lv 2.3). O significado especial deste alimento sagrado seria totalmente perdido num cão vadio (não os cães de estimação de Mateus 15.26,27), que simplesmente o engoliriam sem saboreá-lo mais do que se fosse um pedaço de lixo podre. De maneira similar, não adianta tentar ensinar aos suínos o valor especial das pérolas, que qualquer porco que se preze alegremente pisotearia, para correr a comer a mais repulsiva lavagem. Nenhuma gratidão por tal generosidade deveria ser esperada dessas partes. Sua resposta pode ser mais do que indiferente; pode ser violenta.

A Advertência de Cristo

É muito mais provável que Jesus esteja advertindo seus seguidores a não forçarem o evangelho nos ouvidos desinteressados e indiferentes. Suas palavras não pretendem ser desdenhosas ou depreciativas e não se aplicam aos descrentes como uma classe, mas àqueles cujo espírito torna-os incapazes de entender o evangelho (Rm 8.7; 1 Co 2.14). Mais tarde, ele dá quase o mesmo conselho aos Doze, instando com eles para que preguem aos "dignos" mas para que não percam o seu tempo com aqueles que não os ouvirão (Mt 10.11-14). Triste como é, há algumas pessoas que, não importa quão pacientemente ensinadas, simplesmente não têm "ouvidos para ouvir" (11.15; 13.13,14). Há uma importante lição para aprendermos em tudo isto. Podemos ter um especial desejo de ensinar e converter a Cristo uma certa pessoa ou grupo de pessoas. Pode ser um ente querido ou um amigo especial, ou mesmo uma classe especial ou nação de pessoas. Não há nada de errado em tal profundo desejo pela salvação de outros, mas não deve cegar-nos quanto ao seu desinteresse e indiferença e o desperdício de esforço que poderia ser melhor empregado em corações mais receptivos. 

Investindo tempo nos que buscam algo

A paciência é boa, mas não devemos continuar sempre a tentar tirar água de um poço evidentemente seco. Outros corações estão almejando ouvir. Estes são aqueles que necessitamos estar à procura. É uma coisa de partir o coração ser diariamente testemunha do estado perdido de seus próprios filhos, pais, esposa, esposo, amigos. Que vamos fazer quando aqueles que amamos são tão desinteressados? O Senhor está nos dizendo, "Saia e ensine os filhos de alguma outra pessoa, a mãe e o pai de alguma outra pessoa". Paulo tinha esta dura experiência. Ele amava sua nação com paixão absoluta (Rm 9.1-3), mas ela não tinha "ouvidos para ouvir". Que teve ele que fazer? Ainda orando por seus perdidos irmãos na carne (Rm 10.1), ele se voltou para investir suas energias naqueles cujos corações eram mais receptivos, os gentios (At 13.46-48; 18.6). 

Aqueles que não Ouvem

Eles não eram "seu tipo de pessoas". Eles eram moralmente corruptos, degradados, idólatras; mas eles estavam querendo ouvir e aprender. Quando aqueles em nossa própria comunidade, nosso próprio povo, não respondem positivamente ao evangelho, precisamos procurar outras comunidades, outro povo, e pregar a eles. O evangelho e o tempo são muito preciosos para serem desperdiçados com aqueles que não se importam. O mesmo podia ser dito de pregadores que trabalham ano após ano com igrejas que não mostram nenhum interesse em crescer em Cristo ou cumprir sua grande obra. Estes pregadores precisam deixar estas rotinas sem esperança e juntar seu trabalho com discípulos que, ainda que atrasados agora, estão abertos e querendo aprender e crescer.


Referências

Anderson Ribeiro. O Sermão da Montanha. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

César Moisés Carvalho. O Sermão do Monte. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

D.A. Carson. O Sermão do Monte. São Paulo: Editora Vida, 2019.

Ygor Campos. Panorama Bíblico Volume 5 - Os Evangelhos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2016.

D. M. Lloyd Jones. Estudos no Sermão do Monte - 2 ª Edição. São Paulo: Editora Fiel, 2015.

John Wesley. O Sermão do Monte. São Paulo: Editora Vida, 2012.

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