Comentarista: Emanuel Barros
Texto Bíblico Base Semanal: Gálatas 3.1-12
1. Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós?
2. Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
3. Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?
4. Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.
5. Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, o faz pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?
6. Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
7. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
8. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.
9. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.
10. Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.
11. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
12. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá.
Momento Interação
Podemos inferir qual é a grande importância da lei e dos mandamentos de Deus para nós, através das inúmeras passagens bíblicas que a eles se referem (mais de 650 citações diretas das palavras, sem contar os mandamentos e estatutos propriamente ditos, especialmente na Lei de Moisés). É importante lembrar que desde a criação do primeiro casal, Deus lhes deu mandamentos específicos mesmo quando se encontravam em estado de inocência e sem pecado no Jardim do Éden. De maneira que ainda que não sejamos salvos pelas obras da lei, todavia não estamos sem lei em Cristo. Ao contrário, pela fé nele confirmamos que a lei é espiritual, santa, perfeita, justa e boa, refletindo o caráter do grande Legislador.
Introdução
Não existe uma “equação” que possa explicar a complexa relação entre a lei e a graça. Ao tentarmos estabelecer algum mecanismo de explicação e controle, sempre nos faltam as certezas e sobram os mistérios. Seria porque a graça sempre nos surpreende? É provável. Talvez a única afirmação que possamos fazer com alguma segurança é que nós, seres humanos, temos uma certa tendência a sermos mais legalistas do que graciosos. Jesus nos revela sua autoridade exclusiva e sua plena justiça ao ter que arbitrar o caso de uma mulher pega em adultério. A lei já previa uma punição capital, mas a presença ali da graça em forma de gente mudaria para sempre a história daquela mulher e a nossa. Jesus não se torna refém da “armadilha” dos líderes religiosos, mostrando uma vez mais que a lei foi feita para o ser humano, e não o ser humano para a lei. O que podemos aprender com o Mestre a partir deste relato? Será que existe um caminho possível onde a lei e a graça estejam reconciliadas, e agindo conjuntamente para a transformação e libertação do ser humano? Poderia a lei nos conduzir em direção à graça salvadora de Cristo, e esta por sua vez nos conduzir à lei santificadora de Cristo?
I. O que é a Lei?
Quando se fala da “Lei” é bom especificar a qual refere pois pela Bíblia, existe várias leis e significados da palavra “lei”. A lei pode ser a ordem de eventos estabelecida (lei da luz, som e da relação entre os elementos químicos). Neste caso as leis podem ser interpretadas simplesmente como fatos. A lei pode ser também a força que causa a ordem de eventos (lei da gravidade, de calor, da eletricidade, do pecado, etc.). A lei pode referir-se também àquela que obriga a consciência à moralidade. Por existir uma norma há obrigação de conformidade à ela (à lei moral que não é escrita ou à qualquer lei que é escrita enquanto tem uma operação legítima). Qualquer que seja a lei, a existência de uma lei implica a existência de alguém que deu a lei; ou seja, uma inteligência que age voluntariamente para realizar um propósito. A perfeição das leis naturais que existem (tanto a ordem quanto a força que impulsiona a ordem e aquela que obriga a consciência à moralidade) revela a natureza perfeita desta inteligência (Rm 7.12; 1 Pe 1.15,16). Pelo fato de um que pode promulgar uma lei é entendida a autoridade tanto para requerer a obediência ou para castigar qualquer desobediência.
Qual é princípio básico da lei de Deus? A Bíblia diz em Romanos 13:10: “O que ama ao seu próximo não lhe faz nenhum mal. Pois o amor é o cumprimento total da lei.” A lei de Deus resume-se em amor. A Bíblia diz em Mateus 22:37-40: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. Jesus Cristo ajuda-nos a clarificar a nossa relação com a lei de Deus. A Bíblia Sagrada diz em Mateus 5:17-18: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.”
II. A Lei e o Cristão
Nenhuma das leis do Velho Testamento se aplica a nós nos dias de hoje. Quando Jesus morreu na cruz, Ele aboliu a lei do Velho Testamento (Rm 10.4; Gl 3.23-25; Ef 2.15). Em substituição à lei do Velho Testamento, nós estamos sob a lei de Cristo (Gl 6.2), que é: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas” (Mt 22.37-40). Se fizermos estas duas coisas, estaremos cumprindo tudo o que Cristo quer que façamos, “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados” (I Jo 5.3). Tecnicamente, nem os Dez Mandamentos são aplicáveis aos cristãos. Entretanto, 9 dos Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento (todos, exceto o mandamento para que se guarde o Sábado). Obviamente, se nós amamos a Deus, não estaremos adorando a outros deuses ou ídolos. Se amamos aos que nos cercam, não os mataremos, não mentiremos para eles, não cometeremos adultério contra eles ou cobiçaremos o que a eles pertence. Portanto, não estamos sob nenhuma das exigências da lei do Velho Testamento. Nós devemos sim amar a Deus e a nosso próximo. Se com fé cumprirmos estes dois preceitos, todo o restante se ajustará.
III. A Lei é um "guia" que nos conduz para Cristo
Em Gálatas, Paulo mostra que as pessoas que estavam sujeitas à lei de Moisés no passado não permanecem subordinadas a este "aio". Ele afirma que a lei cumpriu sua função temporária. Por isso, ela não tem o mesmo domínio depois da chegada da fé em Cristo. Ele disse: "Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio" (Gl 3.23-25). O aio representa a lei revelada através de Moisés (os Dez Mandamentos e diversas outras regras dadas aos judeus). A fé representa o evangelho de Jesus Cristo. As boas novas de salvação em Cristo já foram reveladas, e ninguém precisa guardar as leis do Velho Testamento.
No primeiro século, houve muitos problemas entre cristãos porque alguns não entenderam este fato. Continuaram guardando a lei de Moisés, insistindo, por exemplo, que a circuncisão era necessária para ter comunhão com Deus. Paulo procurou corrigir este erro. Hoje, há muitas igrejas cometendo o mesmo erro. Algumas ensinam que a lei do sábado ainda está em vigor, e guardam regras sobre alimentos. Outras voltam ao Antigo Testamento para defender o dízimo, o sacerdócio, ou alguma outra prática que fazia parte do "aio". É um grave erro com terríveis conseqüências: "De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes" (Gl 5.4). Vamos permanecer na liberdade que há em Cristo (Gl 5.1).
Conclusão
Aprendemos que, durante todo o tempo em que o Velho Testamento esteve em vigor, Deus tinha planos para substituí-lo, finalmente. Será o Novo Testamento, do mesmo modo, substituído por outro sistema de mandamentos para os homens, na terra? Deus não removeu a velha lei para que pudéssemos ficar sem lei, mas para que pudéssemos servi-lo nas condições do Novo Testamento. Há mandamentos para obedecermos, mas estes são os mandamentos do Novo Testamento e não aqueles do Velho Testamento.
⦁ 2 Coríntios 3.6-11 - A primeira aliança desapareceu para que pudesse ser trocada por aquela que
permanece (não desvanece).
⦁ Hebreus 12.27,28 (veja v. 18-29) - A lei dada no Sinai foi abalada (removida) para que ela pudesse ser substituída por outra (o Novo Testamento) que jamais será abalada, mas permanecerá. A razão pela qual o Velho Testamento teve que ser substituído foi que ele tinha sacrifícios que não podiam retirar a culpa permanentemente. Estes sacrifícios foram oferecidos por sacerdotes que, eles próprios, eram pecadores. O Novo Testamento tem o sacrifício de Jesus, que pode tirar todos os pecados, de modo que não sejam mais lembrados. Este sacrifício foi oferecido pelo Sumo Sacerdote, eterno e sem pecado, o próprio Jesus Cristo (Hb 10.1-18; 7.11-28; 8.6-9; 9.11-28; Rm 1.16; Mc 16.15,16).
⦁ Judas 3 - A fé do evangelho foi entregue aos santos uma vez por todas. "Uma vez" é a mesma palavra usada para a morte de Jesus Cristo, em contraste com o sacrifício de animais (Hb 10.10-14; 7.27; 9:12,25-28). Os animais tinham de ser oferecidos repetidamente, porque eles não tiravam a culpa permanentemente. Jesus ofereceu o sacrifício perfeito, que não precisa ser substituído por qualquer outra coisa. Do mesmo modo, o evangelho é dado aos homens "uma vez". É a última palavra de Deus ao homem. Ele é tão perfeito que jamais será mudado ou substituído por Deus, enquanto o mundo existir (Tg 1.25; 1 Co 13.8-13).
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