terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Pensamentos de alguns cristãos sobre a Teologia



Na época da Reforma Protestante com Martinho Lutero em 1517, surgiu um grupo denominado Anabatista. Esse grupo, considerado por muitos historiadores como radical, tinha um pensamento diferente dos reformadores sobre o “estudo das Escrituras”. Muitos deles acreditavam que não era necessário o estudo das Escrituras, “porque a letra mata”. Por conta disso, vários rasgaram a Bíblia sobre esse pretexto.

Hoje, muitos possuem o mesmo pensamento sobre a Bíblia ou um curso teológico. “Não se pode estudar demais, a letra mata”. Primeiro, devemos entender que todo texto não pode ser entendido fora do seu contexto. Quando Paulo fala sobre a “letra mata, mas o espírito vivifica”, o mesmo se refere a lei e a graça, ele não está condenando o estudo da palavra de Deus. Porque se o apóstolo estivesse fazendo isso, estaria se contradizendo, pois ele disse a Timóteo, seu filho na fé: “Aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (1Tm 4.13). Segundo, “teologia não esfria o crente, mas apaga o fogo estranho”. A teologia é um auxílio para que possamos ter um entendimento mais amplo das Sagradas Escrituras. Ela é um dos meios pelos quais a analisamos e a compreendemos. A questão está na forma como fazemos uso da teologia. Se é para a glória de Deus ou para inflar nosso ego. Portanto, como disse o puritano William Ames: “Teologia é a doutrina ou o ensino de viver para Deus”.

Além do mais, sempre foi o desejo de Deus que o seu povo aprendesse da sua palavra. O profeta Oseias usado por Deus disse: “O meu povo está sendo destruído, pois lhe falta o conhecimento” (Os 4.6). Isaías declarou: “O boi conhece o seu dono, e o jumento, o lugar onde lhe dão comida, mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1.3). Neemias e Esdras começaram um avivamento por meio da palavra, toda a nação foi restaurada pela exposição das Escrituras (Ne 8.1-18). O rei Josias promoveu um grande avivamento, quando o livro da Lei foi encontrando na casa do Senhor, tirando todos os ídolos e promovendo várias reformas no reino de Judá (2Rs 22.8-20). Outro rei que realizou um grande avivamento, foi Josafá. Esse homem dedicou-se buscar a Deus, escolheu certos Levitas e Sacerdotes para percorrer todas as cidades de Judá, ensinando o povo a Lei do Senhor. Por esse ato de Josafá, “o terror do Senhor veio sobre todos os reinos das terras que estavam ao redor de Judá, de maneira que não fizeram guerra contra Josafá” (2Cr 17.1-19). É evidente que o estudo da palavra sempre trouxe avivamento para o povo de Deus.

Por fim, a reforma aconteceu através do estudo da palavra de Deus, considerado um dos maiores avivamento da história da igreja. Martinho Lutero lendo o texto de Romanos 1.17: “O justo viverá pela fé”. Descobriu que não precisava de indulgências para alcançar a salvação, mas o homem é justificado simplesmente pela fé e não pelas obras. Com suas 95 teses colocadas no Castelo de Wittenberg, que causou impacto em toda a Europa, a igreja se libertou de várias heresias ministrada pelo catolicismo – retornando aos princípios fundamentas da fé cristã. Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, colocou-a nas mãos do povo, porque na época somente os padres tinham acesso a ela. O povo foi lendo a Bíblia, vendo os erros do catolicismo e se libertando dele. Um dos pontos principais defendido pelos reformadores foi a sola scriptura (somente as escrituras). A Escritura era o centro e não a tradição mais o Papa. Assim, a reforma aconteceu sobre o estudo sério das Escrituras. Homens como Martinho Lutero, João Calvino, Zuínglio, John Knox e outros, tiveram uma boa formação teológica, e Deus os usou grandemente para abençoar a sua igreja.

Portanto, usar como pretexto de que a “a letra mata” para não estudar a Bíblia ou fazer um curso teológico, é conversa de crente preguiçoso. Porque jamais a teologia esfriará o cristão, mas sempre contribuirá para o crescimento espiritual. A vontade de Deus para as nossas vidas é que cresçamos na graça e no conhecimento. Sempre equilibrando o conhecimento com uma vida oração.


Sidney Muniz  

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