sexta-feira, 13 de março de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 2 - Dons de Revelação




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal:  1 Coríntios 12.8,10; Daniel 2.19-22.

1 Coríntios 12

8. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
10. e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

Daniel 2

19. Então foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do céu.
20. Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força;
21. ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes.
22. Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas; e com ele mora a luz.

Momento Interação

Neste estudo falaremos a respeito dos dons de revelação. Estes dons são concedidos à Igreja a fim de que ela seja edificada. Estamos vivendo "tempos trabalhosos", necessitamos da sabedoria que vem do alto, do poder de Deus. Sigamos o exemplo de Paulo, pois sua oração em favor dos crentes de Éfeso era: “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação" (Ef 1.17). Deus deseja nos outorgar os dons de revelação, a fim de que sejamos edificados e jamais venhamos a cair nas astutas ciladas do Maligno. Os dons de revelação divina são indispensáveis à igreja da atualidade, pois vivemos em um tempo marcado pelo engano.

Introdução

Os dons de revelação constituem parte da revelação de Deus, concedida ao homem salvo, para que, por eles, a “multiforme sabedoria” divina seja manifestada no meio da Igreja, e os crentes em Jesus sejam protegidos das sutilezas do Adversário e das maquinações humanas contra a fé cristã. Precisamos, de maneira indispensável, dos dons espirituais, tanto para cumprirmos a missão confiada por Cristo, quanto para lutar e vencer “as hostes espirituais do mal nos lugares celestiais” (Ef 6.12). Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão. Ef 6.12 (NTLH). Sem os dons, a igreja local não passa de uma comunidade humana, uma associação religiosa, com um “vale de ossos”. Transformados em corpos com tecidos humanos, mas sem vida. Tem estruturas humanas, ministeriais, denominacionais, intelectuais, políticas e administrativas, mas não com o poder de Deus em sua vida institucional. Os dons espirituais propiciam a provisão divina para a igreja cumprir a sua missão , concedida por Cristo, de proclamar o evangelho por todo o mundo e a toda criatura.

I. A Palavra da Ciência 

É manifestação da ciência ou do conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo. Pode ser dado por sonho, por visão, por revelação especial, por voz de Deus na mente, operando na esfera humana, no seio da igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por Deus. Paulo fala de “todos os mistérios e toda a ciência” (1 Co 13.2). Mas tudo isso só têm valor se for sob a graça do amor de Deus. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada. (1Co 13.2 - NTLH). Através desse dom, o crente penetra nas profundezas do conhecimento de Deus (Ef 1.17). A Palavra de Deus mostra exemplos desse dom. 

Quando Jesus pregava para a mulher samaritana, soube detalhes da vida dela, que o conhecimento humano não teria condições de alcançar naquela circunstância de um encontro inesperado. A palavra da ciência não é adivinhação nem expressão de tentativa de erro e acerto. É dada pelo Espírito Santo E peço ao Deus do nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai glorioso, que dê a vocês o seu Espírito, o Espírito que os tornará sábios e revelará Deus a vocês, para que assim vocês o conheçam como devem conhecer. Ef 1.17 (NTLH). O dom da palavra da ciência não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc. Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.

Esse dom revela coisas que não são percebidas pela visão natural. É uma revelação sobrenatural do Espírito Santo ao ser humano de fatos e informações que seriam impossíveis de serem conhecidos se não fossem liberados da mente de Deus e pode envolver pessoas, lugares e objetos. É uma palavra de conhecimento do presente ou de alguma coisa do passado que Deus quer revelar, para que seu nome seja engrandecido e glorificado. Ao profeta Eliseu foram revelados os planos de guerra do rei da Síria. Quando o rei sírio pensou em atacar o exército de Israel, surpreendendo- o em determinado lugar, o profeta alertou o rei de Israel sobre os planos inimigos (2Rs 6.8-12). Outro exemplo foi a revelação de Daniel acerca do sonho de Nabucodonosor, quando Deus descortinou a história dos grandes impérios mundiais ao profeta (Dn 2.2,3; 17-19).

II. A Palavra da Sabedoria

Sabedoria é a “capacidade de tomar decisões corretas”. Este mesmo pastor transcreveu o que diz a respeito a Bíblia de Aplicação Pessoal, que ora transcrevemos: “Sabedoria significa ‘discernimento prático’. Começa com o respeito a Deus, conduz a um viver correto, e resulta em habilidade aumentada para dizer o que é certo ou errado. Deus possui toda a sabedoria e todo o conhecimento. Ele sabe tudo, mas nunca revela tudo quanto sabe; simplesmente nos dá uma palavra daquilo que sabe. Por isso não é dom da sabedoria e sim o dom da palavra da sabedoria que Deus revela ao homem. A palavra da sabedoria é uma revelação sobrenatural pelo Espírito de Deus, no tocante ao plano e propósito divinos na mente e na vontade de Deus. 

Embora na Antiga Aliança os dons espirituais não fossem plena e claramente evidenciados como na Nova, alguns episódios do Antigo Testamento vislumbram o quanto Deus conferia aos homens sabedoria do alto para executar tarefas ou tomar decisões. Um exemplo disso é a revelação e a interpretação dos sonhos de Faraó através de José, o filho de Jacó (Gn 41.14-41). A palavra de sabedoria é de grande valor na tarefa do aconselhamento pessoal e em situações que demandam uma orientação no exercício do ministério pastoral. Entretanto, tenhamos cuidado para não confundir a manifestação desse dom com o nosso desejo pessoal. Lembremo-nos de que Deus manifesta os dons em nossas vidas segundo o conselho da sua sabedoria, não da nossa. Tenhamos maturidade e cuidado no uso dos dons!

III.  O Discernimento dos Espíritos

Como as palavras da ciência e da sabedoria, o dom de discernir os espíritos é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo que permite conhecermos a natureza e o caráter dos espíritos. Ajuda o crente a separar o falso do verdadeiro, o puro do impuro, o santo do pecador, o joio do trigo e, especialmente, a intenção dos corações. O profeta Elizeu, homem de Deus, desmascarou o espírito de engano em seu servo que desejou tomar de Naamã um talento de prata e duas mudas de roupa, como pagamento da cura de sua lepra. O pobre Geazi herdou apenas a lepra.Os que compram e vendem os dons de Deus morrem leprosos, mesmo que esta doença não seja visível no corpo, inunda a alma com a imundície deste pecado, chamado de simonia (2 Rs 5.20-27). 

É no Novo Testamento que este dom se manifesta em todo o seu vigor, revelando os espíritos maus e enganadores dos últimos tempos. Em Atos 16.16-18, Paulo enfrentou uma situação na qual precisou discernir os espíritos. Ele conheceu a origem daquela bajulação e expulsou o demônio em nome de Jesus Cristo. Os crentes precisam exercer este dom na atualidade, quando o espírito de mentira está em muitos lábios, tanto ou mais que nos dias dos apóstolos. Ao longo das Escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no mundo: Deus, o homem e o Diabo. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como saber? Aqui, o dom de discernir os espíritos tem o papel essencial de preservar a saúde espiritual da congregação.

O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros. Esta habilidade conferida pelo Espírito Santo para reconhecer a identidade dos espíritos que estão envolvidos nas atividades terrenas, bons ou maus. É um dom que traz clareza a igreja do Senhor, traz a luz as confusões e orienta. Tem como propósito proteger, guardar, guiar e alimentar os Filhos de Deus. Hoje estamos passando por manifestações sobrenaturais e muitas vezes o povo de Deus não sabe de onde vem, se de Deus ou do diabo. Nem todo milagre está vindo de Deus pois Satanás também é um espírito sobrenatural.

A Palavra de Deus nos ensina que os espíritos devem ser provados. Toda palavra que ouvimos em nome de Deus deve passar pelo crivo das Sagradas Escrituras, pois o Senhor Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas. Ele ensinou-nos que os falsos profetas são conhecidos pelos “frutos que produzem”, isto é, pelo caráter (Mt 7.15-20). Jesus conhece o segredo do coração humano, mas nós não, e por isso precisamos do Espírito Santo para revelar-nos a verdadeira motivação daqueles que falam em nome do Senhor.

Conclusão

A Igreja de Jesus necessita dos dons de revelação para discernir entre o certo e o errado, entre o legítimo e o falso. Os falaciosos ensinos e as manifestações malignas podem ser desmascarados pelo dom do discernimento dos espíritos. Que Deus conceda à sua igreja dons de revelação para não cairmos nas astutas ciladas do Maligno. Deus em Cristo Jesus continue vos abençoando.



Livro de Sugestão para Leitura: RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

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