A igreja primitiva era uma comunidade de oração, eles não faziam nada sem primeiro consultar a Deus em oração. Lucas quando escreveu os livro de Atos, registrou as escolhas que aquela igreja fazia para nomear os seus ministros, tudo era feito com muita oração e jejum. Isso tinha perfeita ligação com os ensinos de Cristo, tudo que Jesus fazia era com base na oração.
Diante disso, queremos analisar três passagens que Lucas registra sobre essas escolhas de obreiros para a obra do Senhor, tendo como base a oração.
Jesus e a escolha dos apóstolos
Lucas no seu Evangelho registrou que Jesus para escolher doze apóstolos, saiu para o monte com o objetivo de orar, ele passou a noite orando a Deus (Lc 6.12). Depois de orar, Lucas descreve: “E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos” (Lc 6.13). Fica claro por meio disso que, Jesus escolheu seus apóstolos após falar com Deus em oração. Segundo Shedd, “Jesus passou a noite orando em preparação para a escolha dos discípulos que formariam os alicerces da igreja (Ef 2.20). Quanto mais imperativo seria para os imperfeitos filhos de Deus, buscarem eles a face do Senhor para conhecer e efetuar Sua vontade”[1]. Dessa forma, Jesus escolheu com base na oração aqueles que foram o alicerces da sua igreja, os discípulos.
A escolha de Matias
Os discípulos seguiram o mesmo pensamento de Jesus para nomear um apóstolo no lugar de Judas Iscariotes. Pedro fez um discurso sobre a morte de Judas diante de umas cento e vinte pessoas. Nesse discurso, ele falou que essa morte era um cumprimento de uma profecia de Davi (At 1.16); Judas antes pertencia ao ministério (At 1.17); mencionou modo como Judas morreu (At 1.18). Depois disso, dois homens são eleitos para ocupar o lugar de Judas. José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias (At 1.23). Então, os discípulos oraram:
“Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido para preencher a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar (At 1.24,25).
Após essa oração, lançaram em sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com os onze apóstolos (At 1.26). Sortes são mencionadas no Antigo Testamento como uma maneira de averiguar a vontade de Deus (Ex 28.20). Logo, Pedro e os discípulos reconheciam que sua responsabilidade e escolha humana de um homem para suceder a Judas ocorriam dentro dos limites da soberana vontade de Deus[2].
A escolha dos diáconos
Em Atos 6 temos a nomeação de diáconos para servir as mesas. Isso aconteceu devido a certa murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária (At 6.1). Os apóstolos responderam que não era razoável abandonar a palavra para servir às mesas. Então, eles convocaram a comunidade para nomear diáconos, sete homens deveria ser escolhido para o cargo, homens de boa reputação, cheiro do Espírito Santo e de sabedoria (At 6.3). A comunidade elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Em seguida, a igreja selecionou com base nos requesitos dados pelos apóstolos, “estes orando, lhes impuseram as mãos” (At 6.6). Conforme McArthut, “esta primeira ocasião, no Novo Testamento da imposição de mãos significativa a identificação e afirmação da igreja com estes homens, e com o apoio do seu ministério. Ancião, diáconos e todos os que serviam na igreja primitiva foram ordenados desta forma” (At 13.3; 1Tm 4.14; 5.22; 2Tm 1.6)[3]. Assim, diante de um problema que aquela igreja estava enfrentando e que ameaçava o ministério da palavra, a oração foi uma solução determinante.
A escolha de Paulo e Barnabé
Paulo e Barnabé pertenciam a igreja de Antioquia, uma igreja de profetas e mestres. Nesse lugar, eles serviam a Deus e jejuavam, até que o Espírito Santo disse: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). A escolha desses homens para a obra missionária aconteceu devido a ação do Espírito Santo e a oração, Lucas relata: “Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.3). Três verdades podem ser destacada nesse trecho: (1) Deus chama os que escolhe; (2) a igreja confirma o chamado; (3) a igreja e o Espírito Santo enviam os missionários e os apoiam com oração e auxilio[4].
Paulo trabalhava fortemente em plantações de igrejas, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns (At 14.23). Esta era uma característica idêntica à da separação que os dois tiveram para o desempenho de seu trabalho missionário (At 13.3)[5]. Portanto, jamais presbíteros eram elegidos sem oração e jejum, esses obreiros eram apresentados a Deus, por isso Paulo era bem sucedido em suas obras missionárias.
Conclusão
A oração era muito presente na vida da igreja primitiva, eles oravam em qualquer situação. Semelhantemente, devemos orar pedindo a direção dEle em nossas escolhas. Diante das adversidades, pedir que Ele nos dê sabedoria para resolvermos os problemas e saber lidar com ele. Fazer que nossas orações sejam acompanhadas de jejuns, para que assim possamos ter uma comunhão mais intima com Deus, e entender que jamais possamos fazer a obra de Deus sem esses dois elementos.
Sidney Muniz
Notas:
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