sábado, 16 de maio de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2021 - Capítulo 2 - O Ministério Profético do Antigo Testamento




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: Deuteronômio 13.1-8

1. Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio,
2. E suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los;
3. Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.
4. Após o Senhor vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis.
5. E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o Senhor teu Deus, para andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti.
6. Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu seio, ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais;
7. Dentre os deuses dos povos que estão em redor de vós, perto ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até à outra extremidade;
8. Não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás;

Momento Interação

O profeta era o porta-voz de Deus, sempre trazendo uma mensagem de repreensão ou consolo, e muitas vezes também uma predição com esses objetivos (repreender ou consolar). Se o ministério sacerdotal era um ministério essencialmente intercessório, com o sacerdote intercedendo pelo povo diante de Deus, o ministério profético fazia exatamente o caminho inverso: o profeta recebia de Deus para levar até o povo. Justamente por isso, o ministério profético era geralmente muito impopular, sobretudo diante das autoridades de Israel. Moisés, além de líder e legislador do povo, era um profeta. Porém, foi só com Samuel que foi inaugurada uma nova fase, mais intensa, do ministério profético, dentro do qual se destacam Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Zacarias e tantos outros. A designação “Profetas Maiores” e “Profetas Menores” que é dada a alguns livros do Antigo Testamento não diz respeito a importância do ministério de seus autores, mas ao tamanho de sua produção literária que Deus permitiu que sobrevivesse até os nossos dias. Ou seja, apesar de sua notável importância, os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel foram tão importantes dentro da economia divina quanto Oséias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias – os chamados “Profetas Menores”.

Introdução

Nos versículos 11 a 15 do capítulo 11 de Números, observamos que Moisés, por causa de seu trabalho excessivo, sentiu-se incapaz de satisfazer plenamente às necessidades do povo, e isso o deixou frustrado. Todos os homens de Deus passam por experiências similares. Quando chegamos a esse ponto, Deus vem em nosso socorro (Sl 121.1,2). Foi nesse contexto que o Senhor, para aliviar a carga de Moisés, repartiu o Espírito que estava sobre o seu servo entre setenta anciãos de Israel, a fim de ajudar o grande legislador do povo hebreu a desempenhar o seu ministério (Nm 11.16,17).

O profeta era o porta-voz de Deus, sempre trazendo uma mensagem de repreensão ou consolo, e muitas vezes também uma predição com esses objetivos (repreender ou consolar). Se o ministério sacerdotal era um ministério essencialmente intercessório, com o sacerdote intercedendo pelo povo diante de Deus, o ministério profético fazia exatamente o caminho inverso: o profeta recebia de Deus para levar até o povo. Justamente por isso, o ministério profético era geralmente muito impopular, sobretudo diante das autoridades de Israel. Moisés, além de líder e legislador do povo, era um profeta. Porém, foi só com Samuel que foi inaugurada uma nova fase, mais intensa, do ministério profético, dentro do qual se destacam Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Zacarias e tantos outros.

I. O Profeta no Antigo Testamento

A palavra hebraica usada no Antigo Testamento para “profeta” é nābî’. Sua etimologia é incerta, mas o verdadeiro significado é possível pelo seu uso nas Escrituras. O diálogo entre Deus e Moisés (Êx 4.14-16) esclarece o sentido do termo, o qual é “falar em nome Deus”. Por conseguinte, é ser um “porta-voz”, um “embaixador” (veja a ilustração do ofício com Moisés e Arão em Êxodo 7.1,2). Deus sabe todas as coisas, conhece o fim desde o princípio; seu conhecimento é absoluto e perfeito em tudo (Is 46.9,10). Portanto, quem fala em seu nome anuncia o futuro como se fosse presente. Isso explica o estreito vínculo de “profetizar” com “prever o futuro” e, ainda, “revelar algo impossível de saber através de recursos humanos”, ações possibilitadas apenas por Deus. Tanto o substantivo “profeta” como o verbo “profetizar” têm amplo significado no Antigo Testamento e em nossos dias. O termo “falso profeta” aparece na versão grega dos setenta, conhecida como Septuaginta (LXX), e em o Novo Testamento; porém, não existe nas Escrituras hebraicas. Assim, o termo aplica-se também a adivinhos, falsos profetas e profetas das divindades pagãs das nações vizinhas de Israel, sendo identificados como tais pelo contexto (Js 13.22; 1 Rs 22.12; Jr 23.13).

II. O Ministério Profético no Antigo Testamento

Havia o ministério dos profetas? Há quem negue a existência da escola e do ministério dos profetas como instituição em Israel nos tempos do Antigo Testamento. Entendemos que no ministério mosaico iniciou-se a atividade profética em Israel (Nm 11.25). Entretanto, o profetismo, como movimento, surgiu séculos depois. Mais tarde vemos que Samuel presidia a congregação de profetas em Naiote, região de Ramá, onde residia (1 Sm 7.17; 19.19-23). E adiante, vemos a existência de uma escola dos profetas composta por “filhos” dos que exerciam o ofício (2 Rs 2.3,5,1 5). É importante ressaltar que “filho”, na Bíblia, significa também “discípulo, aprendiz” (Pv 3.1,21; 2 Tm 2.1; Fm v.10). Note que o texto sagrado revela a existência de uma organização de profetas bem estruturada, e Eliseu chegou a ser o mestre deles (2 Rs 6.1-3).

O termo original para “ministério, serviço” não é o mesmo referente à atividade dos profetas. A expressão “ministério do profeta” ou “dos profetas”, na ARC, como aparece nas leituras diárias desta lição, significa na verdade “por meio dos profetas”, como registra a ARA. O vocábulo “ministério” indica o serviço religioso específico e especial, desempenhado pelos levitas (1 Cr 6.32), pelos sacerdotes (1 Cr 24.3) e pelos apóstolos (At 1.25). Isso, porém, não é em si mesmo prova da inexistência de uma corporação profética em Israel (1 Sm 10.5).

Os profetas do Antigo Testamento são categorizados em clássicos, ou profetas escritores, e os conhecidos também como profetas não-escritores ou orais. Estes últimos são também chamados não literários, os quais não escreveram seus oráculos, como Samuel, Elias e Eliseu. Os profetas clássicos são também chamados de literários, os quais escreveram suas profecias, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, dentre outros. Trata-se de uma classificação simplesmente didática. Ambos os grupos desempenharam o mesmo ofício, mas em épocas diferentes. Todos falaram em nome do Deus de Israel. As Escrituras empregam a mesma expressão para ambos os grupos: “veio a palavra do SENHOR a” ou fraseologia similar (1 Sm 15.10; Is 38.4; Jr 1.2). Todos esses profetas usavam a chancela de autoridade divina: “assim diz o SENHOR” (1 Sm 15.2; Is 7.7; Jr 2.2).

III. A Mensagem Profética do Antigo Testamento

Se o ministério sacerdotal era um ministério essencialmente intercessório, com o sacerdote intercedendo pelo povo diante de Deus, o ministério profético fazia exatamente o caminho inverso: o profeta recebia de Deus para levar até o povo. Justamente por isso, o ministério profético era geralmente muito impopular, sobretudo diante das autoridades de Israel. Moisés, além de líder e legislador do povo, era um profeta. Porém, foi só com Samuel que foi inaugurada uma nova fase, mais intensa, do ministério profético, dentro do qual se destacam Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Zacarias e tantos outros.

A designação “Profetas Maiores” e “Profetas Menores” que é dada a alguns livros do Antigo Testamento não diz respeito a importância do ministério de seus autores, mas ao tamanho de sua produção literária que Deus permitiu que sobrevivesse até os nossos dias. Ou seja, apesar de sua notável importância, os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel foram tão importantes dentro da economia divina quanto Oséias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias – os chamados “Profetas Menores”.

Os profetas do Antigo Testamento eram homens de Deus que, espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos. Nenhuma categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os profetas do AT. Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas tinham, cada um, um lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influência na história da redenção.

Conclusão

Os profetas do Antigo Testamento são normalmente chamados, no texto sagrado, de Ro’eh ou Nabi. A primeira expressão significa “vidente”, e é uma alusão ao fato de que Deus lhes concedia visões, sonhos e revelações que os capacitavam a transmitir a verdade divina ao povo. Lembremos que muitos profetas também interpretavam sonhos (casos de José e Daniel). Já o vocábulo Nabi quer dizer exatamente “profeta”, e é a que mais ocorre no Antigo Testamento para designar esse ministério: nada menos que 316 vezes. Seu plural é Nabi’im. O Nabi – ou profeta – é o “porta-voz” divino. Porém, eles eram chamados também e tão somente de “homem de Deus” (2Rs 4.21), “servo de Deus” (Is 20.3; Dn 6.20), “atalaia” (Ez 3.17) e “mensageiro do Senhor” (Ag 1.13).

Os profetas não só traziam conhecimentos e informações divinos que haviam sido a eles revelados pelo próprio Deus. Eles também recebiam o poder de Deus par realizar milagres. Além disso, tinham um estilo de vida consagrado, santo, vivendo exclusivamente para Deus. Eram homens com estreita comunhão com Deus. Outras duas características importantes são que muitos deles eram, sobretudo, pregadores morais e éticos; e muitas de suas profecias eram relativas ao Messias, tanto à Sua Primeira Vinda quanto à Sua Segunda Vinda.

Deus suscitou os profetas para revelar-se ao homem, a fim de que este conhecesse a vontade divina e o plano de salvação na pessoa sublime de Jesus Cristo, nosso Salvador. Por essa razão, devemos considerar “a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração” (2 Pe 1.19).



Sugestão de Leitura da Semana: ATAÍDE, Romulo. Panorama Bíblico Volume 4 - Livros Proféticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

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