terça-feira, 30 de junho de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Junho/2020 - Capítulo 5 - A Praticidade Cristã no Séc. XXI




Comentarista: Marcos Rogério



Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 4.1-13

1. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
2. Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
3. Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
4. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
5. Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
6. Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
7. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
8. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro,e deu dons aos homens.
9. Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra?
10. Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.
11. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
12. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13. Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,

Momento Interação

A declaração da Palavra de Deus de alcançar a “unidade da fé” tem a ver com dizer e crer na mesma coisa doutrinariamente falando; é sermos “um” na verdade de Deus (a sã doutrina). Nesta perspectiva, a igreja local deve usar as suas reuniões, principalmente para unidade da fé. Pois a revelação está na Palavra de Deus escrita e o Espírito Santo nos foi dado para nos ajudar a entendê-la. Este tipo de “fé” (doutrina) é que nos leva ao conhecimento de Cristo. A expressão “pleno conhecimento” indica algo que está além ou acima do conhecimento e compreensão intelectual. Conhecimento aqui é algo penetrante e profundo, é experimental. Significa conhecê-lo diretamente e ter comunhão e companheirismo com Deus pessoalmente. A Bíblia fala deste mesmo tipo de conhecimento em várias epístolas paulinas (Fp 3.10-12; Ef 3.18-19). O apóstolo João também aborda o tema em seu evangelho (Jo 1.16-17; 6.56-57). Tanto Paulo como João ressaltam que “o conhecimento de Cristo” tem a ver com estar recebendo continuamente algo de Seu poder, da Sua energia e da Sua graça. 

Introdução

O autor de Hebreus nos oferece uma das mais conhecidas definições de fé em (Hb 11:1) ao escrever: "Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, e a convicção de fatos que se não vêem". Embora a fé esteja incluída na lista de dons espirituais pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12.9, a fé precisa ser exercitada. Paulo também afirma que a fé vem pela pregação e pregação pela palavra de Cristo (Rm 10.17). São os ensinos de Jesus os responsáveis pela autêntica fé.

A fé cristã e bíblica promove nossa maturidade espiritual e a unidade entre os crentes firmes em um só propósito. O Evangelho de Jesus não é simplesmente uma teoria bonita, é a piedade na prática, e o amor manifestado no dia a dia.

I. A Edificação na Fé em Cristo Jesus

A palavra fé além de representar a confiança em Deus também representa o corpo doutrinário deixado pelo Senhor Jesus e por Seus apóstolos à igreja cristã. A fé é o sistema de doutrinas cristãs, a convicção daquilo que cremos como sendo verdade. A Bíblia trata dessa definição de fé. Quando os apóstolos pregaram com poder a Palavra de Deus, a Bíblia diz que além de outros, "muitíssimos sacerdotes obedeciam a fé (At 6.7). Lucas também relata no livro de Atos que um judeu mágico e falso profeta procurava apartar da fé o procônsul (At 13.6-8). Paulo, mais tarde profetizou que nos últimos dias, muitos iriam apostatar da fé por darem ouvidos a espíritos enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm 4.1). Paulo havia exortado os recém-conversos a continuar na fé (At 14.22). Paulo aconselhou também os filipenses a viver de modo digno do Evangelho de Cristo e lutarem juntos pela fé evangélica (Fl 1.27). Em Judas 3 lemos que essa fé foi dada de uma vez por todas aos santos.

Como cristãos no século XXI também devemos perseverar na mesma fé evangélica da era apostólica. O modelo litúrgico para adoração na igreja atual é a igreja primitiva. No Novo Testamento encontramos todas as diretrizes bíblicas para o culto cristão. Também devemos estudar por nós mesmos as Escrituras Sagradas para perseveramos na autêntica fé cristã. Nós não devemos desprezar as profecias (1 Ts 5.20), mas devemos analisar, julgar e reter o que é bom (1 Ts 5.21) e agir como os bereanos mencionados em (At 17.11) que ouviam a mensagem e examinavam as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram realmente assim. O cristianismo não apresenta uma filosofia de vida baseada em uma fé cega e irracional, pelo contrário! O verdadeiro cristianismo incentiva os questionamentos, a análise crítica, o raciocínio analítico, o pensamento lógico. A religião cristã não é, como afirmam os ateus, coisa de gente simples e ignorante.

II. Maturidade Espiritual

"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.11-13). Jesus ao triunfar sobre as forças do mal preparou o caminho para a vitória do povo de Deus e também capacitou a igreja com ministérios espirituais para que todos os crentes pudessem crescer e se desenvolver até a medida de estatura de Cristo.

"Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef 4.15). Assim como um bebê cresce diariamente após seu nascimento, até tornar-se adulto, o cristão que nasceu novamente (Jo 3:3-7) também cresce também, diariamente, até tornar-se adulto espiritual, à medida da estatura de Cristo. O cristão maduro é preservado do erro, do engano, das falsas doutrinas, "para que não sejam como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina (Ef 4.14). Assim como um adulto amoroso ajuda as crianças a caminhar, também, do mesmo modo um cristão experiente ajuda os menos experientes. Jesus disse a Pedro: "Tu, pois, quando te converteres, fortalece a teus irmãos" (Lc 22.32). O cristão que adquiriu a maturidade não vive tentando derrubar outro cristão, mas com carinho e amor o ajuda a caminhar até que ele mesmo, quando também adquirir a maturidade ajude outro irmão. A marca de um cristão convertido é como ele trata seu irmão.

III. O Corpo de Cristo como um Só

"Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" (Ef 4.4-6). A Bíblia afirma que a igreja é o corpo de Cristo. "Ora, vós sois corpo de Cristo; e individualmente, membros desse corpo" (1 Co 12.27), ver também (Rm 12.4,5; 1 Co 6.15; 12.12; Ef 4.4; Cl 1.24; Ef 5.29,30; Cl 1.18; 3.15; Ef 4.16). A igreja é o corpo do qual Cristo é a cabeça. Assim como a cabeça é uma o corpo também é um.

A palavra igreja, do grego ekklesia, de ek "para fora" e kaleō "chamar" denota uma reunião de pessoas, a palavra ekklesia significa "chamados para fora", e representa uma convocação. A palavra hebraica, equivalente, é qahal, usada com referência à congregação de Israel. Qahal representa o povo de Deus nos tempos do Antigo Testamento e ekklesia representa o povo de Deus no Novo Testamento. Israel expressava sua fé no Messias que viria, ao passo que a igreja expressa sua de no Messias que já veio, morreu por nós e que prometeu voltar. O livro de Atos revela que as pessoas que aceitavam a Jesus e eram batizadas passavam então a fazer parte da igreja (At 2.41; 8.12, 37-38; 9.18; 10.47,48; 16.30-33 e 19.4-7). Para preservar a unidade da igreja sendo a igreja um só corpo, Paulo alertou contra a quebra de unidade na igreja (Rm 16.17; 1 Co 3.1-16; 5.9-13).

IV. A Unidade da Fé

"Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer" (1 Co 1.10). A preocupação tanto de Paulo como dos demais apóstolos era manter a unidade da fé cristã na igreja primitiva. Essa unidade consiste em todos os membros terem o mesmo parecer no que diz respeito ao Evangelho. A falta de unidade gera confusão e prejudica a pregação das boas novas da salvação. Deus, em Cristo Jesus, uniu os crentes em uma comunidade (igreja) para que todos pudessem se fortalecer mutuamente e que a pregação do Evangelho fosse feita de forma organizada e tivesse êxito. 

A igreja na Terra representaria a ordem e unidade do Céu. Ao olharem os homens para a igreja, devem ver em operação os princípios do reino de Deus. Os que causam divisão na igreja devem ser evitados (Rm 16.17) e devem ser advertidos (Tt 3.10). Os que foram remidos pelo sangue do Cordeiro de Deus jamais prejudicarão a unidade de fé na igreja causando divisões. Se há divisões na igreja, divergências doutrinárias e desunião, os ímpios justificarão seu ímpio procedimento racionalizando que os cristãos não podem ser o povo de Deus na Terra porque estão desunidos entre si.

A Bíblia diz que devemos nos compadecer dos que estão na dúvida (Jd 1.22). Baseados nesse texto concluímos que embora a igreja deve manter a unidade da fé, também não deve ter a mentalidade fechada para o diálogo tratando mal ou desprezando quem tem ideias diferentes por dois motivos, o primeiro é que aquela pessoa pode ser realmente uma pessoa sincera e que deve ser ajudada e esclarecida, e o segundo motivo é que alguns membros que tem um conhecimento das Escrituras Sagradas que a igreja local foi negligente em obter, pode estar sendo usada por Deus para ajudar essa igreja. A luz não deve ser desprezada (1 Ts 5.20), mas ser testada (1 Ts 5.21). Cada membro individualmente pode contribuir para o crescimento do corpo de crentes e para manter a unidade da fé evangélica.

Conclusão

Entendemos o importante papel do Espírito Santo em edificar nossa fé em Cristo Jesus e que essa edificação produz a maturidade espiritual que tanto almejamos, chegando nós a medida e estatura de Cristo por Seus méritos. Como igreja de Deus devemos mostrar ao mundo a eficácia do Evangelho de Jesus em mudar vidas. Nossa unidade e amor mesmo na diversidade, testifica ao mundo que servimos a um Deus vivo e verdadeiro.

Sendo a igreja o povo de Deus na Terra, testemunhamos ao mundo o poder transformador do Evangelho o qual mantém em um só corpo todos os filhos de Deus que ainda estão na Terra. Batalhamos pela unidade da fé e temos obtido constantes vitórias pelo auxílio do Espírito Santo. Oramos a Deus o Pai em nome de Deus sabendo que o Espírito também intercede por nós, para que venhamos a crescer em amor e unidade de fé, para que em breve o Senhor venha nos buscar e encontre um povo dividido em localidades, mas unido em amor e mantendo a unidade de fé e logo teremos um só rebanho e um só pastor (Jo 10.16). Esses são os votos de toda a Equipe do Evangelho Avivado.



Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. Conhecendo o Deus da Bíblia. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

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