terça-feira, 18 de maio de 2021

Um Conflito Desnecessário sobre o Batismo

 




Por Leonardo Pereira



Uma das tristes realidades que atrapalha o progresso do evangelho são as inúmeras divisões sobre questões de doutrina e prática. Alguns procuram uma solução superficial no ecumenismo, sugerindo que a resposta ao problema seja simplesmente ignorar as diferenças. Essa abordagem não é muito diferente do ensinamento dos falsos profetas que Deus criticou 2.600 anos atrás: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 8.11). Colocar um curativo em uma ferida infeccionada pode mascarar o problema temporariamente, e até trazer um alívio psicológico para o paciente, mas não resolverá o problema. É necessário tratar a infecção.

De semelhante modo, conflitos doutrinários e práticos entre pessoas que desejam agradar ao Senhor precisam ser tratados, não apenas cobertos e ignorados. Às vezes, os conflitos são frutos de interpretações equivocadas de textos bíblicos (2 Pe 3.16). Outras vezes, o problema é resultado de uma ênfase exagerada em uma verdade ao ponto de negar outras (Mt 23.23; Tg 2.14-26). Antes de defender uma interpretação e criar divisões, devemos tomar o tempo necessário para examinar bem os textos bíblicos relevantes. Desta maneira, poderemos esclarecer dúvidas e evitar conflitos desnecessários. Vamos considerar um exemplo de um conflito que atrapalha alguns e causa divisões.

O batismo correto deve ser feito em nome de Jesus, ou em nome do Pai, Filho e Espírito Santo?

Jesus afirmou sua autoridade absoluta, universal e eterna quando mandou batizar “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.18-20). Os servos fiéis que ouviram suas instruções batizaram “em nome de Jesus Cristo” (At 2.38), “em o nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5) e “em nome de Jesus Cristo” (At 10.48). Vários grupos religiosos defendem uma fórmula ou outra, até ao ponto de negar a validade dos batismos feitos com palavras diferentes. Quem defende batismo exclusivamente no nome de Jesus, por exemplo, rejeita pessoas batizadas em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. O estudo das Escrituras nos ajuda muito para esclarecer essas dúvidas e evitar conflito desnecessário.

Primeiro, observamos que nem Jesus nem os apóstolos falaram de uma fórmula oficial. Nenhum dos relatos sugere que a pessoa que realizou o batismo tenha falado uma sequência especial de palavras. Quando comparamos os versículos citados acima, observamos diferenças na maneira de citar o nome do Senhor e nas preposições usadas. Se fosse uma fórmula específica, poderíamos esperar uniformidade em todas as ocasiões relatadas.

Segundo, percebemos diferenças nos textos originais que mostram significados muito além de meras fórmulas. As palavras gregas usadas em Mateus 28.19 e em Atos 8.16 e Atos 19.5 (especificamente a preposição “eis”) enfatizam a relação resultante do batismo – batizados para entrar no nome de Jesus e, simultaneamente, do Pai e do Espírito Santo. As preposições empregadas em Atos 2.38 (“epi”) e 10.48 (“en”) focalizam a base do batismo, ou seja, a autorização dada por Jesus.

Somando as informações, entendemos que os apóstolos batizaram pela autorização de Jesus e que o batismo foi o meio determinado pelo Senhor Jesus para os arrependidos entrarem em comunhão com ele, com seu Pai e com o Espírito Santo. No contexto da dedicação e autonegação dos homens escolhidos para divulgar o evangelho, a ideia implícita nos ensinamentos que sugerem uma contradição entre o ensinamento de Jesus e o procedimento dos apóstolos é incoerente. Os apóstolos fizeram o que Cristo mandou: pela autoridade do Senhor Jesus, ensinaram seus ouvintes a se arrependerem e serem batizados para receber perdão e entrar em comunhão com Deus.

Evitemos os conflitos desnecessários causados por interpretações equivocadas das Escrituras.


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