Comentarista: Marcos Rogério
Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 19.1-14
1. Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
2. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.
3. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.
4. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol,
5. O qual é como um noivo que sai do seu tálamo, e se alegra como um herói, a correr o seu caminho.
6. A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até à outra extremidade, e nada se esconde ao seu calor.
7. A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices.
8. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos.
9. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.
10. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos.
11. Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa.
12. Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.
13. Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão.
14. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!
Momento Interação
A maioria das pessoas tem suas próprias e distintas opiniões sobre um Ser Supremo. Mas de onde é que vêm essas impressões? Muitas são simplesmente reflexos de como as pessoas consideram Deus—com base no que escutam dos outros e no seu próprio raciocínio. Como consequência a palavra Deus ganhou uma gama de significados, e muitos deles bastantes estranhos à Bíblia. Em contraste com muitas suposições humanas, a Bíblia transmite a verdadeira imagem de Deus. Este livro notável revela como Ele é, o que Ele tem feito e o que Ele espera de nós. E também nos diz por que estamos aqui e revela seu plano, pouco compreendido, para a Sua criação. Este manual de conhecimentos básicos é fundamentalmente diferente de qualquer outra fonte de informação. Ele é realmente único, pois contém, em muitos aspectos, a assinatura genuína do Todo-Poderoso.
Introdução
O Senhor do universo é o Deus Criador, Originador e Mantenedor de tudo. É soberano de toda Sua criação. A existência de Deus é inquestionável para os autores bíblicos, para os cristãos e mesmo para muitos não cristãos incluindo cientistas. A Bíblia não debate a existência de Deus, mas parte da perspectiva de que Deus existe e que é o responsável pela nossa existência. Não somos obra do acaso e nem resultados de uma explosão, mas somos um projeto divino. A doutrina de Deus é fundamental para a teologia cristã uma vez que Deus se relaciona com a criação e esta com Ele.
As Escrituras Sagradas são a base para a correta compreensão da verdade sobre Deus, uma vez que cada filosofia, religião ou conceito declara sua visão sobre Deus e a vida, a única base segura para essa compreensão é a Palavra de Deus. A Bíblia é a Palavra de Deus revelada por meio de Seus representantes, é a auto revelação de Deus. Sem a Bíblia não teremos unidade doutrinária acerca da Divindade embora Deus não se revela de maneira visível à humanidade, por isso muitos questionam Sua existência, mas Deus se revela por meio de Sua Palavra a qual nos dá suficientes razões para crer.
Embora a Bíblia não aborde a questão da existência de Deus promovendo argumentos racionais e científicos da existência de Deus visando provar Sua existência, apela para a fé para que possamos crer em Deus desenvolvendo um relacionamento pessoal com Ele, mas ao mesmo tempo não apela para uma fé cega, irracional e sem fundamentos, pelo contrário! A Bíblia é um livro espiritual, mas também racional que desenvolve o intelecto humano e o ensina a questionar, indagar, inquirir e buscar ainda mais conhecimento. Deus diz: "Fazei prova de mim!" (Ml 3.10). É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador daqueles que O buscam (Hb 11.6). A fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem (Hb 11.1).
"O primeiro gole do copo das ciências naturais pode até torná-lo ateu. Mas, no fundo do mesmo copo, Deus o aguarda." (Werner Heisenberg, Nobel de Física de 1932).
I. O Deus da Bíblia é Eterno
"Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus" (Sl 90.2). A Bíblia descreve Deus como eterno, infinito e existente por Si mesmo, Aquele que não tem princípio e nem fim. Deus tem vida em Si mesmo, não originada, não emprestada por isso é eterno e imortal (1 Tm 1.17; 6.16). Embora Deus seja Eterno não é inacessível: "Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos" (Is 57.15).
Paulo declara que Deus está perto de cada um de nós ao afirmar que Deus não está longe de cada um de nós como ensinavam os gnósticos dizendo que Deus é incognossível (At 17.27). Por meio de Jesus temos acesso imediato ao Pai (Jo 14.6). O Deus Eterno confere a nós imortalidade por meio de Jesus (Jo 3.16). A eternidade de Deus o contrasta com os falsos deuses: "Mas o Senhor é verdadeiramente Deus; ele é o Deus vivo e Rei Eterno; do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação" (Jr 10.10).
Jesus também é eterno (Mq 5.2) e o Espírito Santo também (Hb 9.14), pois há um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Um Deus único e verdadeiro em três pessoas, por isso a Bíblia revela que os mesmos atributos do Pai também o são do Filho e do Espírito Santo. A hierarquia da Trindade é apenas funcional, corporativa e não em escala de valor ou ordem de importância. No plano da redenção cada ser da Divindade assumiu uma função para salvar o homem caído.
II. O Deus da Bíblia é Santo
"Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). Com essas palavras os serafins atestavam a santidade do Eterno Deus. Vemos também uma declaração indireta sobre a Trindade no louvor trino Santo, Santo, Santo. Assim como o louvor é um único cântico, mas e é trino na letra dando ênfase à santidade repetindo a palavra santo três vezes, Deus é único e composto de três pessoas. A palavra santo significa separado. Na Bíblia refere-se principalmente a separação do pecado. De Gênesis ao Apocalipse, as Escrituras enfatizam a santidade de Deus. É um aspecto de sua natureza que nós devemos estudar muito e frequentemente, pois pelo contemplar somos transformados (2 Co 3.18).
"Porque a palavra do SENHOR é reta, e todo o seu proceder é fiel. Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do SENHOR” (Sl 33.4-5). A santidade se Deus está relacionada com Seu amor porque Deus é amor (1 Jo 4.8,16). Deus nos ordena sermos santos porque Ele é Santo (Lv 11.45; 19.2; 1 Pd 1.16). O Espírito Santo nos santifica por meio da Palavra de Deus, tanto a Palavra escrita como a Palavra encarnada. Em João 17.17, vemos que Deus nos santifica pela Bíblia comunicando ao pecador a santidade. O Espírito Santo também nos santifica por meio de Jesus comunicando ao pecador a santidade: "Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1 Co 6.11). A santificação é um processo que ocorre após a conversão e só será concluído na ressurreição ou glorificação, é progressiva.
III. O Deus da Bíblia é Supremo
Como Criador Deus é soberano sobre Sua criação. Deus é supremo: "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno. Que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes" (Dt 10.17-18). O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador (Sl 95.6; Ap 14.7). "Porque o Senhor é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses" (Sl 95.3).
Em Provérbios 16.9, nós vemos a supremacia da vontade de divina que é tanto diretiva como também permissiva. Deus realiza seus propósitos como Soberano de modo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28). A soberania de Deus não controla o mal, mas o limita, o restringe. Deus é supremo e tudo dirige para o bem do homem. Como Ser supremo no universo Deus está acima de tudo e de todos e é o único digno de louvor, glória e adoração por ser o Criador de todas as coisas.
Daniel disse ao rei Nabucodonosor sobre Deus: "é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos entendidos" (Dn 2.21). Embora Daniel 2 trata do surgimento, domínio e queda de grandes monarquias mundiais, o escritor revela que é Deus o Ser supremo do universo e que todas os grandes impérios e seus esplendores não se comparam à Sua glória e que tudo está debaixo de Seu controle cumprindo Seus propósitos. Esse capítulo que é paralelo ao capítulo 7 termina afirmando que um dia toda a história desse mundo passará, seus reinos cairão, mas Deus estabelecerá um reino justo que jamais terá fim (Dn 2.44; 7.27).
IV. O Deus da Bíblia vela pela sua Palavra
"Veio ainda a palavra do Senhor, dizendo: Que vês tu, Jeremias? Respondi: Vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem, porque velo sobre a minha palavra para a cumprir (Jr 1.11-12). Através da visão da vara de amendoeira Deus mostrou ao profeta Jeremias Seu cuidado para com Sua Palavra. Na Palestina, a amendoeira era a primeira árvore a despertar da hibernação do inverno ao começar a primavera. A palavra hebraica para amendoeira é shaqed, uma palavra que vem do radical shaqad que significa estar desperto. Provavelmente por isso a amendoeira recebeu esse nome. Logo em janeiro, essa árvore floresce na Palestina.
Deus, através do símbolo de uma árvore "vigilante" mostrou a Jeremias que Ele está vigilante (shaqad) de Sua Palavra para cumprí-la. Jeremias era apenas um mensageiro, o próprio Deus se encarregaria de cumprir aquilo que Sua Palavra atestava. Assim como Deus velou por Sua Palavra para a cumprir, ainda o faz atualmente. As profecias bíblicas incondicionais se cumprem com notável exatidão. Assim também se cumprem as promessas e propósitos de Deus para nossa vida quando a Ele nos entregamos de todo o coração. Algumas profecias cumpridas:
⦁ Em Miquéias 5.2 é profetizado que Jesus nasceria em Belém de Judá, em (Mt 2.1) é registrado o cumprimento dessa profecia.
⦁ Em Isaías 11.1 é profetizado que Jesus seria da descendência de Davi, em (Lc 2.1-7) está registrado o cumprimento exato dessa profecia.
⦁ Em Isaías 7.14 é profetizado que Jesus nasceria de uma virgem em um nascimento miraculoso, e em Mateus 1.18-23 é registrado o cumprimento dessa profecia com notável exatidão.
⦁ Em Zacarias 9.9 é profetizada a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém montado em um jumento, e em Mateus 21.1-11 é relatado o pleno cumprimento dessa profecia.
⦁ Em Salmos 22.7 é profetizado a divisão das vestes de Jesus por ocasião da Sua morte, e em Mateus 27.35 é registrado o fiel cumprimento dessa profecia.
⦁ Em Salmos 69.21 é profetizado o oferecimento de vinagre ao Messias quando estivesse sofrendo o martírio, e em Mateus 27.48 fica registrado o cumprimento literal dessa profecia.
⦁ Em Salmo 22.16 é relatada a morte do Messias entre criminosos, e em Mateus 27.38 está registrado o exato cumprimento dessa profecia.
⦁ Em Salmos 16.10 é profetizada a ressurreição de Jesus pouco tempo após Sua morte, e em Atos 2.24-27 é registrado o cumprimento dessa profecia.
Deus havia prometido um Salvador que viria da descendência de Abraão (Gn 12.3; Gl 3.8, 16) e vemos no Novo Testamento o cumprimento de todas as profecias messiânicas. Selecionei poucas profecias e poucos textos bíblicos que relatam seus cumprimentos, mas há centenas de outras profecias e muitos outros textos e mesmos relatos históricos que atestam seu cumprimento. Vemos nas profecias e em seus cumprimentos que realmente Deus vela por sua Palavra: "Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo que a designei" (Is 55.11).
Conclusão
A Bíblia não argumenta visando provar a existência de Deus, mas parte do pressuposto que Ele existe e vai ainda mais longe, o descreve como um Deus de amor e Todo-Poderoso, presente entre Seu povo e interessado no bem-estar da humanidade. Deus aparece nas Escrituras Sagradas como um Deus imanente e transcendente, eterno, imortal, onisciente, onipresente, onipotente, justo, santo, criador, mantenedor, restaurador e como sendo amor. A Bíblia não diz apenas que Deus tem amor, mas que Deus é o próprio amor (1 Jo 4.8,16).
Diferente da Gnosi que apresenta um deus incognossível distante da criação, a Bíblia afirma que Deus não está longe de nenhum de nós (At 17.27). O salmista afirma que Deus é socorro bem presente na angústia (Sl 46.1). A Bíblia apresenta um único Deus verdadeiro em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não são três deuses como as tríades pagãs, mas três pessoas que constituem o único Deus verdadeiro. No grande plano da redenção cada pessoa da Divindade assumiu uma função, por isso temos uma hierarquia funcional, cooperativa. Deus é apresentado como o Ser supremo do universo, incomparável em tudo e superior a toda a criação, uma vez que Deus é infinito, incriado, e glorioso. Apesar da Sua grandeza e resplendor, Deus é o Ser mais humilde e generoso e convida a criação a imitar Seu caráter. No plano da redenção, o homem é restaurado de glória em glória pelo Espírito Santo para ter um caráter semelhante ao do seu Criador (2 Co 3.18).
Deus almeja que Sua vontade se cumpra em Sua criação, mas a Bíblia apresenta Deus conduzindo e nunca manipulando Sua criação. Em Provérbios 16.9, vemos que a vontade de Deus é diretiva e também permissiva. Deus realiza Seus propósitos como Soberano de modo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28). A soberania de Deus não controla o mal, mas o limita, o restringe e assim Deus proteje Seu povo e ao mesmo tempo prepara-o para habitar com Ele a eternidade. A Bíblia diz que Deus deseja que todos chegam ao arrependimento e adquiram o pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.3-4), mas respeita a liberdade de escolha de cada ser moral e não impõe a salvação: "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).
Recomendação de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. Conhecendo o Deus da Bíblia. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.
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