Comentarista: Marcos Rogério
Texto Bíblico Base Semanal: Josué 1.1-9
1. E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo:
2. Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel.
3. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés.
4. Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.
5. Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.
6. Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.
7. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares.
8. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
9. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.
Momento Interação
inerrância não é um termo popular no contexto dos estudos bíblicos atuais. Para muitos, a inerrância é vista como uma invenção antiintelectual, motivada pelo receio dos fundamentalistas americanos dos séculos dezenove e vinte que estavam tentando proteger a autoridade da Bíblia da crescente onda do racionalismo iluminista. Naturalmente, há muito mais do que isso a dizer sobre a definição de inerrância. Inúmeros livros foram escritos explicando, definindo e defendendo essa doutrina, sem mencionar as afirmações e negativas da Declaração de Chicago de 1978 sobre a inerrância bíblica. Mas a essência da inerrância é a crença de que a Bíblia é a Palavra de Deus e de que, quando Deus fala, Ele fala a verdade. Assim, a crença na inerrância é a convicção de que tudo o que a Bíblia afirma é exato, seguro e confiável.
Introdução
A palavra inerrância denota ausência de erros. Antes de entrarmos nesse campo reconhecemos a importância desse assunto e que o mesmo é muito polêmico. Não temos a pretensão de esgotar o assunto e nem de apresentar um posicionamento final do mesmo, uma vez que na área do saber o conhecimento e ilimitado e progressivo, mas em vez disso, apresentamos importantes princípios para discussão e reflexão. Como cristãos não cremos que os autores bíblicos ao escreverem escritos originais em hebraico, aramaico e grego foram isentos de erros gramaticais ou confusão entre algarismos. Cremos que a Bíblia é inerrante como regra de fé e prática estando isenta de fraudes, enganos e falsidades. O Evangelho descrito na Bíblia vem de Deus, sendo o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê (Rm 1.16).
Ao Deus inspirar os homens escolhidos por Ele para nos transmitir Sua Palavra não anulou a personalidade e individualidade desses autores. Encontramos na Bíblia uma semelhante união do Divino com o humano como encontramos em Jesus, a Palavra encarnada. Não cremos numa inspiração verbal das Escrituras Sagradas onde Deus estabeleceu palavra por palavra o que os profetas tinham que escrever, mesmo porque essa teoria é descartada tendo em vista os diferentes estilos literários de cada escritor, mas que Deus iluminou a mente dos homens que por sua vez foram possuídos de pensamentos aos quais transcreveram de acordo com sua própria linguagem. A Bíblia é a perfeita Palavra de Deus escrita na imperfeita linguagem humana, mas mesmo assim traz suas credenciais divinas. Mesmo escrita por seres humanos, a Bíblia é a autorizada e infalível Palavra de Deus e a revelação perfeita de Sua vontade para o homem.
I. A Palavra de Deus é Fiel
Apesar do diferente estilo literário , o compêndio da Bíblia Sagrada também revela a diversidade de circunstâncias em que ela foi escrita e as diferentes ocupações de seus escritores. Moisés era pastor de ovelhas em Midiã. Josué era líder militar. Esdras era sacerdote. Neemias era funciona público no império Medo-Persa. Davi era pastor de ovelhas e posteriormente se tornou rei em Israel. Salomão era rei em Israel. Daniel era primeiro ministério em Babilônia. Amós era cuidador de gado e colhedor de sicômoros. Mateus era cobrador de impostos. Lucas era médico e possível estudante de direito, pois o teor do Evangelho de Lucas era uma espécie de defesa jurídica. Pedro e João eram pescadores Paulo era um rabino e filósofo judeu e outros também tinham diferentes culturas e viveram em diferentes épocas em diferentes e escreveram em contextos.
Em toda essa diversidade literária e linguística esses autores não se contradizem na sua essência ao transmitir a vontade de Deus, pelo contrário, eles se complementam formando uma unidade doutrinária que, sem sombra de dúvidas deixa claro que a Bíblia é realmente a Palavra inspirada por Deus para transmitir Sua vontade para o bem do homem. Essa unidade doutrinária revela-nos a fidelidade da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus é fiel, pois embora escrita por autores humanos é de origem divina. A Bíblia não tem por objetivo trazer uma mensagem popular, bonita e agradável, mas revela nossos erros, onde devemos mudar e nos dá esperança.
A fidelidade da Palavra de se nota no fato de a Bíblia não apoiar nenhuma cultura em especial tendo por objetivo popularidade. Traz uma mensagem fiel e ao mesmo tempo uma mensagem que condena o pecado e convida para um viver com Cristo. Das quase seis mil profecias bíblicas mais da metade já se cumpriram, outras já estão se cumprindo e as demais se cumprirão. Há também diversidade literária no sentido de que enquanto alguns escreveram de forma erudita, outros escreveram de forma mais simples, uns escreveram em proza, outros em forma de poesia, narrativas, cartas, leis, cânticos, revelações, etc... Enquanto que uns estavam no deserto, outros estavam na prisão, outros eram servos em impérios de suas respectivas épocas, outros em campanhas militares, viagens, fugindo de perseguições, trabalhando, etc... Há também vários sentimentos expressos na Bíblia refletindo contexto em que o autor escrevia, como por exemplo tristeza, alegria, angústia, depressão e fé. Foram muitas e distintivas situações. Em toda essa diversidade que aguça a mente do leitor, estimula o intelecto e aumenta a capacidade de raciocínio do exímio estudante das Escrituras vemos a mão de Deus preservando a Sua Palavra garantindo sua fidelidade e confiabilidade.
II. A Palavra de Deus é Pura
"Toda palavra de Deus é pura, ele é escudo para os que nele confiam" (Pv 30.5). O autor do livro de Provérbios inseriu as palavras de Agur filho de Jaque, de Massá (Pv 30.1) atestando a pureza da Palavra de Deus. Temos por pureza da Palavra de Deus tanto a ausência de mácula como a inalteração do texto sagrado nos proporcionando credibilidade a mesma. Estudamos que a Bíblia Sagrada, embora escrita por homens falhos como nós, mas foram homens inspirados (2 Tm 3.16) e separados (2 Pe 1.21) por Deus, santificados e capacitados para essa função. Resumindo, a Palavra de Deus é pura em todos os sentidos porque Deus, o seu autor primário é puro. O salmista diz: "As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em cadinho de barro" (Sl 12.6). As palavras do salmista nesse provérbio de sabedoria contrastam as falas de Deus com as falas dos homens ímpios mencionados nos versos anteriores. As palavras de Deus são ditas sem requíscios de falsidade.
O autor da carta aos romanos, o apóstolo Paulo escreveu: "Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem (Rm 3.4). O apóstolo não estava aconselhando o homem a mentir nem pronunciando uma sentença nesse sentido como se o homem estivesse fadado a mentir, mas estava retratando a fidelidade de Deus em constraste com a natureza do homem não regenerado pelo Espírito Santo. Nos tempos antigos, a algumas gerações os homens confirmavam a veracidade de suas promessas dizendo: Dou a minha palavra! E isso era aceito pelo interlocutor como uma garantia das promessas.
Hoje com a predominante apostasia e afastamento de Deus o ser humano parece ter orgulho da falsidade e mentira que sua palavra caiu em descrédito. Era uma honra dar a sua palavra e ser acreditado, hoje acreditar em alguém se tornou ingenuidade por causa daqueles que agem de má fé. Mas, embora o ser humano degenera física, moral e espiritualmente a cada dia, Deus não muda (Ml 3.6; Tg 1.17; Hb 13.8). Por isso, a Palavra de Deus é pura e Deus ainda é digno de confiança e o será para sempre porque Seu caráter é imutável. Os jovens podem manter puro o seu caminho, observando-o de acordo com a Palavra de Deus (Sl 119.9). O salmista declarou: "Puríssima é a tua palavra; por isso, o teu servo a estima (Sl 119.140).
A Palavra de Deus é tida pelo salmista como uma preciosidade extremamente refinada, pura, isenta de mistura com o erro. Ainda no livro de Salmos encontramos outra exaltação à Palavra de Deus no seguinte relato: "A lei (Torah) do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e permanecem para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos. São mais desejáveis que o ouro, mais do que muito ouro depurado; e mais doces do que o mel e o destilar dos favos" (Sl 19.7,10). Paulo disse, se referindo a Palavra de Deus que a lei de Deus é santa, justa e boa (Rm 7.12). Portanto, reconhecemos a importância da Palavra de Deus e sua pureza, santidade e credibilidade em vista do unânime testemunho de homens fiéis que a escreveram inspirados pelo próprio Deus.
III. A Palavra de Deus se cumpre Através dos Tempos
A Bíblia é o livro de Deus, suas mensagens e suas predições se cumprem através dos séculos: "Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente" (Is 40.8). Jesus demostrou raciocínio semelhante ao de Isaías ao declarar: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mt 24.36). "O que ensina o Antigo Testamento é válido até hoje para nós cristãos. Como diz Cristo em João, Moisés fala dEle. Por isso, um testamento é chave para entender o outro e os dois se completam. Não posso imaginar a Bíblia sem o Antigo Testamento."
Conclusão
As Escrituras Sagradas formam um todo harmônico onde nenhuma parte delas deve ser descartada. Ao julgar o Antigo Testamento ultrapassado, lembre-se de que esta é a Bíblia que Jesus leu e citou. Devemos examinar o Novo Testamento à luz do Antigo e entender o cumprimento do Antigo no Novo. O Espírito Santo nos guia no estudo da Palavra de Deus iluminando a mente dos leitores da mesma forma que inspirou seus autores. O Espírito Santo não tem a função de substituir as Escrituras, mas nos guia às mesmas e trabalha em harmonia com elas. O Espírito Santo vai desdobrando à nossa mente a revelação da Palavra de Deus e seu cumprimento através dos séculos. Nada na Palavra de Deus é ultrapassado e nenhuma de suas profecias ou promessas deixam ou deixarão de se cumprir.
Entendemos que a Palavra de Deus é inerrante no que tange suas doutrinas. Sabemos que Deus não falha, por isso Sua Palavra também não falha. Deus preservou Sua Palavra da destruição ou de adulterações para que hoje tivéssemos uma infalível revelação de Sua vontade e um guia à vida eterna em Cristo Jesus. Embora escrita por seres humanos em linguagem humana, a Bíblia foi inspirada por Deus. O Espírito Santo desdobrou diante de homens fiéis o véu que oculta o futuro e os mesmos registraram as verdades que viram e ouviram. Longe de ser um livro qualquer ou mais um livro religioso em meio a tantos outros, a Bíblia é a Palavra revelada de Deus e traz em si mesma as provas de sua autenticidade.
Recomendação de Leitura da Semana: PEREIRA, Leonardo. O Livro de Josué. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.
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