Comentarista: Henrique Lins
Texto Bíblico Base Semanal: Esdras 2.1-7; 3.1-8
Esdras 2.1-7
1. Sucedeu, pois, no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu peguei o vinho e o dei ao rei; porém eu nunca estivera triste diante dele.
2. E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração; então temi sobremaneira.
3. E disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?
4. E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus,
5. E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.
6. Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo.
7. Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me permitam passar até que chegue a Judá.
Esdras 3.1-8
1. E levantou-se Eliasibe, o sumo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes, e reedificaram a porta do gado, a qual consagraram; e levantaram as suas portas, e até à torre de Meá consagraram, e até à torre de Hananel.
2. E junto a ele edificaram os homens de Jericó; também ao seu lado edificou Zacur, filho de Imri.
3. E à porta do peixe edificaram os filhos de Hassenaá; a qual emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
4. E ao seu lado reparou Meremote, filho de Urias, o filho de Coz; e ao seu lado reparou Mesulão, filho de Berequias, o filho de Mesezabeel; e ao seu lado reparou Zadoque, filho de Baana.
5. E ao seu lado repararam os tecoítas; porém os seus nobres não submeteram a cerviz ao serviço de seu Senhor.
6. E a porta velha repararam-na Joiada, filho de Paséia, e Mesulão, filho de Besodias; estes a emadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.
7. E ao seu lado repararam Melatias, o gibeonita, e Jadom, meronotita, homens de Gibeom e Mizpá, que pertenciam ao domínio do governador dalém do rio.
8. Ao seu lado reparou Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; e ao seu lado reparou Hananias, filho de um dos boticários; e fortificaram a Jerusalém até ao muro largo.
Momento Interação
Neemias descreve aqui como resolveu acompanhar os judeus que estavam regressando. Ele era um membro da corte real cuja responsabilidade era escolher o vinho (Ne 2.1) e evitar que o rei fosse envenenado, mas cuja proximidade com o rei acarretava prestígio e influência na corte.Ele primeiro recebeu um relato (Ne 1.1-3) – já visto -, reagiu ao que ouviu (Ne 1.4-11) – também já visto - e pediu permissão ao rei Artaxerxes I para ir (Ne 2.1-8). A autorização de Deus para o regresso de Neemias foi confirmada pela resposta inesperada do rei. O mês era de nisã e o ano era o vigésimo, próximo de março-abril de 445 a.C., quatro meses depois de Neemias ter recebido aquelas notícias terríveis de Jerusalém onde ele buscou a Deus em orações e jejuns. Era também o ano-novo persa, um tempo de comemoração, talvez aludido pela referência ao vinho (1.11). A reconstrução da cidade era um aspecto da reconstrução da “Casa de Deus” muito importante em Esdras e central em Neemias (1.1 - 7.3). Assim, no vs 5, Neemias faz o seu pedido ao rei. Ele pede um afastamento temporário para cuidar dessas questões, mas esse trabalho levou cerca de doze anos e não parece muito certo que ele tenha pedido tão longo afastamento, mas deixou ao rei clara a questão de que seria algo demorado (Ne 2.5,6). Neemias fez vários pedidos específicos. As duas referências a cartas nos versos 7 e 8 fazem parte de um tema importante em Esdras-Neemias. O projeto de reconstrução era muito extenso, ousado e complicado envolvendo muitas decisões e relacionamentos exteriores. O seu projeto envolvia a cidade, os muros e o palácio do governador. Neemias estava indo bem por conta do beneplácito de Deus (Ed 7.6) e indicava que Deus aprovava o papel de Neemias no programa de restauração.
Introdução
Em Neemias 2, vemos que a dor de Neemias não ficou demonstrada em suas orações, apenas, mas em atitude transformadora. Ele não se conformou em “sentir muito”, definitivamente ele precisava fazer algo, e Deus criou as situações ideais para isso. Quando estava servindo o rei, Artexerxes percebeu seu rosto triste. O que para ele foi uma grande surpresa, pois como diz Neemias: “Nunca antes eu tinha estado triste na presença dele”. Isso nos mostra que, mesmo escravo ele era um funcionário exemplar. Não reclamava, não tratava mal, não amaldiçoava sua autoridade, pelo contrário, abençoava. O rei o amava e se importou com sua dor, a ponto de perguntar-lhe o que estava acontecendo. As orações de Neemias começam a surtir efeito, e a oportunidade é criada.
Vemos que a disposição de Neemias contagia todo o povo. O projeto que começou em oração começa agora, a materializar-se. Este homem de Deus é um exemplo a ser seguido. Todo líder deveria conhecer de perto a história e a vida dele. Neemias não apenas encorajou o povo a fazer, ele mesmo diretamente, com a “mão na massa”, participou da obra. Muitos líderes apenas dizem o que deve ser feito, mas não participam da execução do projeto. Querem viver na pompa, no glamour da liderança e muitas vezes conhecem apenas a teoria. No caso de Neemias, ele lidera pela capacidade e exemplo. Suas palavras se tornam realidade, a partir de sua atitude e sobretudo, relacionamento com Deus.
I. A Intercessão de Neemias
Enquanto uma parte de Israel estava no cativeiro em Susã, algumas pessoas chegaram de Jerusalem, onde Neemias o copeiro do rei pergunta como estavam os judeus que escaparam da escravidão em terra estranha. As noticias era que os que restaram do cativeiro, estavam em grande miséria e desprezo; assim como também o muro de Jerusalém estava quebrado e as portas estavam queimadas. Israel estava passando fome, desprezados e ainda o muro da cidade estava quebrado e as portas queimadas, o que significa que não tinham estrutura para prosperar, estavam na miséria; por causa da miséria não eram respeitados; o muro quebrado dá a entender que inimigos poderiam entrar, assim como as feras, no momento em que quisessem; além de toda essa situação ruim, ainda tinham os portões queimados. Uma porta dá acesso a outros ambientes, como o acesso a outros níveis; Israel estava num nível só, onde os inimigos, ou qualquer um tinha acesso. A situação era espiritual e materialmente péssima.
Ouvindo essas noticias ruins Neemias estacou, assentou-se, ficou sem ação, chorando durante alguns dias. Mas nesse período em que Neemias esteve muito triste por causa de Israel, ele orou a Deus, uma oração que serve de modelo a todas as gerações. Neemias acertou em várias coisas ao orar essa sua oração, que é mais um exemplo de como orar. Neemias ao ouvir a situação de Israel lamentou-se, chorou e esteve estagnado por vários dias. Fazemos melhor a obra quando sentimos a dor do outro. O Evangelho é sobretudo uma empatia com o necessitado. Neemias sentiu a miséria e o opóbrio do povo, assim como sentiu tristeza pela situação física da cidade que estava sem segurança. O impacto foi tão forte que ele esteve parado, sem ação, sem saber o que fazer, chorando e se angustiando, por vários dias.
Neemias orou e jejuou, devido à imensa tristeza que sentiu pela situação dos que ficaram na terra e não foram levados ao cativeiro. Orar significa que queremos falar com Deus. Nessa conversa com Deus, a parte que mais interessa é ouvir o que Deus quiser falar conosco, do que propriamente o que falamos à Ele. Quem ora quer ouvir Deus. Quem jejua o faz com propósitos. Jejuar é colocar diante de Deus propósitos que queremos que aconteçam. Cerque a sua situação com oração, com jejuns, com a Palavra, com cultos que você vai e que faz em casa. No problema, ore em casa, ouça hinos, ouça pregações, leia a Biblia muito e muito e mais ainda. Não saia da presença de Deus. Cerque, literalmente o seu problema com apresença de Deus, com a unção, com a Palavra e Deus vai te dar a vitória.
II. A Preparação para a Ida á Jerusalém
Neemias descreve aqui como resolveu acompanhar os judeus que estavam regressando. Ele era um membro da corte real cuja responsabilidade era escolher o vinho (Ne 2.1) e evitar que o rei fosse envenenado, mas cuja proximidade com o rei acarretava prestígio e influência na corte. Ele primeiro recebeu um relato (Ne 1.1-3) – já visto -, reagiu ao que ouviu (Ne 1.4-11) – também já visto - e pediu permissão ao rei Artaxerxes I para ir (Ne 2.1-8). A autorização de Deus para o regresso de Neemias foi confirmada pela resposta inesperada do rei. O mês era de nisã e o ano era o vigésimo, próximo de março-abril de 445 a.C., quatro meses depois de Neemias ter recebido aquelas notícias terríveis de Jerusalém onde ele buscou a Deus em orações e jejuns. Era também o ano-novo persa, um tempo de comemoração, talvez aludido pela referência ao vinho (Ne 1.11).
Estranhou o rei que estava acostumado com Neemias e notou que seu semblante estava caído e, pelo que parece, tinha por ele grande afeição, pois, mostrando interesse, perguntou-lhe por que estava ele tão triste e cabisbaixo. Neemias ao notar que o rei tinha percebido aquele comportamento estranho nele e que ainda tinha notado que ele estava com boa e perfeita saúde aparente, logo concluiu que sua tristeza era de coração e acertou. Neemias tremeu muito de medo, mas não há explicações para essa razão desse medo e logo procurou dar ao rei conhecimento do que se passava com ele e tudo lhe falou sem ocultar nadinha. No verso 3, ele lhe explica “Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?”. Então o rei mostrando ainda mais sensibilidade para o seu caso se oferece a ele para ajudá-lo – vs 4.
A reconstrução da cidade era um aspecto da reconstrução da “Casa de Deus” muito importante em Esdras e central em Neemias (Ne 1.1-7.3). Assim, no vs 5, Neemias faz o seu pedido ao rei. Ele pede um afastamento temporário para cuidar dessas questões, mas esse trabalho levou cerca de doze anos e não parece muito certo que ele tenha pedido tão longo afastamento, mas deixou ao rei clara a questão de que seria algo demorado (Ne 2.5,6). Neemias fez vários pedidos específicos. As duas referências a cartas nos versos 7 e 8 fazem parte de um tema importante em Esdras-Neemias. O projeto de reconstrução era muito extenso, ousado e complicado envolvendo muitas decisões e relacionamentos exteriores. O seu projeto envolvia a cidade, os muros e o palácio do governador. Neemias estava indo bem por conta do beneplácito de Deus (Ed 7.6) e indicava que Deus aprovava o papel de Neemias no programa de restauração.
III. A Organização de Neemias para a Edificação dos Muros
Neemias tinha partido para a Terra Prometida por conta de tantos trabalhos, mas seu regresso trouxe alguns problemas. Doravante, vale o registro, a expressão "ficarem sabendo" formam uma espécie de refrão (Ne 2.19; 4.1,5,15; 6.1 16) como referências aos inimigos de Israel. O que veremos é que o conflito se intensificará gradualmente, até ser resolvido (Ne 6.16). Sambalate é um nome babilônio que significa "Sin [o deus da Lua] concede vida". Ele era o governador de Sarmaria, a região ao norte de Judá. O fato de ele adorar, de algum modo, a Yahweh, o Deus de Israel (2 Rs 17.24-41) é sugerido pelos nomes de seus filhos, Delias e Selemias, que contêm uma forma abreviada de "Yahweh", Tobias. No entanto, coo era de costume, eles adoravam cada entidade conforme os benefícios e interesses que eles tinham nela.
Quanto a Tobias, ao que tudo indica, era o governador de Amam, a região a leste de Judá. Seu nome significa "O SENHOR é bom", sugerindo que seus pais e provavelmente ele próprio adoravam ao Deus de Israel (Ne 6.17,18; 13.4). Ambos, Sambalate e Tobias ficaram muito tristes com a iniciativa de Neemias e essa notícia muito lhes desagradou (vs 10). A oposição, aparentemente parecia ter um aspecto político, mas era de origem religiosa (vs 20; Ed 4.3,4).
Essa oposição experimentada aqui, incentivava os leitores do livro de Neemias a perseverar contra os oponentes em sua época. Neemias se dedicou a reconstruir os muros de Jerusalém visando não apenas à estabilidade política, mas também a criação de uma cidade santa para o templo de Deus.
A despeito de todas as provocações e ameaças, Neemias permaneceu firme em seu propósito. O relato da construção do muro tem seu prosseguimento com uma relação das pessoas responsáveis pelos diferentes partes do muro. Nesse capítulo, veremos que a abrangência dos trabalhos envolve todo o perímetro da cidade e ainda ressalta a participação de todo o povo de Deus, como o próprio livro enfatiza em várias passagens. Havia um grande lidera à frente dos trabalhos, tinha o apoio do rei Artaxerxes, contava com a simpatia do povo e estavam todos animados nos trabalhos que não eram fáceis de serem realizados á época. Elisabe, o sumo sacerdote mencionado no vs 1, era neto de Josué, o sumo sacerdote no tempo de Zorobabel. Ele envolveu os outros sacerdotes e já trataram de reedificar a Porta das Ovelhas.
Conclusão
Neemias não veio para brincar ali naquele lugar e seu foco era o trabalho e o resultado esperado. Ao chegar em Jerusalém, imediatamente, fez um levantamento da situação e propôs a reconstrução dos muros da cidade. Neemias estava agindo com muita cautela. Ao chegar em Jerusalém não tratou imediatamente de tocar trombeta e anunciar seus negócios, mas esperou três dias. Essa espera de três dias de Neemias depois de chegar a Jerusalém é comparável à espera dos três dias de Esdras (Ed 8.32), sendo que Esdras agiu publicamente, mas Neemias, secretamente.
Ainda agindo com cautela ele sai de noite para uma porta chamada de a Porta do Vale. Arqueólogos descobriram uma porta do período persa e a identificaram como sendo essa porta. O que ele viu foi mesmo terrível, pois a cidade estava em ruínas havia quase cento e cinquenta anos. Uma tentativa anterior de reconstruir os muros havia sido interrompida (Ed 4.7-23). Neemias reconheceu a soberania de Deus como fonte suprema de seu plano e fundamento para as ações do rei humano. Foi por isso que depois de chamar a atenção dos líderes de Judá e dizer a eles que tinha o apoio do rei Artaxerxes que eles lhe responderam afirmativamente e se dispondo (Ne 2.18) ao serviço, ou seja “a boa obra”.
A iniciativa de Neemias foi recebida com apoio sincero da parte dos líderes de Judá. Essa atitude dos líderes redundou em sucesso e na bênção de Deus.
Sugestão de Leitura da Semana: MUNIZ, Sidney. O Propósito da Oração. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.
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