Comentarista: Maxwell Barbosa
Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 5.17-30
17. Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente,
18 entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se lascívia para cometerem com avidez toda sorte de impureza.
20 Mas vós não aprendestes assim a Cristo.
21 se é que o ouvistes, e nele fostes instruídos, conforme é a verdade em Jesus,
22 a despojar-vos, quanto ao procedimento anterior, do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;
23 a vos renovar no espírito da vossa mente;
24 e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade.
25 Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros.
26 Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira;
27 nem deis lugar ao Diabo.
28 Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade.
29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.
30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.
Momento Interação
Cuidar da família é um dever de todo cristão. O estudo bíblico mostra claramente que a família é uma unidade social instituída pelo próprio Deus. É absolutamente correta aquela conhecida frase que diz que a família é projeto de Deus. Muitos cristãos caem no terrível erro de negligenciar suas responsabilidades familiares; e com isso falham em perceber que Deus também os chamou para cuidarem de suas famílias. Se há um tema que merece toda atenção por parte da Igreja, esse tema é a família. O cuidado com a família precisa ser uma disciplina constantemente tratada nas comunidades cristãs.
É preciso estudar e entender o que é a família à luz da Bíblia; é preciso que haja mais pregações sobre a família de acordo com os princípios de Deus; é preciso que os cristãos sejam ensinados e treinados sobre como ser bons mordomos de suas famílias. Ter famílias equilibradas e bem estruturas não é apenas essencial para que se tenha uma sociedade geral mais consistente; mas também para que se tenham igrejas mais sadias e sólidas. Esse conceito é essencial diante da verdade de que a unidade familiar sempre é o principal alvo do pecado – com imoralidade, fornicação, adultério etc. Além do mais, estamos vivendo num tempo em que a família parece uma instituição antiquada e fracassada. Ideologias malignas têm, a todo custo, atacado o modelo bíblico para a família.
Introdução
Vivemos num mundo de rápidas e profundas transformações, onde as normas e os princípios básicos da vida são constantemente mudados. Do mesmo modo, a chamada pós-modernidade tem provocado uma vida marcada pelo individualismo, competição e consumismo. A família, bem com todos os demais agrupamentos sociais, tem sofrido impactos dessas mudanças profundas, bem como tem sido afetada, à luz dessa realidade. Cremos que a família não está num processo de dissolução, mas sim de transformação. Compreender e aceitar esse fato, à luz da Palavra de Deus, de sua revelação histórica e à luz da realidade em que vivemos, constitui o grande desafio missionário da Igreja. Por isso, a Bíblia lança importantes desafios, para a renovação da vivência familiar como núcleo de vivência, formação, partilha e testemunho da graça de Deus.
I. Um Período Difícil e Trabalhoso para as Famílias
A família pós-moderna como tantas outras instituições relacionadas à existência humana, enfrentam desafios independentemente do tempo histórico. Há profundas e rápidas transformações com grande impacto na vida da família e da Igreja. Na pós-modernidade parece que tudo está sob discussão, predomina a incerteza, tudo é efêmero e passageiro, descartável, estas são marcas do novo tempo orientado pelos valores do consumo. Predomina o individualismo e o egocentrismo presentes neste cenário afetando grandemente os relacionamentos familiares.
A busca do “prazer” e da “felicidade”, com o foco no individualismo (egoísmo), ressalta-se a indústria do embelezamento físico. Neste cenário o uso das drogas para as diversas variações da vida como, para dormir ou para acordar, para relaxar, para se ter um bom humor, para controlar o apetite alimentar, para um estímulo sexual etc., tem se tornado uma constante. Vivemos numa sociedade acrítica, competitiva, consumista. O mercado é mais importante do que a vida. Os meios de comunicação têm um papel fundamental nessas mudanças gerando necessidades. Pais, mães, filhos, filhas entram num processo exigente de trabalho e estudo que consomem tempo e energia. Informação, conhecimento e novas formas de relacionamentos por meio de novas tecnologias estão cada vez mais acessíveis tanto pelas múltiplas possibilidades das mídias tradicionais como das mídias digitais.
A família como célula-base da sociedade local onde é construído os valores que vão marcar a vida de cada pessoa por meio da convivência tem papel predominante em lidar com essa lógica social. Identificar o que é positivo e o negativo auxilia na formação e na construção dos valores mais humanizados e de uma vida em harmonia na sociedade.
II. A Santidade Cristã na Família
Vivemos na era denominada pós-moderna. Com o termo mesmo diz, se trata do momento que sucede o período moderno. Entretanto, a relação entre um momento histórico (modernidade) e outro (pós-modernidade) não é apenas temporal ou histórica, mas também conceitual e cultural. Ou seja, a pós-modernidade não é apenas um período que segue a modernidade no correr dos anos, mas um período que sucede a modernidade conceitual e culturalmente, rompendo com o modo de pensar, viver e se organizar próprios da modernidade. Nos âmbitos social e comportamental isso gera um grande desafio para sociedade cristã, que vive sua cultura baseada na herança judaico-cristã, em especial no seu conceito de fé, família e trabalho. A pós-modernidade rompe com o que poderíamos chamar de universal, em defesa do particular ou individual, e esta é uma de suas características mais marcantes. O indivíduo passa a ser mais importante do que o coletivo. Na modernidade se pensava na história humana de modo geral, em termos de uma história universal, mas hoje não se costuma falar mais em uma história da humanidade.
Na modernidade se falava também em uma verdade universal e absoluta. Em nossos dias, no entanto, falar nestes termos é algo quase que inaceitável. Isto não significa que a modernidade tenha sido de fato cristã, mas apenas que ela teve em comum com a visão de mundo cristã o fato de assumir o universal e absoluto. Por isto, em nossos dias, crer na Bíblia como Palavra de Deus, algo absoluto, é considerado ultrapassado. No passado, não crer na Bíblia como Escritura Sagrada era uma opção, hoje, crer chega a ser ofensivo. Esse relativismo contemporâneo se aplica a três elementos: história, conhecimento e ética. A pós-modernidade questiona, em primeiro lugar, a existência de uma história comum que possa, de certo modo, identificar os homens de modo universal. Em segundo lugar, no âmbito do conhecimento, questiona a existência de uma verdade que seja universal e absoluta. Questiona finalmente a possibilidade de se estabelecer princípios morais que devam reger a conduta de todas as pessoas universalmente. Nosso tempo rejeita qualquer critério universalmente aceito para se medir valores.
Esta teoria pode ser notada nas palavras e ações do dia a dia das pessoas hoje em dia, embora seja um tanto complexa, e caminha junto ao hedonismo humano, no qual o prazer, o sentimento pessoal, torna-se mais importante do que a ética de valores do coletivo. Provavelmente muitos dos leitores deste texto já tiveram uma discussão encerrada pela seguinte frase: “não vale a pena discutir, você tem a sua verdade e eu tenho a minha”. Ou, quem nunca foi perguntado, e de certa forma afrontado, depois de ter emitido um juízo de valor sobre algo ou alguém: “quem é você para julgar?”. Tais palavras e ações revelam como o relativismo tomou conta de nossos dias e como será difícil para os que acreditam em um único Deus e na sua Palavra revelada viver em um mundo cada vez mais agnóstico, panteísta e relativista.
Como viver neste tempo? Seja ético, coerente e real, viva a verdade, seja uma referência nesses tempos onde os valores éticos e morais estão se tornando cada vez mais vulneráveis. Ensine a verdade da fé cristã, coragem, persistência, esperança e amor. Não tenha medo e nem viva acuado. Ainda que isto custe a você um alto preço, lembre-se do que está Escrito: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Tm 1.7).
III. Promovendo Edificação Bíblica e Espiritual na Família
A questão básica e fundamental é saber como estamos lendo a Bíblia e interpretando à luz dos acontecimentos. A Bíblia pode ajudar por meio dos valores do Evangelho. É indispensável relembrar os valores do Evangelho diante da pós-modernidade, como por exemplo: justiça, solidariedade, perseverança, esperança, amor, respeito etc. Outros parecem estar na contra mão da pós-modernidade.
A família solidária é um dos grandes focos apregoados no Evangelho. A família de Marta, Maria e Lázaro, que foge ao padrão nuclear e extensivo de ser família, porém, conviveu com os seus dilemas, mas dialogou e solicitou a presença de Jesus para direcionar suas vidas. A Bíblia nos mostra o alvo, os verdadeiros valores, o que realmente importa. Ensina a compartilhar o pão. Ela nos apresenta a vida e a historia de famílias, não perfeitas, mas sujeitas à perfeição pelo poder de Deus. A Bíblia trabalha, não apenas como livro histórico e teológico sobre o tema, mas didático, pois orienta, no tema familiar, desde a sua construção, administração de crises, relação conjugal, educação de filhos/as, estimulando a vida comunitária de interdependência e não individualista.
A Bíblia oferece muitos caminhos, porém o primordial é o amor (1 Co 13.13). O amor é o afeto em ação. Através do amor desenvolve-se uma forte espiritualidade que dá forma nas interações mais íntimas e cotidianas. Transmitimos a nossa família (filhos e filhas) muito mais pelas atitudes, modos de comunicação interpessoal, respeito no trato a todos os membros da família, atenção às necessidades de cada faixa etária dos familiares do que através de "lições de moral" ou "autoritarismo". A Bíblia focaliza no evangelho a presença da fé, do amor, da solidariedade, da empatia à luz do que Cristo realizou. A Palavra de Deus enfatiza o amor ao próximo como fundamental. A vivência desse amor leva a pessoa a considerar a outra com afeto, carinho, respeito e misericórdia. Paulo ensina que precisamos “levar os fardos uns dos outros” e acolher uns aos outros conforme Cristo nos acolheu” (Rm 15.7).
Sendo elemento norteador de valores e princípios. Deus ama a família e se preocupa com ela. Tem um papel importante no resgate da vida devocional familiar. Inspira o carácter cristão aos integrantes da família. A Bíblia precisa ser o centro da base da fé cristã. Podemos dizer como ela não pode ajudar se procurarmos orientações de organização e composição nela. A Bíblia não dá conta como regra de organização social pois foi escrita em contexto cultural muito diferente. Nela temos o modelo de família patriarcal e poligâmico que de forma alguma pode orientar o nosso tempo. Os casamentos eram arranjados e as mulheres eram, sempre, exclusivamente do lar; quando viúvas, eram herdadas pôr cunhados ou parentes mais velhos; maridos eram vistos como a cabeça e mulheres submissas à vontade deles; filhos não tinham voz e deviam apenas obediência.
Conclusão
Nossa sociedade, orgulhosa, tão sábia e inteligente, está sendo gradativamente moldada em massa, como um produto, em prisões da linguagem e máscaras de poder. Estas ideias estão nas escolas, universidades, livros, televisão, filmes, jornais e revistas. Então passando para o cidadão comum, não mais de forma sutil, mas de forma aberta, no que chamamos de “janela de Overton”, e assim, desafiam e minam a fé cristã. Fomos chamados para viver e transformar esta época, como nos ensinou o Mestre Jesus, sendo Sal e Luz no mundo, em todos os períodos da história.
Sugestão de Leitura da Semana: LINHARES, Gustavo. Tempos Trabalhosos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.
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