sábado, 11 de dezembro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2021 - Capítulo 2 - As Bases da Família Bíblica

 




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: Josué 24.14-24


14 Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; deitai fora os deuses a que serviram vossos pais dalém do Rio, e no Egito, e servi ao Senhor. 

15 Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. 

16 Então respondeu o povo, e disse: Longe esteja de nós o abandonarmos ao Senhor para servirmos a outros deuses: 

17 porque o Senhor é o nosso Deus; ele é quem nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e quem fez estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos preservou por todo o caminho em que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos. 

18 E o Senhor expulsou de diante de nós a todos esses povos, mesmo os amorreus, que moravam na terra. Nós também serviremos ao Senhor, porquanto ele é nosso Deus. 

19 Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor, porque é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados. 

20 Se abandonardes ao Senhor e servirdes a deuses estranhos, então ele se tornará, e vos fará o mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito o bem. 

21 Disse então o povo a Josué: Não! antes serviremos ao Senhor. 

22 Josué, pois, disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos e que escolhestes ao Senhor para o servir. Responderam eles: Somos testemunhas. 

23 Agora, pois, - disse Josué - deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós, e inclinai o vosso coração ao Senhor Deus de Israel. 

24 Disse o povo a Josué: Serviremos ao Senhor nosso Deus, e obedeceremos à sua voz. 

Momento Interação

O significado de família diz respeito à unidade social instituída por Deus logo após Ele ter criado o primeiro casal. Isso faz da família a mais antiga das instituições humanas. A Bíblia deixa claro que essa instituição é formada sob a base do matrimônio que se estende ao nascimento dos filhos como frutos da união dos cônjuges. A ideia de “família” é expressa na Bíblia através de alguns termos hebraicos e gregos. No geral, esses termos são traduzidos por palavras como: “casa”, “parentes”, “clã”, “lar”, “os da casa”, e, claro, “família”. Às vezes essas palavras são empregadas de modo a denotar um significado mais amplo do que simplesmente se referir aos membros de um mesmo grupo familiar. Isso quer dizer que em certas passagens bíblicas, dependendo do contexto, essas palavras se referem a grupos maiores, como por exemplo, membros de uma mesma tribo ou indivíduos que possuem a mesma etnia.

Introdução

Uma boa família cristã é aquela que se alinha com os princípios bíblicos e aquela em que cada membro entende e cumpre o seu papel dado por Deus. A família não é uma instituição projetada pelo homem. Foi criada por Deus para o benefício do homem, o qual recebeu a responsabilidade de administrá-la. A unidade básica da família bíblica é composta de um homem, uma mulher - sua esposa - e seus descendentes ou filhos adotivos. A família extensa pode incluir parentes por sangue ou casamento, tais como avós, sobrinhas, sobrinhos, primos, tios e tias. Um dos princípios mais importantes da unidade familiar é que ela envolve um compromisso ordenado por Deus durante a vida dos membros. O marido e a esposa são responsáveis por preservá-la independentemente da atual atitude da cultura circunvizinha. No estudo desta semana, compreenderemos os reais conceitos da família e as suas bases.

I. O Casamento diante dos homens e de Deus

Em todo o mundo, pelo menos dezessete nações têm legalizado o casamento entre parceiros do mesmo sexo. Obviamente, a definição social de casamento está mudando. Entretanto, é o direito de um governo redefinir o casamento ou a definição de casamento já foi estabelecida por uma autoridade superior?

Em Gênesis capítulo 2, Deus declara que não é bom que Adão (o primeiro homem) viva sozinho. Todos os animais estão lá, mas nenhum deles é um parceiro adequado para Adão. Deus, portanto, em um ato especial de criação, faz uma mulher. Apenas alguns versículos depois, ela é chamada de “sua mulher” (Gênesis 2:25). O Éden foi a cena do primeiro casamento, ordenado pelo próprio Deus. O autor de Gênesis, então, registra o padrão pelo qual todos os futuros casamentos são definidos: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24).

Esta passagem da Escritura dá vários pontos para entender o desígnio de Deus para o casamento. Primeiro, o casamento envolve um homem e uma mulher. A palavra hebraica para “esposa” é específica de gênero; não pode significar outra coisa senão “uma mulher”. Não há passagem na Escritura que mencione um casamento envolvendo outra coisa senão um homem e uma mulher. É impossível que uma família se forme ou a reprodução humana ocorra assexuadamente. Como Deus ordenou que o sexo fosse realizado apenas entre um casal, segue-se que o plano de Deus é que a unidade familiar seja formada quando um homem e uma mulher se reúnem em um relacionamento sexual e têm filhos.

O segundo princípio de Gênesis 2 sobre o desígnio de Deus para o casamento é que ele deve durar por toda a vida. O versículo 24 diz que os dois se tornam “uma só carne”. Eva foi tirada do lado de Adão, e então ela era literalmente uma só carne com Adão. Sua própria substância foi formada de Adão em vez de do pó da terra. Todo casamento desde então deve refletir a unidade compartilhada por Adão e Eva. Porque o vínculo deles era "em carne e osso", estavam juntos para sempre. Não havia cláusula de escape escrita no primeiro casamento que permitisse que os dois se separassem. Isso quer dizer que Deus criou o casamento para a vida toda. Quando um homem e uma mulher assumem o compromisso de se casarem, eles “se tornam uma só carne”, intimamente ligados um ao outro até a morte.

II. O Cuidado no Casamento

“Digno de honra entre todos seja o matrimônio…” (Hebreus 13:4). Um casamento bíblico, consistindo de um homem e uma mulher em um compromisso amoroso e duradouro, é uma instituição honrosa e piedosa. As modas vêm e vão, e o mundo tem suas tendências, mas o plano de Deus para o casamento ainda é o alicerce da sociedade. Infelizmente, algumas pessoas estão perdendo a fé no casamento como uma instituição. Alguns, até mesmo aqueles que se dizem cristãos, denegram o casamento como “um jogo bobo” que terminará com arrependimento. Alguns aceitam a visão desiludida de que comprometer-se a vida inteira é temerário, já que a outra pessoa vai mudar - não sabemos como nosso cônjuge será em vinte, ou mesmo cinco, anos. Ele ou ela pode ser uma pessoa completamente diferente - devemos ser fiéis a um voto que fizemos em nossa juventude?

Se o casamento fosse destinado apenas a satisfazer os desejos pessoais de um homem ou mulher, então, e somente então, a descrição do santo matrimônio como “tolo” poderia ser válida. Entretanto, um casamento piedoso não é egoísta. O voto conjugal não é um compromisso vitalício de ser amado. É um voto de dar amor. O casamento é um compromisso de dar amor pela vida. É uma determinação de viver para o benefício da outra pessoa, ficando ao seu lado e apoiando a pessoa amada. Dar e dar e dar, até ao ponto de dar a própria vida (Ef 5.25). Ainda mais fundamentalmente, o homem não inventou o casamento. Deus que o inventou. Quando Deus criou o homem e a mulher, colocou-os no Éden e os uniu em casamento, Ele tinha um propósito em mente. O propósito mais básico era que o casamento produzisse mais pessoas que representassem o nome de Deus e refletissem a Sua imagem (Gn 1.26–28; 2.22–24). A reprodução humana foi o primeiro mandato declarado de Deus para a união de Adão e Eva. O casamento, a primeira e mais fundamental instituição de Deus, foi concebido para ser a base da unidade familiar.

Além disso, para refletir correta e completamente a imagem completa de Deus, a humanidade foi criada em dois gêneros, “homem e mulher” (Gn 1.27). A reflexão completa do caráter de Deus na humanidade requer ambos os gêneros, homem e mulher. O casamento é o meio pelo qual os dois gêneros estão mais intimamente conectados. Quando homem e mulher estão unidos no casamento, eles juntos refletem uma figura de Cristo e da igreja (Ef 5.22-32). O casamento é muito mais do que felicidade romântica, companheirismo ou relação sexual. Os crentes encontram a verdadeira alegria na parceria conjugal quando Deus é o seu guia. Sim, a lua de mel vai acabar. Sim, ambos os cônjuges se mostrarão um pouco diferentes do que apresentaram um ao outro durante o namoro. Sim, mais cedo ou mais tarde, tanto o marido quando a mulher ficarão desapontados um com o outro. Sim, as pessoas mudam e nem sempre para melhor. Entretanto, Deus teve uma boa ideia quando inventou o casamento - “muito bom”, de acordo com Gênesis 1.31. Deus até usa o casamento como uma metáfora para o relacionamento com o Seu povo (Os 2.19,20).

III. A Família e a Criação dos Filhos

Deus criou a família. Seu propósito era que um homem e uma mulher se casassem por toda a vida e criassem filhos para conhecê-lo e honrá-lo (Mc 10.9; Ml 2.15). A adoção também é uma ideia de Deus, e Ele modela isso em Sua adoção de nós como Seus filhos (Rm 8.15, 23; Ef 1.5). Independentemente dos meios pelos quais os filhos entrem em uma família, eles são uma dádiva de Deus e Ele se importa com a forma como são criados (Sl 127.3; 34.11; Pv 23.13,14). Quando Deus nos dá Suas dádivas, Ele também dá instruções claras sobre o seu uso. Quando Deus expulsou os israelitas do cativeiro, Ele ordenou-lhes que ensinassem a seus filhos tudo o que fizera por eles (Dt 6.6,7; 11.19). Ele desejava que as gerações vindouras continuassem a defender todos os Seus mandamentos. Quando uma geração falha em instilar as leis de Deus na próxima, uma sociedade rapidamente declina. Os pais têm não apenas uma responsabilidade para com seus filhos, mas uma tarefa de Deus para transmitir Seus valores e verdade em suas vidas.

Vários lugares nas Escrituras dão instruções específicas aos pais sobre como criar seus filhos. Efésios 6.4 diz: “pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” Há várias maneiras pelas quais os pais podem provocar seus filhos à ira. Alguns pais estabelecem padrões impossíveis de serem alcançados, o que pode levar uma criança ao desespero. Alguns pais provocam, ridicularizam ou humilham seus filhos como um meio de punição, o que não faz nada além de levá-los à ira. A inconsistência também pode provocar a ira quando a criança nunca tem certeza sobre as consequências de suas ações. A hipocrisia provoca a ira nos filhos quando os pais exigem um comportamento que eles próprios não estão escolhendo para si mesmos. Criá-los “na disciplina e na admoestação do Senhor” significa que os pais devem treinar seus filhos da maneira que Deus nos treina. Como Pai, Deus é “longânimo” (Nm 14.18; Sl 145.8), paciente (Sl 86.15) e perdoador (Dn 9.9). Sua disciplina é projetada para nos levar ao arrependimento (Hb 12.6–11). A Sua instrução é encontrada em Sua Palavra (Jo 17.17; Sl 119.97), e Ele deseja que os pais encham seus lares com a Sua verdade (Dt 6.6,7).

Ele também disciplina os Seus filhos (Pv 3.11; Hb 12.5) e espera que os pais terrenos façam o mesmo (Pv 23.13). O Salmo 94.12 diz: “Bem-aventurado o homem, SENHOR, a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei.” A palavra disciplina vem da raiz da palavra discípulo. Disciplinar alguém significa fazer dele um discípulo. A disciplina de Deus é designada para “nos conformar à imagem de Cristo” (Rm 8.29). Os pais podem fazer discípulos de seus filhos quando instila valores e lições de vida que aprenderam. À medida que os pais praticam a vida piedosa e tomam decisões controladas pelo Espírito (Gl 5.16,25), eles podem incentivar seus filhos a seguirem o seu exemplo. 

A disciplina correta e consistente traz um “fruto de justiça” (Hb 12.11). A falta de disciplina resulta em desonra para pais e filhos (Pv 10.1). Provérbios 15:32 diz que aquele que ignora a disciplina “menospreza a sua alma”. O Senhor trouxe julgamento sobre Eli, o sacerdote, por ter permitido que seus filhos O desonrassem e porque “os não repreendeu” (1 Sm 3.13). Os filhos são uma "herança do Senhor" (Sl 127.3). Ele os coloca nas famílias e dá orientação aos pais sobre como devem ser criados. O objetivo da boa educação é produzir filhos sábios que conhecem e honram a Deus com suas vidas. Provérbios 23.24 mostra o resultado final de criar os filhos de acordo com o plano de Deus: “Grandemente se regozijará o pai do justo, e quem gerar a um sábio nele se alegrará”.

Conclusão

O casamento revelará fraquezas em cada indivíduo. Provas e desafios virão. A força dos votos será testada. No entanto, vivemos pela fé (2 Co 5 7). O casamento é a instituição de Deus para a humanidade. Se Deus o inventou e planejou que cumprisse os Seus propósitos, e se Ele fizer parte da união, então será bom. Não devemos abandonar a ideia do casamento só porque algumas pessoas não conseguiram obter dele o que imaginavam que conseguiriam. Afinal de contas, não são os recebedores deste mundo que encontram satisfação, mas os doadores (At 20.35). Aqueles que pela graça de Deus emulam a doação sacrificial de Cristo acharão que o casamento e o zelo na criação dos filhos é bom. Vai custar algo - na verdade, vai custar tudo! Entretanto, é em dar de nós mesmos que encontramos o maior significado da vida em Cristo.

Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. Vida com o Senhor. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


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