quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2019 - Capítulo 5 - A Adoração Eterna da Igreja ao Senhor




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: Apocalipse 19.1-11

1. E, depois destas coisas ouvi no céu uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! A salvação, e a glória, e a honra, e o poder pertencem ao Senhor nosso Deus;
2. Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua fornicação, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
3. E outra vez disseram: Aleluia! E a fumaça dela sobe para todo o sempre.
4. E os vinte e quatro anciãos, e os quatro animais, prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!
5. E saiu uma voz do trono, que dizia: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.
6. E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina.
7. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou.
8. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.
9. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.
10. E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.
11. E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça.

Momento Interação

O apóstolo Paulo descreve perfeitamente a verdadeira adoração em Romanos 12.1-2: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". A adoração a Deus parte de um desejo sincero de agrada-lo, de prestar a Ele a honra merecida, de exaltar suas maravilhosas e inigualáveis habilidades. Por ser a adoração algo espiritual, ela ecoa por toda a eternidade. Só Deus é digno de nossa devoção, louvor e adoração. Ele é Deus, o nosso Criador e somos ordenados a louvar e adorá-lo. Salmo 96.9 diz: "Adorem ao Senhor no esplendor da sua santidade; tremam diante dele todos os habitantes da terra." Salmo 29.2 diz: "Atribuam ao Senhor a glória que o seu nome merece; adorem o Senhor no esplendor do seu santuário". 

Introdução

Mateus 8.1-8 exemplifica uma oração que agrada ao Senhor. Esses versículos relatam dois milagres da graça de Deus: “Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra” (vv.1-3); “Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado” (vv.5-8). Aqui encontramos três princípios da oração legítima. A fé declara: “Senhor, Tu podes!” O temor a Deus complementa: “Se Tu quiseres”. E a humildade acrescenta: “Não sou digno!”.

I. A Vida Cristã como Adoração ao Senhor

Paulo afirmou que a verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito, não confiando na carne, mas gloriando-se em Cristo Jesus (Fp 3.3). Tanto as palavras de Jesus como as de Paulo contrastam a verdadeira adoração com o culto judaico ou samaritano, que envolvem sacrifícios e ritos religiosos tradicionais. Em certa ocasião os fariseus e escribas acusaram os discípulos de Jesus de não cumprirem a tradição dos anciãos. Jesus então lhes respondeu citando Isaías 29.13, que menciona que os judeus religiosos ofereciam ao SENHOR culto que não o agradava: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mc 7.6-7).  Percebe-se então que adorar a Deus requer que aquele que se aproxima do SENHOR, para adorá-lo, guarde-se de uma vida pecaminosa, indiferente aos seus mandamentos, porquanto sua adoração será sem sentido; será uma falsa adoração, mesmo que os atos sejam completos. Se Deus quer verdadeiros adoradores, ele só se alegrará com aqueles que correspondem às suas exigências. Ele rejeita a liturgia dos “anciãos” ou a da denominação à qual pertencemos, se esta não for bíblica. De modo semelhante aos romanos, se o ventre for o nosso deus (Fp 3.19), o culto que oferecermos será abominação e insulto a Deus, três vezes Santo (Is 6.3). Além disso, devemos lembrar sempre que o contato real e permanente com Deus não deixa de ter seus reflexos na vida daquele que cultua.

II. A Igreja adorando ao Senhor

Sabedoria e santidade de vida unem-se na carta de Tiago, onde se afirma que essa sabedoria tem sua origem no “alto”, isto é, na pessoa de Deus. Por isso, ela é “pura… plena… de bons frutos… sem fingimento” (Tg 3.17). Se um culto realizado não tem o objetivo fundamental de tornar Deus real e pessoal, é costume incluir-se “feno e palha” que não edificam os participantes e nem exaltam ao SENHOR. A maneira como uma igreja adora reflete a teologia da comunidade. Os teólogos de Westminster, que compuseram a famosa confissão e catecismo no século XVII, criam que o principal alvo do homem era glorificar a Deus e alegrar-se nele eternamente. Para essa finalidade fomos criados. Para isso Jesus morreu e ressuscitou. À medida que o culto concentra-se no homem, e não em Deus, cria-se a noção falsa de que Deus é um simples espectador que acompanha nossa atividade, como um avô que se diverte com as brincadeiras de seus netos.

Mas a verdade é outra. Deus é perfeito em santidade (Mt 5.48), Criador e juiz do universo (Tg 4.12). Devemos-lhe tudo o que exalta a sua dignidade. No céu, onde o pecado não existe e a influência da rebelião do homem não se aproxima, os seres viventes dão incessante “glória, honra e ações de graças” (Ap 4.9). Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra assentado no trono. Adorarão ao que vive… proclamando:  ‘’Tu és digno, SENHOR e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder…” (Ap 4.11).  Se nossa adoração não incentiva os membros da comunidade cristã a reconhecerem a dignidade de Deus e do Cordeiro (Ap 5.9,12), ela falha em princípio. Jesus Cristo é digno de receber o “poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória e louvor” (v. 12).

III. Tudo que tem fôlego, louve ao Senhor!

A verdadeira adoração sempre inclui e exprime a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser observado nas ocasiões em que Deus revelou-se aos homens de forma direta, em uma teofania. Quando o Senhor encontrou-se com Moisés, lemos: “Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus” (Êx 3.6). Isaías clama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Elias “envolveu o rosto no seu manto” (1 Rs 19.13). Paulo caiu por terra e“tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?” (At 9.6, Almeida Revista e Corrigida). Vemos, portanto, que a adoração verdadeira sempre tem a Deus como objeto, o que condiciona Seus adoradores a um legítimo temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida santificado. Em meio a esse formalismo no culto ao Senhor, Ele conclama Seu povo: “Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo” (v.14).Comprometa-se com Deus! Aí, sim, a maravilhosa e conhecida promessa do Salmo 50 repousará sobre os que adoram a Deus: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás”.

Conclusão

Deus preocupa-se mais com o coração do que com a forma, ainda que as Escrituras não admitam uma dicotomia entre corpo e espírito. É o próprio Deus quem toma a iniciativa na busca de verdadeiros adoradores. Ele deu seu filho para revelá-lo (Jo 1.18), para sacrificar-se em oferta expiatória, assim rasgou o véu que separava o santuário do Santo dos Santos (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). Jesus deixou o caminho livre para os pecadores se aproximarem do Pai santíssimo (Jo 14.6). Deus cumpriu a promessa, proclamada pelos profetas, de derramar seu Espírito sobre seus filhos (Ez 36.27). Somente por meio do Espírito é possível oferecer culto verdadeiro a Deus (Jo 4.24; Fp 3.3). Este fator central da adoração é invisível. A forma correta de adorar não garante que estejamos adorando “pelo Espírito”. Assim, Deus tem de revelar-se no Filho, perdoar os pecados que nos separam dele e dar-nos o Espírito para que, pela sua assistência, possamos responder-lhe. Deus se aproxima de nós no Filho, e nós nos aproximamos dele no Espírito.









Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2019 - Capítulo 4 - O Perigo dos Modismos na Adoração e no Louvor




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 100.1-5

1. Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
2. Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto.
3. Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto.
4. Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome.
5. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração.

Momento Interação

Não é possível ignorar os processos de mudanças no louvor e adoração nos cultos públicos da igreja brasileira nestes últimos anos. Muitos pontos positivos como maior participação congregacional, maior devoção, centralidade de Jesus, maior interesse em se estudar sobre o assunto, proliferação de encontros e congressos sobre o tema, contrastam com os modismos e modelos que aportam em nosso país levando os irmãos à uma adoração alienada da realidade da vida, da mente, da razão, com forte apelo emocional, e muito antropocêntrica. O estudo desta semana tratará de um tema bastante controverso, mas importante, que deve ser abordado por todo nós com o intuito de evitarmos heresias, exageros e modismos com a adoração e com louvor que devem ser dedicados somente à Deus. Bons Estudos!

Introdução

Vivemos numa sociedade fluida. Prega-se que ao invés de valores e princípios – fixos e tradicionais – deve-se optar por tendências e modas – efêmeras e midiáticas. Essa tendência que se instaurou na sociedade contemporânea tem forte repercussão no campo religioso, especialmente quanto ao desenvolvimento do louvor e da adoração. A lógica do “faça rápido”, do “quem não aparece não é lembrando”, do “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” invadiu o território sagrado da espiritualidade, transformando nossos adoradores em pop-stars e os cultos em “agendas” comerciais. A simplicidade e discrição, própria do cristianismo, foi substituída pelo glamour e pela midiaticidade. Todos querem ser notícia, cantar a música do momento, ir ao show de um ídolo. Parece que a mesma máquina de fazer dinheiro que impera no meio artístico de um modo geral, invadiu o segmento “gospel”. Em nome de Mamom, Jesus é preterido.

I. O Perigo da Falsa Adoração

Há dois tipos de pessoas no mundo: as que adoram a Deus de forma aceitável, e as que não adoram de forma aceitável. O fato é que, à parte de Cristo – à parte da obra salvífica de Deus na vida do pecador – a adoração aceitável é impossível. Como a adoração está intrinsecamente ligada à salvação, não é surpresa que o assunto surja no meio da conversa de Cristo com a mulher samaritana junto ao poço. Estamos vendo esse diálogo como um modelo de evangelismo pessoal [...], Cristo expôs, de forma direta, e confrontou o pecado dela em João 4.16-18. A pergunta feita pela samaritana é muito simples: ela quer saber qual sistema religioso é o correto. Ela já sabe que Cristo só pode ser um profeta, considerando-se o que Ele sabe a respeito da vida dela. A culpa, que ela tentou evitar por tanto tempo, caiu com toda a força sobre sua cabeça. Jesus a desmascarou e mostrou que ela era pecadora, e ela quer se consertar com Deus. E ela que sabe que, para apaziguar sua culpa, é preciso haver adoração. Então ela se volta para a única coisa que conhece: a religião externa. A verdade é que todo pecador não arrependido vê a adoração como algo externo. Ele não pode entender nem apreciar a mudança interna que ocorre por causa da salvação, então ele se agarra a cerimônias e rituais impotentes, com o intuito de absolver a culpa dos seus pecados. O Senhor deixa claro que não é o lugar onde ela adora que importa. O que ela procura não depende de uma cerimônia ou ritual. Ao invés disso, a verdadeira adoração consiste em amar, honrar, obedecer e servir a Deus de coração.

II. O Perigo dos Louvores Antropocêntricos

Antropocentrismo é uma doutrina filosófica que coloca a figura do ser humano como o “centro do mundo”, relevando a importância da humanidade em comparação com as demais coisas que compõem o Universo. De maneira clara, a doutrina antropocêntrica consiste em colocar o ser humano no centro do universo, postulando que tudo o que existe foi concebido e desenvolvido para a satisfação humana. No caso do louvor, são endossadas letras que adotam esta linha, e tendem a valorizar de forma excessiva as características, conquistas e planos feitos pelos homens, muitas vezes não aceitando que a vontade soberana de Deus possa ir na direção contrária, não aceitando o não como resposta para suas ambições. Nem todas as canções que tem o homem como o centro são excessivas ou contrárias as escrituras, trazem verdades, valorizam as características corretas do homem, não tentam colocar o homem no mesmo patamar ou acima de Deus. A invasão de letras e melodias compostas por artistas desse segmento mercadológico começou timidamente nos anos 90, quando tais canções tinham um espaço no culto dividido com os louvores dos clássicos hinários. Aos poucos, o hinário foi ficando obsoleto e em muitas congregações só existem as músicas do gospel. 

III. Para Além dos Modismos

A bíblia registra que o povo de Israel transformou uma serpente de bronze em um amuleto em oposição à fé em Deus (Nm 21.4-9);  foi preciso que o rei Ezequias a destruísse para que adoração bizarra tivesse fim (2 Reis 18). Se olharmos para os dias atuais, em alguns a idolatria é praticada de maneira contínua. Ezequias fez em seu tempo, colocar abaixo todo tipo de atitude que nos afastar de conhecer e adorar a Deus em santidade.

O cristianismo mudou muitos conceitos judaizantes, ao ponto de todos os cultos os cânticos serem entoados antes da palavra final, com passar do tempo, a música cristã se tornou parte do patrimônio cultural do mundo ocidental e se tornou fonte de inspiração para músicas seculares, contudo, nos dias atuais tem ocorrido o inverso, são as músicas seculares que se tornaram inspiração para hinos de louvor a Deus. Uma das conseqüências da secularização da música cristã é a profissionalização do setor, louvar a Deus infelizmente se tornou um negócio rentável.

Conclusão

Todo cristão deve ter em mente que sempre irá surgir uma moda no meio do povo de Deus cujo sucesso será arrebatador, por algum tempo. O que devemos fazer é procurar servir a Deus de forma decente e não escandalosa, buscando o equilíbrio e a inspiração do Espírito Santo.

domingo, 24 de novembro de 2019

"Quem nos separará do amor de Deus"?




Por Leonardo Pereira



O que diremos às pessoas que em um momento de tirar-nos as nossas vidas, afirmarmos a verdadeira que temos no Senhor e Salvador Jesus Cristo? O amor à Ele? Fidelidade? Lealdade? Gratidão? Honra? Ainda que todos estas vertentes façam a parte da vida do verdadeiro cristão, o seu verdadeiro amor por toda a humanidade é a história do cristianismo, nem da morte horrenda de pessoas leais ao Senhor, mas por todos aqueles que amam a aguardam a sua preciosa vinda. Nesta mesma ênfase, seguiu também o apóstolo Paulo. De perseguidor ferrenho da Igreja de Deus, tornou-se o maior líder do cristianismo, o poeta do evangelho de Cristo, o autor das obras mais lidas na história da humanidade, as suas cartas missionárias, e em uma destas cartas, ele aborda o maior testamento da fé de um autêntico seguidor de Jesus: a ligação que o pecador arrependido e beneficente da graça do Senhor tem para com o seu Salvador.

O que Paulo quer nos dizer?

Paulo aborda este linha da união que não se rompe na Epístola aos Romanos: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8.35-39).

O que desejava passar aos seus leitores é a plena convicção de quem ele tem crido e por quem ele morreria. Encontramos nesta epístola principalmente no capítulo a segurança de um homem que vive, trabalha, prega, ensina e respira o ardor do autêntico evangelho de Cristo Jesus. As perguntas de Paulo são todas retóricas, como um não para o mundo, satanás e seus demônios. Angústias vem, tribulações vem, mas jamais serão suficientemente fortes para fazer desistir do caminhar genuíno que parte daqui da terra às mansões celestiais.

Não foi diferente com Paulo....

O mundo vive em constante mudança. Nos tempos de Paulo não foi diferente. A evolução da expansão marítima, o crescimento do poderio militar romano, e o desenvolvimento das culturas da época fez de Paulo um caso extremamente incomum em sua época. Com o poder do Evangelho, utiliza-se de meios culturais, sociais e morais dos costumes das localidades aonde ele passava para transmitir a mensagem do Senhor, daquele cuja certeza instaurava em sua alma, e aonde ele passasse, enviava tal certeza a muitos aos olhos, mentes e corações.

Em um planeta repleto de dúvidas, cercado por incertezas e perguntas sem respostas, encontramos no capítulo 8 de Romanos, um verdadeiro tratado da redenção de nossas vidas. Ainda que possamos ver a escuridão nas embarcações de nossas vidas, neblinas na estrada da nossa jornada terrestre, retenhamos em nossos corações a mesma certeza que Paulo passou aos romanos. A certeza de que nada nem ninguém poderá nos separar do amor de Deus. 



REFERÊNCIAS

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

CHAVES, Gilmar Vieira. Reforma Protestante - História, Ensinos e Legado. Rio de  Janeiro: Central Gospel, 2017.

GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Editora Vida, 1999.

LOPES, Hernandes Dias. Paulo - O Maior Líder do Cristianismo. São Paulo: Editora Hagnos, 2009.

NEVES, Natalino das. Justiça e Graça. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Graça Abundante. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2019 - Capítulo 3 - A Adoração no Novo Testamento




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base: Hebreus 13.1-5

1. Permaneça o amor fraternal.
2. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.
3. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.
4. Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.
5. Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.
6. E assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei O que me possa fazer o homem.
7. Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.
8. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.
9. Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram.
10. Temos um altar, de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo.
11. Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial.
12. E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.
13. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério.
14. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.
15. Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.

Momento Interação

Não há limites no que se refere a quão longe algumas igrejas avançarão no propósito de se tornarem relevantes e modernas em seus cultos. Qual a verdadeira adoração? Quais os elementos do culto neo-testamentário? Culto é uma questão de forma ou de essência? A verdadeira adoração sugerida na frase de Jesus à mulher samaritana (Jo 4.23) envolve tanto o intelecto quanto as emoções e salienta sua centralidade em Deus, não no adorador. Cada aspecto do culto tem de ser agradável a Deus e estar em harmonia com a Sua Palavra. Embora o critério adequado para avaliação do culto seja esse, o culto pode também ser agradável ao adorador. O que o Novo Testamento tem a nos ensinar? Assim como no Antigo Testamento, a igreja primitiva continuou olhando para a adoração como uma atividade diária e constante. Atos 2.46 e 47 ensina que culto acontece a todo momento e em todos os lugares, no templo e de casa em casa.

Introdução

Por falta de ensinamento ou por negligência, nós perdemos os benefícios de uma vida de intimidade com o Pai. Quando Jesus veio à terra, o propósito era nos ligar a Deus e restaurar a adoração perdida na queda de Adão. Hoje, não adoramos mais derramando o sangue de animais e sim em espírito e em verdade: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23). O que muitas pessoas não compreendem é que, a adoração no Novo Testamento não se resume a canções ou momentos específicos de oração. Existem sim sacrifícios envolvidos na adoração neo-testamentária. O sangue já foi derramado, mas nós damos do que somos e do que temos a Deus.

I. A adoração no Tempo de Cristo

Como Filho unigênito de Deus, Jesus teve ampla oportunidade de aprender o modo de pensar, os princípios e os padrões de seu Pai. Assim, Jesus podia indicar com segurança o caminho para a adoração verdadeira. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 1.14; 14.6). Jesus estabeleceu o modelo perfeito de humilde sujeição ao Pai. Ele disse: “Não faço nada de minha própria iniciativa; mas assim como o Pai me ensinou, estas coisas eu falo.” Daí acrescentou: “Faço sempre as coisas que lhe agradam” (Jo 8.28,29). Jesus prestava devoção total ao Pai e, basicamente, é isso o que significa adorar a Deus. Ele demonstrou apego a seu Pai por ser obediente, fazendo Sua vontade mesmo que isso envolvesse um grande sacrifício pessoal (Fp 2.7,8) Um aspecto importante na adoração praticada por Jesus era sua regularidade na obra de fazer discípulos, a ponto de ser chamado de Instrutor tanto pelos que criam nele como pelos que não criam. (Mat 22.23,24; Jo 3.2). Além disso, Jesus se gastou em favor de outros. Por causa de seu espírito abnegado, ele tinha pouco tempo para si mesmo, mas era feliz por ministrar a outros (Mt 14.13,14; 20.28). Apesar de muito ocupado, Jesus sempre achava tempo para orar a seu Pai celestial (Lc 6.12). Quão inestimável para Deus era a adoração que Jesus lhe prestava!

II. A adoração na Igreja Primitiva

A distinção da congregação em adoração para as outras religiões era a presença de Cristo no meio (Mt 18.20). Todas as partes da adoração eram calculadas para levar o adorador a ter noção da presença de Jesus. Confissões de fé proclamavam seu senhorio (Fp 2.11; Rm 10.9; 1Co 12.3). Os hinos e as odes louvavam não somente sua pessoa como Deus-Feito-Homem, mas também a obra salvadora mediante sua morte e ressurreição (Fp 2.6-11; Cl 1.15-20; 1 Tm 3.16)... Na mesa da ceia do Senhor, era sua ceia (1 Co 11.20) que era relembrada e perpetuada; sua morte (1 Co 11.26) era proclamada, e seu corpo, discernido (1 Co 11.29), e era aguardada sua futura vinda em glória (1Co 11. 26). O Espírito Santo leva os crentes a glorificar e confessar o senhorio de Cristo (Jo. 16. 13-14; 1Co. 12.3) e refreia a adoração errada. É o Espírito quem inspira a oração (Rm. 8. 26-27; Ef. 6.18), o louvor (Ef. 5.18,19). Por Ele somos levados a verdades profundas da Palavra de Deus (Jo 16.13; 1 Co 2). Ele transmite os dons (1Co 12). Paulo resume tudo na frase: “adoramos a Deus por meio do seu Espírito (Fp 3.3).

A Igreja Primitiva nos serve de exemplo para diversas coisas e na questão da adoração não poderia ser diferente. Vivemos em um contexto no Brasil em que tem surgido muita novidade, um novo “ministério” de adoração, uma nova “igreja” com uma nova “estratégia”, um novo livro que trás um novo ensino sobre o culto são cada vez mais comuns. Com isso, cada vez mais novas práticas vão sendo incorporadas nas liturgias das igrejas, e muitas destas coisas são até antibíblicas. Lideres no afã de encher seus templos, e deixar os fiéis de suas igrejas a vontade têm incorporado inovações ao culto deixando a celebração beirando um programa de auditório, em muitos lugares comparar o que se chama de culto com programa de auditório é ser cruel... com o programa de auditório. A Igreja Primitiva pode ajudar aqui? Pode. Como os irmãos da Igreja na época do NT adoravam? O que fazia parte de seus cultos? Será que sua igreja adora como a Igreja da Bíblia? Prepare-se, acho que nessa lição você vai descobrir.

III. Orações e Louvores ao Senhor

Oração e o louvor são dons espirituais que se desenvolvem quando damos continuidade a uma conversa que Deus iniciou por intermédio da sua Graça. No entendimento comum, nós procuramos a Deus através da oração. É uma forma unilateral de conhecimento sobre oração. Há, porém, outra informação que necessitamos considerar quanto a isto: não é o homem que busca a Deus, nunca foi, desde Gênesis a Bíblia ensina isto. Ainda que “busquemos” a Deus assim, Ele não exige que saibamos de teologia como regra para conversar conosco. Ele simplesmente conversa, ouve e fala. Alguns expositores insistem em que as ações do ser humano sejam ‘completamente’ corretas para Deus ouvir a oração de uma pessoa. Isso é impossível. A palavra ‘completamente’ denota que alguém seja irrepreensível. Tal ‘pessoa’ não existe. Entretanto para se cumprir uma promessa específica feita por Deus é imprescindível que aceitemos a suas condições, a primeira é obedecer a sua palavra. Essa é a diferença entre ouvir e aprovar.

Por isso a oração é ouvida, ela é uma conversa que Deus iniciou por meio de sua Graça. Essa conversa pode ser um alistamento para Sua causa como ocorreu com Saulo (At 9), ou um ajuste de propósitos como foi com Elias (1 Rs 19). Um alinhamento de direção como o de Jonas (Jn 4), uma revelação como a do profeta Isaías (Is 6), ou uma resposta como foi com Gideão (Jz 6.36-40). Uma pergunta como fez Abraão (Gn 18.23), uma dissertação como no caso de Jó (Jo 42), ou um questionário contendo alternativas como no caso de Davi (2 Sm 24.12). A oração foi iniciada por Deus, uma onda provocada pelo impacto da sua Palavra e Graça na história.

Conclusão

A oração é uma conversa que Deus iniciou por intermédio da sua Palavra em algum outro tempo, até mesmo antes do nossa época. Jesus como nosso intercessor está respondendo àqueles homens, aos discípulos, parte das orações de todas as épocas antes deles. Jesus estava trazendo a resposta das muitas orações que a igreja iria fazer muito antes dela mesmo nascer. Por isso o louvor pode se transformar em uma oração poderosa quando contém partes de diálogos que Deus já iniciou em outros tempos como continuidade. Pode ser uma revelação da sua majestade e poder, ou do seu caráter que é a santidade e imutabilidade. Ou sua misericórdia e amor expressados em Jesus. Não haveria nenhum louvor se a Palavra não nos revelasse as características de Deus. Não existiria louvor se não conhecêssemos ao Senhor, ou a salvação. O louvor se torna uma poderosa oração quando a reposta deste louvor nos atinge, seja revelando mais de Deus ou uma expressão da nossa alma.

domingo, 17 de novembro de 2019

A Segunda Pesca Maravilhosa



A segunda pesca é um dos encontros mais maravilhoso que Cristo teve com seus discípulos após a sua ressurreição. Para entendermos bem essa passagem, temos que ter em mente primeiramente que Jesus ressuscitou. Segundo, Pedro tinha negado a Cristo antes da sua morte na cruz. Terceiro, João ao escrever sobre os milagres de Jesus, tinha como propósito que as pessoas cressem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em seu nome (Jo 21.30,31). Com isso em mente, podemos entender melhor o texto.

Jesus manifesta-se aos discípulos (Jo 21.1-3)

Jesus se manifesta aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades (Mar da Galileia). João registra que nesse local estava Pedro, Tomé, Natanael, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos. Pedro disse aos seus companheiros: “Vou pescar”. Eles respondem: “Nós também vamos com você”. O texto menciona que, naquela noite pescaram e não pegaram nada.

Vale ressaltar nesse trecho, a atitude de Pedro, talvez ele tinha abandonado o seu chamado e retornado a vida de antes ou voltaria para o lugar que teve o encontro com Cristo na praia pela primeira vez na esperança de encontrá-lo, onde fora chamado para ser pescador de homens (Lc 5.1-11). Portanto, talvez esse não era um momento de felicidade para os discípulos, principalmente para Pedro, que havia negado o Mestre. Pode ser que eles tenham se encontrado sem esperança e desanimado, por isso voltaram a pescar.

Jesus estava na praia (Jo 21.4-8) 

Jesus estava na praia, mas os seus discípulos não o reconheceram. Jesus começa um diálogo com eles: “Filhos, será que vocês têm aí alguma coisa para comer”? Eles responderam: “não”. Depois Jesus disse: “Joguem a rede a direita do barco e vocês acharão”.

Primeiro ponto a destacar nessa parte, é que os discípulos não reconheceram Jesus. Isso é muito semelhante com o caminho de Emaús, onde Jesus se aproxima de dois discípulos, porém eles estavam como que impedidos de o reconhecer (Lc 24.13-16). Há momentos em nossas vidas que estamos assim, com os olhos fechados diante das tempestades da vida, não temos o os olhos abertos para a soberania de Deus. Segundo, Jesus disse para lançar a rede a direita. Na primeira pesca, Jesus disse para irem as águas profundas, nessa, lançar a rede a direita. Eles foram obediente a Jesus, da mesma forma que devemos ser. Terceiro, Pedro lançou-se ao mar. Quando ele reconheceu que era Jesus, cingiu-se e lançou-se ao mar e foi ao encontro de Cristo, ou seja, ele fez de tudo para ficar perto de Jesus. Portanto, que isso seja um modelo para nós.

Os discípulos na praia diante de Jesus (Jo 21.9-14)  

Quando os discípulos chegaram na praia, viram brasas com peixe por cima e pão, Jesus os chama e diz para trazer alguns dos peixes. Pedro arrasta a rede para a beira da praia (alguns estudiosos consideram que essa força de Pedro foi algo sobrenatural). João registra que a rede estava cheia de cento e cinquenta três grandes peixes – mostrando a proporção daquele milagre. Apesar de a rede na primeira pesca está prestes a romper-se, na segunda não se rompeu. Jesus convida os discípulos para comer – um dia os salvos estarão reunidos com Cristo para o banquete celestial – Jesus pegou o pão e deu a eles, pois era servo por excelência. E essa foi a terceira manifestação de Jesus aos discípulos depois da sua ressurreição.

Esse foi um encontro maravilho de Cristo com os seus discípulos na praia. Eles tinham abandonado o Mestre na véspera da sua morte. Cristo vai em busca das suas ovelhas que estavam dispersas e as reúnem para um baquete. Jesus restaura Pedro, como disse o saudoso David Wilkerson:
“Naquele momento, Pedro tinha se arrependido de ter negado Jesus e já estava restaurado no amor do Salvador. Ele foi perdoado, curado e cheio de Espírito Santo, porém, ainda se sentia desgastado interiormente, inseguro de si mesmo. Ainda se relacionava com Jesus e os discípulos e, de fato, depois de um tempo pescando com amigos, viu Jesus na praia e tiveram um encontro transformador. “Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes?” Disse ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Cuide dos meus cordeirinho” (Jo 21.15). Perceba que naquele momento. Jesus não o lembrou para ficar atento e orar, ou ser diligente no estudo da palavra de Deus. Não, Pedro foi instruído a “cuidar dos cordeiros”. Esta simples frase é a chave para nos guardarmos de sermos negligentes em nossa vida espiritual. Jesus estava dizendo: Eu quero que você esqueça as suas falhas e ministre sobre a necessidade do povo. Como o Pai me enviou, eu te envio”. 

Assim, esse foi um encontro transformador para a vida dos discípulos, principalmente Pedro.

Conclusão  

Portanto, o que nós podemos aprender desse grande encontro é que na primeira pesca, os discípulos foram chamados para serem pescadores de homens, na segunda, para cuidarem do povo de Deus. A passagem nos ensina muito sobre a pessoa de Cristo, Ele como servo, seu poder e seu convite para comer aquele banquete. Por último a restauração de Pedro, mesmo negando a Cristo, Jesus o restaura e o coloca como pastor do seu povo. 

Que possamos ter sempre encontros com Cristo, daqueles que faz-nos olhar para os nossos pecados, que nos restaura, que nos renova a cada dia para a gloria de Deus. Como disse David Wilkerson: “Enquanto você empenha-se em orar, estudar a palavra, viver uma vida santa e amar a Cristo profundamente, esteja certo de não ignorar os feridos que estão no corpo de Cristo – os seus cordeiros.

Sidney Muniz

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2019 - Capítulo 2 - A Adoração no Antigo Testamento




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: Deuteronômio 31.11-22

11. Quando todo o Israel vier a comparecer perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos.
12. Ajunta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei;
13. E que seus filhos, que não a souberem, ouçam e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual ides, passando o Jordão, para a possuir.
14. E disse o Senhor a Moisés: Eis que os teus dias são chegados, para que morras; chama a Josué, e apresentai-vos na tenda da congregação, para que eu lhe dê ordens. Assim foram Moisés e Josué, e se apresentaram na tenda da congregação.
15. Então o Senhor apareceu na tenda, na coluna de nuvem; e a coluna de nuvem estava sobre a porta da tenda.
16. E disse o Senhor a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses estranhos na terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança que tenho feito com ele.
17. Assim se acenderá a minha ira naquele dia contra ele, e desampará-lo-ei, e esconderei o meu rosto dele, para que seja devorado; e tantos males e angústias o alcançarão, que dirá naquele dia: Não me alcançaram estes males, porque o meu Deus não está no meio de mim?
18. Esconderei, pois, totalmente o meu rosto naquele dia, por todo o mal que tiver feito, por se haverem tornado a outros deuses.
19. Agora, pois, escrevei-vos este cântico, e ensinai-o aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me seja por testemunha contra os filhos de Israel.
20. Porque introduzirei o meu povo na terra que jurei a seus pais, que mana leite e mel; e comerá, e se fartará, e se engordará; então se tornará a outros deuses, e os servirá, e me irritarão, e anularão a minha aliança.
21. E será que, quando o alcançarem muitos males e angústias, então este cântico responderá contra ele por testemunha, pois não será esquecido da boca de sua descendência; porquanto conheço a sua imaginação, o que ele faz hoje, antes que o introduza na terra que tenho jurado.
22. Assim Moisés escreveu este cântico naquele dia, e o ensinou aos filhos de Israel.

Momento Interação

O mundo vive numa constante renovação. O indivíduo busca novos padrões e entendimento para o que acontece ao seu redor; busca novas formas de realizar obras e sonhos; obtém outros pontos de vista a respeito de assuntos e temas já conhecidos. O nosso foco recai sobre a renovação teológica e litúrgica. Questionamos quanto das mudanças na teologia e na liturgia do culto vêm das Escrituras e quanto vêm do desejo das pessoas. Há diversidade quanto à compreensão de como deve ser o culto prestado a Deus.

A Bíblia, ao descrever o que denominamos de culto, não usou termos similares aos que se referiam ao culto em outras religiões. Quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento, essencialmente, o culto é descrito como serviço. Em qualquer língua, etimologicamente, liturgia significa “o trabalho que pessoas realizam”, não pessoas se divertindo, alegrando-se, fazendo o que acham ser bom. No Antigo Testamento, a adoração era prescrita e controlada, era litúrgica.

Como posso adorar a Deus segundo os princípios do Antigo Testamento? Será que o Antigo Testamento oferece direção para uma adoração no culto contemporâneo? Vamos estudar nesta semana acerca deste assunto, que é a adoração no Antigo Testamento.

Introdução

O tema da adoração no Antigo Testamento aparece desde seus capítulos iniciais, já com os primeiros filhos do primeiro casal temos a noção de oferecer sacrifícios em adoração ao Senhor (Gn 4). O povo de Israel foi chamado para ser um povo adorador no Antigo Testamento, a finalidade de Deus tirar o povo da escravidão era para que este povo reunido em uma grande assembleia o “servisse” (adorasse) (Êx. 7.16; 8.20). Deus criou as pessoas para Sua glória e é assim que se deve viver (Is. 43.7).  Mas, se o Antigo Testamento fala de adoração, como era esta adoração? Seria como eu penso? Tenho o conceito correto sobre ela? O que as pessoas fazem hoje na maioria das igrejas e eventos ditos cristãos pode ser comparável a adoração descrita nesta primeira parte da Bíblia? 

I. A adoração ao Senhor no Antigo Testamento

Se analisarmos, bem que encontramos no Antigo Testamento um vasto material com respeito ao louvor a Deus. Temos muitas referências ao assunto nos reportando por exemplo ao livro de Salmos, de onde o significado "louvores", é bem claro. Até porque este titulo " Salmos " no hebraico é a palavra "Tehillim" (transliterada). Outra palavra bem empregada é "Psalmoi" (transliterada) que deu-se da fabulosa tradução dos Setenta, (Septuaginta), tradução esta da Velha Aliança, ou testamento para o grego, nos meados de 200.a.C. "Psalmoi", tem o significado de " cânticos para serem seguidos por instrumentos de cordas". Logo entendemos que a prática do louvor a Deus , estava intrinsecamente fincada na cultura hebreia, quando fazemos uma análise quanto aos cânticos registrados na Bíblia, facilmente constatamos esta verdade. 

II. Desenvolvimento da prática da adoração no Antigo Testamento

Durante todo tempo as páginas do Antigo Testamento notamos uma evolução na prática da adoração. O primeiro registro de culto que temos está em Gênesis 4.1-7. Ali os dois irmãos Caim e Abel vão juntos prestar culto ao Senhor. E aqui Antônio Neves Mesquita faz uma observação importante; ele supõe que a oferta de Caim foi rejeitada porque não foi acompanhada de um espírito de adoração, mas ele estava apenas se conformando com a tradição familiar. Caim traz apenas dos frutos, não há especificação; Abel traz do melhor do rebanho, aqui há especificação. Caim é superficial, cumpre sua religiosidade. Abel dá o melhor, intenso, homem de fé (Hb 11.4), é adorador. Nesta cena quem vai oferecer os sacrifícios são os próprios sacrificantes, não existe sacerdote intermediário, é tudo muito simples. Nos inícios da adoração no Antigo Testamento é sempre assim, há uma grande ênfase na adoração doméstica, é o pai de família quem invoca Deus, constrói altares, oferece sacrifícios (Gn 8.20; 12.7; 26.25; 35. 1; Êx 17.15). Esta adoração doméstica, mesmo depois da construção do Tabernáculo não perece, a Páscoa que a família israelita celebrava em casa é seu exemplo (Êx 12), mas a ênfase vai recair na adoração coletiva.

III. A Adoração Coletiva no Antigo Testamento

O povo saiu da adoração particular para o culto coletivo no templo, com muito simbolismo e liturgia rebuscada (1Cr. 29. 20-36; Sl. 42.4). A construção da Tenda da Congregação estabelece todo um sistema de adoração coletiva. Este sistema comportava:

Sacerdotes - Estes agiam como intermediários entre o povo e Deus (Êx. 28);
Sacrifícios - Desde o começo os holocaustos faziam parte da adoração bíblica. O livro de Levítico divide-os em diversas categorias (Lv 1-6).
Festas - A adoração do povo quase toda se concentrava em torno de grandes festas (Lv. 23). 

Nestes dias todos os fieis deveriam se apresentar diante de Deus com ofertas apropriadas; ninguém deveria ir a presença do Senhor de mãos vazias (Dt. 16. 16-17). O sistema de culto visto no Tabernáculo e depois no templo restringia a adoração a um lugar (templo), e a uma casta de pessoas (sacerdotes), mostrando com isso a imperfeição que permeava aquela dispensação (não se assuste dispensação é termo bíblico (Ef. 3.2)). O autor de Hebreus diz que tudo aquilo tinha prazo de validade, e acabaria quando Cristo, a realidade que cumpriu aqueles símbolos chegasse (Hb. 8-10).
Quando o povo do Reino do Sul foi levado ao cativeiro para a Babilônia (o Reino do Norte já havia ido para a Assíria (2 Rs 17; 25)) perdeu seu templo, seu centro de culto. Então desenvolve-se nesta situação as sinagogas, casas de instrução da Lei do Senhor, onde o povo se reunia mesmo no exílio para estudar a Lei e adorar a Deus. O povo a terra, perde a liberdade, mas não perde a adoração, ela é essencial na vida e é Deus quem o exige.

IV. Princípios de Adoração do Antigo Testamento

É claro que a adoração do Antigo Testamento estava carregada de coisas que foram postas “até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9.10). “Quando, porem, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados” (Hb. 9.11), o que estava envelhecido e prestes a desaparecer, passou (Hb. 8. 13), mas a tudo subjaz alguns princípios atemporais que queremos observar:

a) A adoração deve ser verdadeira. Sim, no Antigo Testamento Deus deve ser adorado do mais profundo do coração (Abel e sua fé), e não religiosamente apenas (Caim e seus frutos). Os profetas condenavam veementemente o formalismo religioso (1 Sm 15.22). A aparência vazia é recusada (Dt. 6.5; Is. 1. 10-17; 58; Ml. 1), e a retidão do povo é exigida (Am 5.24-27).

b) A Adoração deve ser só a Deus. O texto áureo do povo do Antigo Testamento, os Dez Mandamentos, começa com a ordem expressa: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3).  A idolatria, o ato de colocar qualquer coisa no lugar, ou ao lado de Deus é expressamente condenada (Êx 20.4-6; 1 Rs 13. 1; 14. 7; 18; Am 4.15; Os 8.1; Mq 5.13).

c)  A adoração deve ser sacrificial. O princípio do sacrifício: substituição pelo pecado, ou oferta pacifica está estabelecido no culto do Antigo Testamento. Ninguém se aproximava de Deus a seu bel prazer, o sacerdote era o intermediário para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, bem como ofertas de adoração (Lv. 1-6). O grande cume da adoração nacional era o Dia da Expiação nacional (Lv 16), onde o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, oferecendo um sacrifício por ele, e depois no Propiciatório (a tampa da Arca da Aliança), oferecia um sacrifício pelo pecado nacional. Os pecados devem ser expiados para se chegar a presença de Deus.

Conclusão

Quando pensamos em adoração, costumamos compará-la com os cultos das noites de domingo. Esse não é o único momento em que podemos adorar, mas é quando o povo de Deus se reúne para adoração corporativa. Este tipo de adoração não começou com a igreja local, começou quando Deus instruiu Moisés sobre como construir o Tabernáculo. A adoração do Antigo Testamento estava cheia de sombras e tipos de Cristo e da nossa verdadeira adoração hoje. 

Estudo Bíblico Temático - Tema - A Beleza da Origem do Criacionismo Bíblico




Por  Leonardo Pereira



Introdução

A partir de agora começando neste mês de Novembro, teremos no Blog Evangelho Avivado um estudo bíblico temático duas vezes por mês, abordando assuntos relacionados à área da apologética e da hermenêutica. Estes estudos duas vezes por mês servem-nos para aprofundarmos de maneira objetiva na condição bíblica em que nos apresenta o mundo e a plena realidade em que nós vivemos. Tempos turbulentos em que a fé cristã é atacada de modo agressivo e ferrenho por parte do império das trevas, instrumentalizados por pessoas que se utilizam de meios legais e ilegais para romper a continuidade do crescimento da obra da Igreja do Senhor Jesus (cf. Mt 16.15-18). Neste primeiro estudo temático, analisaremos de maneira bem didática acerca da origem da criação, o que nós, cristãos denominamos de Criacionismo Bíblico.

No princípio.....

As Escrituras Sagradas inicia o seu relato de uma forma poética, bela e maravilhosa: "No princípio, criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1). O mais interessante do Livro de Gênesis é que os seus dois primeiros capítulo não abrem brechas ou mesmo deixam lacunas acerca da sua criação e do seu Criador. O primeiro versículo por si mesmo responde a pergunta da humanidade decaída no pecado por intermédio do primeiro Adão (cf. Gn 4). Os grandes desafios dos cristãos nos tempos pós-modernos é em expor como o versículo 1 do primeiro capítulo do Gênesis. Esse foi o desafio dos cristãos do passado e hoje é o nosso combate pela fé bíblica no que tange a criação do universo e de tudo o que nele há. No entanto, temos na Palavra de Deus segurança plena para afirmarmos com forte base que o Senhor Deus deu total origem ao mundo inteiro pois nele "temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu; Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hb 6.19,20).

Por que o Criacionismo Bíblico é tão atacado ferozmente?

Por se falar em Criacionismo Bíblico, devemos reiterar que esta é uma das doutrinas mais importantes dentro do conceito de ensinos bíblicos. O Criacionismo Bíblico é uma doutrina da Palavra de Deus que afirma que o Senhor criou o mundo e tudo o que nele há, sendo somente e plenamente o Senhor e Mantenedor de Todas as Coisas. Toda a Bíblia, de Gênesis à Apocalipse faz questão de afirmar esta doutrina preciosa, a qual envolve todo o âmbito universal, mundial, humano e social. É a partir desta doutrina que respondemos à perguntas que sempre geram dúvidas na mente humana: quem eu sou? de onde eu vim? o que faço aqui? para aonde vou? É para responder estas e outras perguntas que a doutrina do Criacionismo Bíblico existe.

Agora, se o Criacionismo Bíblico responde aos anseios da humanidade detalhadamente, por que ele é constantemente atacado, seja os que não creem, seja os que creem em parte ou desvirtuam tal ensino da Palavra do Senhor? A resposta não é somente uma, mas várias razões para que tal doutrina seja um divisor de águas desde eras remotas. Podemos listar aqui umas três razões:

Primeiro, não creem no Criacionismo Bíblico por não acreditarem na Palavra de Deus. Não são poucos os que creem na Palavra de Deus. Isso é até explicado por consequência de que toda a Bíblia aborda esta doutrina. Para acreditarem na doutrina da Bíblia Sagrada, é necessário crer na Bíblia Sagrada da doutrina. 

Segundo, não creem no Criacionismo Bíblico por não acreditarem no Deus da Palavra. Muitos vão além de não crerem nas Escrituras buscam negarem sempre ao Senhor que os resgatou. Muitos ao longo dos anos zombam e desonram o Santo Nome do Senhor com atitudes desagradáveis e maliciosas. Á estes, restam apenas seguirem neste caminho até o fim de suas vidas, pois, a cada momento em que zombam do Senhor, é um momento em que se afastam mais ainda do Criador.

Terceiro, não creem no Criacionismo Bíblico pelo endurecimento do coração. Este é um ponto extremo do afastamento do ser humano com o Criador. São aqueles que encabeçam a lista de Romanos 1, aos que se afastam de Deus e se aproximam dos caminhos das trevas. Aqueles que endurecem os seus corações, não veem de maneira bela, única e exclusiva as maravilhas do Senhor. Estão cegas moralmente, socialmente e espiritualmente. Mostram ao mundo uma personalidade dura, forte e que afasta o máximo possível do Criador e da sua gloriosa criação. Ao endurecimento do coração, somente a atuação sublime e gloriosa do Espírito Santo para torná-lo um coração quebrantado e contrito diante da presença do Senhor para honrá-lo e adorá-lo como o vaso que honra o oleiro ao finalizar a sua obra.

Rendemo-nos ao Senhor pelos seus Feitos

A Palavra de Deus inicia de forma suprema e gloriosa da manifestação do poder do Senhor Criador de Todas as Coisas. Ao analisarmos os feitos do Senhor a partir dos capítulos 1 e 2 do Livro de Gênesis, constatamos que vemos o Senhor Deus de Israel colocar todas as coisas do planeta terra em seu devido lugar, partindo do nada para a existência de tudo aquilo que vemos e não vemos. 

Em sua devida ordem, o Senhor criou a Luz, realizou a separação entre a luz e as trevas e assim nasceu o dia e a noite (Gn 1.3-5), separou as águas entre o espaço do planeta e assim fez surgir os céus, os mares, a tarde e a manhã e a terra (Gn 1.6-10), criou a natureza com todo a espécie de frutos e de vegetais bem como os luminares nos céus e também as diversas espécies de animais nos céus, nos mares, na terra e embaixo da terra (Gn 1.11-23). Tudo isto coloca em cheque muitos conceitos que foram originados ao longo das eras como a existência vazia, o "Big Bang", e o politeísmo, conceito este que ganha força com a busca por pluralidade em um mundo politeísta e pragmático.

Muito podia ser dito acerca da criação à luz da Palavra de Deus, mas a ordem que o Senhor criou tudo aquilo que existe, quer vejamos, quer não, por si só é testemunha da beleza da criação do Deus Vivo. A supremacia e a excelência encontram-se visíveis quando a Palavra do Senhor dá o início de uma história maravilhosa que se mantém presente até os dias atuais e esta verdade prosseguirá até a eternidade, quer os teólogos pragmáticos duvidem, os cientistas ateus neguem, os filósofos relevantes persistem, e os líderes mundiais incrédulos continuem com os seus pensamentos, a Palavra do Senhor sempre manterá firme, verdadeira e inalterável em sua ênfase de Gênesis 1.1: "No princípio, criou Deus os céus e a terra".


Referências:

ANDRADE, Claudionor de. O Começo de Todas as Coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

KIDNER, Derek. Gênesis - Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1993.

WALTKE, Bruce K. Comentário Bíblico Gênesis. São Paulo: Cultura Cristã, 1991. 



  



sábado, 9 de novembro de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2019 - Capítulo 1 - O Conceito Bíblico da Adoração e do Louvor




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: João 4.19-25

19. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
20. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
24. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
25. A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.

Momento Interação

Estudantes da Palavra do Senhor. Neste mês de novembro estaremos estudando acerca do conceito bíblico da adoração com o tema: A Verdadeira Adoração - a real adoração conforme os padrões da Bíblia Sagrada. É uma grande oportunidade de estudarmos com uma forte máxima, combatendo os inúmeros absurdos dos muitos movimentos presentes que se dizem adoração, mas que não tem nada a ver com a a adoração, muito menos, com os padrões de adoração estabelecidos nas Escrituras Sagradas. O comentarista deste mês é o irmão Oliveira Silva. Ministro do Evangelho, teólogo, professor de Escola Bíblica Dominical e articulista do Blog Evangelho Avivado.Bons Estudos!

Introdução

Temos vivido dias intensos de demonstração de louvor e adoração ao nosso Pai. Essa expressão abrange totalmente nossa resposta de amor e apreciação ao Senhor (Is 43.21). O louvamos pelo que tem feito a nós e O adoramos por quem Ele é (Sl 100.4). Não há uma maneira ou método para louvá-lo e adorá-lo, porém podemos expressar nossa gratidão a Deus através de alguns atos. Em muitas igrejas contemporâneas, existe um caos na adoração. A tragédia é tão grande que poucos crentes examinam as Escrituras para encontrar seus preceitos sobre este assunto. Alguns dizem: "Isto parece adoração"; ou: "Isto não é adoração"; ou: "Posso adorar a Deus com esta forma de culto". Entretanto, tais pessoas estão fazendo um julgamento completamente subjetivo quanto à maneira apropriada de adorarmos a Deus. Mesmo aqueles que examinam as Escrituras frequentemente já decidiram que tipo de adoração acham adequada e buscam as Escrituras apenas para encontrar textos que apoiam seu ponto de vista. Nesse artigo, consideraremos o que realmente é adoração e como devemos adorar a Deus de uma maneira que O agrade.

I. O Conceito Bíblico da Adoração

A Bíblia ensina que só devemos adorar a Deus. A verdadeira adoração vem do coração, não é só um ato exterior. Quem adora outro que não seja Deus, rejeita a Deus. Adoração é mostrar amor e respeito, se dedicando totalmente a Deus. Só Deus merece tanta dedicação e reverência, porque Ele nos criou e é soberano sobre tudo. Mais ninguém merece adoração (Lc 4.8). A adoração vem de dentro e é mostrado em atos que fazemos. Podemos adorar individualmente ou em grupo, com outras pessoas que amam a Deus. Mas atos de adoração que não são sinceros não são adoração, só ritual sem valor (Jo 4.23). Algumas formas de adoração são:

Louvar – agradecer a Deus, lembrando como Ele é bom e tudo que fez por nós. Podemos louvar cantando, orando, escrevendo, até dançando! Veja aqui como louvar a Deus.
Estudar a Bíblia – quem adora a Deus quer conhecer mais sobre Ele e o que O agrada, por isso lê a Sua Palavra.
Obedecer – guardar seus mandamentos e aplicá-los à vida diária. Isso significa submeter-se à vontade de Deus (Rm 12.1).
Rejeitar o pecado – Deus odeia o pecado. Quem O adora não O quer entristecer, por isso lutará contra o pecado, com a ajuda de Jesus.
Amar os outros – quando ajudamos uns aos outros em amor, adoramos a Deus, que ama a todos (1 Jo 4.11,12).
Ir à igreja – na igreja adoramos a Deus todos juntos, de várias maneiras. Mostramos adoração tirando tempo só para Ele, em comunidade.

II. O Conceito Bíblico do Louvor

Louvor é mostrar apreço e gratidão a Deus. Quando louvamos a Deus, lembramos tudo que Ele fez e faz por nós. Louvar é uma forma de adorar a Deus. Quando falamos bem de alguém, louvamos essa pessoa. Podemos louvar muitas pessoas mas só Deus merece nosso maior louvor, porque só Ele é perfeito e nos salva (Sl 150.1,2). Quando vemos tudo que Deus fez, a resposta natural é louvar. O louvor a Deus é agradável e nos aproxima dele (Sl 147.1). Podemos louvar a Deus em todo tempo e em qualquer lugar, sozinhos ou em grupo. O verdadeiro louvor a Deus vem do coração e pode ser expresso por palavras e ações. Os Salmos são cânticos e poemas de louvor a Deus. Louvor é uma forma de adoração a Deus. Adoração é dedicação e amor total a Deus. Quando louvamos a Deus, expressamos essa dedicação. Louvar é uma maneira prática de adorar a Deus.

Um dos motivos que o louvor é tão forte é porque ele evita que desperdicemos nossas forças com lamentações, lamúrias e preocupações desnecessárias. Assim, restabelecidos, recebemos a renovação de Deus em nosso espírito para enfrentar a situação e vencer pela fé. Uma das vontades expressas de Deus é que nós Lhe rendamos o louvor devido. A boca precisa expressar o que o coração está cheio. Não são os belos cânticos que lhe entoamos e sim a vida santa que lhe consagramos a real adoração.

III. Os Padrões que o Senhor nos mostra

Antes de falar o que é adoração, quero definir o significado de adoração na Bíblia. Adoração na Bíblia, no Antigo Testamento, aparece através da palavra heb. shaha (mais de 100 vezes), que significa “curvar-se diante”, “prostrar-se”, “veneração”, “inclinar-se perante”. No Novo Testamento a idéia está expressa pela palavra gr. proskuneo (59 vezes), que significa “prostrar-se”, “venerar”, “beijar a mão”, “prestar homenagem a alguém”, “fazer reverência a”, “adorar”. Não poderíamos falar sobre o que é adoração sem citar João 4.23: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”. Adoração é para vida cristã o que a mola mestra é para um relógio, o que um motor é para um carro. A adoração é o núcleo, o elemento essencial, o coração da vida cristã.

Quem deve louvar a Deus e como? A Bíblia diz em Salmos 150.1-6: “Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder! Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza! Louvai-o ao som de trombeta; louvai-o com saltério e com harpa! Louvai-o com adufe e com danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flauta! Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes! Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!” O louvor é uma oferta espiritual. A Bíblia diz em Hebreus 13.15: “Por ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” Louvar significa agradecer a Deus pelas suas muitas dádivas. A Bíblia diz em Salmos 103.2: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios”.

Conclusão

A adoração é para Ele. Ele é a audiência mais importante em cada culto. A adoração comunitária é uma antecipação da reunião do povo de Deus no céu. As grandiosas cenas de adoração celestial em Apocalipse são tanto do presente quanto do futuro: nós direcionamos toda a nossa atenção para o trono; cantamos sobre a obra de Cristo; somos sinceros e diretos em nossa devoção a Deus. Praticamente toda igreja tem uma ordem de culto e um padrão familiar de fazer as coisas, o que significa que toda igreja tem uma liturgia. Mesmo que não sejamos muito rígidos em nossa liturgia, ainda assim queremos que ela seja rica, sólida e bíblica. Nosso culto tem quatro partes: louvor, restauração, proclamação e resposta. Nós vemos esse padrão nas cerimônias de pacto e aliança da Escritura e em diversos encontros divinos. Em Isaías 6, por exemplo, Isaías comparece diante de Deus e o adora; então ele confessa seu pecado e busca restauração; Deus então proclama sua palavra a Isaías; finalmente, Isaías responde com seu compromisso a Deus. Esse também é um padrão do evangelho: nos aproximamos de Deus com admiração, vemos nosso pecado, ouvimos as boas novas e respondemos em fé e obediência. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A Pesca Maravilhosa



A pesca maravilhosa é um dos grandes milagres que Jesus executou sobre a natureza. Jesus mostra grandemente o seu poder, depois chama os discípulos para serem pescadores de homens. Apesar de ser um texto bastante conhecido, têm muitas lições a nos ensinar sobre a pessoa de Cristo, principalmente seus atributos. Nesse texto, queremos destacar algumas delas. 

A multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus

Aconteceu que Jesus estava junto ao lago de Genesaré, e a multidão o apertava para ouvir a palavra de Deus. Então ele viu dois barcos junto à praia do lago. Os pescadores tinham desembarcado e estavam lavando as redes. Entrando num barco, que era i de Simão, Jesus pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, do barco ensinava as multidões (Lc 5.1-3).

Jesus estava no lago de Genesaré que é o mesmo lago da Galileia, a multidão o apertava para ouvir a palavra de Deus e ele ensinava a multidão do barco. Podemos perceber no texto, o desejo daquelas pessoas de ouvirem a palavra de Deus, porque Jesus ensinava a palavra de Deus de maneira diferente. Assim, Jesus não ensinava como os fariseus, eles pregavam uma coisa e viviam outra, mas Jesus falava com autoridade e as multidões ficavam maravilhadas com a sua doutrina (Mt 7.28,29).

Jesus ordena que lancem a rede para pescar  

Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: Leve o barco para o lugar mais profundo do lago e então lancem a rede de vocês para pescar (Lc 5.4).

Depois de Jesus ensinar as multidões, ele ordena que leve o barco para o lugar mais profundo do lago e após isso lançar a rede para pescar. Jesus conhecia todo aquele lugar através da sua poderosa onisciência, ele sabia justamente onde estava aqueles peixes. Nesse trecho, fica bem evidente que Jesus é Deus, os Evangelhos foram escritos com esse propósito também (provar que Jesus é Deus). Portanto, Lucas demonstra para os seus destinatários que Jesus possui o mesmo atributo do Deus do Antigo Testamento, a onisciência.

A resposta de Pedro

Em resposta, Simão disse: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sob esta sua palavra, lançarei as redes (Lc 5.5).

Jesus ordenou que eles lançassem a rede na parte mais profunda do lago, Pedro responde a Cristo que havia trabalhado a noite inteira e não apanhara nada, mas sobre a palavra de Cristo, lançaria a rede. Apesar de aqueles homens serem perito na pesca e conhecerem bem toda aquela região da Galileia com a palma da sua mão, mesmo assim não desobedeceram a palavra de Jesus. Talvez eles estivessem cansados por terem trabalhado toda aquela noite, entretanto, obedeceram as ordens de Jesus. Logo, isso nos ensina a importância da obediência para a vida cristã.

A rede cheia de peixes

Fazendo isso, apanharam grande quantidade de peixes; e as redes deles começaram a se romper. Então fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajuda-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase afundarem (Lc 5.6.7).

Após obedecerem a ordem de Jesus, a rede deles encheram-se de peixes e começaram a romper-se. Pediram ajuda de seus companheiros, ambos os barcos encheram a ponto de quase afundarem. Tudo isso aconteceu porque eles obedeceram a palavra de Cristo. Se quisermos ser abençoado por Deus, devemos obedecer seus mandamentos. Enfim, a rede cheia de peixes demonstra claramente toda a onipotência de Cristo.

Pedro fica impressionado com a pesca

Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, afasta-se de mim, porque sou pecador. Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios (Lc 5.8.9).

Pedro juntamente com os seus companheiros ficaram impressionados com a pesca. Lucas destaca bem a atitude de Pedro ao aproxima-se de Jesus, Pedro pede a Jesus que se afaste dele porque se considera um pecador. Diante da santidade de Jesus, Pedro contemplou seus pecados e misérias. Outros homens de Deus tiveram a mesma atitude, Abraão disse: “Eis que me atrevi a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18.27); Jó afirmou: “Eu ti conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrendo no pó e na cinza (Jó 42.5,6). Em suma, quando estamos diante da santidade de Jesus, nos sentimos como esses homens.

A resposta de Jesus a Pedro

Então Jesus disse a Simão: Não tenhas medo! De agora em diante você será pescador de homens. E, arrastando eles os barcos para a praia, deixando tudo o seguiram (Lc 5.10,11).

Jesus diz para Pedro não ter medo após se considerar um pecador, porém de agora em diante ele será um pescador de homens. Ao ouvirem as palavras de Cristo, eles arrastam o barco para a praia, deixando tudo para seguirem a Jesus. Cristo se manifesta de uma forma poderosa aos discípulos e depois os comissiona. Isso é muito semelhante ao que Deus fazia no Antigo Testamento comissionando os profetas para a obra de Deus. Portanto, aqueles homens não rejeitaram o chamado Deus em suas vidas, se Ele tem chamado você para a sua obra, não rejeite, mas faça como os discípulos que deixaram tudo para o seguir.

Conclusão

Os pontos que podemos ponderar nessa passagem são:

Primeiro, a onisciência de Cristo. Jesus possui o mesmo atributo que Deus no Antigo Concerto, isso prova que ele é Deus. Segundo, a obediência de Pedro. Apesar de haverem passado a noite trabalhando, não deixaram de obedecer as ordens de Jesus. Com isso, foram grandemente abençoados. Terceiro, a santidade de Cristo. Pedro ao contempla-la se sentiu um pecador, a santidade de Cristo faz nós saber o quão pecadores e carecedores somos da graça de Deus. Quarto, os discípulos deixam tudo para seguir a Jesus. Todos aqueles que creram em Jesus como seu salvador, largarão tudo para seguir o Mestre.


Sidney Muniz