sábado, 25 de janeiro de 2020

Soberba e Arrogância em um Ponto de Vista




Por Leonardo Pereira



O pastor presbiteriano Sérgio Lima, um ministro do evangelho de uma denominação que muito respeito e tenho muitos amigos, porém discordando de alguns pontos doutrinários, disse em um vídeo do Youtube que os "desigrejados" são soberbos e orgulhosos. O pastor quase que generalizando este movimento esquece dez pontos os quais mostram de modo claro que devemos ter um equilíbrio quando se fala sobre este assunto:

1) O termo desigrejados é um tempo incoerente que foi transmitidos por muitos. O correto para estas pessoas é o termo "Não-Denominacional". Pessoas que não frequentam mais nenhuma denominação.

2) Literalmente o termo se refere à pessoas que saíram de uma denominação, e não que saíram da Igreja de Cristo, como muitos anunciam "aos céus e aos montes".

3) Essa classe encabeça uma lista vasta de motivos pelos quais eles não frequentam mais uma denominação, tais como decepções, enganos, insatisfação do sistema eclesiástico, entre muitos outros.

4) Muitos irmãos e ministérios desavisados dão à esses irmãos uma conotação forte de "desviados", por não estarem mais frequentando as reuniões e as congregações, o que por sí só já é um crítica ruim da pessoa e da sua condição eclesiástica.

5) Devemos compreender que os "não-denominacionais" estão crescendo em números e em diversas estatísticas levantadas por pesquisadores, haja vista com o declínio moral, social, ético, ministerial e espiritual da igreja evangélica brasileira na sua atualidade.

6) Devemos compreender também que nem todos os que saíram das denominações foram por razão de boa fé (Devemos ser sinceros). Muitos procuraram e ainda procuram disseminar suas heresias e modismos nos seio da igreja e por não conseguirem, buscam adentrar a lista crítica de um "não denominacional".

7) Devemos compreender também que muitos líderes de denominações causaram muitas dores naqueles que saíram das mesmas. Traumas terríveis com cicatrizes difíceis de curar estão marcados na alma de muitos, e isso tem levado um povo a um sério afastamento das denominações evangélicas brasileiras.

8) Os evangélicos "não-denominacionais" não odeiam a igreja ou a criticam por existí-la. Apenas muitos preferem não fazer parte das instituições pela forma como foram afetados quando ainda fizeram parte dela, mas em sua maioria, não a odeiam ou combatem contra ela.

9) A igreja se posicionou com o passar dos anos para uma questão muito crítica com aqueles que saíram das instituições sem fazerem uma análise mais profunda e individual dos motivos que levaram muitos a abandonarem as denominações. Frases como a do pastor presbiteriano em seu vídeo fazem ainda mais os seguidores de Cristo Jesus se afastarem e caminharem em direção contrária a do aprisco.

10) As denominações evangélicas da nação brasileira e este movimento deve encontrar um ponto de equilíbrio o mais rápido possível para que assim, soluções em demasia possam aparecer, pessoas no poder de Jesus Cristo possam ser curadas de maneira mental, social e espiritualmente das dores outrora sofridas, e muitos possam compreender como os não-denominacionais não estão afastadas da comunhão do Senhor, mas sim, buscando o melhor também para as denominações evangélicas do Brasil.



Livros de Sugestão de Leitura para este tema:

Feridos em Nome de Deus. Marília de Camargo César - Mundo Cristão, 2009.

Bacia das Almas. Paulo Brabo - Mundo Cristão, 2009.

Paulo Romeiro. Decepcionados com a Graça - Mundo Cristão, 2005.

Frank Viola. Cristianismo Pagão? - Abba Press, 2008.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2020 - Capítulo 4 - As Bênçãos de Deus




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Eclesiastes 9.1-8

1. Deveras todas estas coisas considerei no meu coração, para declarar tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus, e também o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa perante ele.
2. Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
3. Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.
4. Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).
5. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.
6. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.
7. Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.
8. Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.

Momento Interação

Tendo em vista as incertezas do que o futuro pode trazer, seja adversidade ou prosperidade (v. 1-3), e em vista da certeza da morte com a perda de todas as oportunidades de desfrute (vv. 4-6), Salomão novamente recomenda desfrutar a vida como boa dádiva de Deus (Ec 9.7–9). Aqui, ele detalha melhor do que em outros lugares alguns dos aspectos da vida que deveriam ser apreciados: comida (lit., “pão”) e vinho que sustentam a vida e a tornam alegre (Sl 104.15), roupas finas e loções agradáveis ​​(cf. 2 Sm. 12.20, onde são os opostos da tristeza lamentável), gozo da vida com a esposa (cf. Pv 18.22). Em suma, estas incluem tanto as necessidades básicas da vida quanto alguns “luxos” que Deus concede como bençãos (Ec 5.19). Salomão sublinhou a necessidade de desfrutar desses dons, enfatizando a brevidade da vida.

Introdução

Em Eclesiastes 9 Salomão chega a conclusão de que coisas boas e coisas más sucedem, tanto na vida do justo como na vida do ímpio. Por si só, essa constatação poderia levar o justo a questionar qual o proveito de servir a Deus? Salomão tem razão, o mesmo sucede aos dois, mas sua visão está carregada pelo pessimismo das aflições. Mesmo sofrendo as mesmas coisas, a atitude do justo diante das calamidades lhe dá muita vantagem. Seja para reagir, recomeçar e reconstruir, o justo acredita que seu segundo estágio pode ser melhor que o primeiro, tal como aconteceu a Jó. Já o ímpio, não. Sua esperança se desfaz junto com o que foi levado. Porém a alma do justo está firmada em Deus, que não pode ser abalado. Não permita que o desânimo da alma sem Deus contagie sua fé. Permaneça crendo, mesmo que tudo ao seu redor esteja desmoronando, mesmo que não tenha todas as respostas, mesmo que haja silêncio no céu enquanto você ora. Aguarde crendo, é certo que o Senhor lhe responderá.

I. O Sustento que o Senhor nos Concede

Neste capítulo, a síntese dele é que o homem deve desfrutar de sua vida apesar da maldição da morte comum a todos os homens indistintamente, quer ele seja bom ou não; quer tenha fé ou não; quer seja de Deus, quer o rejeite. Com a queda de Adão, a morte passou para todos os homens e bem assim a sua natureza pecadora que nos faz escravos do pecado até que Cristo nos liberte dele pela sua salvação monergística.

O sábio declarou no primeiro verso que tanto os justos, como os sábios e as suas obras estão nas mãos de Deus e que ainda não conhece o homem nem o amor nem o ódio, mas tudo passa perante ele. Isto é, seu conhecimento atual é muito vago e superficial não compreendendo os desígnios nem a sabedoria de Deus no controle de todas as coisas. É por isso que também Jesus nos declarou que tanto a chuva quanto o sol vêm sobre todos os homens quer sejam ou não seus seguidores fieis. Não há como nos escondermos das consequências de nossos atos feitos na carne, não há como fugirmos dos problemas diários.

II. Desfrutando da Vida

O que nos garante no momento não é o nosso livramento, mas é a segurança certa de que o Senhor está conosco apesar de nós. Assim, temos problemas e o teremos para sempre, mas também temos um diferencial no problema, o Senhor está conosco, por isso que ele é Emanuel, o Deus conosco. No momento até me parece bem que seja assim com relação as coisas que nos sucedem, senão nosso coração logo se desviaria e teríamos menos amor ao nosso irmão frágil que cai e que precisa de uma mão amiga que o ajude a vencer e a superar.

Ele, o sábio, se queixa tanto de tantas coisas, mas ele tem razão, é verdade. Suas queixas têm fundamento e ele ainda não entende porque é assim e não de outro modo, por isso diz que não é do ligeiro, nem dos fortes, nem dos sábios, nem dos preparados para a batalha, mas do tempo e da oportunidade que pode alcançar a qualquer um. Como Deus está no controle total e absoluto de tudo e de todos, para mim depende sim de Deus querer ou não querer dar/tirar isso a esse, e não a este ou àquele. Quem sou eu para dizer a Deus que o que faz não é certo ou poderia ser melhor? Em todas as minhas batalhas com o Senhor, eu já entro como vencido dele, esta é minha regra, para o meu próprio bem e saúde.

III. O Valor do Casamento

Neste capítulo, Salomão nos apresenta de maneira muito expressiva que o melhor da vida é viver intensamente para Deus, aplicando a ela a verdadeira sabedoria divina. Mas, infelizmente, os corações das pessoas estão cheios de maldade e há loucura em seus corações enquanto vivem.  Elas não vêem que o destino de todos é um só: depois da vida, juntar-se aos mortos (v. 3 NVI). O fato de que a morte chegará a todos nós não significa de todo uma coisa ruim para os filhos e filhas de Deus, porque a morte será derrotada (1 Co 15.26), assim como o inimigo que a trouxe a nós: “Quem está entre os vivos tem esperança” (v. 4a NVI). Portanto, que a cada dia, vivamos intencionalmente para Deus.

O ideal da vida não é a simples busca do prazer, mas sim a espera alegre e em paz da vinda de Deus. Um exemplo disso é a comunhão no casamento: “Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol” (v. 9a NVI). Sua casa, seu trabalho, seus estudos e as demais atividades diárias tornam-se pequenos pedaços de céu quando você tem o amor de Deus. A sabedoria é necessária para atingir compreensão e reflexão (v. 17). Mas a sabedoria não significa apenas o conhecimento intelectual, significa a grandeza moral. “aquele que é verdadeiro líder orará por um coração entendido, a fim de discernir entre o bem e o mal”.

Conclusão

Como Salomão não colocou a sabedoria que recebeu de Deus para avançar no conhecimento da Sua pessoa e das coisas espirituais, celestiais e divinas, o Senhor não lhe deu a revelação de muitas destas coisas, especialmente o conhecimento do motivo porque os justos sofrem, porque isto só pode ser conhecido sofrendo com paciência debaixo da potente mão do Senhor, tal como Jó viera a conhecer, por exemplo. Porque quando se está no profundo poço da aflição, tal como Jeremias, é a hora de se clamar a Deus, não para entender porque os justos sofrem, mas para receber conforto, poder e revelações da Sua parte, mas revelações que forem do Seu propósito nos conceder, especialmente para a realização da Sua obra. 
    
Então vemos também neste capitulo a perplexidade de Salomão diante do sofrimento dos justos. Ele chega a chamar isto de “um mal que ele viu debaixo do sol”, ou seja, algo, que no seu pensamento, fugia ao controle de um Deus justo, porque não podia admitir que o justo sofresse o mesmo que o ímpio neste mundo, e muito menos que ímpios fossem poupados de sofrimentos. Ele chegou a admitir que tudo está nas mãos de Deus (v. 1) na administração de todas as obras que se fazem na terra, mas não com o devido conhecimento de causa como funciona tal soberania divina. Salomão não podia entender a excelência da vida que o justo provará quando sair deste mundo, porque isto se experimenta na terra, em forma de amostragem, antes de se ir para o céu. Os que caminham com Deus virão por fim a experimentá-lo por concessão da Sua graça e revelação divinas.



Sugestão de Leitura: A Obra Gloriosa da Evangelização - Anderson Ribeiro - São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Comentário Bíblico Mensal Janeiro/2020 - Capítulo 3 - Tempo para Todas as Coisas




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Eclesiastes 3.1-11

1. Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
2. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
3. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
4. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
5. Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
6. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
7. Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
8. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
9. Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?
10. Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.
11. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.

Momento Interação

A vida é feita de muitas experiências e emoções diferentes. Eclesiastes 3 explica que há momentos de alegria e de tristeza, de surpresa e de desilusão, de sucesso e de fracasso... As coisas mudam, passam, transformam-se. Nenhuma situação dura para sempre. Na vida, tudo é passageiro. Mas existe uma coisa que nunca muda: Deus. Deus é sempre igual, todos os dias, por toda a eternidade! Ele é o único que não falha. Quando pomos nossa confiança nas coisas deste mundo, vamos ficar desiludidos mas podemos confiar totalmente em Deus. Sem Deus, todas as experiências da vida são inúteis, sem razão nem esperança. Mas, quando confiamos em Deus, encontramos valor nas nossas experiências e podemos apreciar a vida que Ele nos deu.

Introdução

A vida é feita de muitas experiências e emoções diferentes. Eclesiastes 3 explica que há momentos de alegria e de tristeza, de surpresa e de desilusão, de sucesso e de fracasso... As coisas mudam, passam, transformam-se. Nenhuma situação dura para sempre. Na vida, tudo é passageiro. Mas existe uma coisa que nunca muda: Deus. Deus é sempre igual, todos os dias, por toda a eternidade! Ele é o único que não falha. Quando pomos nossa confiança nas coisas deste mundo, vamos ficar desiludidos mas podemos confiar totalmente em Deus. Sem Deus, todas as experiências da vida são inúteis, sem razão nem esperança. Mas, quando confiamos em Deus, encontramos valor nas nossas experiências e podemos apreciar a vida que Ele nos deu.

I. Um tempo Certo

Há um tempo correto para cada experiência. Por exemplo, um bebê recém-nascido tem de crescer um pouco antes de poder comer comida sólida. Da mesma forma, há uma ocasião certa para cada fase da vida. Muitas vezes queremos tudo na hora, sem esperar pelo tempo certo. Isso não é bom. Construir a casa na areia é mais rápido que construir na rocha mas a base não é sólida. Se apressamos as coisas, recebendo coisas pelas quais não estamos preparados, podemos passar por muito sofrimento. Por exemplo, muitas pessoas têm um casamento infeliz porque não esperaram até estarem prontos para o casamento. É muito importante procurar o tempo de Deus para nossas vidas. Ele sabe o que é melhor para nós. Esperar o tempo de Deus é aprender a ter paciência, domínio próprio e equilíbrio. Quando esperamos o tempo certo, descobrimos uma alegria especial nas coisas que Deus nos dá. Nesta vida, os momentos de tristeza, dor e sofrimento vão passar. As alegrias temporárias deste mundo também são passageiras. Mas, em Jesus, temos uma promessa eterna: no tempo certo, Jesus voltará para julgar o mundo e levar os salvos para o Céu. No Céu, não haverá mais sofrimento. Finalmente teremos alegria eterna, junto de Deus! Tudo acaba mas a palavra de Jesus nunca passa.

II. Uma esperança que não é Passageira

Em Eclesiastes 3 o sábio nos diz que há tempo para tudo. Com uma longa lista de comparações, ele nos diz que devemos aproveitar e viver cada uma dessas etapas, até mesmo as de luto. Quando morre um ente querido, muitas pessoas não choram, não se despedem, não dizem suas últimas palavras, enfim, não vivem o luto, e como consequência, sofrem absurdamente na sua alma. Isso acontece porque eles não completaram a etapa. Passaram por ela deixando pendências. Não devemos fazer isso. Viva e aproveite as boas estações da vida, com muita alegria e satisfação em Deus. Mas quando os maus momentos vierem, viva-os também. O que Salomão está nos dizendo, principalmente é que a vida é uma alternância entre os dois. Nem o bom momento, nem o mau, são eternos. Os dois irão passar. Sendo assim, voltando para o exemplo do luto. Enquanto a pessoas que não querem vivê-lo, a outras que não querem sair dele. Vivem em um luto “eterno”, não reagem. Não passam para a próxima etapa da vida. A grande lição deste capítulo, é termos a maturidade e a sabedoria, para lidar com todas muitas estações da vida, tendo certeza de que com um relacionamento sincero com Deus, seremos cuidados em cada uma delas.

III. As Palavras de Jesus nunca Passam

O tempo nos oferece a oportunidade do aprendizado. Saber esperar sem se acomodar é com certeza fruto de alguma outra experiência nossa que não foi bem sucedida, exatamente por faltar a sabedoria de não saber esperar o tempo certo – a ocasião propícia – o momento exato de agir – na medida certa. Uma das dificuldades dos tempos em que vivemos é o de não se ter paciência. Gostamos de tudo muito rápido; na hora. – Vivemos o tempo do instantâneo. Não gostamos de esperar. Esperar incomoda, inquieta, impacienta, principalmente se estamos sofrendo algum tipo de pressão, injustiça, incompreensão. Se estamos sofrendo algum tipo de desgaste, queremos resolver logo, rapidamente. Nesses momentos quase sempre nos esquecemos das lições que o tempo já tentou nos ensinar, de que é preciso ter paciência, pois como diz o adágio popular: “não há mal que sempre dure”. O escritor de Eclesiastes diz que: “tudo tem o seu tempo ” e “que tudo passa” – Sábio é quem adquire a experiência com as lições do tempo. Saber esperar não é se acomodar ás circunstâncias, – é antes aguardar o momento certo de agir. Talvez você já viveu ou está vivendo o tempo onde faz o melhor que pode, com maior motivação, mas não é reconhecido nem valorizado. Quem deveria ver e valorizar não vê e se vê não valoriza. As vezes, outro que não faz por merecer é visto, valorizado e colocado numa posição de destaque. Nesses momentos o impaciente se sente injustiçado – e, é. Porém, é tempo de continuar fazendo melhor ainda o que já vinha fazendo bem feito, pois esse é o tempo de doar-se – tempo de falar sem palavras – é tempo de estar calado – tempo de aprender com o tempo – tempo de ser curtido – tempo de carregar pedras. Há esses tempos! Mas calma, paciência! Vai Passar. Tudo passa!

Conclusão

O autor do livro de Eclesiastes divide a nossa vida em três tempos distintos, que poderiam ser resumidos em: nascer, viver e morrer. Sobre o primeiro e o terceiro apenas uma frase: 'há tempo de nascer e tempo de morrer'. Simples e objetivo, como a dizer: é isso; sobre eles não temos controle; ninguém escolheu nascer; hora, lugar, filiação, pobreza ou riqueza. Tão pouco está no nosso controle o morrer. A depender da vontade do homem, a maioria jamais deixaria esta terra, por mais que a considere um 'vale de lágrimas' como é comum se ouvir. Tal como o nascimento, não há muito o que fazer sobre o tempo e o lugar da nossa partida, a não ser tentar protelá-la o máximo possível. 

Porém sobre o segundo tempo de nossa vida o autor não economizou nos verbos: plantar ou arrancar, matar ou curar, edificar ou derrubar, chorar ou rir, prantear ou saltar de alegria, ajuntar ou espalhar, abraçar ou se afastar, buscar ou perder, guardar ou deitar fora, rasgar ou coser, falar ou calar, amar ou aborrecer, guerrear ou pacificar. Para nossa surpresa alguém tomou de volta para o seu controle o poder do nascimento e da morte e os colocou também à nossa disposição. Se antes não podíamos escolher o tempo de nascer ou morrer, agora, em Jesus, já podemos escolher morrer e nascer: "Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida. Porque se fomos unidos com Ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição" (Rm 6.4,5).



Sugestão de Leitura: A Missão dos Discípulos de Cristo - Oliveira Silva. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2020 - Capítulo 2 - O Propósito da Vida com Deus




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Eclesiastes 2.1-13

1. Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.
2. Ao riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta?
3. Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.
4. Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
5. Fiz para mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda a espécie de fruto.
6. Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
7. Adquiri servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.
8. Amontoei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens; e de instrumentos de música de toda a espécie.
9. E fui engrandecido, e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
10. E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.
11. E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.
12. Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram.
13. Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.

Momento Interação

Ao longo desse livro, o autor apresenta uma série de perguntas em busca do propósito da vida. Suas perguntas e conclusões subsequentes ilustram sua própria jornada ao buscar entender por que estamos aqui na Terra. Ao estudarem esse livro, iremos refletir sobre o propósito da mortalidade e descobrir com o autor que todos, um dia, terão de comparecer perante Deus e ser julgados.

Introdução

Em Eclesiastes 2, Salomão nos diz que buscou o sentido e a satisfação da vida em várias coisas. A primeira delas foi nos prazeres da carne (v.1-3). Depois ele se dedicou a construir mais riquezas (v.4-9). Empreendeu, edificou, plantou, mas quando olhou para a motivação de tudo aquilo, não encontrou prazer nelas. Por fim, ele se dedica a conhecer ainda mais. Ele pesquisa, esquadrinha e adquiri conhecimento. No fim, ele está ainda mais frustrado. Em Eclesiastes, Salomão é o retrato do ser humano que vive sem Deus e busca o prazer e a satisfação da vida, nas coisas. Quanto mais ele procura, se doa ao pecado, quanto mais consegue bens e patrimônio, mais vazio se torna. Por isso, Jesus, que é maior do que Salomão, nos disse para buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e Sua justiça, e as demais necessidades reais, seriam supridas. Muitas vezes observamos pessoas que aparentemente tem tudo o que precisam para uma vida feliz, mas são vazias e frustradas na sua alma. Exatamente porque o propósito da existência delas não foi alcançado. As “coisas” e o “ter” não substituem o anseio da nossa alma por Deus. Por isso, quanto mais perto dEle, mais felizes somos.

I. O Perigo de uma vida distante de Deus

Em Eclesiastes 2 Salomão resume sua vida. Sua experiência foi muito ampla e diversificada (v. 1). Ele obteve poder (v. 9), riquezas (v. 8), alcançou um enorme desenvolvimento intelectual (v. 3, 9); construiu grandes coisas, plantou árvores, vinhas e jardins (v. 4), sistemas de irrigação (v. 6), encheu sua casa com servos, e os seus campos com vacas e ovelhas (v. 7). Ninguém podia se igualar a ele. Salomão juntou ouro e prata e uma enorme variedade de objetos valiosos. Suas festas tinham os melhores músicos e instrumentos (v. 8) e, como se tudo isso não fosse suficiente, ele se dedicou sem restrições a satisfazer seus desejos e prazeres (v. 10, 25). Ele tinha tudo, mas se sentia vazio (v. 11). Salomão conclui, como num lamento, depois de ter alcançado grandes realizações e experimentado tudo: “tudo é vaidade” (cf. v. 1, 11, 15, 17, 19, 21, 23, 26). Através da inspiração divina ele nos deixou uma grande lição: o que dá significado à vida é o nosso relacionamento com Deus (v. 26). Quem trabalha somente para o hoje, não terá o amanhã. Aqueles cuja única preocupação é colocada nas coisas temporais morrerão com elas, e os que vivem para as coisas temporais não terão a eternidade (v. 21, 22). Hoje é o nosso tempo de definirmos se seremos sábios ou tolos. Salomão nos desafia a definirmos corretamente nossas prioridades e a concedermos o primeiro lugar a Deus, a Fonte da Sabedoria. Jesus resumiu da seguinte maneira: “Buscai primeiro o Reino de Deus” (Mt 6.33 ARA).

II. O Apego às questões do Mundo

Aqui está o pregador a procurar algo que não seja também a vaidade, mas sua busca é vã porque ao final ele sempre conclui que tudo é vaidade, aflição de espírito, e que proveito nenhum há debaixo do sol. Ele buscou o prazer e a alegria máxima, ele se esmerou no trabalho e em obras, ele juntou para si riquezas e tesouros, ele se engrandeceu muitíssimo, adquiriu fama, prestígio, sexo, buscou a sabedoria. Depois foi pelo caminho contrário, buscando entender a loucura e a estultícia e começou a ficar triste, com ódio e sem esperanças. Desprezou o trabalho de suas mãos, suas conquistas e viu que o que sucede ao estulto também ao final sucederá com o sábio e não gostou nada disso. Concluiu sua aventura de uma vida dizendo que o melhor a fazer mesmo é comer e beber e fazer com que nossa alma goze do trabalho que Deus nos deu. Isso tudo é dádiva de Deus, inclusive o trabalho. Ou seja, Deus é soberano e tem o governo das coisas em suas mãos e o faz com sabedoria, justiça, amor e verdade.

III. Devemos buscar a Sabedoria do Senhor

A conclusão final do capítulo é fruto da observação pessoal do Pregador de Eclesiastes, conforme ele diz no verso 25: “pois quem pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu?”. E para ancorar essa sua observação humana ele demonstra um outro fato da vida, o que está no verso 26: “porque ao homem que é bom diante dele, dá Deus sabedoria e conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e amontoe, para dá-lo ao que é bom perante Deus.” Isto é, há um gozar da vida que vem da distribuição de Deus e um não gozar que ocorre apesar de todo o trabalho humano. Para demonstrar isso o Pregador usa o exemplo extremo do despojamento da riqueza amontoada para dar a outro – mas não significa que seja só isso; isso é o extremo, mas há muitas pessoas que apesar de muito trabalhar e amontoar não gozam a vida, seja por falta de paz, por doenças emocionais, desestruturação familiar e muitas outras coisas. Cabe apontar o que indica a palavra “pecador” constante do verso 26. Pecador aí – antes de ser enxergado no contexto bíblico maior – deve ser verificado no seu sentido imediato. A palavra pecador, aí, faz contraponto “ao homem que é bom diante de Deus”. Esse “ser bom diante de Deus” parece que o Pregador retira de sua experiência pessoal, referida no verso 25; “ pois quem pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu?”. 

E a conclusão que o Pregador faz, no texto, é que Deus é a causa inicial do bem gozar a vida; e não o labor humano. O homem bom diante de Deus é o homem que transcende; que enxerga o gozar a vida como algo além do esforço humano. E o homem pecador – embora trabalhe, ajunte e amontoe – e não goza a vida é o homem imanente: que não consegue ver a simplicidade da vida além do seu trabalho e esforço; o homem para quem o trabalho e o esforço – e o valor deles, que é a moeda e a propriedade. Enfim, é o velho conflito entre Deus (transcendência) e os deuses dos povos pagãos (imanência), aí incluindo Mamon, o deus dinheiro, que muito vêem como extensão de si próprio, pois não reconhecem que tudo vem de Deus.

Conclusão

A bandeira de Deus é a perfeição, a justiça, a verdade e a bondade em tudo o que faz e permita que se faça. Assim, não há nem nunca haverá homens injustiçados por Deus nem Deus fazendo e consentindo com o mal. Embora tudo possa ser vaidade, como o sábio disse, por meio do evangelho, Deus deu ao homem um trabalho que não é vaidade, nem aflição de espírito, nem inutilidade debaixo do sol. Esse trabalho glorioso, ambicionado pelos anjos, não foi concedido a qualquer um, mas aos homens lavados e remidos pelo sangue de Jesus.



Sugestão de Leitura: O Propósito da Oração - Sidney Muniz (Evangelho Avivado - 2017).

sábado, 4 de janeiro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2020 - Capítulo 1 - Eclesiastes - O Valor do Propósito Divino em nosso Tempo




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Eclesiastes 1.1-13

1. Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
2. Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
3. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
4. Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
5. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
6. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
7. Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
8. Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
9. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
10. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
11. Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.
12. Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
13. E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.

Momento Interação

O livro de Eclesiastes é único porque, embora o pregador seja uma pessoa que acredita em Deus, muitas vezes faz perguntas e declarações como se não fosse. Portanto, tudo o que ele diz deve ser inserido no contexto de sua conclusão final em Eclesiastes 12.13,14: todas as nossas obras nesta vida um dia serão julgadas por Deus. Os ensinamentos desse livro parecem ser dirigidos às pessoas que não acreditam em Deus ou que pelos menos ainda não assumiram totalmente um compromisso com Ele. O pregador apresenta perguntas e afirmações com as quais muitas dessas pessoas tendem a concordar, mas depois as ajuda a ver quanto propósito e sentido podemos enxergar na vida ao procurarmos viver segundo a vontade de Deus.

Introdução

Eclesiastes é um dos livros de sabedoria da Bíblia, que explora o problema do sentido da vida. O autor analisa sua vida e o mundo à sua volta, mostrando a inutilidade de muitas das coisas em que as pessoas confiam. O livro tem também conselhos sábios e aponta para o verdadeiro sentido da vida: Deus. O livro de Eclesiastes obriga a pensar na vida e nas coisas em que você coloca sua confiança. Qual é o sentido da vida? De onde vem a verdadeira satisfação? Existe justiça no mundo? Como viver uma vida de valor? Eclesiastes não dá respostas fáceis mas ensina lições profundas. Eclesiastes é um dos livros de sabedoria da Bíblia. Um livro de sabedoria é um texto escrito com o propósito de ensinar. Eclesiastes é uma lição sobre a vida, com reflexões profundas mas também conselhos práticos.

I. Eclesiastes - Um Livro Real no Mundo Atual

O livro de Eclesiastes é único porque, embora o pregador seja uma pessoa que acredita em Deus, muitas vezes faz perguntas e declarações como se não fosse. Portanto, tudo o que ele diz deve ser inserido no contexto de sua conclusão final em Eclesiastes 12.13,14: todas as nossas obras nesta vida um dia serão julgadas por Deus. Os ensinamentos desse livro parecem ser dirigidos às pessoas que não acreditam em Deus ou que pelos menos ainda não assumiram totalmente um compromisso com Ele. O pregador apresenta perguntas e afirmações com as quais muitas dessas pessoas tendem a concordar, mas depois as ajuda a ver quanto propósito e sentido podemos enxergar na vida ao procurarmos viver segundo a vontade de Deus. Ao longo desse livro, o autor apresenta uma série de perguntas em busca do propósito da vida. Suas perguntas e conclusões subsequentes ilustram sua própria jornada ao buscar entender por que estamos aqui na Terra.

II. Data e Autoria do Livro de Eclesiastes

Com base nessas características, pode-se concluir que a melhor possibilidade é a de que o sábio rei Salomão foi quem escreveu esse livro. Além disso, no último capítulo do livro encontra-se uma provável homenagem e referência a sabedoria de Salomão (Ec 12.9-14). Entretanto, alguns intérpretes apontam que o estilo de linguagem hebraica empregada na construção do livro, combinado a crítica a respeito dos governantes encontrada nele, podem indicar que o escritor do livro de Eclesiastes viveu num período posterior ao de Salomão (Ec 4.13; 7.19; 8.2-4; 10.4-7). Se for esse o caso, então o livro de Eclesiastes é uma obra pertencente à tradição sapiencial e que usa o nome de Salomão como referência por ter sido este o expoente máximo dessa tradição. 

Se realmente Salomão for o autor de Eclesiastes, então é razoável assumir que esse livro passou por um tipo de modernização da linguagem num período posterior, o que explicaria o estilo do hebraico que não condiz com a época em que ele viveu. A resposta para essa pergunta dependerá da resposta adotada sobre quem escreveu o livro de Eclesiastes. Para quem defende que Salomão é o autor em questão, então o livro foi escrito durante seu reinado a partir do século 10 a.C. Já para quem entende que Salomão não escreveu Eclesiastes, então a melhor data para esse livro ter sido escrito foi em algum período após o exílio na Babilônia, portanto, a partir do século 6 a.C. Alguns estudiosos sugerem uma data bem recente, em cerca de 200 a.C.

III. Fundamentos do Livro de Eclesiastes

O escritor de Eclesiastes examina a vida de todas as perspectivas, procurando analiticamente onde se pode encontrar satisfação e contentamento nela. A conclusão dele é que a vida não tem sentido, a menos que se deposite a confiança em Deus, pois nele está a chave para a realização humana. Portanto, o escritor de Eclesiastes reflete sobre a futilidade da vida e apresenta a resposta da fé prática como algo fundamental. Com isso, o autor aconselha seus leitores a viver a vida dia a dia, passo a passo, glorificando ao Senhor por cada detalhe de seu cotidiano que é recebido de suas mãos, confiando que somente Ele é quem conhece todas as coisas e conduz a História segundo os seus propósitos. Assim, cabe ao homem se contentar com tudo aquilo que Deus o dá (Ec 2.24-3.15; 5.18-20). O autor também reflete sobre o problema da injustiça, e aponta para a verdade de que Deus julgará a todos (Ec 3.17). O ponto mais conhecido do livro de Eclesiastes é quando seu autor aconselha seus leitores a lembrar-se de Deus ainda na mocidade, antes que a idade avance e enfraqueça as faculdades (Ec 11.9-12.8).

IV. O Propósito de Eclesiastes

A pergunta principal que permeia todo o livro, feita pelo autor de Eclesiastes: “Que proveito tem?”. Ele contrasta a sabedoria humana frente os insondáveis desígnios de Deus (Ec 6.8-12.7), e aconselha que o homem deve desfrutar da vida, trabalhando com todo vigor, apesar das incertezas e dificuldades, sabendo que tudo o que acontece, seja bom ou ruim, nada foge do controle de Deus e está debaixo de seus desígnios soberanos (Ec 7.13,14). O escritor de Eclesiastes enfatiza tanto a responsabilidade humana em obedecer ao Senhor como a soberania de Deus, inclusive expondo que se nós o obedecemos é porque, por sua soberana provisão, ele nos capacitou a isso. Independentemente da discussão sobre quem escreveu o livro de Eclesiastes, o importante é reconhecer que Deus é o seu verdadeiro autor, visto que toda a mensagem do livro consiste no sábio conselho de que devemos viver uma vida temente a Deus, mesmo que muitas vezes a achamos difícil ao não compreendermos os propósitos divinos, visto que um dia haveremos de prestar-lhe contas de tudo.

Conclusão

Em Eclesiastes Salomão, já com idade avançada nos apresenta um estilo de vida e escolhas que nos levarão a um profundo vazio na alma e a uma vida completamente sem sentido. Podemos ver isso claramente do capítulo 1.1 ao 2.26. A partir daí, ele nos apresenta sua impressão sobre diversos assunto e percebeu um vazio tremendo em decisões, práticas e empreendimentos que ele fez, com o objetivo de preencher sua alma, mas que não surtiram efeito algum.

Muitos de nós faz do trabalho, habilidades pessoais e do foco, grandes armas para a construção de uma vida satisfatória, mas é um grande engano. Todos iremos morrer, e muitas pessoas no auge de seu sucesso, quando estão prestes a desfrutar o fruto de seu trabalho, morrem. Quando se deparou com a vaidade que há nisso, Salomão percebeu que apenas Deus pode nos dá satisfação genuína na vida. Salomão, o ser humano mais sábio que viveu na Terra, não foi capaz de encontrar todas as respostas. Não há limites para o conhecimento. Contudo, o caminho para todas as respostas estão em temer a Deus, no tempo certo Ele revelará o propósito de cada coisa. Enquanto isso, desfrutamos da vida na presença dEle.



Livro de Referência de Estudo:

Comentário Bíblico Mensal Evangelho Avivado - Volume 1 - Antigo Testamento - 2ª Edição. São Paulo: 2017.

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro//2019 - Capítulo 5 - A Salvação pela Fé em Cristo Jesus




Comentarista: Emanuel Barros



Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 2.1-10

1. E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
2. Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;
3. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
4. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
5. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
6. E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7. Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
8. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
9. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
10. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

Momento Interação

Todas as pessoas são carentes de salvação, pois todas elas, sem qualquer exceção, são pecadoras. Isto significa que elas, em maior ou menor grau, quebraram a lei de Deus e se tornaram culpadas diante dele. Esta lei está gravada na consciência de todos, disposta nas coisas criadas e reveladas claramente nas Escrituras - a Bíblia. Ninguém consegue viver consistentemente nem com seu próprio conceito de moralidade, quanto mais diante dos padrões de Deus. Como Criador, Deus tem o direito de legislar e determinar o que é certo e errado e de julgar a cada um de acordo com isto. Ninguém é bom o suficiente diante de Deus para obter sua própria salvação ou de fazer boas obras que o qualifiquem para tal. O pecado de tal maneira afetou a natureza do ser humano que sua vontade é inclinada ao mal, seu entendimento é obscurecido quanto às coisas de Deus e sua fé não consegue se firmar em Deus somente. Sem ajuda externa - a qual só pode vir do próprio Deus - pessoa alguma pode obter ou receber a salvação da condenação e do castigo que seus próprios pecados merecem.

Introdução

Deus não tem parte com o pecado (Is 59.2), ele não compactua com o pecado, por isso, por causa da sua desobediência, o ser humano está separado de Deus. Muitos podem questionar: “Ah, por causa da desobediência de um só homem lá atrás?”. Sim! Por causa da desobediência de Adão, todo ser humano nasceu com essa característica de estar separado de Deus (Rm 5.19), nascemos com uma inclinação para o mal (Gn 8.21), mas apesar de sofrermos a consequência do pecado, nós também somos culpados pelos nossos próprios pecados (Ez 18.4), afinal nós mesmos pecamos e optamos por viver longe de Deus. Contudo, não somos pecadores somente porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Por mais que o ser humano faça o bem, que seja uma pessoa caridosa, amorosa, uma pessoa “boa”, ela não merece a salvação por causa disso (Rm 3.12), a verdade é que e eu não mereço a salvação, você não merece a salvação, nenhum ser humano merece a salvação! Por causa do pecado!

Deus estabeleceu um plano para nos salvar da morte eterna. Plano mediante o qual seu Filho daria a vida em lugar do pecador. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Dessa forma, todo o que O aceita como Salvador é perdoado e recebe a promessa de vida eterna. Deus nos ama “com amor eterno”, tanto amor que se dispôs a dar seu Filho para vir ao mundo e passar pela agonia da cruz a fim de resgatar a humanidade perdida. Jesus levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que estando mortos para o pecado, nós pudéssemos viver para a justiça. O filho de Deus carregou sobre si a nossa culpa.

I. A Obra Expiatória de Cristo

JESUS Cristo realizou muitas obras, porém a obra suprema que Ele consumou foi a de morrer pelos pecados do mundo (Mt 1.21; Jo 1.29). O evento mais importante e a doutrina central do Cristianismo resume-se no seguinte versículo: “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3). “CRISTO morreu” é o evento, “por nossos pecados” é a doutrina. A morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza a religião cristã. Martinho Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui especialmente daquela que parece ser cristã, pelo fato de ser ela a doutrina da Cruz. O ensino dos reformadores era este: quem compreende perfeitamente a Cruz, compreende a Cristo e a Bíblia! É essa característica singular do Evangelho que faz do Cristianismo a única religião que apresenta uma perfeita provisão para o grande problemas da humanidade: o pecado. Jesus é o autor da salvação eterna (Hb 5.9). O homem não pode, por seus próprios esforços, remover o obstáculo do pecado; a libertação terá que vir da parte de Deus (Jn 2.9). Para isso Deus tem que tomar a iniciativa de salvar o homem. O testemunho das Escrituras é este: que Deus assim o fez, Ele enviou seu Filho do céu à terra para remover esse obstáculo e dessa maneira reconciliou o homem com Deus (Jo 3.16,17). Ao morrer por nossos pecados, Jesus removeu a barreira; levou o que devíamos ter levado; realizou por nós o que era impossível de fazermos por nós mesmos; isso Ele fez porque era a vontade do Pai. Essa é a essência da expiação de Cristo.

II. A Salvação mediante à Fé

A salvação é obra exclusiva de Deus de ponta a ponta. O homem não pode alcançá-la por seu esforço nem contribuir com ela com seus supostos méritos. A salvação é pela graça mediante a fé e não pelas obras mediante o mérito. Três verdades são destacadas pelo apóstolo Paulo: a causa meritória da salvação é a graça. Não somos salvos pelo sacrifício que fazemos para Deus, mas pelo supremo sacrifício que Deus fez por nós, entregando seu próprio Filho para morrer em nosso lugar. Deus nos amou quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. Deus deu seu Filho unigênito para morrer por pecadores indignos. Isso é graça, maravilhosa graça. A causa instrumental da salvação é a fé. Não somos salvos por causa da fé, mas mediante a fé. A fé não é causa meritória, mas a causa instrumental. Pela fé nos apropriamos da salvação conquistada por Cristo na cruz. A fé é a mão de um mendigo estendida para receber o presente de um rei. As obras são o resultado da salvação. Não somos salvos por causa das obras, mas para as obras. As boas obras não são a causa da nossa salvação, mas o resultado dela. O apóstolo Paulo diz que somos feitura de Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas (Ef 2.10).

III. Somente Cristo Salva

A teologia reformada afirma que a Escritura e sua doutrina sobre a graça e fé enfatizam que a salvação é solus Christus, “somente por Cristo”, isto é, Cristo é o único Salvador (Atos 4:12). B.B. Warfield escreveu: “O poder salvador da fé reside, portanto, não em si mesma, mas repousa no Salvador Todo Poderoso”. A centralidade de Cristo é o fundamento da fé protestante. Martinho Lutero disse que Jesus Cristo é o “centro e a circunferência da Bíblia” — isso significa que quem ele é e o que ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo fundamental da Escritura. Ulrich Zwinglio disse: “Cristo é o Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto”. Sem Cristo, nada podemos fazer; nele, podemos fazer todas as coisas (João 15:5; Filipenses 4:13). Somente Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em Romanos 1-2 que, embora haja uma auto-manifestação de Deus além da sua obra salvadora em Cristo, nenhuma porção de teologia natural pode unir Deus e o homem. A união com Cristo é o único caminho da salvação.

Conclusão

Jesus Cristo é o fundamento, o dono, o edificador e o protetor da Igreja (Mt 16.18). Ele é o único Salvador e o único Mediador entre Deus e os homens. Não há salvação fora dele e ninguém pode chegar ao Pai senão por meio dele. A Reforma Protestante reafirmou essa doutrina essencial da fé cristã. Consideremos alguns aspectos importantes dessa doutrina: A doutrina romana que afirma ser o papa a pedra fundamental da igreja, sobre a qual ela está edificada, não possui amparo bíblico. Pedro nunca foi papa nem o papa é sucessor de Pedro. A igreja só tem um fundamento que é Cristo (1 Co 3.11). A pedra sobre a qual a igreja está edificada é Cristo. Só ele é a rocha que não se abala. Edificar a igreja sobre qualquer outro fundamento é construir para o desastre.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Só a Palavra não basta



Israel murmurou contra o maná. O povo começava a chorar e ter desejo pelas comidas dos egípcios: “Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná” (Nn 11.4-6). Dessa forma, eles reclamaram a Deus porque não tinha outra coisa, a não ser o maná.

Será que isso acontece atualmente? Acontece! Mas o povo não murmura contra o alimento como fez Israel no deserto, porém, contra a própria palavra de Deus. Para muitos cristãos “só a palavra não basta”, os cultos precisam ter revelações, profecias, curas, milagres e pessoas caindo ao chão. Sem contar que as mensagens devem ser carregadas de auto ajuda, não se pode falar contra o pecado, apenas o homem deve ser o centro. Cultos com a exposição da palavra são considerados cansativos, não são valorizados, a prova disso é o pouco número de pessoas em cultos de ensino. Porque as mesmas não desejam aprender, mas sentir. Logo, eles são como Israel no deserto: temos apenas este maná, os de hoje dizem: temos apenas doutrina.

Muitos não querem doutrina, mas o mover de Deus. Cultos que somente a palavra é ministrada e não tem mover no final, são completamente menosprezados. Sabemos que Deus no passado agiu de várias maneiras e de forma poderosa no meio do seu povo. Deus abriu o mar para o seu povo passar; abriu o Jordão; enviou as pragas contra Faraó; uma coluna de fogo os acompanhou durante a caminhada a noite e entre outros. O que essa geração deseja não é a multiforme de Deus agir, mas a “mesmice de Deus”. Deus tem que operar conforme as suas vontades, dias e horas são marcados para Ele atuar. Assim, Deus é uma espécie de mordomo.

No passado Deus usou Sansão de forma poderosa. Mas não encontramos em nenhuma parte das Escrituras esse ato se repetindo, foi algo exclusivo na vida de Sansão. Em Atos 2 o Espírito Santo desceu sobre a vida dos apóstolos, eles falaram em línguas e foi vista por eles línguas repartidas como de fogo. Entretanto, essas “línguas repartidas como de fogo” não se repete nos capítulos 8, 10 e 19. O pentecostes foi um evento único, cumpriu-se a profecia de Joel (2.28-32), não precisamos de outro cumprimento. Devemos buscar o poder do Espirito Santo em nossas vidas, mas isso não significa ser o mesmo que aconteceu no pentecostes.

Portanto, para muitos cristãos, “só a palavra não basta”. Porque são como meninos levados por todo vento de doutrinas (Ef 4.14), seguidores de falsos profetas e espíritos enganadores (1Tm 4.1,2). Como disse o apóstolo Paulo: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos a verdade, entregando as fábulas” (2Tm 4.3,4). Que possamos a cada dia buscar a presença do Senhor, valorizar a pregação do evangelho e rejeitar os modismos.


Sidney Muniz