quinta-feira, 29 de abril de 2021

Recomendação Musical Evangelho Avivado - Álbum Somos (Sérgio Lopes)

 




Por Leonardo Pereira



Grandes álbuns musicais se destacam pela dinâmica e intensidade em sua riqueza técnica e artística. Sérgio Lopes faz isso como poucos e o seu álbum Somos é a prova de que um excelente conteúdo musical traz o objetivo primordial na vida de uma pessoa: levar aos ouvintes a mensagem bíblica de modo claro e cristalino. Somos é o vigésimo segundo álbum do cantor Sérgio Lopes, lançado de forma independente em dezembro de 2017. Após 3 anos desde seu último álbum inédito, o cantor Sérgio Lopes apresentou o seu novo trabalho, intitulado Somos. Com produção musical de Tiquinho Santos e do próprio Sérgio, a obra doze canções e inclui três instrumentais. O poeta buscou trazer neste álbum, elementos de base bíblica acerca da preocupação na vida humana para com o presente e o porvir. Analisemos um pouco mais sobre o álbum Somos de Sérgio Lopes, que é a nossa primeira recomendação musical no Blog Evangelho Avivado.

O Álbum em Sí

Somos tem como objetivo trazer aos ouvintes uma reflexão sobre a vida de uma pessoa no presente e no porvir. Lopes busca trazer em todo o seu álbum a seguinte mensagem: nossas vidas devem ser aproveitadas da melhor forma possível para Deus. Neste álbum o cantor traz uma reflexão voltada ao Livro de Eclesiastes, um livro bíblico escrito por Salomão que traz a história do já idoso rei que viveu uma vida de diversas formas, mas que no fim, relembra aos mais jovens e aos que pensam sobre suas vidas, que o necessário e o vital é ouvir a Deus e temer aos seus mandamentos pois este é o dever de todo homem. Com esta ideia já formada em sua mente, Sérgio Lopes brilhantemente monta o seu álbum de maneira progressiva, porém objetiva; dinâmica, porém simples; teológico, porém interativo. Poderíamos resumir somos da seguinte forma: Pense e repense bastante em sua vida presente com Deus, no decorrer dos anos e também no porvir com Ele pois isto é nossa responsabilidade; é a responsabilidade de todos nós. 

Destaques do Álbum

Entre o álbum recheado de composições belíssimas e uma instrumentalidade de nos emocionar e nos fazer chegar às lágrimas, destaco aqui para os leitores as canções Lembra do Teu Criador, Livre para Amar e Era uma vez um Rei. As canções Voz no Deserto e A Reconciliação nos levam a uma reflexão com o Altíssimo e são incríveis de ouvir. Somos vem com uma carga bíblica e emocional muito forte. Sérgio Lopes buscou trazer as canções do exterior do homem para o interior, da mente para o coração, da emoção para a razão. 

Recomendações ao Ouvir o Álbum

Recentemente o poeta Sérgio Lopes disponibilizou Somos em seu canal oficial no YouTube para ouví-lo gratuitamente. No entanto, algumas considerações devem ser feitas aqui para o maior aproveitamento em ouvir este álbum. A primeira recomendação de todas é escolher em qual plataforma ouvir o álbum: pode ser uma plataforma digital, caseiro (para aqueles que ainda possuem um som para escutar em CD, particularmente sou um deles (risos)), ou no próprio YouTube como já dito anteriormente. A segunda recomendação é ouvir o álbum de modo tranquilo. Desligue o celular, a televisão ou algo que possa atrapalhar a sua interação ao ouvir o álbum. Tenha a certeza de aproveitá-lo ao máximo. E a terceira e a última recomendação é que você possa ouvir sem uma crítica intensa sobre o álbum. Sérgio Lopes não teve a pretensão em ser perfeito nesta obra e este nunca foi o objetivo dele. Contudo, pelo enredo do projeto muito bem elaborado, concluiu sim o seu objetivo e nos brinda com este riquíssimo conteúdo em nossas vidas. Somos é uma obra prima que deve ser prestigiada e muito bem aproveitada enquanto vivermos.


Referências: 

LOPES, Sérgio. Somos. Artigo publicado em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Somos_(%C3%A1lbum_de_S%C3%A9rgio_Lopes). Acesso dia: 26/04/2021.

Supergospel. Sérgio Lopes lança obra inédita - Somos. Artigo publicado em: https://www.supergospel.com.br/sergio-lopes-somos_9391.html. Acesso dia: 26/04/2021.


quarta-feira, 28 de abril de 2021

Recomendação de Leitura do Mês - A Peregrina (John Bunyan)

 




Por Leonardo Pereira



Bunyan de forma magistral relata a história da esposa de Cristão e seus filhos rumo a Cidade Celestial. Ressaltando (1) a vida em comunidade, (2) a graça estendida aos fracos, (3) a necessidade da oração e as carências que decorrem da falta dela e (4) a importância da liderança cristã, Bunyan revela teologicamente algumas analogias do primeiro livro. Cabe também ressaltar que este livro é mais profundo e explícito teologicamente que o primeiro, ressaltando a questão da justiças de Cristo. Assim como no livro O Peregrino, A Peregrina também trata do caminho árduo, porém gratificante, dos que decidem segui a Cristo rumo a Cidade Celestial. Muitos perigos aguardam aqueles que dão as costas para o mundo e seus prazeres para terem uma vida eterna com seu Senhor. Pois tais perigos fazem parte do processo de libertação, porque o diabo nunca ficará feliz com a perda de seus escravos e lutará para recuperá-los. O companheirismo é algo forte neste livro. Mostrando que aqueles que se encontram na mesma jornada, devem se apoiarem para juntos alcançarem a promessa, a vida eterna. Como um corpo que trabalha em completa harmonia!

O Enredo

A história e a continuação do livro o peregrino que após chegar a cidade celestial, sua esposa e filhos se arrependem de serem fracos e não terem o acompanhado. Então tomam a decisão de seguirem a mesma jornada, junto com sua vizinha Misericórdia. No caminho se deparam com muitos aprendizados e testemunhos que seu marido cristão deixou pelo caminho e as transformações que ocorreram em alguns lugares depois de suas lutas, como a mudança nas pessoas da cidade onde o Fiel foi morto no primeiro livro. No caminho muitos vão se juntando a jornada, formando um grupo grande de peregrinos. Mostra também o amadurecimento na formação de seus filhos ensinando o caminho certo que devem trilhar. Finaliza com a glória de alguns dos peregrinos sendo convidados para se juntar a cidade celestial. Escrito há mais de 300 anos e ainda continua encantando. Vale a pena a leitura dos dois.

Opinião

Acredito que este livro deveria ter mais reconhecimento. A história trata-se de uma continuação do primeiro livro, conta como Cristiana, esposa de Cristão, juntamente com seus filhos e sua amiga, seguem em peregrinação. É interessante como as personagens se desenvolvem, como elas vão aprendendo e crescendo espiritualmente também. Não foi nada fácil pra eles, pois tiveram que passar por muitas dificuldades até chegarem no reino de Deus, e assim, é a história de um peregrino, enfrentando os obstáculos do dia a dia, se mantendo firme diante deles. Esse livro, juntamente com a Bíblia Sagrada, são verdadeiros guias, que deveriam ser lidos por todos aqueles que estão trilhando essa caminhada. Assim como a parte 1, um excelente livro, e digo até necessário para o cristão que busca viver uma vida dedicada a Deus, mergulhe na bíblia e leia bons livros, esse livro é bem mais curto e com menos confrontos em comparação ao outro, leiam juntos como continuação e você vai conseguir desfruta-lo melhor , um complemento ao primeiro.

Recomendação

“O Peregrino: parte 2” ou simplesmente “A Peregrina” narra os fatos ocorridos após a chegada do personagem Cristãos rumo à Cidade Celestial. Dessa vez quem sai em uma grande aventura é sua esposa e filhos. Eles se arrependeram de tê-lo ridicularizado e decidem seguir o seu mesmo caminho. Assim como o seu antecessor esta obra também é uma alegoria que representa a caminhada de um seguidor de Jesus Cristo durante a vida. A Peregrina tem seus próprios méritos e é uma história muito bem escrita, ela fecha algumas lacunas que foram deixadas abertas na trama e tem personagens tão bons como no primeiro livro. Através de uma narrativa simples e poética John Bunyan acerta outra vez no tom e nos traz uma história cheia de aventuras e reflexões. Um prato cheio para todo Cristão que busca uma literatura de qualidade e significado.


Um Legado para o Povo de Deus

 




Por Leonardo Pereira



Uma nova geração de israelitas estava prestes a entrar na Terra Prometida. Esta multidão não havia experimentado do milagre no Mar Vermelho ou escutado a Lei sendo dada no Sinai, e eles estavam prestes a entrar numa nova terra com muitos perigos e tentações. O livro de Deuteronômio foi dado para lembrá-los da Lei de Deus e do Seu poder. Os Israelitas são comandados a se lembrarem de quatro coisas: a fidelidade de Deus, a santidade de Deus, as bênçãos de Deus e as advertências de Deus. Os três primeiros capítulos recapitulam a viagem saindo do Egito para a sua localização atual, Moabe. Capítulo 4 é um chamado à obediência, a ser fiel ao Deus que foi fiel a eles.

O livro de Deuteronômio foi escrito em meados do segundo milênio antes de Cristo. Esse foi o período histórico aproximado em que ocorreu o êxodo dos israelitas do Egito. Não é possível afirmar com mais exatidão em que momento de seu ministério como líder dos israelitas Moisés escreveu o livro de Deuteronômio. Tudo o que se sabe é que a narrativa do livro se posiciona num contexto histórico que aponta para uma data pouco antes da conquista de Cannaã sob a liderança de Josué. Apesar de ser certo que parte do conteúdo de Deuteronômio foi adicionada ou atualizada num tempo depois dos dias de Moisés, nada disso compromete a verdade de que o legislador hebreu foi seu escritor geral. Por isso a tradição judaico-cristã defende que realmente foi Moisés quem escreveu Deuteronômio, de acordo com a revelação e inspiração Divina. 

Resumo

Capítulos 5 a 26 são uma repetição da lei. Os dez mandamentos, assim como leis sobre sacrifícios e dias especiais e o resto da lei são dados à nova geração. Bênçãos são prometidas aos que obedecem (Dt 5.29; 6.17-19, 11.13-15) e fome é prometida àqueles que infringem a lei (Dt 11.16,17). O tema de bênção e maldição continua nos capítulos 27-30. Esta parte do livro termina com uma escolha bem definida que é apresentada a Israel: “... te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição” . O desejo de Deus para o Seu povo encontra-se no que Ele recomenda: “escolhe pois a vida” (Dt 30.19). Nos capítulos finais, Moisés exorta o povo; comissiona aquele que irá substituí-lo, Josué; registra uma canção e dá a bênção final a cada uma das tribos de Israel. Capítulo 34 relata as circunstâncias da morte de Moisés. Ele subiu ao cume de Pisga, onde o Senhor mostrou-lhe a Terra Prometida que ele não poderia entrar. Aos 120 anos, mas ainda com boa visão e força da juventude, Moisés morreu na presença do Senhor. O livro de Deuteronômio termina com um curto obituário sobre este grande profeta.

Prenúncios

Muitos temas do Novo Testamento estão presentes no livro de Deuteronômio. O principal deles é a necessidade de manter perfeitamente a Lei Mosaica e a impossibilidade de fazê-lo. Os sacrifícios infindáveis e necessários para a expiação dos pecados do povo – os quais continuamente transgrediam a lei – encontrariam o seu cumprimento final “de uma vez por todas” no sacrifício de Cristo (Hb 10.10). Por causa de Sua obra expiatória na cruz, não mais precisaríamos oferecer sacrifícios pelo pecado. A escolha de Deus dos israelitas como o Seu povo especial prenuncia a Sua escolha daqueles que viriam a crer em Cristo (1 Pe 2.9). Em Deuteronômio 18.15-19, Moisés profetiza sobre um outro profeta – o maior Profeta de todos, o Messias. Assim como Moisés, Ele iria receber e pregar revelação divina e conduzir o Seu povo (Jo 6.14; 7.40).

Aplicação Prática 

O livro do Deuteronômio ressalta a importância da Palavra de Deus. É uma parte vital da nossa vida. Embora não mais estejamos sob a lei do Velho Testamento, ainda somos responsáveis para nos submeter à vontade de Deus em nossas vidas. Simples obediência traz bênção e pecado tem suas próprias consequências. Nenhum de nós está “acima da lei”. Moisés, o líder e profeta escolhido por Deus, tinha a obrigação de obedecer. A razão pela qual ele não foi permitido entrar na Terra Prometida foi devido à sua desobediência à ordem clara do Senhor (Nm 20.13). Durante o tempo do Seu teste no deserto, Jesus citou o livro do Deuteronômio três vezes (Mt 4). Ao fazê-lo, Jesus ilustrou para nós a necessidade de esconder a Palavra de Deus em nossos corações para que não pequemos contra Ele (Sl 119.11).

Conclusão

Assim como Israel se lembrou da fidelidade de Deus, também devemos fazer o mesmo. A travessia do Mar Vermelho, a presença sagrada no Sinai e a bênção do maná no deserto devem ser um incentivo para nós também. Uma ótima maneira de continuar seguindo adiante é tirar um tempo para olhar para trás e ver o que Deus fez. Temos também uma bela imagem em Deuteronômio de um Deus amoroso que deseja um relacionamento com Seus filhos. O Senhor aponta o amor como o motivo pelo qual Ele tirou Israel do Egito “com mão poderosa” e os remiu (Dt 7.7-9). Que coisa maravilhosa ser livre da escravidão do pecado e amado por um Deus todo-poderoso!



Referências:

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 200

HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida, 2017.

PEREIRA, Leonardo. Panorama Bíblico Volume 1 - O Pentateuco. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


terça-feira, 27 de abril de 2021

10 Características da Igreja Primitiva


 

Atualmente, a igreja primitiva continua sendo ainda modelo para as igrejas. Nesse mundo jamais encontraremos uma igreja perfeita, porém, poderemos ter igrejas saudáveis. E para termos uma congregação saudável, é necessário seguir às dez características dessa igreja que se encontra em Atos 2.42-47. Portanto, analisaremos de forma resumida e objetiva essas dez características.

Perseverança na doutrina

A primeira característica da igreja primitiva era a sua perseverança na doutrina. Uma igreja que não zela pela doutrina, abre portas para muitos ensinos estranhos no seu meio e além de deixar os membros vulneráveis aos falsos mestres. Por outro lado, uma igreja comprometida com a Palavra de Deus, combaterá os falsos ensinos e estimulará os membros ao zelo doutrinário. Em suma, precisamos perseverar na doutrina, lutar pela verdade que uma vez nos foi dada.

Comunhão

A segunda característica da igreja primitiva era a sua comunhão. Uma igreja se torna saudável e bíblica quando ela valoriza a comunhão com os seus irmãos na fé. Atualmente, temos uma visão muito errada sobre a comunhão, se tivéssemos um entendimento correto e colocássemos em prática isso, faríamos de tudo para estarmos reunidos com os nossos irmãos, não penas no domingo, mas durante a semana também. Em síntese, a comunhão cristã é uma união, paz e compartilhamento. A vontade de Deus em que vivamos em comunhão com Ele e uns com os outros.

No partir do pão

A terceira característica da igreja primitiva era partir do pão. Os estudiosos da Bíblia na sua maioria interpretam “partir do pão” como a “ceia do Senhor”. A ceia do Senhor é momento de celebração, memorial e meio de graça. Uma igreja bíblica sempre celebrará esse sacramento até a volta de Cristo para buscar o seu povo amado. Assim, os cristãos não podem ficar de fora dessa celebração, devemos dar o mesmo valor que a igreja primitiva dava.

Orações

A quarta característica da igreja primitiva era as suas orações. Jamais uma igreja será avivada sem ter uma vida de oração. Muitas igrejas na contemporaneidade são ortodoxas, mas não são igreja de oração, a prova disso são os cultos de oração que se encontram vazios. Precisamos voltar ao primeiro amor, não basta apenas termos uma doutrina correta como a igreja de Éfeso (Ap 2.1-7), porém, necessitamos acender a chama do fervor espiritual, isso se dar apenas por meio da oração. Desse modo, seremos uma igreja avivada se valorizarmos mais a oração. Palavra e oração devem andar juntas.

Havia temor

A quinta característica da igreja primitiva era o seu temor a Deus. Temor a Deus, não significa ter medo de Deus, mas respeito pelas coisas sagradas. Uma igreja sábia, ama a justiça e odeia a iniquidade (Hb 1.9), o temor a Deus é o princípio da sabedoria (Pv 9.10). Muitos cristãos perderam o temor, as coisas sagradas são tradas de modo leviana, isso pode ser facilmente percebido na forma como eles se comportam no culto, não prestam a devida reverência pelas coisas de Deus. Dessa forma, isso nos chama atenção para a necessidade de levar as coisas sagradas mais a sério.

Sinais e maravilhas

Sexta característica da igreja primitiva era os sinais e maravilhas. Deus continua operando no meio do seu povo, pois Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13.8). Entretanto, não podemos nos esquecer que o maior milagre é o da salvação, esse não se compara com a cura física. Os milagres realizados pelos apóstolos tinha como o objetivo provar o seu ministério apostólico e a autenticidade do Evangelho. Assim, uma congregação centrada nas Escrituras, não colocará as curas físicas a cima do milagre da salvação, mas compreende que os dois são para a glória de Deus.

Compartilhamento

Sétima característica da igreja primitiva era o seu compartilhamento. Aqueles irmãos vendiam suas propriedades e bens para ajudar aos que tinham necessidades. Atualmente, as igrejas vivem em um individualismo muito grande, tem ficado apenas em quatro paredes. Nossas igrejas precisam sair das quatro paredes, enquanto muitos estão preocupados em construir templos, devemos olhar principalmente para o templo físico (pessoas). Portanto, uma igreja bíblica tem o seu olhar atento as necessidades das pessoas a sua volta.

Reuniam-se no templo e nas casas

Oitava característica da igreja primitiva era sua reunião no templo e nas casas. Eles estavam diariamente reunidos no templo e partindo o pão de casa em casa, tomavam as suas refeições com alegria no coração. Hoje, as igrejas abandonaram esse método tão eficaz, as reuniões nos lares. Não podemos apenas nos reunir nos templos, mas os lares é uma ferramenta poderosa para a divulgação do Evangelho, você estará alcançando famílias para o Reino de Deus. Assim, a igreja não pode deixar esse método que é considerado o mais poderoso na evangelização, a igreja primitiva compreendeu isso, precisamos também!

Louvavam a Deus

Nona característica da igreja primitiva era o seu louvor a Deus. O louvor sempre foi uma arma poderosa do povo de Deus, através dele a nação de Israel fez proezas. Se nós como igreja do Senhor compreendêssemos esse poder, não nos reuníamos de forma tão indiferente para adorar a Deus, isso acontece porque carecemos de uma boa teologia sobre o louvor. Dessa forma, a igreja primitiva ainda continua sendo um exemplo para as igrejas contemporâneas, as lideranças precisam ensinar uma boa teologia do louvor para os seus membros.

Deus acrescentava a igreja

Decima característica da igreja primitiva era que Deus acrescentava os membros. Deus estava acrescentando diariamente novos crentes, isso nos mostra que a igreja pertence ao Senhor e Ele é aquele que soberanamente constrói sua igreja. Por outro lado, sabemos que temos nossas responsabilidades, Cristo nos deu a missão de fazermos discípulos de todas as nações (Mt 28. 19,20). Em síntese, a igreja primitiva crescia tanto em quantidade como em qualidade, semelhantemente, as igrejas devem seguir esse exemplo.

Conclusão

Portanto, a igreja primitiva continue sendo modelo de igreja na atualidade. Essas características fizeram essa igreja ser saudável, pura, doutrinária, avivada, cheia do Espírito Santo, uma igreja de oração, solidária, testemunha de Cristo e muito mais. Nós como servos de Deus, devemos colocar essas qualidades dessa congregação em prática para nossa vida cristã, assim estaremos sendo luz para esse mundo que está em trevas.

 

Sidney Muniz  


sábado, 24 de abril de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Abril/2021 - Capítulo 5 - Somente à Deus a Glória - Soli Deo Glória

 




Comentarista: Marcos Rogério



Texto Bíblico Base Semanal: Atos 17.16-31

16. E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria.
17. De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam.
18. E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição.
19. E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
20. Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto
21. (Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade).
22. E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
23. Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.
24. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
25. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;
26. E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;
27. Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;
28. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.
29. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.
30. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;
31. Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Momento Interação

Soli Deo gloria é o último pilar da sistematização da reforma protestante, mais uma vez esta frase vem para confrontar as heresias da igreja do século XVI. Não só a igreja, mas ao longo da história, filósofos, sociólogos e cientistas, sempre tentaram tirar a glória de Deus. Karl Marx tentou tirar Deus do céu, Sigmund Freud tentou tirar Deus do nosso subconsciente, Charles Darwin tentou tirar Deus da ciência, Nietzsche tentou matar Deus, Richard Dawkins tentou dizer que Deus era um delírio, os homens tem dificuldade de tributar honras e glórias ao Senhor. O termo significa “glória somente a Deus”, ou seja, não somos merecedores de mérito algum, mas devemos toda honra e toda glória ao Senhor.

Vemos na Bíblia algumas tentativas frustradas de glorificar a Deus. Caim trouxe uma oferta para glorificar ao Senhor, mas não conseguiu, pois Deus conhecia as motivações do seu coração e o seu proceder não agradou ao Senhor. Saul poupou o rebanho dos amalequitas para oferecer ao Senhor, na tentativa de glorifica-lo, mas também não conseguiu, pois Deus queria ser glorificado apenas com a sua obediência. Então, a melhor pergunta a ser feita seria: Como posso glorificar a Deus? Para não ter margem de erros vamos buscar este parâmetro nas Escrituras.

Introdução

Como Criador Deus é soberano sobre Sua criação. Deus é supremo: "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno. Que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes" (Dt 10.17-18). O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador (Sl 95.6; Ap 14.7). "Porque o Senhor é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses" (Sl 95.3). Em Provérbios 16.9, vemos a supremacia da vontade de divina que é tanto diretiva como também permissiva.  Deus realiza seus propósitos como Soberano de modo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28). 
A soberania de Deus não controla o mal, mas o limita, o restringe. Deus é supremo e tudo dirige para o bem do homem. Como Ser supremo no universo Deus está acima de tudo e de todos e é o único digno de louvor, glória e adoração por ser o Criador de todas as coisas. Daniel disse ao rei Nabucodonosor sobre Deus: "é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos entendidos" (Dn 2.21). Embora Daniel 2 trata do surgimento, domínio e queda de grandes monarquias mundiais, o escritor revela que é Deus o Ser supremo do universo e que todas os grandes impérios e seus esplendores não se comparam à Sua glória e que tudo está debaixo de Seu controle cumprindo Seus sábios propósitos.

Esse capítulo que é paralelo ao capítulo 7 termina afirmando que um dia toda a história desse mundo passará, seus reinos cairão, mas Deus estabelecerá um reino justo que jamais terá fim (Dn 2.44; 7.27). Assim como Deus é Supremo e Todo-Poderoso Seu reino é eterno. As grandes monarquias desse mundo caíram, grande potências ainda ruirão, mas o reino de Deus não terá fim: "Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.  Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para seu esposo.  Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.  E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras." (Ap 21.1-5).

Promessas maravilhosas demais para serem reais! É o que muitos erradamente dizem. Mas são reais, o próprio Deus atestou a veracidade das mesmas ao ordenar a João que escrevesse tudo o que viu e ouviu (Ap 1.19) e o mesmo Deus disse que essas palavras são fiéis e verdadeiras (Ap 21.5). Deus é supremo no universo, mas é necessário que Sua supremacia também esteja em nossa vida.  Quando Deus governa o homem lhe proporciona felicidade e bençãos. Nada e nem ninguém deve ocupar o lugar de Deus no coração do homem.

I. Deus - O Único Digno de Adoração

Citando (Dt 6.13) o Senhor Jesus declarou "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (Mt 4.10; Lc 4.8). O princípio bíblico adotado pela Reforma Protestante é que só a Deus devemos dar glória. Em Apocalipse 14.6-7 lemos que o autor viu um mensageiro celestial conclamando aos moradores da Terra a que temessem a Deus e lhE desses glória. O Senhor do universo é o Deus Criador, Originador e Mantenedor de tudo. É soberano de toda Sua criação. A existência de Deus é inquestionável para os autores bíblicos, para os cristãos e mesmo para muitos não cristãos incluindo cientistas. A Bíblia não debate a existência de Deus, mas parte da perspectiva de que Deus existe e que é o responsável pela nossa existência e por isso devemos glorificá-lO. Não somos obra do acaso e nem resultados de uma "explosão", mas somos um projeto divino. A doutrina de Deus é fundamental para a teologia cristã uma vez que Deus se relaciona com a criação e esta com Ele. As Escrituras Sagradas são a base para a correta compreensão da verdade sobre Deus, uma vez que cada filosofia, religião ou conceito declara sua visão sobre Deus e a vida, a única base segura para essa compreensão é a Palavra de Deus. A Bíblia é a Palavra de Deus revelada por meio de Seus representantes, é a auto revelação de Deus à humanidade a qual Ele deseja salvar. 

Sem a Bíblia não teremos unidade doutrinária acerca da Divindade embora Deus não se revela de maneira visível à humanidade, por isso muitos erradamente questionam Sua existência, mas Deus se revela a nós por Sua Palavra e na pessoa de Jesus. Embora a Bíblia não aborde a questão da existência de Deus promovendo argumentos racionais e científicos para a existência de Deus visando provar Sua existência, apela para a fé para que possamos crer em Deus desenvolvendo um relacionamento pessoal com Ele, mas ao mesmo tempo não apela para uma fé cega, irracional e sem fundamentos, pelo contrário! A Bíblia é um livro espiritual, mas também racional que desenvolve o intelecto humano e o ensina a questionar, indagar, inquirir e buscar ainda mais conhecimento. Deus diz: "Fazei prova de mim!" (Ml 3.10). É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador daqueles que O buscam (Hb 11.6). A fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem (Hb 11.1). "O primeiro gole do copo das ciências naturais pode até torná-lo ateu. Mas, no fundo do mesmo copo, Deus o aguarda" (Werner Heisenberg, Nobel de Física de 1932).

A Bíblia não argumenta visando provar a existência de Deus, mas parte do pressuposto que Ele existe e vai ainda mais longe, o descreve como um Deus de amor e Todo-Poderoso, presente entre Seu povo e interessado no bem-estar da humanidade. Deus aparece nas Escrituras Sagradas como um Deus imanente e transcendente, eterno, imortal, onisciente, onipresente, onipotente, justo, santo, criador, mantenedor, restaurador e amor.  A Bíblia não diz apenas que Deus tem amor, mas que Deus é o próprio amor (1 Jo 4.8,16).  Diferente da Gnosi que apresenta um deus incognossível distante da criação, a Bíblia afirma que Deus não está longe de cada um de nós (At 17.27). O salmista afirma que Deus é socorro bem presente na angústia (Sl 46.1).

A Bíblia apresenta um único Deus verdadeiro em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não são três deuses como as tríades pagãs, mas três pessoas que constituem o único Deus verdadeiro. No grande plano da redenção cada pessoa da Divindade assumiu uma função, por isso temos uma hierarquia funcional, cooperativa em vez de uma hierarquia baseada em escala de valor ou ordem de importância. No plano da salvação cada pessoa da Divindade assumiu uma função para salvar o homem perdido.

II. A Doutrina da Soberania de Deus na Reforma

A doutrina da soberania divina na Reforma Protestante declarou que Deus tem tudo sob controle e que Deus dirige os acontecimentos para Sua glória e para o bem de Seu povo.  Com isso, pregava-se que Deus, desde sempre, por Sua onisciência já sabia quem eram as pessoas que seriam salvas, assim como as que não seriam. Logo, Deus seria soberano de todas as coisas. Soli Deo gloria (do Latim: Glória somente a Deus) é o princípio protestante segundo o qual toda a glória é devida a Deus por si só, uma vez que salvação é efetuada exclusivamente através de sua vontade e ação. A salvação não é obra ou iniciativa humana, Deus oferece a salvação por meio do Evangelho e todo aquele que crê será salvo (Mc 16.16). Não só o dom da expiação de Jesus na cruz, mas também o dom da fé, criada no coração do crente pelo Espírito Santo. Os reformadores protestantes acreditavam que os seres humanos, mesmo santos canonizados pela Igreja Católica, os papas, e as autoridades eclesiásticas, não eram dignos da glória que lhes foi atribuída. 

Soli Deo gloria, “a glória somente a Deus”, era uma das principais afirmativas do pensamento da Reforma. A Reforma enfatizou que todas as realizações da salvação estavam distantes do valor e meritos humanos, colocando tudo aos pés de Deus. Ninguém podia dizer: “Recebi a vida eterna porque tenho uma vida boa, faço o bem ou sou religiosamente consagrado, ou minha razão é bastante sábia. Toda a glória pertence somente a Deus. Nisso, os reformadores refletiam o pensamento de Paulo em (1 Co 1.28-31). O homem não tem do que se gloriar e nem glorificar outra coisa ou pessoa além do próprio Deus. Os reformadores ensinaram que os propósitos de Deus não podem ser frustrados e que Deus está acima dos acontecimentos. Como Criador Deus é soberano sobre Sua criação. Deus é supremo: "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno. Que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes" (Dt 10.17-18). O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador (Sl 95.6; Ap 14.7); "Porque o Senhor é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses" (Sl 95.3).

Deus é supremo e tudo dirige para o bem do homem. Como Ser supremo no universo Deus está acima de tudo e de todos e é o único digno de louvor, glória e adoração por ser o Criador de todas as coisas. Assim como Deus é Supremo e Todo-Poderoso Seu reino é eterno. As grandes monarquias desse mundo caíram, grande potências ainda ruirão, mas o reino de Deus não terá fim: "Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.  Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para seu esposo.  Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.  E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras." (Ap 21.1-5).

Promessas maravilhosas demais para serem reais! É o que muitos erradamente dizem. Mas são reais, o próprio Deus atestou a veracidade das mesmas ao ordenar a João que escrevesse tudo o que viu e ouviu (Ap 1.19) e o mesmo Deus disse que essas palavras são fiéis e verdadeiras (Ap 21.5). Deus é supremo no universo, mas é necessário que Sua supremacia também esteja em nossa vida.  Quando Deus governa o homem lhe proporciona felicidade e bençãos

III. A Soberania de Deus durante a História

Na Bíblia Deus aparece como Aquele que estabelece reis e remove reis (Dn 2.21). Por isso Deus tem o controle sobre a história humana. Na Reforma Protestante muitos reformadores optaram por uma interpretação mais calvinista da teologia da salvação (soteriologia) ao passo que outros adotaram uma interpretação arminiana. Ambas tem pontos positivos e também pontos polêmicos e cada cristão deve estudar por si mesmo ambas as teologias à luz da Bíblia Sagrada ouvindo com humildade e atenção os dois lados e comparando tudo com a Bíblia. E olha o que está escrito nas famosas Institutas de Calvino:
“O homem cai porque assim o ordenou a providência de Deus” (CALVINO, Institutas, Livro III, Capítulo XXIII, 8). 
E mais: “Pois não é provável que o homem tenha buscado sua perdição pela mera permissão de Deus, e não por sua ordenação” (CALVINO, Institutas, Livro III, Capítulo XXIII, 8). Então percebemos que é um tema bem polêmico.

Agostinho pensava que a salvação e a condenação dependiam unicamente da inescrutável vontade de Deus e Calvino adotou alguns desses conceitos. Os arminianos crêem que Deus ama a todos e, embora saiba de antemão os que serão salvos e os que se perderão não interfere na escolha humana, embora ofereça a salvação a todos por meio do Evangelho.  Os calvinistas entendem que a liberdade de escolha concedida por Deus ao homem implica na sua soberania, algo negado pelos arminianos. Um debate que dura mais de mil anos.

Tanto um grupo como o outro crê que Deus é soberano e que só a Ele deve ser dada toda a glória. A hermenêutica é a ciência da interpretação. Cada ramificação do cristianismo tem sua tradição e sua teologia e todas tem seus conflitos hermenêuticos. Portanto, é necessário avaliar todos os pressupostos diante daquilo que a Bíblia apresenta. É extremamente necessário buscar por si mesmo por meio da oração e do estudo da Palavra de Deus o que esta realmente ensina. Há dilemas e pontos positivos em cada interpretação e somente o Espírito Santo poderá nos auxiliar na correta aplicação das regras de hermenêutica bíblica para uma correta exegese dos textos bíblicos.

Muitos livros e artigos foram escritos em torno dessa questão. Cabe ao leitor julgar todas as coisas e reter o que é bom (1 Ts 5.21) e examinar as Escrituras Sagradas todos os dias para ver se as coisas são realmente assim (At 17.11). A Bíblia apresenta o caráter de Deus como sendo amor (1 Jo 4.8,16) e que Deus deu Seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna (Jo 3.16) e que quem crêr e for batizado será salvo e quem não crer será condenado (Mc 16.16). Também ensina que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens (Tt 2.11).  Jacobus Arminios apresenta um contraponto às ideias de Calvino e os dois pontos de vista devem ser rigorosamente avaliados à luz da Bíblia e sem preconceito. Sabemos que Deus é soberano e que diante das discussões ocorridas nesses mais de um milênio sobre a soberania de Deus há unidade entre os cristãos nos pontos essenciais de nossa fé e que o Espírito Santo nos conduzirá à unidade doutrinária e fraterna.

Conclusão

O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o criador. Somos criação de Deus e não obra do acaso. Nosso futuro é a glória do reino de Deus e não o caos. Deus além de Criador é soberano de toda a criação. O pecado causou separação entre o homem e Deus (Is 59.2) e em Cristo o homem é religado a Deus, Jesus é a ponto sobre o abismo, o caminho que conduz a Deus (Jo 14.6). Jesus ensinou que Deus é o único que deve ser adorado, cultuado (Mt 4.10; Lc 4.8).  Pedro disse a Cornélio que adorasse somente a Deus (At 10.25-26). O anjo Gabriel disse a João que ele adorasse somente a Deus (Ap 19.10; 22.8).  Na Reforma Protestante os cristãos entenderam que não deveriam venerar, reverenciar, adorar, glorificar e exaltar somente a Deus e orar somente a Ele em nome do Senhor Jesus Cristo. A glória não deve ser desviada de Deus. Jesus citando (Dt 6.5) declarou que o maior mandamento na lei (Torah) é: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o entendimento". Portanto, só a Deus demos glória.



Sugestão de Leitura da Semana: SOUZA, Everton. A Imagem do Deus Invisível. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.






Comentário Bíblico Mensal: Abril/2021 - Capítulo 4 - Somente a Escritura - Sola Scriptura

 




Comentarista: Marcos Rogério



Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 119.40-49,92-94,97

40. Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça.
41. Venham sobre mim também as tuas misericórdias, ó Senhor, e a tua salvação segundo a tua palavra.
42. Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra.
43. E não tires totalmente a palavra de verdade da minha boca, pois tenho esperado nos teus juízos.
44. Assim observarei de contínuo a tua lei para sempre e eternamente.
45. E andarei em liberdade; pois busco os teus preceitos.
46. Também falarei dos teus testemunhos perante os reis, e não me envergonharei.
47. E recrear-me-ei em teus mandamentos, que tenho amado.
48. Também levantarei as minhas mãos para os teus mandamentos, que amei, e meditarei nos teus estatutos.
49. Lembra-te da palavra dada ao teu servo, na qual me fizeste esperar.
92. Se a tua lei não fora toda a minha recreação, há muito que pereceria na minha aflição.
93. Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por eles me tens vivificado.
94. Sou teu, salva-me; pois tenho buscado os teus preceitos.
97. Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.

Momento Interação

A Confissão de Fé de Westminster, por sua vez, afirma: “O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura” (I. 10). Para os reformados, a autoridade fundamental segundo a qual a igreja deve moldar sua fé não é a opinião de pessoas, por mais ilustres que sejam, nem a história de instituições religiosas, por mais respeitáveis que sejam, nem as preferências dos cristãos, por mais adequadas que possam parecer, mas o “Espírito Santo, falando na Escritura”. “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8.20).

De acordo com a teologia reformada, nenhuma voz, na igreja de Cristo, pode se elevar acima da Escritura Sagrada, inspirada pelo Espírito Santo para conduzi-la a toda verdade. Cristo é o cabeça da igreja, e ele a governa segundo os preceitos estabelecidos na Escritura. Nenhum líder, nenhuma denominação cristã, nenhum concílio, nenhum costume, nenhuma tradição tem valor normativo para a igreja cristã. Só a Escritura.

Introdução

O Espírito Santo separou, preparou e capacitou certas pessoas para que recebessem e transmitissem as verdades divinas. O Espírito Santo não os escolheu por causa ideia talentos naturais, mas dotou essas pessoas de capacidade e as santificou para esse propósito, essas pessoas assim como nós e sujeitos às metas fraquezas e tentações como nós (Tg 5.17-18), assim como nós necessitavam continuamente da graça de Deus e de levar uma vida de vigilância e oração. Jesus não escreveu nada na Palavra de Deus, assim como João Batista e outros grandes homens de Deus nada escreveram na Palavra de Deus de modo que os que participaram no trabalho da transmissão escrita da Palavra de Deus nenhuma vantagem ou privilégio tinham em relação aqueles que transmitiram a Palavra de Deus oralmente.

Por outro lado, a transmissão escrita é igualmente importante porque é um registo que pode e deve ser lido diariamente (Dt 17.19; At 17.11). Esses homens e mulheres de Deus, as vezes recebiam sonhos e visões (Nm 12.6) e, em outras ocasiões, Deus se manifestava a eles de forma audível (1 Sm 9.15; 1 Sm 16.7). João e Paulo receberam visões celestiais acompanhadas de instruções orais (2 Co 12.1-4; Ap 1-5). Através dessas mensagens Deus comunicou Sua vontade em linguagem humana. 

A Bíblia Sagrada é o livro mais importante já escrito e muitas vezes não é tão valorizado. O clero restringiu sua leitura e interpretação somente aos sacerdotes e com o advento da Reforma Protestante, a Liberdade de Expressão, Liberdade de Imprensa e as Sociedades Bíblicas temos o enorme privilégio de ter em mãos este livro sagrado singular, único de sua espécie. Cabe a nós levar nossa nação e nossa igreja de volta à Bíblia promovendo um verdadeiro reavivamento e reforma espirituais. Nunca na história houve um legítimo reavivamento e reforma espiritual sem a Palavra de Deus. Onde a Bíblia é negligenciada há apostasia e ruína e a Revolução Francesa deixa isso evidente. 

A obra da Reforma Protestante lutou pelo livre exame das Escrituras Sagradas, vale ressaltar que livre exame não consiste ele livre interpretação porque a Bíblia a sí mesma se interpreta, lutou pela tradução e divulgação das Escrituras e para tornar possível cada lar ter a Bíblia em sua própria língua.

I. As Escrituras Sagradas

A Bíblia é a revelação de Deus por meio de Seus profetas. É a norma de doutrina e prática. A autoridade da Palavra de Deus como regra de fé e prática decorre de sua origem divina. A origem e fonte das Escrituras testifica de sua singularidade. Os escritores bíblicos viam a Palavra de Deus como ocupando status único na categoria de todos os demais livros. Para eles a Palavra de Deus era tida como "sagradas escrituras" (Rm 1.2), "sagradas letras" (2 Tm 2.15) e "oráculos de Deus" (Rm 3.2; Hb 5.12). Os escritores bíblicos deixaram claro que seus escritos não eram obras deles, mas comunicação da parte de Deus por meio do Espírito Santo (Nm 9.30 2 Sm 23.2; Is 1.1; Jr 38.21; Ez 2.2; Ez 11.5,24 ; Am 1.1; Mq 1.1; Mq 3.8; Hb 1.1; Zc 7.12). O Novo Testamento reafirma essas declarações do Antigo (Mc 12.36; At 28.25; 1 Pd 1.10; 2 Pd 1.21; 2 Pd 3.16). Algumas vezes as Escrituras deixam tão claro a autoria do Espírito Santo que o autor humano desaparece quase que completamente aparecendo apenas como instrumento (Hb 3.7; Hb 9.8).

O que nos garante a confiabilidade, inerrância e exatidão das Escrituras Sagradas é o fato de ao longo das Escrituras Deus revelar a Si mesmo.  Por meio de mãos humanas Deus se revelou por meio do Espírito Santo. A autoridade da Palavra de Deus como regra de fé e prática decorre de sua origem divina. A origem e fonte das Escrituras testifica de sua singularidade e inerrância. Os escritores bíblicos viam a Palavra de Deus como ocupando status único na categoria de todos os demais livros. Para eles a Palavra de Deus era tida como "sagradas escrituras" (Rm 1.2), "sagradas letras" (2 Tm 2.15) e "oráculos de Deus" (Rm 3.2; Hb 5.12).

Os escritores bíblicos deixaram claro que seus escritos não eram obras deles, mas comunicação da parte de Deus por meio do Espírito Santo (Nm 9.30 2 Sm 23.2; Is 1.1; Jr 38.21; Ez 2.2; Ez 11.5,24 ; Am 1.1; Mq 1.1; Mq 3.8; Hb 1.1; Zc 7.12). O Novo Testamento reafirma essas declarações do Antigo (Mc 12.36; At 28.25; 1 Pd 1.10; 2 Pd 1.21; 2 Pd 3.16). Algumas vezes as Escrituras deixam tão claro a autoria do Espírito Santo que o autor humano desaparece quase que completamente aparecendo apenas como instrumento (Hb 3.7; Hb 9.8). O que nos garante a confiabilidade, inerrância e exatidão das Escrituras Sagradas é o fato de ao longo das Escrituras Deus revelar a Si mesmo.  Por meio de mãos humanas Deus se revelou por meio do Espírito Santo.

A inerrância bíblica deve ser definida mais em termos de verdade e de falsidade do que em termos de erro. A ideia básica de inerrância é que não há engano ou falsidade nos ensinamentos das Escrituras Sagradas, por consequência da inspiração divina, resultando daí sua autoridade máxima em questões de fé e prática. Devemos ter a mente aberta às discussões sobre esse tema tão importante para entendê-lo corretamente. Quando reivindicamos a inerrância da Bíblia não estamos afirmando que os escritores bíblicos ao escrever a Palavra de Deus em hebraico, aramaico e grego não cometeram nenhum erro gramatical. Sabemos que os discípulos eram pessoas de pouca cultura (At 4.13). O Novo Testamento foi escrito em grego koinê, mas se encontra cheio de aramaísmos, ou seja, uma estrutura linguística com expressões que são corretamente compreendidas quando se entende o aramaico. É evidente que quem escreveu os evangelhos sofria influência do aramaico, como se detecta em certos "aramaísmos" dos textos, mas é praticamente certo que os evangelistas escreveram em grego.

Aramaísmo é característica linguística do aramaico que ocorra em outra língua.  Os hebraísmos ou aramaísmos não implicam em erro doutrinário, apenas em imprecisões gramaticais.  Nenhum outro autor do Novo Testamento desrespeita tão frequentemente os cânones de estilo, gramática e sintaxe da língua grega como João o faz no Apocalipse. Isso sugere que o grego koinê para João era um segundo idioma. João escreveu às igrejas da Ásia portanto seria inviável escrever em hebraico língua falada pelos eruditos nas sinagogas ou o aramaico falado pelas pessoas mais simples no círculo familiar.
 
O Espírito Santo iluminou a mente dos escritores e os inspirou a relatar as verdades divinas sem anular suas personalidades e individualidades. A perfeita Palavra de Deus foi escrita na imperfeita linguagem humana.  As verdades bíblicas são a norma pela qual todas as áreas do conhecimento devem ser testadas e toda ciência está sujeita à Palavra de Deus. As aparentes contradições entre a Bíblia e a ciência são, muitos vezes resultado de especulação, tendenciosidade ou de uma má compreensão tanto da Bíblia como da ciência. É um grave erro julgar a Palavra de Deus de acordo com padrões humanos quando, na verdade, toda a sabedoria humana está sob a autoridade da Palavra de Deus e deve ser por esta provada.

A leitura superficial das Escrituras inevitavelmente conduzirá a uma compreensão superficial das mesmas. A alta crítica estudado a Bíblia como uma literatura meramente humana.  A Bíblia apresenta a mensagem de salvação sem apresentar qualquer contradição doutrinária. Também apresenta profecias que se cumpriram com notável exatidão como as profecias de Daniel 2, 7 e 8 entre muitas outras.  A imperfeição e as limitações dos escritores bíblicos de forma alguma desautoriza a Bíblia como normatiza e inerrante Palavra de Deus e muito menos implica em sua veracidade e sacrocidade.

A inerrância e infabilidade da Bíblia Sagrada não implica em linguagem perfeita, mas em uma fidedigna revelação da vontade de Deus. Portanto, ao lermos e estudarmos a Palavra de Deus devemos ir com profunda humildade cristã e disposição para aprender o que Deus quer nos revelar: "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14). A Palavra de Deus é fiel, a Bíblia é inerrante em seus ensinos e a Palavra de Deus nunca falha. 

II. A Doutrina das Escrituras na Reforma

A Palavra de Deus não restringe ao clero o exame e a interpretação das Escrituras Sagradas, mas inclui a todo ser humano a incumbência de examinar por si mesmo as Escrituras e permitir que a Bíblia seja sua própria intérprete. Jesus usou o termo examinais em (Jo 5.39) mostrando que seus perseguidores agiam corretamente no exame das Escrituras, embora não praticassem aquilo que aprendiam e queriam matá-lo (Jo 8.40). Paulo elogiou os bereanos porque ao ouvirem suas pregações conferiam nas Escrituras examinando-as todos os dias para ver se as coisas eram de fato assim (At 17.11). Daniel mesmo sendo profeta recebendo revelações de Deus estudou os escritos inspirados do profeta Jeremias (Dn 9.2).

João pronunciou uma bênção divina sobre aqueles que lêem, ouvem e praticam as palavras deste livro (Ap 1.3). Jesus considerou como sua família os que ouvem a Palavra de Deus e a praticam (Lc 8.21). Paulo disse que o que foi escrito o foi para nosso ensino (Rm 15.4). Paulo disse à Timóteo que as Escrituras inspiradas tem por objetivo nos tornar perfeitos em Cristo e perfeitamente habilitados para as boas obras (2 Tm 3.16-17). Jesus relacionou a santificação com a Palavra de Deus (Jo 17.17).  Davi comparou as Escrituras como uma lâmpada que nos ilumina nesse mundo de trevas espirituais (Sl 119.105). Isaías disse que a Palavra de Deus permanece eternamente (Is 40.8).

Jesus disse que os céus e a Terra passarão, mas Suas palavras permanecerão eternamente (Mt 24.35).  Jesus nos abre o entendimento para compreender as Escrituras (Lc 24.45). O evangelista Mateus narra as palavras de Cristo onde Ele afirma ser um erro não conhecer as Escrituras e nem o poder de Deus (Mt 22.29). O evangelista Lucas continua a narrativa temática do estudo das Escrituras mostrando as palavras de Jesus afirmando que bem-aventurados são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a guardam (Lc 11.28).

Devemos examinar a Palavra de Deus fazendo estudos temáticos comparando textos com textos que tratam do mesmo assunto permitindo que a Bíblia seja sua própria intérprete e que os textos mais difíceis sejam explicados por textos mais fáceis de se compreender e que tratam do mesmo assunto. Assim fizeram os reformadores examinando a Bíblia permitindo que esta fosse sua própria intérprete para aprender o que Deus diz e não o que a igreja diz.

III. Escritura Inspirada e Útil para o Ensino

Em caminho na estrada para a aldeia chamada Emaús Jesus apareceu aos discípulos e propositalmente de uma forma que eles não O conheceram (Lc 24.1-4) e os discípulos narraram-lhe os últimos eventos e manifestaram seu grande desapontamento, pois acreditavam que Jesus seria um rei político e militar terrestre que reinaria sobre Jerusalém libertando-os do jugo romano (Lc 24.5-24). Nesse ínterim Jesus poderia ter-se dado a conhecer, mas em vez de firmar a fé dos discípulos na evidência do milagre de Sua ressurreição encaminhou a mente dos discípulos às Escrituras Sagradas dizendo: "Ó néscios e tardos de coração para crer em tudo o que os profetas disseram!  Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunhá-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.25-26).
Nesse claro texto algumas coisas ficam evidentes. 

1. Jesus encaminha a mente dos discípulos não a sinais e milagres, mas às Escrituras como regra de fé, prática e doutrina.
2. Jesus utilizou da totalidade das Escrituras de Seus dias.
3. Jesus demonstrou a suficiência das Escrituras para evidenciar a direção de Deus nos acontecimentos, para explicar as profecias e tratar de doutrinas, nesse caso da doutrina da Sua ressurreição.
4. Jesus deixou claro o caráter sagrado das Escrituras.
5. Jesus mostrou que as profecias se cumprem mostrando que a Bíblia Sagrada não é um livro qualquer.
6. Jesus revelou a hermenêutica bíblica permitindo que a Bíblia fosse sua própria intérprete. Jesus deixou as Escrituras a si mesmas se explicarem comparando os diversos textos que tratam de Sua ressurreição.

Os discípulos relataram que as palavras de Jesus quando Este lhes expunha as Escrituras lhes ardia o coração (Lc 24.32) [Almeida Revista e Atualizada], ou seja, a pregação de Jesus não era pregação coaching, pregação motivacional de caráter emocional, mas uma pregação expositiva e cristocêntrica, pois expunha as Escrituras e estar testificam de Jesus como sua mensagem central (Jo 5.39). Se o pregador quer alcançar o coração das pessoas com o mesmo êxito que Jesus o fez deve pregar a Bíblia como Jesus pregou.

Em outra ocasião, durante Seu ministério público Jesus pregou às Escrituras e mostrou como estas profetizaram Seu ministério (Lc 4.16-21). Nessa ocasião novamente Jesus deixa claro a suficiência das Escrituras. Religiosos nessa ocasião que processavam ser o povo de Deus guardador de Seus mandamentos se encheram de ira e tentaram assassinar Jesus expulsando-O da sinagoga e o precipitando de um penhasco (Lc 4.28-30). Mas Jesus foi livrado deles. No deserto da tentação Jesus deixou claro que além da suficiência das Escrituras Sagradas também aplicam-se no auxílio contra a tentação e a vitória sobre o pecado (Mt 4.1-10; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13). Assim como Jesus e tendo Ele como nosso exemplo cremos com toda a firmeza e convicção na suficiência das Escrituras Sagradas como regra de fé e prática contendo o conhecimento necessário à salvação, guia infalível de Sua vontade, o revelador de doutrinas e o relato fiel dos atos de Deus na história.

Conclusão

O Antigo Testamento deve ser interpretado à luz do Novo Testamento. Isso é exigido tanto por razões literárias como por razões teológicas. O Antigo Testamento não pode ser compreendido sem o Novo Testamento. Este princípio foi chamado pelos reformadores de analogia da fé. Se, aparentemente, uma passagem difícil e obscura permite interpretações estranhas à teologia evangélica, e ela entra em conflito com a outra passagem mais clara e de fácil entendimento, então a interpretação mais coerente deve ser adotada. A nossa cosmovisão ou nossas ideias preconcebidas não são ruim em si quando estudamos a Bíblia desde que não tentemos ajustar a Bíblia às nossas crenças e conceitos ao interpretá-la. Ao estudar a Palavra de Deus devo estar disposto a abandonar qualquer ideia que contradiga a Revelação divina, mas jamais tentar ajustar à Bíblia a minha cosmovisão.

Analisamos a Bíblia Sagrada, sua importância e aplicação em nossa vida e na vida dos reformadores protestantes, além de sua inerrância, infabilidade, pureza, suficiência e origem divina. Também procuramos apresentar a Deus por meio dessa Palavra.  Os inúmeros benefícios práticos do estudo da Palavra de Deus se tornam evidentes ao notarmos as consequências positivas desse estudo em todas as áreas de nossa vida. Estudar a Palavra de Deus é ouvir a voz de Deus falando ao nosso coração e ao mesmo tempo nos enriquecendo com conhecimento de Deus e de Sua vontade para nossa vida.

O conhecimento da Palavra de Deus é progressivo e infinito, um fator adicional que torna a Bíblia um livro singular e superior a todo e qualquer outro livro. Estudar a Bíblia é ter comunhão com Deus e aprender dEle e com Ele. A Bíblia é o único livro em que seu autor primário está presente ao mesmo tempo com aqueles que o lêem. A Bíblia não é um livro que se coloca acima de questionamentos, mas um livro que incita a questionar tanto ele como qualquer outra obra literária ou mensagens verbais, mas ao mesmo tempo nos fornece importantes e suficientes evidências para crer nele como o livro de Deus.



Sugestão de Leitura da Semana: SANTOS, Matheus. O Viver do Cristão. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.


quarta-feira, 21 de abril de 2021

Alegria Inevitável

 




A questão levantada pelos discípulos de João sobre os modos festivos  de Jesus e seus discípulos num tempo que eles viam como cheio de   tragédia (Mt 9; Mc 2; Lc 5) mais tarde apareceu numa inquirição queixosa do próprio prisioneiro João: "És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11.3). Era o grito ansioso de alguém cujos sofrimentos tinham-no aparentemente feito duvidar por um momento do próprio Rei e do reino que ele próprio tinha proclamado. Depois de responder a pergunta de João, Jesus falou de sua incomparável grandeza à multidão reunida e então repreendeu-a, observando que eram pessoas como crianças teimosas em seus jogos, que se recusavam a brincar de casamento ou de funeral (Mt 11.16-19). João tinha vindo jejuando e vivendo isolado e eles tinham dito que ele era possuído por um demônio. Jesus veio festejando e vivendo livremente entre eles, e tinham se queixado que ele era glutão e comparsa de pecadores!
   
Uma Missão de Alegria

É inquestionável que Jesus identificava sua missão e sua mensagem como sendo de alegria. Ele é o verdadeiro noivo que nos convidou para uma festa de casamento. Ele veio trazer paz aos perturbados, perdão para os culpados, alegria para os abatidos, liberdade para os escravizados (Is 61.1-3). A mensagem e o jejum de João e seus discípulos tinham sido inteiramente apropriados a tempo -- e ainda é -- quando homens e mulheres, em sua teimosia e orgulho, precisam arrepender-se e humilhar-se diante de um santo e justo Deus. Mas não faz sentido para aqueles que se arrependeram em profundo remorso continuar o funeral quando "... o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" chegou (Jo 1.29).
   
João Batista e Jesus Cristo

É irônico que foi o próprio João Batista que antes tinha dito, "Eu não sou o Cristo.... o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.28-30). Por que estavam os discípulos deste próprio João jejuando e lastimando? Porque ainda não tinham crido que Jesus era o Cristo de Deus. Em suas mentes duvidosas, o "noivo" ainda não estava com eles. Diferindo do seu mestre, ainda não tinham chegado a saber e regozijar nele. Ainda há pessoas que têm dificuldade para passar de João a Jesus. É certamente verdade quanto aos membros do partido "Batista", que defendem seu nome e espírito sectário apelando para João Batista, ao invés de Cristo. Pode ter sido uma vez apropriado ser um discípulo do Batista mas, agora que o próprio Filho de Deus veio, isso é totalmente sem justificação (At 19.1-5). João teria sido o primeiro a reprová-lo. Atos 11.26 diz: "foram os discípulos... chamados cristãos".
   
Gloriando-se no Senhor

O mesmo é verdade quanto a todos os que reverenciam homens que falam de Cristo, acima do próprio Cristo. Não há, absolutamente, nenhuma defesa para homens alegremente chamando-se luteranos ou wesleyanos, e outras coisas, ou, mais sutilmente, tranquilamente estimando pregadores contemporâneos e seus julgamentos acima da pessoa e vontade de Deus. "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1 Co 1.31; cf. 1.11-13). Mas há um problema, ainda mais fundamental, abordado na resposta de Jesus aos discípulos de João. Jesus disse que estar com ele era ter alegria. Contudo, há cristãos que aceitaram o convite para a festa de casamento do Senhor, mas parece que não estão querendo sair da marcha fúnebre. Eles parecem determinados a viver em perpétua aflição e desespero pelas suas imperfeições e fracassos. O convite do Senhor para comemorar e exultar em sua misericórdia certamente não é chamar para viver com ocasional indiferença pelo pecado, nem é também um chamado para um perpétuo bater nos peitos, uma vez que nos arrependemos e buscamos seu magnânimo amor.
   
Não é adequado que cristãos vivam na presença do próprio Senhor como povo derrotado e desesperado. Tal comportamento se torna uma injúria contra sua benignidade. Não é adequado também que o povo de Deus tenha que servi-lo como "escravos indo açoitados para o seu calabouço", cumprindo seu serviço a Ele como um dever oneroso e opressivo. Tal conduta é uma difamação de sua graça, uma acusação que desonra seu amor. Para viver verdadeiramente na feliz companhia do Filho de Deus terá de saber que seu jugo é suave e seu fardo é leve (Mt 11.30).
   
Conclusão

Pode não ser possível, na verdade, dominar uma emoção, mas é possível decidir olhar sinceramente para as grandes verdades sobre Deus que, se assim fizermos, nos trarão alegria inevitável. Assim Paulo diz aos filipenses, "Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos" (Fp 4.4). Simplesmente, não é certo para os cristãos estarem perpetuamente tristes e desconsolados, quaisquer que sejam suas cargas. Paulo está certo em dizer que há bastante alegria em Cristo para suplantar completamente todas as nossas tristezas. Como o próprio nosso Senhor disse, há algumas coisas que justamente não são adequadas quando estamos vivendo na amável companhia do Rei do universo.


Referências:

BARBOSA, Maxwell. Ações de Graças. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

BARROS, Emanuel; Souza, Everton. O Progresso do Evangelho. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

CABRAL, Elienai. Filipenses. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

NEVES, Natalino das. O Cuidado de Deus com o Corpo de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.




sábado, 17 de abril de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Abril/2021 - Capítulo 3 - Somente Cristo - Solus Christus

 




Comentarista: Marcos Rogério



Texto Bíblico Base Semanal: Hebreus 7.20-28

20. E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes,
21. Mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque,
22. De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador.
23. E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,
24. Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
26. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;
27. Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.

Momento Interação

Ao longo da história cristã, é comum encontrarmos várias modalidades de “Cristo mais alguma coisa”. O ensino bíblico é muito claro: nossa salvação depende inteiramente da obra de Cristo realizada em nosso lugar. Ele foi nosso substituto, recebeu uma morte que era nossa para que, por ele, tivéssemos vida em seu nome. Mas a natureza humana não se sente muito confortável em ter de depender de alguém, não é verdade? É por esse desejo humano de autonomia que a história cristã vem registrando a criatividade humana em acrescentar alguma coisa (algo feito pelo ser humano para que ele tenha uma participação “razoável” em sua própria salvação) à pessoa e obra de Cristo.

Introdução

Jesus Cristo é o ponto focal das Escrituras, o personagem principal. No Antigo Testamento Ele é o Messias prometido, o Redentor do mundo; em o Novo Testamento Ele é revelado como Jesus Cristo, o Salvador, Filho de Deus. A cruz representa o mais central de todos os pontos focalizados pela Bíblia, pois ela faz convergir para o mesmo local a inominável maldade humana e a incomparável bondade e amor de Deus e Sua salvação. O tema do amor de Deus, particularmente conforme visto na morte sacrifical de Cristo no Calvário e esta é a maior verdade do Universo - representa o ponto focal da Bíblia. Todas as grandes verdades bíblicas, portanto, deveriam ser estudadas a partir dessa perspectiva.
O nome aramaico Yeshua assimilado pela língua hebraica significa Salvação, é uma abreviação do nome de Josué Yehoshua (YHWH é Salvação) que significa Deus é a Salvação. Jesus em nosso idioma é a transliteração de Yeshua, um nome muito comum nos tempos do Novo Testamento que expressava a fé dos pais hebreus em um Salvador vindo da parte do Pai. Quando o anjo Gabriel visitou José lhe disse que chamasse seu filho de Jesus dizendo: "porque ele salvará o seu povo dos pecados deles".  Esse nome identificava o filho de Maria gerado do Espírito Santo (Mt 1:20) como Aquele em quem se cumpririam as profecias messiânicas e as promessas do Antigo Testamento.

Os três Evangelhos Sinópticos e o Evangelho de João estão repletos de testemunhos que confirmam que Jesus é o centro do Evangelho e Aquele em quem se cumpririam as promessas e profecias bíblicas. João Batista, o último profeta messiânico se identificou como o precursor do Messias prometido nas Escrituras, ver (Mt 3.1-12; Mc 1.2-8; Lc 3.1-18 e Jo 1.19:34). Quando Filipe encontrou seu irmão Natanael disse: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, Filho de José" (Jo 2.45). 

O Senhor Jesus, após sua ressurreição apareceu a dois discípulos a caminho de uma aldeia chamada Emaús que ficava a sessenta estádios de Jerusalém, cerca de dez quilômetros encaminhou a mente dos discípulos às Escrituras. "E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24:27). Pouco tempo depois, apareceu aos onze e novamente chamou a atenção deles para Ele como aquele de quem as Escrituras testificavam e lhes disse: "São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 24.44).

A expressão lei de Moisés se refere a Torah, palavra hebraica que significa Instrução e se refere ao nosso Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, Profetas significa os livros proféticos do Antigo Testamento conhecidos como os profetas maiores e profetas menores e os Salmos representa os livros poéticos do Antigo Testamento. Essas três grandes divisões das Escrituras hebraicas tem Jesus e Seu ministério em prol da salvação do homem como o centro de suas mensagens. Paulo explicou isso dizendo que o fim da lei é Cristo (Rm 10:4) mostrando que a Torah assim como as demais Escrituras apontam para Cristo. A palavra grega usada por Paulo traduzida por fim é telos que significa finalidade, objetivo. As Escrituras Sagradas apontam para Cristo como o personagem principal, o mais importante (Jo 5:39).

Sobre Jesus disse João que "Isaías viu a glória dele e falou a seu respeito" (Jo 12.41). Em Isaías 6.1-5 temos o relato de uma visão da glória de Deus e em Isaías 53 vemos o Deus na cruz.  Jesus era a esperança do povo de Deus no Antigo Testamento e sua segunda vinda é a bendita esperança da igreja (Tt 2.13). A primeira profecia messiânica encontra-se em Gênesis 3.15 onde um descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente trazendo a vitória ao povo de Deus. Durante gerações e gerações aguardou-se o prometido Messias e Ele veio e foi rejeitado.  "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, os que crêem no seu nome" (Jo 1.11-12). O texto diz que os que crêem e não os que creram, ou seja, o cristão deve crer até o fim. 

É muito importante reconhecer que Jesus é o centro das Escrituras do Antigo e Novo Testamento, mas de nada isso adiantará se Jesus não for o personagem central e principal de nossa vida. O conhecimento da verdade só nos trará benefício prático para a vida eterna se esse conhecimento se tornar um conhecimento prático e não simplesmente teórico onde Jesus passa a morar em nós. O Evangelho se acha centrado em Jesus e não numa prática religiosa. Em Jesus Cristo a religião faz sentido, em Jesus todas as doutrinas bíblicas se encontram e se fundem.

I. Cristo Jesus - A Excelência do seu Esplendor

Os sábios das religiões morreram, mas Jesus morreu e ressuscitou vencendo a morte.  Os deuses das religiões são deuses inanimados, mas Jesus é o Deus eterno. "Ninguém jamais viu a Deus, o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1.18).  "Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; esse o tem visto" (Jo 6.46). Em todas as teofanias era o Deus unigênito quem aparecia e ninguém via seu rosto, pois não viveria, pois segundo Cristo ninguém viu o Pai. "Apareceu o Senhor a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência essa terra. Ali edificou Abrão um altar à YHWH, que lhe aparecera" (Gn 12.7). "Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe YHWH e disse-lhe: Eu Sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito" (Gn 17.1). "Apareceu YHWH à Abrão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia" (Gn 18.1). "Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, YHWH, não lhes fui conhecido" (Ex 6.3). "Disse Deus a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros" (Ex 3.14).

Quando perguntado: Quem pois te fazer ser? (Jo 8.53) Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, Eu Sou. Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo (Jo 8.58-59). Se Cristo tivesse dito: "Eu tenho sido" como insinuam alguns, os judeus não teriam porque tentar apedrejá-lo. O grego hē zoē de (Ap 1.18) é o equivalente hebraico Eyeh 'asher' 'ehyeh, o Eu Sou o que Sou de (Ex 3.14). Isso explica a hostilidade dos judeus para com Cristo quando se declarou o Eu Sou (Jo 8.58-59). Se os judeus entendessem o contrário não tentariam apedrejá-lo.

Cristo disse à igreja de Tiatira: Matarei a teus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo suas obras (Ap 2.23; 22.12 = Is 40.10). "Cesse a malícia dos ímpios, mas estabelece o justo, pois sondas a mente e o coração, ó justo YHWH (Sl 7.9), ver também" (Jr 17.10 e Mt 16.27).

II. A Doutrina de Cristo na Reforma

Em 1517, indignado com a venda de indulgências realizada pelo dominicano João Tetzel, Lutero escreveu em documento com 95 pontos criticando a Igreja e o próprio papa, as indulgências e as falsas concepções do Evangelho ensinadas ao povo. Estas 95 teses teriam sido pregadas na porta de uma igreja a fim de que seus alunos lessem e se preparassem para um debate em classe. No entanto, alguns estudantes resolveram imprimi-las e lê-las para a população, espalhando assim, as censuras à Igreja Católica Apostólica Romana. Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando Lutero e exigindo sua retratação. Lutero queimou a bula em público o que agravou a situação. Já em 1521, o imperador Carlos V convocou uma assembleia, chamada "Dieta de Worms", na qual o monge foi considerado herege.

Embora Martinho Lutero não tinha ainda uma compreensão mais ampla da doutrina de doutrina de Cristo vemos já uma introdução à Cristologia em suas teses.  Nessas noventa e cinco teses Martinho Lutero demonstrou que é Jesus o Salvador, Mediador e Intercessor e não o clero. A doutrina de Cristo na Reforma Protestante foi um golpe sobre a igreja em sua venda discriminada de indulgências onde comercializavam a salvação que Jesus oferece de graça. Nós protestantes não cremos e concordamos em tudo com o que Lutero escreveu em suas noventa e cinco teses, mas concordamos que a salvação é obtida unicamente pela graça mediante a fé.

Na Reforma Protestante declarou-se que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5) o único intercessor e sacerdote (Hb 7.24; 1 Jo 2.1). As penitências, indulgências, relíquias, perdão papal, missas, confessionários e qualquer outro meio não garantia o perdão ao pecador, Jesus é o único caminho (Jo 14.6). Só um intercessor sem pecado poderia oferecer seus próprios méritos ao homem.  A igreja, os santos, os sacramentos e qualquer outra tentativa de salvação que descarte a Cristo ou pretenda completar seus méritos é vã no que se refere a salvação.

III. Jesus Cristo - Perfeito para Sempre

Jesus é perfeito! Isso significa que Jesus nunca pecou, nunca errou. Ele nunca transgrediu a Lei de Deus e jamais fez qualquer coisa que não revelasse a glória de Deus. Foi um perfeito exemplo de obediência (1 Jo 2.6). Então apesar de ter sido tentado Ele venceu todas as tentações e nEle não foi achado erro ou falha alguma (1 Pd 1.22). Jesus também foi tentado em tudo, mas nunca cedeu a qualquer tentação (Mt 4.1-10; Hb 4.15). Pela encarnação, o Verbo de Deus torna-se uma pessoa única em todo o universo, possuindo duas naturezas completas e perfeitas, a natureza divina que lhe é peculiar desde toda a eternidade, e a natureza humana, formada por um corpo humano. Estas duas naturezas permanecem unidas, porém sem mistura ou confusão, permanecendo para todo o sempre nesta forma. A isto chamamos de união hipostática. Jesus é o único ser do universo com essa dupla natureza que liga a humanidade à Deus. Essa natureza divino-humana chama-se em teologia natureza teantrópica.  Jesus, Sua natureza e obra é um mistério para a humanidade.

"Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória” (1 Tm 3.16). Este Jesus, que é a pessoa única, o Verbo encarnado, perfeito homem e perfeito Deus, é o Jesus bíblico e histórico do cristianismo, quem crê em outro Jesus que não este, não pode ser considerado cristão, a aceitação de falsos mestres e falsas doutrinas no seio da igreja não pode ser aceita em hipótese alguma porque compromete o Evangelho. Professamos que o Senhor Jesus era e é perfeitamente humano e perfeitamente divino. Ele não era meio homem nem meio deus; mas totalmente Homem e totalmente Deus.

Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus, o Senhor Jesus Cristo é igual ao Pai e semelhante a nós: sua divindade e humanidade não são aparentes; são reais, perfeitas e plenas. Por este motivo, a obediência, paixão e morte de Jesus Cristo têm valor infinito, sendo, desta forma, o único meio de propiciar a ira de Deus (a reação de Sua santidade diante do pecado) e adquirir a redenção final e definitiva de Seu povo. A obediência de Cristo era a própria justiça de Deus e o seu sangue, o sangue de Deus, daí valor infinito de seu trabalho.  Resumindo, Jesus não foi perfeito, é perfeito e viveu em perfeição também como homem para que pudesse resgatar o homem. Somos salvos pela obediência de Cristo e não pela nossa. 

Conclusão

Martinho Lutero não foi o único reformador, mas foi o meio mais expressivo pelo qual o Senhor balançou as estruturas da igreja medieval lutando por um retorno à Bíblia Sagrada. Sola Scriptura era seu lema e deve ser o nosso. Martinho Lutero não tinha toda a luz, mas viveu à luz de seus dias.  Em suas teses há alguns itens que nós protestantes mais recentes não concordamos como a doutrina do purgatório e outros. Mas lançou as bases para a Reforma Protestante. Martinho Lutero e outros reformadores entenderam que a crença da igreja de seus dias no que se refere a salvação estava errada. Havia mediadores humanos, intercessores mortos, indulgências, missas, confessionários, penitências, relíquias e toda forma de distorção da teologia da salvação presente nas Escrituras Sagradas.

A Bíblia deixa claro que Jesus é o único e perfeito Salvador, Mediador, Advogado e Substituto e que são seus méritos aplicados pela fé ao pecador arrependido que o colocam em harmonia com Deus e não os sacramentos da igreja. Jesus não é o mediador supremo entre Deus e os homens, é supremo e único (1 Tm 2.5; At 4.12).  Maria e os santos não podem interceder e aplicar seus méritos aos pecadores porque seus méritos não salvam nem a eles mesmos e todos precisam da mediação e intercessão de Jesus.  Somente Jesus pode nos ligar a Deus (Jo 14.6). Não há outro meio de salvação e nem outro caminho que conduz ao Pai, sem Cristo nada podemos fazer (Jo 15.5).

Os judeus buscaram a salvação praticando ou tentando praticar as obras da lei, os cristãos dos dias da Reforma Protestante buscavam a salvação nos rituais vazios e sem vida da igreja em seus dias. Com o advento da Reforma e o retorno à Palavra de Deus temos uma compreensão soterológica mais profunda entendendo e aceitando que fora de Jesus não há salvador. A salvação é pela graça mediante a fé para boas obras (Ef 2.8-10). Note que as obras são a consequência da salvação e não a causa e que é a graça de Jesus que nos dá o poder para praticar as boas obras.




Sugestão de Leitura da Semana: JÚNIOR, Carlos Alberto. A Obra da Redenção. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.