sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2020 - Capítulo 4 - Os Salmos e as Bem-Aventuranças do Cristão

 


Comentarista: Eliezér Gomes


Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 119.1-16


1. Bem-aventurados os retos em seus caminhos, que andam na lei do Senhor.

2. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração.

3. E não praticam iniquidade, mas andam nos seus caminhos.

4. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos.

5. Quem dera que os meus caminhos fossem dirigidos a observar os teus mandamentos.

6. Então não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos.

7. Louvar-te-ei com retidão de coração quando tiver aprendido os teus justos juízos.

8. Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente.

9. Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.

10. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos.

11. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.

12. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.

13. Com os meus lábios declarei todos os juízos da tua boca.

14. Folguei tanto no caminho dos teus testemunhos, como em todas as riquezas.

15. Meditarei nos teus preceitos, e terei respeito aos teus caminhos.

16. Recrear-me-ei nos teus estatutos; não me esquecerei da tua palavra.


Momento Interação

O Salmo primeiro é o salmo da bem-aventurança, como muitos outros salmos irão seguir nesta mesma linha, da alegria, do regozijo, da felicidade, porém, chama-nos a atenção o fato de o rei Davi apresentar a bem-aventurança apontando para um único homem: “Bem-aventurado o homem…” (v. 1). As bem aventuranças ao longo do estudo bíblico no Livro dos Salmos não são “bênçãos” imerecidas. Pelo contrário; esse tipo de benção é resultado da obediência aos mandamentos do Senhor nosso Deus. O Criador de Todas as Coisas tem diversas promessas para aqueles que o obedecem. Bons Estudos!

Introdução

No Salmos 119, o Salmista faz um poema com elaborada exaltação a Palavra de Deus. Durante a leitura, é muito comum encontrarmos as palavras: caminhos, estatutos, preceitos, mandamentos, palavras. Ou seja, a intenção máxima do autor é exaltar os ensinamentos do Senhor e adorá-Lo, por isso. É um dos meus Salmos preferidos. Sendo o mais longo da Bíblia, o Salmos 119 possui 176 versículos. Ele está dividido em 22 duas seções de oito versículos cada uma. Com relação a autoria, alguns acreditam que foi Davi, Esdras o escriba ou um dos filhos de Corá.

Quando analisado no texto original hebraico, é possível perceber que cada uma das seções utiliza uma letra do alfabeto hebraico no começo de cada estrofe, até que se complete as 22 letras do alfabeto. Isso mostra que a Palavra de Deus, deve ser o ABC espiritual das nossas vidas. Por isso o Salmista diz: “Dirige-me pelo caminho dos teus mandamentos, pois nele encontro satisfação”. A Palavra de Deus deve ser o nosso guia. Dirigidos por ela jamais seremos confundidos, estaremos seguros e amparados diante de Deus.

I. O Padrão de Salmos ao Verdadeiro Adorador

O autor do Salmo não se identificou, mas obviamente era um amante da palavra de Deus. Sugestões de possíveis compositores incluem Davi e Esdras, certamente homens que valorizavam cada palavra comunicada por Deus aos seus servos. A estrutura desse Salmo é fascinante. A maioria das Bíblias impressas corretamente dividem o Salmo em 22 estrofes de 8 versos cada. Embora as traduções não consigam transmitir este fato, é um poema acróstico que segue as letras do alfabeto hebraico. Não somente cada estrofe, mas cada verso da estrofe inicia com a letra correspondente. Se fosse fazer a mesma coisa em português, teria 8 versos começando com a letra A, depois 8 iniciando com B e assim em diante até chegar à letra Z. O estilo acróstico aparece em outros lugares no Antigo Testamento: alguns outros Salmos, os primeiros quatro capítulos do livro de Lamentações etc. Um possível motivo de usar esse tipo de composição seria para facilitar a memorização do hino para cantar na adoração a Deus.

O hino focaliza um único tema do começo ao fim utilizando uma variedade de sinônimos. O autor elogia a palavra de Deus usando termos como lei, caminho, prescrições, mandamentos, preceitos, juízos, decretos, palavra, testemunhos, veredas etc. Em cada verso desse cântico, o valor da palavra de Deus é frisado. O tempo para ler e meditar na sua mensagem é bem investido, pois nos chama a evitar a insensatez do pecado e seguir a sabedoria revelada pelo Senhor. Todos os 176 versos merecem destaque, mas o nosso espaço aqui é limitado, então vou usar o que resta para citar alguns que são especialmente memoráveis.

II. As Bem-Aventuranças do Verdadeiro Adorador

O Salmo 119 é geralmente lembrado por ser o capítulo mais longo da Bíblia e, também, por referir-se, quase que exclusivamente, à importância da Palavra de Deus para a vida do cristão. Confesso que, a exemplo de muitos irmãos, nunca havia me aventurado a meditar mais detidamente sobre o Salmo 119, já que as poucas vezes que o li, o fiz mais por obrigação do que por prazer. Entretanto, mergulhar no Salmo 119 é um ótimo e prazeroso exercício para o cristão, buscando entender melhor o que ele ensina. Embora, por si só, o Salmo 119 sirva para inspirar um livro inteiro em 2 ou 3 volumes, alguns versículos merecem ser brevemente destacados. A estrutura do Salmo 119 é bem conhecida pela sua dedicação em expressar adoração ao Deus Verdadeiro e destacar como deve ser a vida de um verdadeiro adorador:

“Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca” (verso 4). Mesmo entendendo que todos nós falhamos (Sl 14.1-3; Rm 3.23), e que somos incapazes de merecer a aprovação de Deus (Ef 2.8,9) devemos nos esforçar para cumprir o que o Senhor ordenou. Jesus definiu o verdadeiro motivo dessa obediência: amor para com ele (Jo 14.15,23).

“De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra” (verso 9). A Bíblia não foi revelada para pessoas velhas que só pensariam na eternidade depois de gastar seus melhores anos satisfazendo desejos egoístas. É muito mais fácil manter uma roupa limpa do que tirar manchas, e assim o salmista aconselha os jovens a manter sua pureza.

“Ensina-me, SENHOR, o caminho dos teus decretos, e os seguirei até ao fim” (verso 33). O autor desse Salmo demonstra a atitude que Deus exige de todos que querem estar com ele: a determinação de viver de acordo com sua palavra. No Novo Testamento, Tiago ensinou sobre a importância de ser praticantes, e não apenas ouvintes, da palavra de Deus (Tg 1.22-25).

“Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (verso 71). A nossa tendência é fugir da aflição, e muitos falsos mestres sugerem que o propósito do cristianismo seja o livramento de sofrimento nesta vida. Tanto aqui quanto no Novo Testamento, Deus ensina que o sofrimento traz benefícios espirituais importantes (Tg 1.2-4; 2 Co 12.10).

“Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos” (versos 99 e 100). É comum desprezar as Escrituras, achando mais relevante o “conhecimento” adquirido por outros meios. Podemos aprender muito da Ciência e outras disciplinas, mas as informações de valor eterno se encontram nas palavras que Deus revelou.

“Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado” (verso 127). Na busca de prosperidade material que ocupa o nosso tempo e domina os nossos pensamentos, poucos diriam que o maior lucro vem do estudo das Escrituras. O autor do Salmo 119 viu claramente a verdadeira riqueza que Deus deixou para nós na sua palavra.

III. Devemos ser Verdadeiros Adoradores

O Salmo 119 é de enaltecimento à lei de Deus. O salmista apresenta seu reconhecimento à perfeição e supremacia dela. Apega-se a ela continuamente; é sua luz e proteção. Em meio às palavras ungidas de reverência, ele intercala orações pertinentes. Algumas são repetidas. Mas faz bem à alma colher o sentido do temor à lei e pedir a bondade de Deus para cumpri-la. Existem situações inusitadas, desafiadoras e aterrorizantes na caminhada do peregrino, mas com a Lâmpada luminosa, com a Palavra no coração, ele chegará ao seu destino final, garboso de contentamento. 

O crente pode e deve orar como o salmista. Diariamente. São necessárias a paciência e a perseverança na leitura e na meditação dos preceitos de Deus, exarados na Bíblia, para sermos bem-sucedidos na vida de servos de Deus. Jamais serão confundidos ou frustrados os que atenderem, de bom grado, aos mandamentos do Senhor. A oração é forte aliada dos amantes das Escrituras Sagradas. A repetição da meditação nos tópicos do estudo fará bem ao coração e solidificará o fiel na Rocha Eterna. O Senhor Jesus Cristo disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor” (Jo 15.10).

O Salmo 119 é a extensão do Salmo 19: 7-9, em que diz que “a lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração, o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Em quase todos os versos, a Palavra de Deus é mencionada. O Salmo 119 afirma que a palavra de Deus reflete o caráter do próprio Deus. O autor do Salmo 119 é uma pessoa que conheceu grandes problemas na vida, mas também passou por isso com uma profunda e apaixonada compreensão do amor e compaixão infalível de Deus. Os versos são um reflexo da natureza de Deus e aprendemos, a partir delas, a confiar em Seu caráter e em Seu plano para nós. Ore com fé este Salmo tão poderoso!

Conclusão

O crente encontra tantas situações adversas na vida que muitas vezes fica desguarnecido. Sabemos que Deus está no controle de todas as situações, mas infelizmente muitos crentes não sabem como Deus deseja agir para suas defesas. De fato, não sabemos tudo sobre Deus e como Ele nos defenderá, pois somos seus servos e Ele é o nosso Senhor. Porém, Ele não age sem a Sua Santa Palavra. Tudo o que Ele faz é baseado na Palavra Fiel Dele, a Bíblia. O capítulo da Bíblia conhecido como o capítulo da Palavra de Deus é o Salmo 119. O Salmo 119 oferece defesas para o crente. 

Andar na lei do Senhor é a única forma de alguém andar retamente e andar desse modo é uma fonte de contentamento. Ninguém pode andar retamente, como Deus deseja, sem meditar na Palavra. A palavra hebraica para buscar é “darash”. É uma insistência em procurar por uma resposta. O v.2 enfatiza que essa busca deve ser realizada de todo o coração (v.2). Com toda a força, excessivamente. Nunca vamos exagerar em ser diligente, esforçado para observar a Palavra de Deus. O manejo de qualquer instrumento exige a diligência. Ninguém fica bom em nada se não houver esforço e até sacrifício. Estudar a Palavra de Deus exige muito esforço e paciência. 

A Bíblia interpreta a própria Bíblia, mas ela não se interpreta sozinha. É necessário ler, meditar, estudar, esforçar-se para adquirir conhecimento. Aquele que pratica a iniquidade não pode suportar a Palavra de Deus, pois como alguém disse: “Ou este livro me afasta do pecado ou o pecado me afasta deste livro”. O pecado nos afasta de Deus e Sua Palavra. Alguns gastam muito tempo estudando livros que tentam explicar a Bíblia, mas gastam pouco tempo estudando a própria Bíblia.


Sugestão de Leitura da Semana: ATAÍDE, Romulo; MUNIZ, Sidney; PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Comentário Bíblico Evangelho Avivado Volume 1 - Antigo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.



quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Aqueles que Servem à Cristo (Mt 10.5-20)




Por Leonardo Pereira,


A realidade cristã é muito mais intensa, mais dificultosa do que as pessoas podem pensar ou imaginar. Os desafios do nosso cotidiano, a perseverança na Obra de Deus,  a pregação da Palavra, orações constantes à Deus, o cuidado com a família, ensino da Palavra, o estudo bíblico, todas estas questões fora as demais que ainda não foram citadas aqui, demandam uma dedicação ao extremo, a excelência para um Deus de Excelência. Podemos muito bem ilustrar tal missão na obra de Deus como um verdadeiro cristão ao meditarmos no Evangelho de Mateus no capítulo 10. Ao convocar os seus doze discípulos para o ministério apostólico, e consequentemente, a continuidade desta belíssimo e ardoroso trabalho, o Senhor Jesus Cristo, comissiona-os a uma grandiosa obra primeiramente às pessoas de Israel (Mt 10.5-8). Alí, encontramos uma lista de como devem atuar os servos do Senhor e os desafios que surgiriam diante deles.

Aqueles que servem à Cristo fazem a Obra de Deus guiados por Cristo (Mt 10.5-8)

É o Senhor e Salvador Jesus Cristo que os chamara para tamanha obra, primeiramente em Israel, direcionando-os o caminho, aonde deviam andar e não andar, em quais cidades entrar e não entrar (Mt 10.5,6). Existem muitos que não ouvem mais ao Senhor, não tendo eles consciência do que devem fazer ou não fazer, aonde devem ir e não ir, por onde deve se caminhar ou não caminhar. A palavra de Jesus era a bússola dos apóstolos. Com Cristo na frente, tinham eles direção, objetivos e destino. Assim como os discípulos, em Cristo temos nós direção, objetivos e destino. Todo servo fiel do Senhor ouvindo à Cristo e guiado por Ele, possuem um rumo em sua vida, não fica enganado ou confuso na caminhada. Cristo deu aos seus discípulos autoridade e poder para pregar as Boas-Novas, curar os enfermos, expulsar os demônios, ressuscitar os mortos, limpar os leprosos, fazendo tudo isto no poder do Senhor sem cobrar nenhum centavo (Mt 10.7,8). Os discípulos não saíram momento algum de seus objetivos. Fizeram tudo conforme as palavras do Mestre Jesus, e assim, prosseguiram em seus ministérios para com  o nosso Salvador. Não devemos ir além do que disse o Messias, ou mesmo ir menos do que Ele nos pede. Sirvamos ao Senhor com um coração quebrantado e contrito, buscando sempre a sua voz, guiados por Ele, pois assim, faremos corretamente o que Cristo nos solicita em nossas vidas.

Aqueles que servem à Cristo fazem a Obra de Deus com humildade e zelo(Mt 10.9-15)

Com exceção de Judas Iscariotes que fora o traidor que entregou o Mestre aos principais dos sacerdotes, os discípulos foram orientados pelo Senhor para que não andassem com ouro, prata e cobre em seus cintos, nem alforje, duas túnicas, nem sandálias e nem bordão (Mt 10.9,10). Isto significa naquele momento que o Senhor os levaria para uma grandiosa obra com dependência plena nEle. O Senhor Jesus Cristo estava mostrando-os e à nós hoje também (posteriormente) que aquela obra não era realizada por intermédio de algum objeto, ou mesmo que eles possuíam dependência das mesmas. Cristo os enviou para pregar o evangelho e demonstrá-lo por intermédio de obras e de palavras. Assim devemos ser nós também. Não digo aqui que não precisamos de utensílios e materiais para o nosso cotidiano, mas que a nossa suficiência provém do Senhor. E aqui encontra-se uma grande pergunta: em quem nós temos colocado a nossa dependência? nas coisas do mundo ou em Deus? Ao lermos Mateus 10.9,10 é necessário esta reflexão à nós como povo de Deus, pois nEle, e somente nEle, temos o que precisamos.

O trabalho evangelístico é extremamente árduo, desafiador e que colide de frente com o mundo em que vivemos. Nos tempos de Jesus Cristo era assim também. O Senhor deu aos seus discípulos instruções quando for realizar um trabalho missionário. Primeiramente conhecer muito bem o residente do local em que estarão hospedados, um ato prudente do Mestre para com os seus (Mt 10.11). O residente deverá ser digno e os discípulos deverão ficar naquele local até que tenha terminado o trabalho missionário ali. E m outras palavras, não deveria ser em qualquer local em que os discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo deveria estar. O ambiente é um reflexo do ministério evangelístico, teológico e eclesiástico. Antes de entrarem na residência, deveriam os discípulos conhecer muito bem a reputação de quem os hospedarem. Isto mostra a precaução e o zelo do Mestre para com os seus. Cristo não os deixaria em situações conflitantes, antes, alerta-os para estarem em locais seguros, de maneira que a mensagem do Reino dos Céus seja ecoada da residência até os demais judeus. Vigiemos quanto ao local em que nos encontramos. O ambiente pode ser tanto bênçãos em nossas vidas quanto prejudiciais na caminhada cristã. Isto se reflete muito nos versículos 12 à 15. Dependendo da residência, poderia ter sobre ela a Paz de Cristo ou não, se as mesmas escutam ou não a Palavra do Senhor, o que certamente mostra a realidade do mundo atual, quando muitos não possuem a Paz de Cristo Jesus, por não receber nos lares a mensagem do Reino dos Céus.

Aqueles que servem à Cristo fazem a Obra de Deus apesar das provações (Mt 10.16-20)

Em conversas com amigos e pastores sobre assuntos referentes à obra de Deus, geralmente muitos deles diziam sempre a mesma frase: "Muitos querem ir para o céu, mas não querem sofrer pela causa de Cristo". Ainda que em momentos de descontração este assunto venha sempre à tona, é necessário dizer que o Senhor e Salvador Jesus Cristo, foi e é, o homem mais sincero da terra no que concerne ao transmitir aos seus discípulos as questões sobre o ministério, obra, privações e aflições. Primeiramente, ele disse aos seus que deveriam eles terem muito cuidado dos homens (pessoas), pois eles por não darem ouvidos à mensagem do Reino dos Céus, os entregariam aos líderes judaicos e os fariam sofrer (Mt 10.16), os enviando como ovelha no meio de lobos, tipologia perfeita para ilustrar a condição de muitos líderes da época (sacerdotes, escribas, fariseus) usando a religião como desculpa para esses mesmos líderes cometerem grandes atrocidades em nome de Deus, fato este que culminou na morte do Messias. Não somente estes levariam os servos do Senhor aos líderes religiosos, mas também à líderes e governadores de nações, para dar-lhes o testemunho do Filho de Deus.

Mas, apesar das agruras e provações vorazes que haveremos de enfrentar, assim com os discípulos enfrentaram, temos em Cristo confiança plena no controle de todas as condições de nossas vidas. Jesus disse que quando os seus discípulos forem ser entregues diante das autoridades, não seriam eles que falariam deles mesmos, mas o Espírito de Deus é que haveria de guiá-los no falar como convém(Mt 10.19,20). Cristo não deixa os seus discípulos sozinhos ou abandonados diante das provações. É o Senhor que pelo Espírito de Deus nos instrui o que falar o que convém. Com Cristo, haveremos de fazer e falar não o que nossas mentes e corações almejam falar, mas sim, o que o Espírito de Deus nos guiar para darmos testemunha do Cristo Ressurreto aonde quer que estejamos. Esta é a Palavra de Cristo em nossas vidas: presença constante na caminhada deste maravilhoso discipulado (Mt 10.20; 28.20).



Referências:

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

CAMPOS, Ygor; PEREIRA, Leonardo; SILVA, Oliveira. Comentário Bíblico Evangelho Avivado Volume 2 - Novo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

CAMPOS, Ygor. Panorama Bíblico Volume 5 - Evangelhos e Atos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

GONÇALVES, Matheus. O Evangelho do Médico Amado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.

RIBEIRO, Anderson. A Obra Gloriosa da Evangelização. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

SILVA, Oliveira. A Missão dos Discípulos de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.




domingo, 22 de novembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2020 - Capítulo 3 - O Padrão Bíblico da Verdadeira Adoração nos Salmos

 



Comentarista: Eliezér Gomes


Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 103.1-13


1. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.

2. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.

3. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades,

4. Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia,

5. Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.

6. O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos.

7. Fez conhecidos os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel.

8. Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade.

9. Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.

10. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades.

11. Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.

12. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

13Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.


Momento Interação

O conceito de culto ou adoração nas Escrituras é inseparável da noção de serviço. Quando Jesus falou de adorar e dar culto a Deus (Mt 4.10), ele usou palavras traduzidas no texto do Antigo Testamento como temer e servir (Dt 6.13). Para o sincero adorador, esse serviço não é uma tarefa desagradável ou árdua. Os hinos de louvor, mesmo sendo sacrifícios (Hb 13.15), são oferecidos com júbilo, pois são cantados para honrar “o Rochedo da nossa salvação” que nos proporciona a segurança nas tempestades dessa vida. Ele é o único verdadeiro Deus.

Introdução

Adoração verdadeira começa com a Criação: “Fala o Poderoso, o Senhor Deus, e chama a terra desde o Levante até o Poente” (v.1). A real finalidade da Criação é louvar a Deus. É o que nos diz o Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”. A verdadeira adoração sempre inclui e exprime a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser observado nas ocasiões em que Deus revelou-se aos homens de forma direta, em uma teofania. Quando o Senhor encontrou-se com Moisés, lemos: “Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus” (Êx 3.6). 

Isaías clama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Elias “envolveu o rosto no seu manto” (1 Rs 19.13). Paulo caiu por terra e “tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?” (At 9.6, Almeida Revista e Corrigida). Vemos, portanto, que a adoração verdadeira sempre tem a Deus como objeto, o que condiciona Seus adoradores a um legítimo temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida santificado.

I. A Verdadeira Adoração consta nas Escrituras Sagradas

As ações de graças que agradam a Deus começam quando direcionamos nossos caminhos a partir da verdade revelada por Ele em Sua Palavra, quando passamos a viver conforme a Bíblia. Adoração verdadeira diz: “Pai, não a minha, mas a Tua vontade seja feita. Eu Te agradeço, independentemente dos caminhos pelos quais Tu me conduzes. Muito obrigado por Teus pensamentos serem pensamentos de paz a meu respeito, mesmo que eu não conheça o caminho por onde me levas. Agradeço por me guiares e por teres garantido me levar ao alvo”. Mateus 8.1-8 exemplifica uma oração que agrada ao Senhor. Esses versículos relatam dois milagres da graça de Deus: “Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra” (vv.1-3). “Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado” (vv.5-8). Aqui encontramos três princípios da oração legítima. A fé declara: “Senhor, Tu podes!” O temor a Deus complementa: “Se Tu quiseres”. E a humildade acrescenta: “Não sou digno!”

A verdadeira adoração diz “sim” aos caminhos de Deus. Deus quer que oremos. E Ele quer atender nossas orações. Mas isso requer obediência à Sua Palavra e um estilo de vida santificado. Quando buscamos o Senhor, não devemos esquecer que, independente da forma com que o Senhor nos responde, o Nome do Senhor deve ser exaltado acima e antes de tudo. Sabemos muito bem que o Senhor faz milagres ainda hoje. Mas Deus nem sempre responde nossas orações da forma que gostaríamos. Essa situação é descrita em Atos 12. Tanto Tiago (vv.1-2) como Pedro (vv.3ss.) estavam na prisão. Os irmãos haviam orado intensamente pelos dois. Ambos sabiam estar sob a proteção e o abrigo do Senhor. Para um deles, Tiago, Deus disse: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21). Tiago foi decapitado. Ao outro, Pedro, foi dada a incumbência: “Vá para a vinha, pois a colheita está madura!” E Pedro saiu milagrosamente da prisão para ir trabalhar na seara do Mestre. As duas possibilidades são caminhos de Deus! Será que concordamos sempre quando Deus nos dirige, seja da forma que for?

Deus quer que oremos. E Ele quer atender nossas orações. Mas isso requer obediência à Sua Palavra e um estilo de vida santificado. Sabendo que Ele escuta e responde, podemos deixar a decisão da resposta com Ele, na certeza de que está sempre certo, independentemente da solução que nos proporcionar. A esse respeito, Deus diz: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).

II. A Verdadeira Adoração é dedicada somente ao Senhor

Você, provavelmente, ouviu a história (talvez verdadeira, talvez não) do sujeito que visitou uma igreja e, durante o sermão, continuava dizendo "Louva o Senhor!" sempre que um ponto especialmente bom era dito. Mais tarde, um irmão carrancudo apareceu e repreendeu-o, dizendo: "Olhe, não louvamos o Senhor por aqui!" Ou, você alguma vez leu o relato de Davi dançando quando a arca era levada para Jerusalém, e instintivamente teve a mesma reação que Mical?  (cf. 2 Sm 6). Os Salmos 95-100 (e talvez 103) compreendem um pequeno grupo de salmos de adoração. Eles parecem ter sido escritos especialmente para serem usados na adoração pública no Templo.  E que esplêndidos cânticos eles são!  Eles oferecem louvor ao poder, glória, justiça e misericórdia de Deus, Dominador das nações e Protetor de Israel.

Os Salmos 100 e 103 oferecem ambos supremo louvor a Jeová, mas de diferentes perspectivas.  O Salmo 100, o mais curto destes cânticos de adoração, é um premente chamado para todas as nações da terra louvarem Jeová.  Eles deveriam vir diante dele com júbilo ruidoso de agradecimento.  Este é, certamente, um forte contraste com muitos salmos nos quais o julgamento é dado às nações, mas ele ilustra claramente que Deus não deseja "que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pe 3.9). O Salmo 100 é verdadeiramente universal em seu apelo ao homem ­  todo o povo pertence a Jeová, como "rebanho do seu pastoreio". Ele guia e alimenta todos eles (Mt 5.45). Antes de abençoar o nome dos ídolos vãos, eles deveriam entrar nos pátios de Jeová com louvor e agradecimento.

A este respeito, note especialmente que o versículo 5 exalta a "misericórdia" de Deus.  Misericórdia tem referência especial à bondade de Deus mantendo suas alianças.  Ele na verdade manteve sua promessa de abençoar todas as nações através da semente de Abraão (Gn 12.1-3), e:  "Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável" (At 10.34). Em contraste com o estilo formal e o apelo a todos os homens para adorarem, encontrados no Salmo 100, o Salmo 103 é pessoal e emocional.  Escrito por Davi, é um dos mais belos de todo o livro.

O coração de Davi se comoveu quando ele contemplou o Senhor. e bradou:  "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo que há em mim bendiga ao seu santo nome."  Se sua alma jamais foi estimulada pela meditação a proferir estas palavras, seu conhecimento de Deus e seu trabalho em sua vida estão verdadeiramente empobrecidos. Talvez você precise gastar mais tempo meditando sobre a palavra de Deus e suas dádivas a você, e menos tempo em queixar-se, discutindo com outros sobre suas faltas, ou procurando alcançar satisfação material. Neste Salmo, quatro grandes bênçãos são enumeradas para você considerar:  Deus perdoa nossas iniquidades, redime nossa vida da ruína, coroa-nos com misericórdia e benevolência, e satisfaz nossos desejos com boas coisas enquanto passamos pela vida.  Que mais você quer?  Como Tiago diz:  "toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto" (Tg 1.17). O quadro frequentemente pintado em sermões sobre um Deus despeitado, que está ansioso por destruir os homens pelo mais insignificante erro, é uma mentira!  Esteja certo de que Deus o julgará (18), mas ele está predisposto à misericórdia, não à condenação (cf. 2 Pe 3.9).

III. A Verdadeira Adoração mostra o Deus Verdadeiro para todos

A adoração a Deus é ativa e proposital. Davi chama os adoradores a saírem e se unirem a outros para oferecer louvores. No contexto do Novo Testamento, se torna especialmente claro que podemos adorar a Deus em qualquer lugar e momento, uma vez que esse serviço seja feito “em espírito e em verdade” (Jo 4.24), ou seja, com sinceridade e conforme as orientações que Deus nos dá nas Escrituras. Em Israel na época de Davi, porém, alguns atos de adoração foram oferecidos a Deus exclusivamente no local que o Senhor determinou como centro nacional da sua religião. Adoração no tabernáculo temporário, na época de Davi, ou no templo permanente edificado por seu filho nas gerações posteriores, fazia parte do serviço que Deus pedia do seu povo. 

Para participar no culto nacional, os israelitas saíam das suas casas e viajavam, às vezes grandes distâncias, para se reunirem em Jerusalém. O serviço a Deus não foi visto por esses adoradores, e não deve ser visto hoje, como algo passivo, feito com pouco ou nenhum esforço. O conceito de culto ou adoração nas Escrituras é inseparável da noção de serviço. Quando Jesus falou de adorar e dar culto a Deus (Mateus 4.10), ele usou palavras traduzidas no texto do Antigo Testamento como temer e servir (Dt 6.13). Para o sincero adorador, esse serviço não é uma tarefa desagradável ou árdua. Os hinos de louvor, mesmo sendo sacrifícios (Hb 13.15), são oferecidos com júbilo, pois são cantados para honrar “o Rochedo da nossa salvação” que nos proporciona a segurança nas tempestades dessa vida. Ele é o único verdadeiro Deus. Devemos expressar gratidão ao nosso Criador, Redentor e Pastor na adoração contínua, evitando os pecados que levaram milhares de israelitas à morte no deserto. “Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo”. 

Conclusão

Deus repreende a trágica rebelião de Seu povo: “Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe” (vv.16-20). Rebaixamos Deus ao mesmo nível em que nos encontramos. Muitos cristãos, quando exortados por seu comportamento errado, têm pronta a resposta: “Eu acho que estou certo, não vejo problemas com isso”. Mas, ao mesmo tempo em que se defendem, admiram-se que Deus não os ouve, agindo igual a Israel no passado. Deus, porém, não pode ouvi-los! Deixaram de considerar que Deus condicionou Suas promessas a certos requisitos.

“Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à tua vista” (v.21). Chamamo-nos de cristãos mesmo tendo fabricado um Deus que não corresponde ao Deus da Bíblia, um Deus que espelha nossa própria imaginação e reflete nossos desejos pessoais. Portanto, não devemos nos admirar quando Deus se cala! A causa não está nEle; está em nós. “Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre” (v.22). Apesar de todo o ativismo religioso, Israel esqueceu-se de Deus. Talvez nós também O esquecemos muitas vezes. Por isso, Ele se cala. Assim, não podemos ouvir Sua voz.


Sugestão de Leitura da Semana: SILVA, Oliveira. O Fundamento da Igreja de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.




O Cristão e a Política

 



Falar sobre o cristão e a política para muitos cristãos se torna um assunto controverso. Será que a Bíblia ensina sobre esse tema? Há na Bíblia que alguns servos de Deus foram políticos? 

O objetivo desse texto é esclarecer algumas dúvidas em relação a esse assunto.

Ideias erradas de alguns cristãos sobre a política 

A princípio, alguns cristãos têm o pensamento que a política corrompe qualquer pessoa que deseja entrar para a vida pública, a política é vista de forma negativa. Além disso, argumentam também que religião e política não se discute. Assim, essa é forma como muitos crentes veem a política no cenário evangélico.

O que significa a palavra política

O dicionário define “direção de um Estado e determinação das formas de sua organização.” Em outras palavras, a política é arte de governar. O conceito, por si só, refuta a ideia errada de muitos cristãos sobre a política. 

Os servos de Deus que foram políticos 

Nas Escrituras Sagradas encontramos servos de Deus que foram políticos. José se tornou o governador do Egito, foi um grande administrador. Moisés estabeleceu as leis para que a nação de Israel obedecesse. Samuel foi o último dos juízes de Israel, governava a parte religiosa como na parte pública. Neemias foi um grande governador de Jerusalém, reconstruiu os muros que foram derrubados pelo exército babilônico em tempo recorde, 52 dias.

Não é errado um servo de Deus entrar na política, os reformadores consideravam como um santo chamado de Deus. A igreja de Cristo foi chamada para influenciar em todas as áreas da vida, inclusive na política.

O que deve fazer os cristãos que desejam entrar na política

Algumas pessoas são de acordo e outras são completamente contra. Aqueles que tem o desejo de entrar para a vida pública, penso que devem ter em mente três coisas: 

Primeiro, vocação. Um cristão que deseja ser político precisa entender se tem realmente chamado. Para identificar isso, é necessário olhar para um chamado interno em seu coração, essa chamada é como uma chama, um desejo em seu coração e ele não ver outra porta a não ser essa para trilhar. Além disso, é preciso olhar para um chamado mais externo. Considerar se as pessoas a sua volta reconhecem esse chamado. Por último, a necessidade. Neemias se tornou um governador através de uma necessidade, se candidatou para ajudar sua nação que estava em miséria. 

Segundo, preparo intelectual. Um cristão que deseja entrar na vida pública tem que ser uma pessoa preparada. Não basta ter um chamado, precisa ter conhecimento de leis, administração e políticas. Pois, se não tiver tais conhecimentos, não fará uma boa administração do dinheiro público.

Terceiro, ética. Esse é um dos quesitos fundamentais para os que desejam entrar na política. Precisamos de pessoa que tenham ética, os políticos que roubam os cofres públicos são pessoas sem princípios morais.

Conclusão

Não podemos como cristãos sermos ignorantes quanto a política, como disse Charles Spurgeon: “somente os tolos acreditam que política e religião não se discute. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar.” Muitos servos de Deus serviram de forma honesta o governo, não se corromperam e foram exemplo para sua nação. Como cristãos, precisamos colocar pessoas vocacionadas, preparadas e éticas para nos representar no governo.


Sidney Muniz 







quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Pecado, Juízo, Arrependimento, Libertação e Queda - Um Retrato Vivo do Livro dos Juízes para os Nossos Dias

 


Por Leonardo Pereira


Os dias se passam em uma velocidade assustadora. De repente, de manhã já passamos para a tarde, e quando a noite chegar, tão logo nos colocamos à prepararmos para dormirmos para o próximo dia. Dependendo de pessoas, famílias ou mesmo a sociedade, a rotina pode mudar, permanecer ou mesmo encontrar variações no decorrer de nossas atividades diárias, em nosso cotidiano e em nosso relacionamento com Deus. Diferente de décadas atrás, com o advento da tecnologia e das redes sociais, nunca antes tivemos um acesso tão constante às informações regionais, nacionais e internacionais. O que nós admiramos em Deus e em sua poderosa Palavra é que mesmo com o passar dos anos, ainda que esteja ocorrendo a evolução da sociedade pela tecnologia, informações ou necessidades básicas, as Escrituras nos apresentam um íntegro padrão, um modelo autêntico de vida, para que possamos viver dignamente, na contramão do mundo, na contramão dos valores antibíblicos e anticristãos. A Palavra de Deus nos fala de uma obra entre as 66 escritas, sobre um povo que apresenta um padrão de vida desvirtuado, incongruente, imparcial, de conduta dupla e duvidosa. Esta conduta não fora somente um ano, dez anos, mas foram 350 anos de uma mesma condição moral, social e espiritual de uma nação, o Povo de Israel!

Um Pequeno Exemplo - Uma Pequena Reflexão

Imaginemos uma situação similar em nosso país durante o mesmo período: Diversas áreas da nação brasileira está sendo operada de maneira sofrível. A educação completamente destruída, a saúde inexistente, a segurança do país praticamente entregue à poeira, a igreja completamente alheia à tal condição do Brasil e a impunidade, a idolatria e a maldade reinando em pleno durante 80, 90 anos. Após este período tenebroso e aterrador, pessoas engajadas e comprometidas começam à realizar reformas maravilhosas dos mais variados setores da sociedade (do religioso ao social), de modo à recuperar o que estava em ruínas por mais ou menos 15,20 anos. No entanto, passando este período, novamente o país e a população é entregue a iniquidade e a imoralidade em praticamente todos os âmbitos da sociedade por um período de tempo de 100, 120 anos. Conseguem imaginar tamanho caos em que viveria a nação brasileira? Usando este pequeno exemplo, aí podemos traçar um paralelo entre este momento assustador que viveria o nosso país com a nação de Israel já estabelecida na Terra Prometida após a morte de Josué, porém sem dar um prosseguimento correto nas conquistas da porção que o Senhor outorgara aos descendentes do patriarca Abraão. O povo que já encontrava-se instalado na Terra da Promessa, aprouve ser melhor misturar-se com os povos que já ali habitavam do que entrarem em guerra e conquistar a terra que o Senhor lhes deu. Ali, deu-se o verdadeiro início de um dos períodos mais escuros da nação de Israel: o período dos juízes.

Por que este é um período tão tenebroso da Nação de Israel?

Para conhecermos melhor este período jurídico de Israel de aproximadamente de 350 anos, é importante realizarmos uma retrospectiva de como se decorreu o seu começo após a morte de Josué e a atitude das tribos de Israel quando adentraram-se na Terra Prometida. Após a morte de Josué, as duas tribos de Judá e Simeão continuaram à expulsar as nações estrangeiras da terra e continuaram as conquistas, obedecendo à voz de Deus. Judá e Simeão fizeram conforme o Senhor Deus de Israel: expulsaram e destruíram os estrangeiros de suas terras e a possuíram como herdade, e Calebe também recebeu como sua bênção á Hebrom como Moisés o dissera (cf. Jz 1.1-20). No entanto, as outras tribos recusaram à expulsar os outros povos. Muito pelo contrário, as outras tribos resolveram se misturar com eles e ajuntarem-se naquelas terras, o que depois o Senhor enviou o seu anjo repreendendo-os por tais atitudes (Jz 1.21,26-33; 2.1-5). O resultado foi o que encontramos no capítulo 2 do Livro de Juízes, quando resume muito bem o que se tornou o povo de Israel após a morte de Josué e da sua geração: "Faleceu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, da idade de cento e dez anos. E seultaram-no no termo da sua herdade, em Timnate-Heres, no monte de Efraim, para o norte do monte Gaás. E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra aquela geração a seus pais, e outra geração se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que fizera a Israel" (Jz 2.8-10). A conta chegou para a terceira de israelitas, que ao entrar na Terra Prometida, não mais conhecia à Deus ou a obra que realizara através de seus antepassados. Uma nação que desconhece o seu passado, caminha para o futuro rumo à escuridão. Um dos períodos mais escuros para Israel começavam bem ali, desconhecendo à Deus ou a sua atuação miraculosa até aquele presente momento.

O Comportamento de Israel durante os 350 Anos do Período Jurídico

Aquele pequeno exemplo que foi colocado no começo do artigo irá fazer mais sentido aqui quando compreendemos como vivia Israel no período dos Juízes. O autor deste livro vai nos informar que as atitudes do povo foram o catalisador para que houvesse um período de profunda obscuridade. Primeiro, nos é informado que o povo não conhecendo a Deus nem mesmo a Obra de Deus (Jz 2.10), deixaram de seguir à Deus para ir em direção aos outros deuses, para adorá-los e servirem como sendo os deuses verdadeiros deles (Jz 2.12,13). A ira do Senhor se ascendeu contra eles à ponto de entregá-los nas mãos dos outros povos que os roubavam e os deixavam em grandes apuros, de maneira que não poderiam reagir contra os seus roubadores, nem mesmo se reerguer (Jz 2.15). Assim se inicia o período dos juízes que de tempos em tempos, o Senhor Jeová levantava líderes destemidos e corajosos prontos à lutar por Israel e libertá-los das mãos dos tiranos governantes e roubadores que assaltavam a nação (Jz 2.16). No entanto, mesmo com os juízes em atividade para com Israel, haviam muitas pessoas que se prostituíam, se corrompiam, e idolatravam os deuses estranhos, sempre se desviando dos preceitos divinos (Jz 2.17). O resultado final da atitude do povo de Israel? quando o povo estava sofrendo agruras, opressões terríveis, eles clamavam à Deus por libertadores (juízes), de maneira à livrá-los daquela difícil situação. No entanto, após se libertarem do jugo opressor, quando os juízes faleciam, o povo se desviava dos caminhos do Altíssimo, indo adorar outros deuses e praticarem a apostasia, a idolatria, a prostituição e a corrupção de seus corações (Jz 2.18,19). Esta linha contínua de Israel na Terra Prometida sobre  pecado, juízo, arrependimento, libertação e queda continuou por 350 anos!

Retrato Vivo de Nossos Dias!

A história do Livro dos Juízes é a história de muitas pessoas e de muitas nações. A linha contínua da nação de Israel em seu período jurídico é a linha de uma história de vida de muitos sobre pecado, juízo, arrependimento, libertação e queda e assim se repete tudo de novo. O autor robustece ainda mais o conteúdo de sua obra quando acrescenta a condição moral e espiritual de seus patrícios quando ele mesmo diz: "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos" (Jz 17.6; 21.25). O que o autor do Livro de Juízes quer nos dizer? Claramente ele diz que cada um tinha o seu modo de viver, sendo má ou boa conduta. A nação de Israel naqueles dias não haviam uma ordem. Era uma verdadeira bagunça. Somente clamavam à Deus quando eles passavam por apertos, e uma vez mais libertos do jugo, voltavam à fazer novamente o que eles tinha por costume fazer: praticarem as iniquidades e fazerem o que bem entendessem. Assim, temos por base bíblica que o padrão de vida dos hebreus naqueles 350 anos, não deve de maneira alguma, permear as nossas vidas. Esta linha contínua da nação de Israel na Terra Prometida sobre  pecado, juízo, arrependimento, libertação e queda e sempre se repetindo não deve ser um modelo de vida. Isto significa nanismo bíblico e falta de maturidade espiritual. Por causa desta terrível conduta, Israel foi literalmente entregue aos seus opressores como advertência à não brincarem de intimidade com Deus. O Senhor busca um povo santo (1 Pe 1.15,16), e não de caráter duplo, que vive de circunstâncias da vida, no calor do momento. Vigiemos quanto ao nosso comprometimento com o Senhor e com as nossas responsabilidades diante do Altíssimo, o Criador dos Céus e da Terra! (Gn 1.1).


Referências:


1. Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

2. BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

3. HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Editora Vida, 2000.

4. MUNIZ, Sidney. Panorama Bíblico Volume 2 - Livros Históricos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

5. PEREIRA, Leonardo. ...E Deus Levantou Juízes. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2020 - Capítulo 2 - Os Salmos e os Atributos de Deus na Adoração

 


Comentarista: Eliezér Gomes



Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 139.1-10

1. SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
2. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
3. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
4. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.
5. Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão.
6. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.
7. Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?
8. Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.
9. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
10. Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Momento Interação

Deus tem muitos atributos constados na Bíblia Sagrada. Quando entendemos esses atributos, descobrimos como Ele é glorioso e digno de ser adorado. As Escrituras nos mostram um Deus acima de todas as coisas e de tudo, perfeito e santo, mas que nos ama profundamente com amor eterno. Bons Estudos!

Introdução

A palavra atributo significa, resumidamente: “o que é próprio, características de algo ou alguém, particularidade”. Como estamos falando de “atributos” podemos também dizer “qualidades de Deus”. Então, os atributos do Senhor são qualidades pertencentes à natureza de Deus por aquilo que nos foi revelado na Bíblia e que, certamente nos ajudam a entender um pouco de quem é Deus. Estudiosos da Bíblia tem feito a classificação dos atributos de Deus da seguinte maneira: Atributos naturais ou incomunicáveis e atributos morais ou comunicáveis. Deus não pode ser definido por uma palavra ou por uma frase. Portanto, é necessário que tentemos, mesmo que de forma limitada, descrever as “qualidades de Deus”, ou seus “atributos”. Essa descrição é limitada, pois Deus é incompreensível a nós. Por isso, o descrevemos com base apenas no que ele nos revelou a seu respeito. Tais descrições apontam igualmente para o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

I. Adorando ao Deus Perfeito pelos Salmos

A palavra onisciência se deriva de duas palavras latinas, Omnes, que significa tudo, e scientia, que significa conhecimento. Deus é Espírito e, como tal, tem todo conhecimento. Ele é Espírito perfeito e, como tal, possui perfeito conhecimento. O termo denota a infinita inteligência de Deus. Seu conhecimento de todas as coisas. Calvino definiu a Onisciência como aquele atributo mediante o qual Deus conhece a si mesmo e as todas as outras cosias em um só simplicíssimo ato eterno.

• O conhecimento de Deus não pode ser medido (Is 40.28)
• Deus conhece todos os nossos pensamentos e intenções (Sl 139.1-4)
• Deus sabe tudo quanto ocorre em todos os lugares, tanto o bem como o mal (Pv 15.3)
• A onisciência de Deus inclui tudo; Seu conhecimento é universal, inclui tudo o que se pode ser conhecido (1 Jo 3.20). A onisciência de Deus, realmente deve fazer-nos ficar envergonhados ao cometer pecados; mas também deve encorajá-los a confessar. Podemos contar os nossos segredos a um amigo que não os conhece; muito mais devemos fazê-lo Aquele que já os conhece. O conhecimento de Deus em muito ultrapassa nossas confissões, e antecipa o que temos a dizer-lhe.
• Deus conhece desde toda a eternidade aquilo que será durante toda a eternidade. (Is 46.9-10) O conhecimento de Deus das coisas que ainda não ocorreram chamamos de Presciência (Ver antes ou conhecer antes) I Pe 1.2. Quando Deus conhece o que vai acontecer e prepara um plano, chamamos isto de providência. Ex. O cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (Ap 13.8)
”Deus nada faz nem permite fazer. Senão o que tu mesmo farias se pudesse ver. O fim de todas as coisas aqui como Ele o pode ver.”

II. Adorando ao Deus Supremo pelos Salmos

O poder de Deus não é condicionado nem limitado por qualquer pessoa fora dele mesmo. O poder, ou seja , a eficiência de fazer acontecer as coisas, é um atributo de Deus. Deus é a causa originadora do universo, e nele o seu Poder opera sempre. A palavra onipotência deriva de dois termos latinos, omnis e potentia que juntas significam “todo poder”. Esse atributo significa que seu poder é ilimitado, que ele tem poder de fazer qualquer coisa que queira fazer. A onipotência de Deus é aquele atributo pelo qual Ele pode fazer suceder qualquer coisa que deseje. A declaração de Deus da sua intenção é a garantia de que ela se realizará. Deus pode fazer todas as coisas nada é por demais difícil para Ele, Tudo é possível (Gn 18.14; Mt 19.26).

O atributo da eternidade e imutabilidade significa que Deus não tem começo nem fim e que Ele também não muda. Sua existência é eterna, tanto no passado como no futuro, sem interrupções ou limitações causadas por uma sucessão de eventos. A autoexistência de Deus está intimamente ligada com sua eternidade, pois, por não ter começo, ele não foi criado por outro, existindo por si só. A Bíblia fala da eternidade de Deus (Sl 90.2; Gn 21.33). Uma das implicações da eternidade de Deus é que ela nos dá muito conforto, visto que ele nunca deixará de existir e que seu controle sustentador e providencial de todas as coisas e eventos está assegurado.

Imutabilidade significa que Deus não muda. Não quer dizer que ele esteja imóvel ou inativo, mas que não se altera, cresce ou se desenvolve. A Bíblia ensina sobre a imutabilidade de Deus (Ml 3.6; Tg 1.17). Um problema levantado dentro desse assunto é: “Deus se arrepende?” (Gn 6.6). Na verdade, tal linguagem não corresponde ao que, como homens, vivenciamos no arrependimento. Tanto a imutabilidade como a sabedoria e onisciência de Deus tornam vazias as ideias de que ele muda seus planos eternos ou que se arrepende de algo que fez. Nesse caso, o arrependimento é mais uma linguagem antropomórfica (ver Gn 6.6 no que fala do “coração” de Deus).

Há também o problema de vermos Deus tratando fatos iguais de maneiras diferentes durante a história. Isso também não quer dizer que Deus mude, mas que ele executa seu plano para com o homem durante a história conforme seus eternos propósitos. A imutabilidade de Deus também nos conforta e encoraja, pois sabemos que suas promessas não falharão (Ml 3.16; 2 Tm 2.13). Deus também mantém sempre a mesma atitude contra o pecado.

III. Adorando ao Deus da Excelência pelos Salmos

O livro de Gênesis começa com Deus criando todas as coisas. Sua criatividade se vê em tudo à nossa volta. Ele tem poder sobre tudo que existe porque todas as coisas são criação dele. Deus conhece cada detalhe do universo e nada está escondido dele. Cada ser vivo recebe sua vida de Deus e todas as coisas estão debaixo de Seu domínio. Deus reina sobre toda a criação e Sua vontade é soberana. Não existe autoridade mais alta que Deus.

Deus não foi criado por outro ser. Ele sempre existiu, por toda a eternidade, sem princípio nem fim. A Bíblia diz que Deus é espírito. Isso significa que Ele não está limitado pelas regras da física nem do tempo. Seu poder é sem limites. Além de eterno e sem limites, Deus é constante. Ele não muda. Seu caráter é sempre igual e consistente. Podemos confiar que Ele nunca vai se tornar diferente. Só existe um Deus. Não há outro ser que se pode comparar a Ele, porque Ele é infinitamente superior a todas as outras coisas. Deus é um só, mas com três “partes”: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essas são as três formas em que Deus se manifesta a nós.

O Deus da Verdade  é o próprio Deus coerente consigo mesmo, que ele é tudo que deveria ser, que ele se revelou como realmente é e que sua revelação é totalmente confiável. Deus é o único Deus verdadeiro (Jo 17.3), portanto, não pode mentir (Tt 1.2) e é sempre confiável. Deus não pode fazer nada que contradiga sua própria natureza e não é possível que quebre sua palavra ou que não cumpra suas promessas (2Tm 2.13). Apesar de ser triúno, Deus não é composto de muitas partes ou substâncias. Um aspecto da simplicidade de Deus é “Deus é espírito” (Jo 4.24). Em contraste, os seres humanos são tanto espírito como matéria. Na encarnação, Jesus se tornou carne, mas o Deus-homem sempre foi espírito. Isso nos garante que Deus sempre será Espírito e nos capacita a adorá-lo em espírito, isto é, não de maneiras materiais.

Conclusão

O dicionário de português define a palavra atributos como: 1. característica, propriedade, qualidade. 2. símbolo, emblema, insígnia. “O termo atributo, em sua aplicação ás pessoas e ás coisas, significa algo pertencente ás pessoas ou coisas”. Pode ser definido como qualidades ou características essencial, permanente, distintiva e que pode ser afirmada, como por exemplo, a cor ou o perfume. Os atributos de uma coisa lhe são tão essências que, sem eles, ela não poderia ser o que é; e isso é igualmente verdade dos atributos de uma pessoa. Se um homem se visse privado dos atributos que lhe pertencem, deixaria de ser homem (Se o homem não pensar ele deixaria de ser homem), pois tais atributos lhe são inerentes, na sua qualidade de ser humano. Se transferirmos essas ideias a Deus, descobriremos que Seus atributos lhe pertencem são inalteravelmente, e, portanto, o que Ele é agora, há de ser sempre. “Os atributos de Deus, portanto são aquelas características essenciais, permanentes e distintivas, inseparáveis de sua natureza e que condicionam Seu caráter.” A palavra atributo vem do idioma latim atributum, que significa o que é próprio a uma pessoa.

Desde que o tempo teve inicio, o homem tem procurado descrever ou retratar Deus por meio de figuras de pinturas, levando criar ídolos, e com isto surgiu à idolatria. Mas Deus se revelou aos homens através das sagradas Escrituras. È nas páginas da Bíblia que conhecemos como é Deus através dos seus atributos. Ao estudarmos os atributos de Deus veremos como é que Deus age em relação a sua criatura, pois Deus é uma pessoa e ele tem o interesse de se relacionar com o homem que Ele criou. A natureza de Deus se revela pelos seus atributos. Precisamos ter o cuidado de não imagina-los como sendo abstratos, mas como meios vitais que revelam a natureza de Deus.



Sugestão de Leitura da Semana: SOUZA, Everton. A Imagem do Deus Invisível. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2021 - Capítulo 1 - Salmos - O Livro da Adoração ao Senhor

 


Comentarista: Eliezér Gomes



Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 51.15-19

15. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor.
16. Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
17. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
18. Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém.
19. Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.

Momento Interação

Prezados estudantes da Palavra do Senhor. Neste mês de novembro, estudaremos acerca do livro de Salmos com a temática: Uma Vida de Adoração - O Padrão da Adoração de Salmos para nossos dias. O comentarista deste mês é Eliezér Gomes. Ministro do Evangelho, teólogo, escritor, professor de Estudos Bíblicos e autor do livro Batalha Espiritual e Maturidade Espiritual, ambos pelo Evangelho Avivado. Desejamos à todos os estudantes das Escrituras Sagradas um excelente estudo no Livro dos Salmos. Bons Estudos!

Introdução

Ler e ponderar o livro de Salmos pode aproximar os alunos de Deus e ajudá-los a sentir Seu amor. Salmos é uma fonte de inspiração para a adoração desde a Antiguidade e continua a ser muito usado no louvor e no estudo tanto por judeus como cristãos. Como uma coleção de hinos, súplicas e louvores poéticos da antiga Israel, o livro de Salmos pode tocar os alunos ao pensarem em maneiras de adorar o Senhor, pedir Sua libertação e agradecer por Sua ajuda. Estudar os princípios do livro de Salmos pode trazer paz aos alunos e inspirá-los a louvar a Deus e confiar Nele. Salmos é o livro do Velho Testamento mais citado no Novo Testamento, pois “nenhum livro do Velho Testamento é mais cristão em sua essência ou mais plenamente atestado como tal pelo seu uso do que os Salmos”. Muitos salmos contêm referências proféticas ao Salvador e fazem alusão a acontecimentos que ocorreriam na vida Dele (cf. Sl 22.1,7,8,16,18; 34.20; 41.9; 69.20,21).

I. Introdução ao Livro dos Salmos

Salmos é o livro de hinos e de orações do povo de Israel antigo. A maioria dos Salmos foi escrita e musicada para uso no Templo, nas reuniões de adoração. Em hebraico, o seu título é “Livro de Louvores”. A palavra “Salmo” é de origem grega e quer dizer “canção” ou “hino”. Dá-se o nome de “Saltério” à coleção completa dos Salmos. O livro de Salmos está dividido em cinco seções principais: Salmos 1–41; 42–72; 73–89; 90–106; 107–150. Cada uma delas termina com uma expressão de louvor [por exemplo, “Bendito seja o Senhor Deus de Israel de século em século. Amém e Amém” (Sl 41.13). Muitos salmos foram escritos originalmente como hinos a serem cantados em serviços religiosos. Esses hinos eram utilizados para adoração, louvor e meditação, e alguns textos apresentam semelhanças com poemas hebraicos. Alguns títulos “talvez sejam o nome de melodias conhecidas naquela época, com as quais os salmos deviam ser cantados”. 

Os vários autores que escreveram os salmos viveram em épocas diferentes, a maioria entre os anos 1000 e 500 a.C., aproximadamente. Não se sabe ao certo quando o livro de Salmos foi compilado em seu formato atual, mas acontecimentos mencionados no Salmo 137 indicam que esse processo só foi concluído após o exílio dos judeus na Babilônia: “Junto dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião. (…) Pois lá (…) nos levaram cativos” (Sl 137.1,3).

II. Salmos - O Hinário de Israel

O Livro dos Salmos é o livro mais lido da Bíblia. Salmos são poemas com música que eram cantados durante o culto no templo ou nas festividades religiosas de Israel. Os Salmos lidam com as emoções humanas, por isso são tão apreciados. Os outros livros da Bíblia focalizam as ações, os Salmos focalizam com os sentimentos, algo que envolve a todos nós. Os seus 150 capítulos expressam praticamente todas as emoções humanas. Emoções de amor, alegria, tristeza, desespero, angústia, depressão, raiva, vingança, desespero, humildade e vitória, só para citar algumas, são abordadas no Livro de Salmos. Os compositores das letras e das músicas fizeram no passado exatamente o que os compositores de hoje fazem, transmitir a emoção por meio da letra, dos intrumentos e do canto.

Expressões verbais de louvor e ação de graças a Deus são encontrados em quase todos os Salmos. O louvor é algo eminentemente emocional. A escrita do livro de Salmos se estendeu por aproximadamente 1.000 anos. Davi escreveu a maioria dos Salmos, mas ele não foi o único autor. Outros compositores foram Asafe, Hemã, Salomão, Moisés e Etã. Doze Salmos foram escrito pelos filhos de Coré. Os filhos de Coré eram os cantores do templo. 61 dos Salmos são anônimos. O Livro dos Salmos é dividido em cinco hinários, mantendo assim uma correlação com a Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia.

III. Salmos - Livro de Adoração ao Senhor

Salmos é um dos livros mais apreciados pelos cristãos. Quem nunca encontrou conforto e consolo em tempos de necessidade em suas páginas? Porém, sua autoria, teologia, interpretação e aplicação são temas que geram muitos debates que o tornam um dos livros mais complexos do cânon. Alguns Salmos parecem ser datados do segundo milênio  a.C. enquanto outros foram produzidos no período pós-exílico. Porém, a composição do livro de modo completo ocorreu apenas no período pós-exílico, isto é, após o ano 539 a.C.

A autoria de cada um dos Salmos é deduzida a partir do seu título. Apenas 34 Salmos não possuem título. Dentro do grupo de Salmos que possuem título 100 apontam seu autor. Dos 100 títulos que indicam o autor 73 são atribuídos a Davi. Outros autores são: Moisés – Salmo 90; Salomão – Salmos 72, 127; Asafe – Salmos 50, 73, 83; Hemã – Salmo 88; Etã – Salmo 89; Filhos de Coré – Salmos 42, 44 a 49, 84, 85, 87. O nome Salmos vem do grego Psalmoi, derivado da palavra psallo, que significa dedilhar, aludindo a um instrumento de cordas. Em hebraico o livro recebe o nome de Tehillîm, que significa cânticos de louvor. O livro de Salmos, segundo os estudiosos, pode seguir o mesmo conceito aplicado no livro dos Reis, isto é, alguém coleta e organiza materiais de diversas fontes de acordo com um propósito teológico, desta forma a mensagem geral do livro transcende a mensagem particular de cada Salmo.

Estudos comprovam que o livro de Salmos não foi completado de uma vez, pois suas partes I a III, encontradas nos manuscritos do Mar Morto (cerca de 150 a.C.), estão dispostas na mesma ordem que conhecemos hoje. Entretanto, os livros IV e V estão dispostos em outra ordem, o que pode significar que os livros I a III já estavam com sua ordem definida no fim do século II a.C., enquanto que os livros IV e V ainda estavam em processo de organização, concluído plenamente pouco antes do período de Cristo. Portanto, ao longo de quase mil anos, vários escritores compuseram suas poesias que foram organizadas em pequenas coleções em diferentes períodos da história com um propósito teológico. Com relação à forma os Salmos podem ser classificados em: louvor, lamento e sabedoria. Cada Salmo possui uma única forma, exceto o Salmo 22, onde os versos 1 a 21 são de lamento e os versos 22 a 31 são de louvor.

Conclusão

Os Salmos não eram exclusivos do povo hebreu, pois os povos mesopotâmicos também se utilizavam deste recurso literário para expressar suas emoções à divindade. A semelhança dos Salmos hebraicos com os mesopotâmicos se encontra na forma dos Salmos: o louvor e o lamento. Contudo existem diferenças consideráveis entre os Salmos hebraicos e mesopotâmicos, e uma delas é a abordagem do adorador mesopotâmico. Os Salmos de lamento mesopotâmicos tem a intenção de manipular a divindade, e para isto recorre a rituais de magia, pois entende que é culpado em todas as situações, mesmo que não saiba a razão. Como entende que a divindade mesopotâmica não seja justa e coerente o adorador apenas se propõe a aplacar a ira divina. O adorador hebreu pressupõe sua inocência e não tenta manipular a Deus com rituais de magia e encantamentos. Quando os Salmos indicam claramente a culpa do autor, como é o caso do Salmo 51, a ofensa a Deus é sempre de caráter ético, enquanto o lamento mesopotâmico é relativo ao sacrifício impróprio no culto.



Sugestão de Leitura da Semana: ROGÉRIO, Marcos. Livros Poéticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.



terça-feira, 3 de novembro de 2020

Recomendação de Leitura do Mês - Pregação Expositiva - Hernandes Dias Lopes

 


Por Leonardo Pereira



Um sermão expositivo não é somente pegar uma passagem da Bíblia e explicar o significado de cada versículo e de cada palavra importante que vamos encontrando no caminho. Quando isso acontece, o pregador deixa de ser um expoente da Palavra para se transformar em uma espécie de comentário bíblico ambulante. Também não é usar o púlpito para dar uma aula seca e pouco fértil de interpretação bíblica que deixa os ouvintes confusos e irritados, tentando discernir qual é a mensagem de Deus para eles. Pregar é proclamar uma mensagem que extraímos das Escrituras por meio de um trabalho árduo e que transmitimos pela pregação, buscando a glória de Deus em Cristo e o proveito espiritual de nossos ouvintes. Dito isto então, podemos elaborar uma pergunta muito importante que se prossegue em nossas mentes: o que é pregação expositiva? 

Dito de maneira simples e concisa, é o tipo de sermão que ajuda os ouvintes a entender o significado do texto bíblico e o que Deus quer que façamos à luz do que esse texto ensina. A pregação cristã é a atividade em que Deus mesmo, através de um porta-voz, traz a uma audiência uma mensagem de instrução e direção acerca de Cristo, tendo impacto em suas vidas, e que está baseada nas Escrituras Sagradas. Um sermão expositivo é aquele que expõe e aplica o verdadeiro significado do texto bíblico, levando em consideração seu contexto imediato, assim como o contexto mais amplo da história da redenção, que gira em torno da pessoa e da obra de Cristo, com o propósito de que o ouvinte ouça a voz de Deus através da exposição e de que seja transformado. É com este objetivo que o escritor e teólogo Hernandes Dias Lopes elaborou o seu livro Pregação Expositiva e a nossa sugestão de leitura do mês de novembro para você, querido (a) leitor (a).

Quem é o autor do livro? 

Hernandes Dias Lopes é casado com Udemilta Pimentel Lopes e pai de Thiago e Mariana. É bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, SP e doutor em Ministério pelo Reformed Theological Seminary de Jackson, Mississippi, Estados Unidos. Ele é Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória, Espírito Santo, desde 1985. É conferencista, escritor com mais de 130 títulos publicados e direto executivo de Luz para o Caminho. É membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil.

O Livro

Hernandes Dias Lopes fez uma analise apaixonada sobre a pregação expositiva, que ao final do livro você desejará pregar somente por meio da exposição das Escrituras. O livro tem uma escrita leve, apaixonada e insistente sobre a exposição da Palavra de Deus. Como também é um livro que fala sobre o crescimento de igreja, durante todo o tempo em que fala sobre exposição da Escritura ele menciona o quão isso fará bem para a igreja e o quão a exposição da Escritura trará um crescimento e saúde à igreja. Como o proposito é falar sobre pregação expositiva e sua correlação com o crescimento da igreja, ele percorre toda a historia do povo de Deus trazendo exemplos de que a pregação expositiva foi usada nos momentos de avivamentos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo e na era da reforma e no período dos puritanos, ou seja ele faz um breve panorama histórico sobre pregação expositiva.

Hernandes Dias Lopes não fica apenas na parte teórica ou prática da pregação expositiva, ele alerta e traz orientações valiosas sobre a vida espiritual do pregador. Assim como o estudo constante da Escritura, da Teologia e do mundo ao redor (suas filosofias, entre outras coisas) é de vital importância o buscar a Deus, encher-se do Espírito Santo para uma vida cheia do poder de Deus na transmissão da mensagem bíblica. De nada valerá sua técnica se Aquele que abençoa os cristãos e convence os pecadores não estiver em você. O livro é necessário a todo cristão que almeja a vida pastoral, aos seminaristas e todos que desejam, ou já pregam, em suas igrejas. Em tempos em que se fala sobre crescimento de igreja através de métodos, falar sobre crescimento da igreja através da pregação expositiva causa estranheza, mas como você verá na leitura do livro, a pregação expositiva cheia da unção, por si só não causará o crescimento da igreja, mas sem ela a igreja não é saudável e o Reino de Cristo não é glorificado

O Objetivo do Autor

Hernandes Dias Lopes, baseado em Atos 6.4 e 2 Timóteo 4.2, mostra que a principal tarefa do pastor, presbítero, reverendo, bispo é o ministério da oração e da Palavra. Focando no ministério da Palavra, Lopes afirma que a pregação é essencial para o crescimento saudável da Igreja e que a pregação deve expor, explicar e aplicar o texto bíblico. Pregação expositiva traz um panorama histórico da pregação expositiva, seu propósito, seu estilo, seus resultados e as características de vida do pregador. Ainda apresenta como corrigir as distorções pós-modernas que levam a igreja ao crescimento explosivo, mas não saudável, redescobrindo a primazia da pregação expositiva. A Palavra de Deus deve ser pregada de forma fiel e integral. O remédio de Deus para a igreja contemporânea é a sua Palavra.