quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2020 - Capítulo 5 - A Ressurreição de Cristo

 


Comentarista: Carlos Alberto Junior


Texto Bíblico Base Semanal: 1 Coríntios 15.20-28


20. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.

21. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.

22. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.

23. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.

24. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.

25. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.

26. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.

27. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.

28. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.


Momento Interação

Os defeitos de caráter de uma pessoa se manifestarão com frequência quando essa pessoa receber poder, posição e riqueza. Uma pessoa de caráter, nos dá uma perspectiva do que todos os seres humanos costumam ser e o que a maioria de nós, no fundo, deseja ser. Falar de caráter cristão é um tema delicado e exige cuidados da nossa parte. Todos nós estamos na caminhada em busca de um caráter irrepreensível, e desenvolver isso em nós exige um esforço contínuo. Porém, se não desanimarmos na caminhada, alcançaremos os resultados que Jesus Cristo espera de todos nós.

Introdução

Em referência às centenas de profecias do Antigo Testamento, Jesus completou sua missão. Poucos dias depois, ele explicou este fato para os apóstolos: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas” (Lc 24.44-48).

Quando se trata do papel da Lei, de mostrar para o homem o problema do pecado para abrir acesso ao perdão e à reconciliação, Jesus cumpriu seu propósito. Paulo explicou que a Lei identificou o problema do pecado mas não trouxe a justificação (Rm 3.10; Gl 3.21,22). A promessa da justificação foi cumprida em Cristo (Gl 3.22-24; Rm 3.24-26). Jesus cumpriu ou completou o que faltava na Lei: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Jesus falou tudo isso quando disse: “Está consumado!”

I. O Terceiro Dia

Quando Jesus viu a data da sua morte se aproximando, ele começou a falar para os apóstolos sobre o que aconteceria em Jerusalém. Foi difícil para Pedro e os outros aceitarem a ideia da morte de Jesus, e não entenderam bem sua promessa da ressurreição. “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mt 16.21).

Jesus foi preso, condenado em um processo ilegal e crucificado. Os apóstolos, ainda lutando para entender o significado da promessa da ressurreição, foram dispersos e confusos. Mesmo as mulheres que foram ao túmulo no domingo depois da crucificação esperavam terminar o trabalho de embalsamar o corpo, e ficaram surpresas e perplexas ao encontrar o túmulo desocupado.

As notícias começaram a se espalhar. As mulheres foram avisar os apóstolos, e alguns deles foram correndo ao túmulo para verificar os fatos. Jesus apareceu, mas inicialmente sem permitir que fosse reconhecido, a dois discípulos no caminho para Emaús. Explicou o significado das profecias do Antigo Testamento sobre o Messias. Apareceu aos apóstolos, mas Tomé não estava presente e continuou com suas dúvidas até o dia em que ele viu Jesus com seus próprios olhos. Durante seis semanas, Jesus acompanhou os apóstolos, ensinando sobre a missão importantíssima que lhes deu, e provando o fato da sua vitória sobre a morte.

II. A Aparição de Cristo à Muitos

Outras pessoas foram ressuscitadas antes de Jesus sair do túmulo em Jerusalém, mas ele levantou para nunca mais morrer. Uns 40 dias depois, ele subiu para o céu e assumiu seu devido lugar à destra do Pai. Ele venceu a morte uma vez por todas. Penetrou o céu para abrir acesso para outros, e ainda oferece para nós a esperança da ressurreição para a vida eterna.

Paulo disse que centenas de pessoas viram Jesus depois da ressurreição. Sua apresentação dessa evidência da veracidade da ressurreição ganha mais força pela observação que a maioria dessas pessoas ainda viviam quando Paulo escreveu aos coríntios (1 Co 15.4,6). Esse comentário foi um convite óbvio para qualquer pessoa verificar as evidências para tirar suas dúvidas. Quando Paulo escreveu, uns 20 anos depois da morte de Jesus, ainda seria possível encontrar testemunhas oculares para verificar os fatos.

Paulo tratou a questão da ressurreição com tanta confiança porque é a doutrina central que serve de base para a fé de todos os cristãos. Se o corpo de Jesus tivesse se decomposto no sepulcro em Jerusalém, toda a base do cristianismo teria apodrecido junto. Mas ele venceu a morte e, por isso, nós podemos esperar com confiança sua volta para cumprir suas eternas promessas!

III. O Testemunho Apostólico

É interessante observar a frequência dos períodos de quarenta dias ou anos nas Escrituras. Em artigos recentes, temos observado vários exemplos do Antigo e do Novo Testamento. Chegamos ao último exemplo dessa série, o período que Jesus passou com os apóstolos entre sua ressurreição e ascensão. Três dias depois da crucificação de Jesus, seu túmulo foi encontrado vazio. Esse fato é fundamental para a fé dos cristãos, que servem um Senhor que venceu a morte e o pecado que trouxe a morte ao mundo. A ressurreição de Jesus distingue o cristianismo de outras religiões que honram profetas ou outros líderes até com visitas aos seus túmulos. O fundamento do cristianismo não está no sepulcro, mas na exaltação de Jesus Cristo depois de ressurgir.

Depois da sua ressurreição, Jesus apareceu a centenas de pessoas. Paulo resumiu os fatos principais do evangelho e o acesso dos cristãos primitivos às evidências: “Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15.1-4). Paulo continua com citações de pessoas, mais de 500 ao todo, que viram Jesus depois da sua ressurreição. Quando ele escreveu, a maioria dessas testemunhas estava viva, e assim qualquer um poderia confirmar as afirmações de Paulo com testemunhas oculares.

Além de provar a sua ressurreição, Jesus agiu durante um período de quarenta dias para preparar seus apóstolos para sua missão de levar a mensagem do evangelho ao mundo. O final de cada um dos quatro registros da vida de Jesus na Bíblia (Mateus, Marcos, Lucas e João) descreve a interação de Jesus com os apóstolos depois da ressurreição. Atos dos Apóstolos, o livro que acompanha o desenvolvimento da igreja durante as primeiras três décadas, começa onde os Evangelhos terminam, comentando sobre os quarenta dias que Jesus passou com eles: “A estes [apóstolos] também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (At 1.3). Ele instruiu os apóstolos sobre seu trabalho, que iniciaria com a vinda do Espírito Santo sobre eles em Jerusalém. Essa promessa foi cumprida pouco tempo depois da ascensão de Jesus no dia de Pentecostes (At 2.1-4).

O trabalho deles teria uma progressão geográfica, começando em Jerusalém e se estendendo até “toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). A mensagem pregada teria dois elementos principais: a posição de Jesus como Rei e Senhor, e a resposta adequada dos homens pecadores. Eles levariam ao mundo a mensagem da soberania de Jesus, que exerce autoridade absoluta sobre o céu e a terra (Mt 28.18). Assim Pedro pregou em Jerusalém logo após a ascensão de Jesus: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36).

IV. O Testemunho Bíblico

Deus dá vida. Demonstrou esse poder exclusivo na criação dos seres vivos no universo material em que vivemos (At 17.25). Jesus é a vida (Jo 14.6). Demonstrou seu poder quando ressuscitou mortos (Jo 11.25). Mas as manifestações de vida física são apenas amostras do seu poder real de dar a vida eterna. Nenhum milagre na história do mundo iguala a importância da ressurreição de Jesus Cristo no terceiro dia depois da sua crucificação em Jerusalém. Davi profetizou a respeito da ressurreição, como o apóstolo Pedro explicou. A morte não teria a vitória sobre o Santo de Deus. Ele não seria deixado no túmulo como outros homens: “porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (At 2.27).

A vitória de Jesus sobre a morte foi predita em profecias durante milhares de anos antes da sua vinda em carne. Embora seja quase impossível que Adão e Eva tenham compreendido a importância das palavras, a primeira sugestão da ressurreição veio no jardim do Éden, logo depois do pecado do primeiro casal. Quando Deus falou das consequências dos erros cometidos pela serpente e pelo casal humano, ele disse: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). O descendente da mulher dessa profecia é Jesus. Ele foi ferido pelo Inimigo, que juntou forças más para matar o Filho de Deus na cruz. Mas, no contexto maior, seu golpe foi pouco. Na ressurreição, Jesus esmagou a serpente.

Conclusão

Ele não está aqui, mas ressuscitou" (Lc 24.6).  Jesus ressuscitou!  Ressuscitou!  Essa palavra ressoa poderosamente atravessando os séculos.  Ela pode ter sido a palavra mais poderosa que jamais foi pronunciada.  Entre todas as grandes proclamações da História, nenhuma se compara, em grandeza de significação a esta simples afirmação.  Esta declaração levou o espanto e a alegria aos seguidores de Jesus.  Ela se tornou o assunto central da pregação apostólica.  De fato, cada ponto da Bíblia gira em volta desta ressurreição vitoriosa de Jesus Cristo, deixando a sepultura e o poder do diabo que essa sepultura representava.  Jesus ressuscitou!

Por causa da ressurreição de Jesus, podemos ter fé, esperança e salvação do pecado.  Porque Jesus conquistou a morte, podemos aguardar uma vitória eterna sobre a prisão da cova (cf. 1 Co 15). Com este milagre Deus oferece a maior prova da Sua existência, de Seu poder, de Sua pureza e de Seu amor.  Tudo o que é bom em Deus é resumido na força desta declaração:  Jesus ressuscitou!  Todas as nossas esperanças na eternidade estão contidas nesta simples expressão de triunfo. 

Agradeçamos a Deus pelo fato maravilhoso que é a ressurreição de Jesus.  Tomemos a resolução de viver cada dia como seguidores vitoriosos de nosso triunfante Senhor, de maneira que possamos elevar-nos para estar com Ele na Eternidade. Que estas palavras soem claramente em nossos ouvidos:  Jesus ressuscitou!


Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. O Evangelho do Médico Amado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019



quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Cordonizes no Deserto - Uma Lição para Nós

 


Por Leonardo Pereira


O grande pecado do povo de Deus é a murmuração, que é o pecado de se queixar de Deus, falar mal dos outros, reclamar de tudo, na verdade a murmuração é uma tentação difícil de evitar. Somos humanos, falhos, cheinhos de defeitos e com uma tendência natural a transferir a responsabilidade pelos nossos erros para os outros e “outros” pode ser qualquer um, até Deus.

Conhecendo Deus só pelo Ouvir

Deus já havia feito muitos milagres e maravilhas depois que tirou o povo hebreu do Egito, mas aquele povão todo só conhecia o Deus dos seus pais de ouvir falar. Israel era um arremedo de nação e apesar da nuvem de glória presente dia após dia com eles, como adoradores eles eram bons saudosistas. Certo dia, um cidadão qualquer, teve desejo de comer carne e este desejo se espalhou por todo o arraial do povo de Deus e eles disseram: “Quem nos dará carne a comer?” (Nm 11.4).  Eles começaram a murmurar, a se queixar por só ter o maná para comer e o maná era uma espécie de semente que nascia com o orvalho da manhã, que depois de triturado, servia para fazer bolos. O detalhe é que este maná foi um milagre de Deus e eles não podiam armazená-lo para o dia seguinte, porque ele se estragava. Era a lição do pão nosso de cada dia, mais tarde citada por Jesus no Pai Nosso.

Grande Murmuração

O povo hebreu começou a sentir desejo de comer carne e com este desejo veio a saudade das comidas no Egito, veja: “Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos” (Nm 11.5,6). Peixe de graça? Como assim? Eles esqueceram que eles, sim, trabalhavam de graça para os egípcios, eram escravos e Faraó não fazia mais que a obrigação dele em mandar uns peixinhos para não deixar seus escravos morrer.

Deus não gostou nem um pouquinho daquele chororô dos hebreus, e a ira do Senhor se acendeu contra o povo. Moisés não gostou e disse: “Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, visto que puseste sobre mim o cargo de todo este povo?” (Nm 11.11). Moisés já estava cansado de suportar a murmuração daquele povo e ficou muito bravo porque Deus acendeu Sua ira contra aquele povo.

Na verdade Deus também estava cansado daquela murmuração constante, por mais que Ele fizesse nada mudava o coração rebelde dos hebreus, mas o cansaço de Moisés era maior, ele estava revoltado com aquele deserto, com o povo cobrando até cebolas dele e então Moisés desabafou e disse ao Senhor: “Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz? para que me dissesses: leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a seus pais? De onde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto contra mim choram, dizendo: Dá-nos carne a comer; Eu só não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim” (Nm 11.12-14). Foi forte!

O Aviso de Deus

Deus mandou Moisés avisar o povo: “E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do SENHOR, dizendo: Quem nos dará carne a comer? Pois íamos bem no Egito; por isso o SENHOR vos dará carne, e comereis; não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias; mas um mês inteiro, até vos sair pelas narinas, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao SENHOR, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?” (Nm 11.18-20). Deus estava tão revoltado com o povo que disse que eles iriam comer carne até rachar.

O Senhor continuava irado com o povo hebreu e a questão não era o desejo deles de comer carne, ou melões, ou peixes, a questão era bem maior. O cerne da questão era o coração rebelde dos hebreus, que apesar de terem sido libertos de uma escravidão de mais de quatrocentos anos e tendo recebido a promessa de uma terra que mana leite e mel, diante do menor obstáculo, lamentavam ter saído do Egito, choravam a saudade de uma terra que não era a deles e que os escravizou sem dó nem piedade. Deus cumpriu Sua promessa com o povo de Israel e no dia seguinte soprou um vento do Senhor que trouxe codornizes do mar, espalhando os bichinhos por todo o arraial e em volta do arraial. A Bíblia diz que havia codornizes caminho de um dia para todos os lados do arraial. Ah, sim! Codorniz é o mesmo que codorna, aquela avezinha que produz ovos  pequenininhos e que são vendidos nos supermercados. Pronto, se o problema era carne, estava resolvido.

Uma Carne Perigosa

O povo fez a festa, era codorniz por todos os lados, veja: “Então o povo se levantou todo aquele dia e toda aquela noite, e todo o dia seguinte, e colheram as codornizes; o que menos tinha, colhera dez ômeres; e as estenderam para si ao redor do arraial”(Nm 11.32). Tudo parecia lindo, só teve um probleminha, Deus não toma por inocente quem tenta a Ele, quem volta seu coração à rebeldia e, acima de tudo, quem é incrédulo por convicção, quem duvida do Poder do Deus Altíssimo. A rebeldia dos hebreus teve uma consequência imediata: “Quando a carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira do SENHOR contra o povo, e feriu o SENHOR o povo com uma praga mui grande”(Nm 11.33). Eles tiveram uma enorme infecção e como não havia penicilina, nem antibióticos, naquele deserto foram sepultados todos os que se entregaram ao desejo de comer carne e voltar para o Egito.

A murmuração em todos os tempos nunca deu certo, ainda mais quando a este pecado se junta o pior de todos, a incredulidade, a dureza de coração, quando se passa a tentar a Deus com coisas que não são essenciais. A história das codornizes no deserto poderia ter terminado de outra forma, se o povo hebreu apenas tivesse desejado comer carne, não há qualquer mal em desejar comer alguma coisa, está escrito: “Agrada-te do SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração” (Sl 37.4). Deus concederia o desejo do coração do Seu povo, mas eles se rebelaram contra o Senhor e quiseram até voltar para o Egito, não deu certo. Para nós fica a belíssima lição que aprendemos com os hebreus por contraste, aquilo que eles fizeram não pode ser repetido. Confie no Senhor, creia nas promessas Dele para a sua vida, pois Ele é o Deus que jamais falhou em todas as suas promessas.


quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Em Busca do que é mais Importante!

 


Por Carlos Vagner

Na busca desenfreada da nossa própria satisfação, percorremos por caminhos distantes e ao mesmo tempo totalmente oposto aos planos do Criador. De forma consciente ou inconsciente fugimos, pensando que podemos nos esconder, nas nossas próprias decisões. E percebemos lá no fundo que não há como andar, fugir ou se esconder dos olhos Daquele que sonda todas as coisas. Por isso, o caminho não é a fuga em paixões, sexo, bens materiais, vícios, ego, vaidades e etc. O caminho é a humilhação, arrependimento, confissão e entrega. As palavras de Pedro nos inspiram: “ Senhor para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna”. Se entregue a vontade Daquele que te chamou: "Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?" (Sl 139.7).

Parando para Pensar....

Somos ensinados a acreditar em certas ideias e a nos comportar de certa forma. Somos incentivado a ler, mas estamos condicionados a fazer nossa leitura com as lentes manipuladas a nós, pela tradição a qual pertencemos. Somos ensinados a obedecer e nunca desafiar o que ensinam. Já parou para pensar que aquilo que nos foi ensino ao longo de uma caminhada, possa ser algo equivocado, pode até haver boas intenções, mas longe de nos levar a uma reflexão e nos levar a pensar fora do nosso gueto, a tomar decisões e andar com as nossas própria pernas. Isso posto, nossa consciência, dependência, direção, orientação, tem que estar sujeita e cativa Naquele que é o autor e consumador da nossa fé. É Nele Jesus que quero sempre andar, na simplicidade dos encontros, na vida, sem exclusivismo, partidarismo, sem rótulos. Quero ser sempre um discípulo, aprendendo com o Mestre Jesus!!!

Sentimento de Afeição e Carinho 

O amor é um sentimento de afeição e carinho que o ser humano tem a capacidade de demonstrar. O amor ultrapassa os limites do conhecimento meramente humano e na esfera espiritual, pois sem ele nada seria, simplesmente um ser entulhado de conhecimento, porém oco, vazio, sem vida no interior. O que valeria obter todo o saber, e ainda uma crença inabalável, sem o amor? De nada valeira, sem o outro para ser objeto do meu amor, alvo do meu carinho e demonstração de cuidado.

Um Caminho sem Volta

O Dinheiro esse sim, é um caminho sem volta, um abismo me olhando para me devorar. E se ainda tivesse dinheiro, e de forma hipócrita, idolátrica, distribuísse notoriamente para representar uma imagem de “bom samaritano”, contudo, lá dentro do ser o vazio latejando para ser importante na vida do outro, como fruto espontâneo do ser, sem mascara grita para o coração dominado por esse “deus”.

A Excelência do Amor

De modo, que o coração quebrantando pelo amor, resigna seu ser por si mesmo e pelo outro, vivenciando o sofrimento, a bondade, sem nenhuma obtenção de inveja ou sentimento destrutivo pelo outro, e mais, não encontra e não percorre o caminho do ego inflado, pelo contrario reconhece que é igual ao outro, feito de carne e ossos. Ah! O amor, não se porta de forma vulgar, não trabalha somente para si mesmo, mas sempre procurando ser uma ponte, por onde passa a generosidade, bondade, carinho, afeto, levando ao bem estar. É extremamente indignado com as injustiças, e busca sempre a veracidade dos fatos.

O amor, sofre, espera e suporta!

Tudo vai passar, pois a vida é uma verdadeira roda gigante, onde hoje podemos está em cima e amanhã poderemos está em baixo, porém o amor é a base que nos sustenta em qualquer circunstância. Por isso, ame hoje, viva o amor, transborde de amor, pelo Criador que foi o doador do amor, pela vida, pela sua família, pelos seus filhos, pelos seus amigos, colegas e pelo próximo. Que esse amor esteja derramado em nossos corações! 


terça-feira, 22 de setembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2020 - Capítulo 4 - A Morte de Jesus Cristo

 



Comentarista: Carlos Alberto Junior


Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 23.33-46


33. E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.

34. E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.

35. E o povo estava olhando. E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.

36. E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.

37. E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.

38. E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.

39. E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.

40. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?

41. E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.

42. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.

43. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.

44. E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol;

45. E rasgou-se ao meio o véu do templo.

46. E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.


Momento Interação

Geralmente quando há um crime, a Justiça determina que se faça um traba­lho de investigação para que sejam encontrados os responsáveis. Façamos uma investigação nas Escrituras para descobrir quem são os responsáveis pela morte de Cristo. Por que Cristo morreu? Quem foi o responsável pela Sua execução? Quem são os suspeitos? E nós, quanto estamos envolvidos com a Sua morte? Qual é a nossa responsabilidade? Olhando pelos olhos de Deus, vejamos a nossa participação. A morte de Jesus foi um acidente? Ou será que fazia parte dos propósitos de Deus Pai? Conheçamos todo o aspecto da morte de Cristo no estudo desta semana.

Introdução

A morte de Jesus na cruz é a maior demonstração do grande amor de Deus por nós  e a redenção da humanidade (Jo 3.16). Pois da mesma forma que por um homem entrou o pecado no mundo, isto é Adão, por meio de um homem só, Jesus, uma grande multidão de transgressões foi perdoada. Neste estudo bíblico veremos em ordem cronológica e passo a passo o que aconteceu a Jesus, antes e depois da crucificação.

I. Judas Iscariotes: por dinheiro

Na escuridão da noite, ele subiu ao monte até chegar ao jardim onde Jesus havia ido orar. Guiando uma multidão armada (Lc 22.47,48), Judas se aproximou do Senhor e o beijou. Sem dúvida, em muitas outras ocasiões, Judas havia beijado o seu Mestre; era a maneira típica de cumprimentar o seu professor ou rabino. Este beijo era diferente. A multidão que seguia Judas pretendia prender Jesus e o beijo de Judas o identificou para eles. Judas havia conspirado com os líderes judeus para entregar Jesus em suas mãos e, sabendo que o jardim de Getsêmani era o lugar favorito de Jesus, ele escolheu trair Jesus, entregando-o aos inimigos, nesse lugar.

A perfídia de Judas não era desconhecida para Jesus. Ele havia mandado Judas sair da última ceia com a instrução de não demorar (Jo 13.37). Mas até Jesus ficou maravilhado com a ousadia de um discípulo que traiu o seu mestre com um sinal de afeição. Aparentemente, Judas não beijou Jesus apenas perfuntoriamente. A palavra grega traduzida “beijo” indica que Judas o beijou calorosamente...como se ele fosse o discípulo dedicado, talvez planejado com a intenção de avisar Jesus a respeito do grupo que o seguia. Se fosse a sua intenção, Jesus não foi enganado, pois ele perguntou sobre o meio da traição!

Cuidado com o beijo de Judas. É um carinho fingido que esconde os motivos verdadeiros da pessoa que o oferece. Judas pode ter dado a aparência de carinho para um observador comum, mas a verdade é que Satanás havia entrado em seu coração e nas suas trevas ele havia vendido o seu Mestre por trinta moedinhas de prata. Há pessoas hoje que usam o beijo de Judas para ganhar vantagem ou porque não têm a coragem de mostrar os seus verdadeiros sentimentos. Em algumas culturas, não se usa mais o beijo, como é comum no Oriente Médio. Nestes lugares, o aperto de mão, sorriso caloroso e cumprimento amigável que usam, contudo, nem sempre refletem os verdadeiros sentimentos da pessoa que os oferece.

Pedro escreveu: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1 Pe 1.22). O fato que Pedro menciona “amor não fingido” dos irmãos sugere a possibilidade de amor insincero ou fingido entre irmãos. Devemos ser cautelosos para não usarmos a “afeição” que temos um pelo outro como uma máscara pela malícia ou ódio que na realidade sentimos. A malícia e o ódio são errados, mas cobrir-los com sentimentos fingidos não é uma solução!

II. Os Sacerdotes Judeus: Por Inveja

O julgamento de Jesus foi um processo injusto e ilegal. Jesus foi condenado à morte por causa da inveja de seus acusadores. Jesus foi julgado primeiro pela lei judaica, depois pela lei romana. Antes mesmo de prenderem Jesus, os líderes religiosos dos judeus já tinham decidido que ele deveria morrer (Lc 22.1,2). Eles não queriam matá-lo porque tinha cometido um crime. Eles estavam com inveja e se sentiam ameaçados com a popularidade de Jesus.

Na noite em que foi preso, Jesus foi levado para a casa de Anás, o sogro do sumo-sacerdote Caifás. Anás depois enviou Jesus a Caifás, para ser julgado pelo Sinédrio. Durante essa noite os chefes dos sacerdotes e os membros do Sinédrio interrogaram Jesus e procuraram motivos para o condenar. Mas Jesus se manteve calado e não respondeu às acusações deles (Mc 14.60,61).

Então o Sinédrio procurou testemunhas que fizeram falsas acusações contra Jesus. Mas todas as acusações feitas contra Jesus eram incoerentes. Por isso, perguntaram para Jesus se ele era o Cristo, o Filho de Deus. Ele respondeu que sim e eles aceitaram isso como prova de blasfêmia (Mt 26.63-65). Eles bateram em Jesus e o condenaram à morte.

III. Pilatos, o Governador

Os acontecimentos em Jerusalém numa Páscoa quase 2000 anos atrás continuam sendo motivo de vergonha e reflexão para todos que consideram o caso. Líderes dos judeus, o povo especialmente abençoado com as promessas de Deus, desrespeitaram sua lei e qualquer noção de justiça num “julgamento” que não passou de um linchamento. Mas a culpa não foi limitada a eles, pois líderes gentios também entraram na história e ajudaram no processo de sentenciar à morte o único homem totalmente inocente na história humana.

Depois de Jesus se entregar aos soldados e guardas na saída do Getsêmani, ele foi levado primeiro para ser condenado pelas autoridades religiosas. Não seguiram os procedimentos legais e não procuraram determinar a culpa ou inocência de Jesus. O sinédrio foi conduzido pelo sumo sacerdote com o objetivo de arrumar um motivo para pedir a morte do homem que eles condenaram nas suas mentes muito tempo antes (Mc 3.6).

Mas os judeus, sujeitos à autoridade romana, não tinham direito de sentenciar uma pessoa à morte. Por isso, levaram Jesus ao governador Pôncio Pilatos. Mas a acusação que usaram para justificar a morte de Jesus entre os judeus (blasfêmia contra Deus) não teria peso nenhum para os romanos. Inventaram outra acusação e disseram que Jesus incentivava revolta contra o governo romano (Lc 23.2). Ao interrogar Jesus, Pilatos percebeu que esse homem não procurava tomar o lugar de César. Era, aos olhos dele, apenas uma questão entre os próprios judeus. Por isso, o governador o declarou inocente (Lc 23.3,4). Mas, por ser um líder fraco e facilmente manipulado pelo povo, Pilatos cedeu ao clamor dos judeus e não libertou Jesus. Procurou uma saída por uma questão técnica de jurisdição e mandou Jesus a Herodes Antipas.

IV. O Próprio Senhor Jesus: Por Amor

Juntos, a cruz e o sepulcro vazio, formam o âmago da História e a maior demonstração das qualidades que fazem de Deus ser Deus.  Vemos aqui a sua misericórdia para com a humanidade indefesa, sua graça estendida aos que não podiam jamais com seus próprios meios conseguir ou comprar a redenção, sua justiça, que não poderia deixar passar o pecado sem o pagamento da pena, e sua sabedoria, que traçou um plano pelo qual os pecadores culpados poderiam tornar-se justos (sem culpa), sem comprometer nem a sua justiça nem a sua santidade.  Aqui, também, vemos o seu poder soberano para realizar o seu propósito, apesar da oposição acirrada de Satanás.

Acima de todas as demais coisas, a cruz é a maior prova do amor de Deus.  O homem da cruz é o próprio Filho a quem Deus amou tanto que desejou que outros filhos se assemelhassem à sua imagem, "a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8.29).  Na cruz está "o Verbo", que estava com Deus no princípio, que era Deus e que "se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1.14). Na cruz, por fim, o descendente da mulher esmagou a cabeça da serpente.  Ele cumpriu todas as profecias que se relacionavam com a redenção da humanidade.  Quando sua carne se rasgou, também se rasgou o véu do templo, simbolizando que o caminho para o verdadeiro Lugar Santo, a habitação de Deus, estava agora aberto para a humanidade.  Aí se tornou possível a completa reconciliação entre Deus e a criação que dele se alienou.

Na cruz aconteceu o verdadeiro sacrifício de que todos os demais eram apenas símbolo.  O Filho que estava prestes a morrer é aquele que "Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus" (Rm 3.25,26).  Não é de admirar que Jesus tenha exclamado ao morrer:  "Está consumado".

V. Está Consumado!

Uma só palavra. Tetelestai. Esta é a palavra grega traduzida pela expressão “Está consumado” (Jo 19.30). Foi a última ou penúltima palavra falada por Jesus antes da sua morte (não temos informações suficientes para ter certeza da sequência das últimas duas palavras - esta e a expressão relatada em Lucas 23.46). Jesus escolheu uma palavra cheia de significado apropriado para o momento do seu sacrifício pelos pecados dos homens. Pesquisadores têm encontrado esta mesma palavra em várias situações no mundo romano da época de Jesus. Exemplos de como a palavra foi empregada enriquecem nossa apreciação do sacrifício do Senhor.

Pago. Quando pagamos uma conta ou quitamos uma dívida, é comum o recebedor carimbar um comprovante com a palavra PAGO. A palavra que Jesus falou da cruz foi usada em comprovantes da época. No seu sacrifício, Jesus pagou a dívida do nosso pecado que foi salientado pela Lei dada no monte Sinai. Paulo explicou: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (Cl 2.13,14).

Sentença Executada. Outro uso da mesma palavra no mundo antigo foi por parte de soldados incumbidos com a aplicação de penalidades legais. Quando executaram as sentenças decretadas, escreviam a palavra tetelestai. Esse sentido, também, se aplica perfeitamente a Jesus. Ele assumiu o lugar dos criminosos que mereciam a morte pelos seus pecados (nós!) e ele mesmo declarou que a sentença foi aplicada. Pedro disse que Jesus sofreu em nosso lugar, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1 Pe 2.21,24).

Conclusão

Não é fácil compreender os diversos aspectos do caráter de Deus. De fato, é impossível para o homem totalmente entender um ser tão superior. Ele é misterioso e, certamente, único (cf. Is 45.15,18). As Escrituras frequentemente destacam a sublimidade de Deus. “Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra. O SENHOR é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos” (Sl 99.1,2). Entre os contrastes encontrados nas descrições bíblicas de Deus são duas palavras que aparecem em Hebreus 12. Jesus é “o Autor e Consumador da fé” (Hb 1.2) e, ao mesmo tempo, “Deus é fogo consumidor” (12.29). A diferença de uma letra nestas palavras faz uma distinção importante no sentido.

Consumador significa alguém que termina uma obra ou um projeto. Jesus é o Consumador da fé porque ele completou o plano eterno de Deus para a salvação daqueles que crêem nele. O tema de Mateus é o cumprimento do Antigo Testamento em Jesus. Antes de morrer na cruz, Jesus afirmou a sua vitória com o grito de triunfo: “Está consumado!” (Jo 19.30). O Cristo ressuscitado disse: “...importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito...” (Lc 24.44). Mas o mesmo Jesus que cumpriu perfeitamente sua missão salvadora julgará todos nós (2 Co 5.10). Para os desobedientes, ele se mostrará um fogo consumidor, trazendo a ira de castigo eterno (cf. Jo 5.25-30; Mt 25.33-34,41,46). Quando ele vier para julgar, trará alívio para os fiéis e, ao mesmo tempo, os que não o servem serão banidos eternamente de sua presença (2 Ts 1.7-10).


Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. O Evangelho do Médico Amado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.




Como nos Vemos?

 



Por Carlos Vagner


"E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi" (Gn 3.9-13).

Desde os primórdios da criação, o ser humano se debate com a transferência de culpa. Nossos primeiros pais, erraram ao fazerem isso, e me parece que ficou como que exemplo para os demais, pois o homem colocou a culpa na mulher e ela por sua vez colocou a culpa na serpente. Vemos isso se alastrando desde a infância, quando a criança pega em um erro, transfere a culpa para outra pessoa ou ser equivalente. Qual o problema da transferência de culpa? O grande problema reside na deformação da própria estrutura do ser, quando transferimos passamos a deslocar o lugar que carece ser corrigido, passamos a viver de forma hipócrita, imbecilizada, sem se dá conta que o grande prejudicado somos nós mesmos. 

E a forma dessa transferência, se dá em todos os ambientes que o ser humano convive: na família, na escola, no curso, no trabalho, na igreja, nos ambientes sociais e etc. Fazer a transferência de culpa, detona nosso caráter. Por isso, ao cometer erros, pois todos somos passiveis deles, se enxergue primeiro, sejamos sinceros ao analisar e ver que o culpado somos nós, ninguém pegou na nossa mão a força para cometer o erro, mais foi determinação da nossa própria vontade. Quando esse enxergar do interior brota em nós, haverá o desenvolvimento do amadurecimento do ser.

Por esse motivo, nos nossos erros o outro não será o motivo da transferência da nossa culpa (ainda que possa trabalhar para o fim de cometemos os erros), porém quando olhamos com sinceridade para dentro de nós, e assumimos que o erro foi nosso crescemos como pessoa, e com a ajuda de Deus seremos perdoados ao confessar as nossas transgressões.


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2020 - Capítulo 3 - Jesus Cristo - O Supremo pastor






Comentarista: Carlos Alberto Junior



Texto Bíblico Base Semanal: João 10.1-18

1. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.
2. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
3. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora.
4. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.
5. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
6. Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.
7. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.
8. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
9. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.
10. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.
11. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
12. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.
13. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.
14. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
15. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.
16. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.
17. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.
18. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.

Momento Interação

Os sete “Eu Sou” de Jesus no Evangelho de João são sete grandes auto-designações que revelam a verdade acerca da pessoa do Senhor Jesus. Por sete vezes Jesus diz “Eu Sou”, e em cada uma delas sua divindade é colocada em evidência. É realmente muito significativo o fato de que os sete “Eu Sou” de Jesus apareçam no Evangelho de João. A ênfase principal do Quarto Evangelho é a identidade de Jesus Cristo como o verdadeiro Filho de Deus. O Evangelho de João apresenta muito claramente a realidade da plena divindade e também da plena humanidade de Cristo. O próprio apóstolo João explica seu grande propósito ao escrever esse Evangelho: “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Então seguindo esse propósito, o escritor bíblico registrou cuidadosamente as vezes em que Jesus usou a expressão “Eu sou” durante seu ministério terreno.

Introdução

João relatou episódios selecionados da vida de Jesus para defender um tema principal: Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, que oferece a vida aos que crêem nele (Jo 20.30,31). Nas palavras e atos de Jesus, registrados neste livro, Jesus se apresenta com uma série de afirmações, normalmente ligadas imediatamente com os sinais que ele operava. Jesus disse:  1. Eu sou o pão da vida (Jo 6.35,41,48,51);  2. Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12);  3. Eu sou a porta das ovelhas (Jo 10.7,9);  4. Eu sou o bom pastor (Jo 10.11,14); 5. Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11.25);  6. Eu sou o caminho, e a verdade e a vida (Jo 14.6);  7. Eu sou a videira verdadeira (Jo 15.1,5).

Cada afirmação ensina algo importante sobre a missão de Jesus, mostrando que ele veio para ensinar, salvar e proteger o seu povo. Mas, quem pode fazer tais promessas elevadas? Nenhum mero homem teria condições de oferecer tudo que Jesus prometeu, porque nenhum homem tem as mesmas qualidades que Jesus possui. A capacidade dele de ser e oferecer tantas coisas vem de sua natureza divina. É exatamente esta natureza que ele destaca com mais uma afirmação. Em João 8.24,28,58, ele se descreve com as simples palavras: “Eu Sou”. Ele não é apenas o pastor, ou a luz, ele é o eterno Deus. Ele não foi criado e não veio a existir. Nas suas próprias palavras, Jesus disse: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8.58).

Os judeus consideravam esta afirmação blasfêmia, porque Jesus estava se igualando com Deus (Mc 14.61-64). De fato, é a mesma linguagem usada para descrever Jeová em Êxodo 3.14. Isaías, nas suas grandes profecias do Messias, afirmou a divindade do Salvador com as mesmas palavras (cf. Is 43.11-15; 44.6; 45.6,18; 48.17). Jesus usou palavras carregadas de poder e eternidade para se apresentar ao mundo. Nós devemos crer no único “Eu Sou” para termos a vida eterna. Jesus disse: “Porque, se não crerdes que Eu Sou, morrereis nos vossos pecados” (Jo 8.24)

I. Jesus - O Pão da Vida

A declaração de Jesus “Eu sou o Pão da vida” significa que Ele é quem dá vida espiritual e eterna ao homem. Ao afirmar ser o Pão da vida, Jesus ensina que somente Ele provê vida eterna àqueles que estão mortos em delitos e pecados (Ef 2.1). Essa verdade acerca da obra redentora de Cristo é declarada enfaticamente ao longo de toda Escritura. Mas por duas vezes, em sequência, Jesus explicitamente declarou: “Eu sou o Pão da vida” (Jo 6.35,48). Essa declaração é a primeira das sete vezes em que Jesus significativamente declara “Eu Sou” no Evangelho de João (Jo 8.12; 10.1,9; 10.11,14; 11.25; 14.6; 15.1,5). Jesus usou a declaração “Eu sou o Pão da vida” durante seu sermão de repreensão e exortação aos judeus. Ele havia multiplicado cinco pães e dois peixes e alimentado uma multidão de mais de cinco mil pessoas (Jo 6.1-15). Depois, durante a noite, Jesus atravessou o Mar da Galileia rumo a Cafarnaum juntamente com seus discípulos. Foi nessa ocasião que Jesus andou sobre as águas (Jo 6.16-21). Esses milagres são chamados de “sinais” porque a finalidade deles era revelar a verdade acerca da pessoa de Cristo.

II. Jesus - A Luz do Mundo

O que lemos começa com uma declaração que é a base do que se desenrola até o final do capítulo 9 do Evangelho de João. Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). A palavra luz aparece 23 vezes no Evangelho segundo João. Dessas, 21 se referem a Jesus. Em João, luz é uma metáfora acerca de Jesus. Quando ele disse ser a luz do mundo, quis dizer que é a solução para as trevas em que o mundo está. O mundo jaz em trevas, o diabo é o príncipe das trevas e viver no pecado é andar na escuridão. O diabo cegou o entendimento das pessoas, por isso, aqueles que são prisioneiros do pecado vivem em densas trevas.

No princípio desse evangelho, está escrito: “Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram” (Jo 1.4,5). Em Jesus está a vida, a qual, como uma luz, pode tirar os homens das trevas em que vivem. Isso é algo muito poderoso, pois não há como as trevas resistirem à luz. Quando a luz chega, as trevas são necessariamente dissipadas. Jesus veio ao mundo para desfazer as obras do diabo, libertar os cativos e dar vista aos cegos. Jesus é a luz do mundo e a luz prevalece nas trevas. Onde o evangelho é proclamado, a escuridão é vencida. Onde a verdade de Deus prevalece, a alma humana é iluminada. Onde Jesus é anunciado como Salvador, aqueles que vivem presos pela impiedade e desconhecimento de Deus são libertos. Jesus é a luz que veio ao mundo para iluminar todos os homens. Aqueles que nele creem não andam em trevas. Aqueles que nele confiam sabem para onde vão. Ele disse que é a luz do mundo, não uma luz no mundo. Só em Jesus há salvação. Só em seu nome há perdão.

III. Jesus - A Porta das Ovelhas - O Bom Pastor

Jesus é o bom pastor porque ele cuida de nós como um pastor cuida de suas ovelhas. Um bom pastor protege suas ovelhas e cuida delas com carinho. Jesus faz o mesmo com todos que creem e põem sua confiança nele. Na Bíblia, os líderes políticos e religiosos muitas vezes eram comparados com pastores de ovelhas. A sociedade nos tempos da Bíblia vivia muito à base da agricultura e da criação de gado, por isso entendiam muito bem o trabalho de um pastor. Ovelhas são animais muito dependentes, que precisam da liderança e da proteção de um pastor.

Jesus disse que ele é o bom pastor, que dá sua vida pelas ovelhas. Alguns pastores fogem diante do perigo, em vez de proteger as ovelhas, mas o bom pastor defende suas ovelhas. Da mesma forma, muitos líderes estão somente preocupados consigo mesmos, mas Jesus deu tudo para nos salvar (Jo 10.11-13). Ele até entregou sua vida por nós! Em Jesus temos verdadeira proteção. Ele nos livra da condenação do pecado e das artimanhas do inimigo. O ladrão quer nos destruir mas Jesus nos dá vida (Jo 10.10). Ao se identificar como o bom pastor, Jesus estava cumprindo as profecias do Antigo Testamento sobre um pastor que iria liderar o povo de Deus. Esse pastor seria diferente dos outros pastores (líderes), que exploravam o povo e não cuidavam dele. O bom pastor, enviado por Deus, iria restaurar seu povo (Ez 34.11-13).

IV. Jesus - O Caminho, a Verdade e a Vida

Jesus disse “eu sou o caminho, verdade e a vida” em uma conversa com seus discípulos. Ele tinha explicado que em breve iria voltar para a casa do Pai e que os discípulos já conheciam o caminho para onde ele ia (Jo 14.2-4). Os discípulos não entenderam que ele estava falando sobre ir para o Céu e lhe perguntaram como poderiam saber o caminho. Jesus lhes respondeu que ele era o caminho (Jo 14.5,6). Jesus é o caminho para o Pai. Através de Jesus, podemos ter acesso direto a Deus, porque Jesus é Deus. Antes, o pecado era como uma porta fechada entre nós e Deus. Na cruz Jesus abriu a porta, deixando aberto o caminho para Deus. Quem segue Jesus segue seu Caminho para a vida eterna (Hb 10.19,20). Jesus não apenas dizia a verdade, ele é a verdade. Verdade significa algo que é absoluto, que existe, que é real. Jesus é Deus, ele é real, sempre existiu e sempre vai existir. Não existe falsidade nenhuma em Jesus. Jesus é a verdade que nos liberta do poder do pecado (Jo 8.32). Jesus é a fonte de toda a vida. Ele venceu até a morte! O pecado nos separa de Deus, trazendo a morte. Mas, através de Jesus, podemos ser ressuscitados e ter a vida eterna. Quem aceita Jesus como seu salvador agora tem uma vida nova e completa (Jo 11.25,26). Jesus é o único caminho para Deus. Não há outra maneira de nos aproximar de Deus. Apenas Jesus pode tirar nossos pecados, nos permitindo chegar a Deus. Só Jesus nos pode dar a salvação (At 4.11,12).

V. Jesus Cristo - A Videira Verdadeira

Jesus disse que é a videira verdadeira para mostrar como funciona nosso relacionamento com ele. Jesus é a videira, nós somos os ramos que dependem dele e o Pai é o agricultor que cuida de nós. Em Cristo podemos dar muitos frutos. Em João 15.1, Jesus explicou que ele é a videira verdadeira, porque somente nele temos vida. Não existe outra fonte de vida. A videira sustenta e alimenta os ramos. Sem Jesus, morremos.

A Bíblia diz que quando uma pessoa é salva, Jesus mora dentro dela. Espiritualmente, a pessoa morreu para o pecado, junto com Jesus na cruz, e agora recebe nova vida em Jesus. Assim como a seiva da videira dá vida aos ramos, Jesus dá vida aos seus seguidores (Gl 2.20). Jesus também disse nós precisamos dele para dar fruto (Jo 15.4,5). Precisamos estar unidos com Jesus, recebendo vida dele, para crescermos e sermos produtivos. Sem Jesus, não podemos fazer nada.

Somos dependentes de Jesus. Assim como o ramo que não está unido à videira morre e seca, quem se afasta de Jesus fica sem vida (Jo 15.6). Os galhos secos, sem vida, serão destruídos no fogo mas quem está unido a Jesus tem a vida eterna.

Conclusão

Na Bíblia, a verdade é o contrário da injustiça. A injustiça vem da mentira e do engano mas a verdade traz justiça. O diabo luta contra a verdade, porque prefere a mentira e quer nos destruir (Jo 8.44). Ele sabe que a verdade tem poder para nos salvar. De acordo com a Bíblia, a verdade está em Deus. Ele sabe todas as coisas e criou tudo que existe. Deus não mente; tudo que diz é verdadeiro (Sl 119.160). Podemos encontrar a verdade na palavra de Deus. O Senhor revelou a verdade ao mundo através de Jesus. Quando Jesus veio como homem, ele nos mostrou a verdade de uma forma que podemos compreender. Jesus é a expressão exata de Deus na terra e falou apenas a verdade (Jo 1.17,18; Hb 1.3).



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.



quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2020 - Capítulo 2 - A Obra de Jesus Cristo

 


Comentarista: Carlos Alberto Junior


Texto Bíblico Base Semanal:  Hebreus 1.1-12

1. Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,
2. A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
3. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;
4. Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
5. Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho?
6. E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz:E todos os anjos de Deus o adorem.
7. E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, E de seus ministros labareda de fogo.
8. Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.
9. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiuCom óleo de alegria mais do que a teus companheiros.
10. E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos.
11. Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão,

12. E como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão.


Momento Interação

Jesus Cristo realizou muitas obras, porém a obra suprema que Ele consumou foi a de morrer pelos pecados do mundo (Mt 1.21; Jo 1.29). O evento mais importante e a doutrina central do Cristianismo resume-se no seguinte versículo: “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3). “Cristo morreu” é o evento, “por nossos pecados” é a doutrina. A morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza a religião cristã. O ensino dos reformadores era este: quem compreende perfeitamente a Cruz, compreende a Cristo e a Bíblia! É essa característica singular do Evangelho que faz do Cristianismo a única religião que apresenta uma perfeita provisão para o grande problemas da humanidade: o pecado. Jesus é o autor da salvação eterna (Hb 5.9).

Introdução

O ponto central e o assunto mais importante de todos os fundamentos é a vida e a Obra de Jesus. Tudo na vida de um discípulo deriva do relacionamento e do conhecimento que tem da pessoa de Jesus. O objetivo de Deus para nós, como Igreja, é que cheguemos ao "pleno conhecimento do Filho de Deus" (Ef 4.13). Essa é uma jornada para toda a vida, que não pode se limitar apenas à compreensão do estudo abaixo, mas deve prosseguir mediante o estudo da Palavra e da iluminação do Espírito Santo. Jesus não disse que veio trazer uma verdade. Ele disse "Eu sou a verdade". Jesus não veio trazer simplesmente uma religião, nem uma filosofia, nem um conjunto de regras como código de conduta. Jesus veio trazer Ele mesmo. Ele é a ressurreição e a vida. Para receber esta vida temos que conhecê-lo devemos saber quem Ele é, de onde veio, o que Ele falou, o que Ele fez, onde Ele está, etc.

"Aquele que diz que está em Cristo, deve andar como Ele andou", como andaremos como Jesus andou, se não soubermos como foi a vida e a obra de Jesus? "Eu sou o caminho , a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim", (Jo 14.6), Jesus é o único que nos leva ao Pai. Por isso devemos conhecê-lo e saber o que ele fez por nós. Esta proclamação que o evangelho faz da pessoa de Jesus, visa trazer fé aos nossos corações.

I. A Vinda de Cristo ao Mundo

Na verdade são duas as vindas do Messias preditas pelos profetas de Deus. Ambas as representações se contemplam, na verdade, em uma só pessoa. A vinda dupla do Messias é uma crença genuinamente judaica, podendo ser provada nos escritos dos profetas. A primeira fase de Sua vinda foi prevista pelo profeta Daniel e está relatada em Daniel .:24-27, que anuncia a vinda do Messias e Seu sacrifício expiatório, que deu fim ao antigo sistema araônico de purificação dos pecados. O profeta Daniel começa expondo o assunto da seguinte maneira: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade...” (Dn 9.24). Setenta semanas são 490 anos proféticos, e contando um dia profético como um ano (Nm 14.34; Ez 4.6), a contagem perfaz um período de 490 anos literais. O ponto de partida para a contagem das setenta semanas foi dado a conhecer pelo profeta Daniel: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém...” (Dn 9.25 - primeira parte).

A ordem para restaurar e para edificar Jerusalém deu-se através o decreto de Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 a.C.Segundo essa profecia, as primeiras 69 semanas (7+62=69), ou 483 anos proféticos (69 x 7= 483), deviam chegar até ao Messias, o Príncipe: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas;...” (Dn 9.25). A profecia cumpriu-se com exatidão. As 69 semanas (483 anos) deviam chegar ao ano do batismo de Jesus, ocorrido em 27 a.C – (457 a.C. + 483 anos = 27 a.C.).

No final dos 483 anos, em 27 a.C., restavam ainda uma semana, ou sete anos dos 490. A profecia determinava que algo deveria acontecer na metade daquela última semana profética: “Ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares” (Dn 9.27). Como as sessenta e nova semanas terminaram nos fins de 27 a.C, a metade da septuagésima semana ou os três anos e meio, terminariam perto do meado de 31 a.C. com a morte do Messias e por Sua morte fez cessar, ou pôs fim aos sacrifícios e oblações do santuário terrestre. Mais três anos e meio (a última parte da septuagésima semana) terminaria perto do fim de 34 a.C. Assim, mesmo após a morte e ascensão do Senhor, o Evangelho ainda seguiu, por três anos e meio, sendo pregado somente a Israel. Era mister cumprir os 3,5 anos restantes e concluir-se a septuagésima semana. Após o martírio de Estevão (34 a.C), a Congregação fundada por Jesus dispersou-se de Jerusalém e na pessoa de Cornélio, encerrou-se o ministério de pregação exclusiva aos judeus (At 8.1-4; 11.18,19; 13.46-48). Entendemos que a profecia das 70 semanas (490 anos) tinha como objetivo identificar a missão final do Messias na Sua primeira vinda e fazer conhecer ao povo de Israel sobre o tempo exato do início de Seu ministério. É uma profecia totalmente cumprida e concluída nos dias apostólicos.

II. A Vida Terrena de Cristo

Quando perguntamos: Por que a vida terrena do Senhor Jesus deve ser esudada? — é claro que esta questão implica e contém dentro de si mesma outras questões. Por exemplo: Por que foi necessário que Ele estivesse aqui por trinta e três anos? Novamente: Por que foi necessário que a maior parte do tempo fosse gasta numa vida privada, e, até onde sabemos, em segredo? Tentaremos responder essas e outras perguntas subsidiárias, até certo ponto, na medida em que prosseguimos.

A história humana, como tal, apela muito para a emoção, para a imaginação, mas ela não muda o caráter. Não importa quão fascinante, impressionante e comovente ela possa ser, se você apenas deixá-la lá, terá obtido muito pouco do significado real da vida terrena do Senhor Jesus. A vida terrena de nosso Senhor não foi para essas intenções. O registro de Sua vida não foi meramente para nos fornecer uma data e uma informação e uma matéria interessante sobre certo homem _ embora grande e maravilhosa _ que viveu há muito tempo atrás, em tal e tal parte do mundo, e disse e fez tal e tal coisa. Ele não veio para isso. Ele não esteve aqui para trinta e poucos anos, absolutamente.

Sua vida foi para mostrar não meramente que Ele era, em muitos aspectos, diferente dos outros homens, mas que Ele era uma ordem diferente de raça humana em relação ao resto. Até que você tenha reconhecido isto claramente, você não encontrou a chave para a vida terrena do Senhor Jesus. Ele encontrou alguns dos melhores tipos de homens de Seus dias, mas entre Ele e eles havia um grande abismo não havia passagem de um lado para o outro.

III. A Obra Terrena de Cristo

O período da vida terrena de Jesus corresponde aos seguintes acontecimentos; o nascimento de Jesus, a morte de Jesus, ressurreição de Jesus e a ascensão de Jesus. No século I, depois de Cristo o Império Romano controlava o mundo. Já Intelectualidade era exposta pela hegemonia da cultura grega. E a sociedade hebraica vivia sobre o domínio Romano, mas com uma esperança, a manifestação do Messias. Porém, por muito tempo Deus não tinha usado seus santos profetas, um silêncio de quatrocentos anos, conhecido como o período interbíblico, reinava no cenário religioso do judaísmo. A esperança era o surgimento do Messias, só que as profecias relatavam que anterior ao surgimento de Cristo, apareceria um que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda ao nosso Deus (Is 40.3). Esta voz (ou este profeta), foi considerado pelo próprio Jesus como: “entre os que de Mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista (Mt.11.11b). Isto mesmo João Batista filho de Zacarias e Isabel, primo do Senhor Jesus foi o cumprimento da profecia de Isaias 40. 3 , João fez declaração de Jesus ao descrevê-lo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). A declaração de João Batista faz parte das declarações humanas em que exaltam ao Senhor Jesus.

IV. A Mensagem do Evangelho de Cristo

Jesus Cristo veio “pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.14,15). Com a brevidade usual, Marcos expôs o que ele e outros escritores inspirados denominaram o evangelho do reino. Evangelho significa boa nova ou boa mensagem. O reino de Deus estava próximo. Sua vinda estava perto. Os mandamentos de Deus ordenam a todos que se arrependam e creiam nessa jubilosa mensagem.

Nunca houve uma mensagem tão acreditável. O poder miraculoso provava que Jesus falava a verdade; “trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou” (Mt 4.24). O poder sobre os demônios provou ser verdadeira a sua mensagem e anunciou poderosamente a chegada do reino. Acusado de expelir demônios pelo poder de Satanás, Jesus replicou que, se isso fosse verdadeiro, o reino de Satanás estava dividido, condenado à aniquilação. “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus”, ele disse, “certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mt 12.22-30). A vinda do reino de Deus era um golpe mortal em Satanás. A luta foi breve. Ainda que tudo parecesse perdido na cruz, a vitória foi arrebatada da morte quando Cristo ressuscitou. O reino veio! Essa boa nova ressoou em todos os cantos do globo e ainda oferece esperança a todos os pecadores.

Conclusão

Confessar Jesus como o "Cristo" significa que proclamamos que cremos que ele é o ungido de quem os profetas do Velho Testamento tinham profetizado. A palavra "Cristo" é a tradução grega da palavra hebraica "Messias". O eunuco estava dizendo que ele cria que Jesus era o cumprimento da profecia de Isaías. Isto significa que Jesus era aquele apontado por Deus para assumir o ofício real, sacerdotal, do Messias prometido. É necessário crer e querer confessar esta crença. Mas não é a mesma coisa que confessar Jesus como Senhor. Por exemplo, quando Pedro proclamou no Dia de Pentecostes que "... este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" (At 2.36), ele estava dizendo que Deus fez de Jesus duas coisas diferentes: Senhor e Cristo.

Então, falando praticamente, o que afinal é envolvido em confessar Jesus como Senhor? Bem, obviamente a primeira coisa envolvida é falar de nossa aceitação de seu senhorio. Nosso texto de Romanos diz, "Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor..." (Rm 10.9). Mas isso não termina aqui. Somente começa aqui. Jesus, de fato, nem mesmo quer que façamos tal confissão se não estivermos querendo agir sobre ela. Ele não quer que o chamemos "Senhor" e "Mestre" se não queremos comprometer-nos a fazer as coisas que ele diz. Ele disse, "Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?" (Lc 6.46). Em vez disso, nossos atos precisam condizer com nossas palavras: "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Cl 3.17). Confessar o senhorio de Jesus com nossas bocas enquanto não submetemos nossas vidas a ele é inútil. Se ele é verdadeiramente nosso Senhor, então ele domina tanto nossas palavras como nossos atos.


Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.



quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Recomendação de Leitura do Mês - Política Segundo a Bíblia - Wayne Grudem

 



Por Leonardo Pereira


Profundamente no meio evangélico, é um pouco complexo ainda hoje para algumas pessoas, relacionar as temáticas política e a Bíblia Sagrada com a política. Ao longo dos anos, corajosos escritores evangélicos encontram forças, coragem e ousadia para lidar com este tema que encontra um certo tabu para se falar e estudar, seja em ambientes eclesiásticos, ou seja em seminários teológicos. No entanto, graças ao bom Deus, temos em nosso país excelentes obras que lidam com esta temática de maneira bíblica, jurídica, dinâmica em seu modo de leitura, seja aos mais conhecedores do assunto jurídico e teológico, seja também aos que iniciam em suas pesquisas na dinâmica que encontra-se entre a Política, Vida Cristã e a Bíblia. Por isso, elaboramos hoje para todos uma recomendação de uma obra excepcional, no que tange a vida política de acordo com o que encontramos corretamente na Bíblia Sagrada, e o livro recomendado de hoje é Política Segundo a Bíblia - Princípios que todo cristão deve conhecer, do escritor e teólogo Wayne Grudem.

O Livro

A obra de Wayne Grudem pela Editora Vida Nova tem como objetivo trazer uma reflexão ao leitor sobre a importância de todo cristão conhecer a política, bem como o seu direito de exercer a sua participação de maneira racional, bíblica, visando o bem da nação de acordo com a vontade do Senhor. O livro tem por objetivo as questões básicas do conceito político do que encontramos nas Escrituras Sagradas. A obra remete à forte ênfase de que todo cristão por estar envolvido em uma sociedade, principalmente por professar a fé genuína em Cristo Jesus, tem por objetivo participar de forma ativa na política da sua nação, de modo a escolher bons candidatos para conduzir a nação a um bem maior, visando a contribuição para a humanidade, e também para as próximas gerações que devem obter um futuro melhor que os nossos pais e nós mesmos, tivemos. A obra focaliza-se em pensarmos no futuro da nação, a participar da vida política de maneira bíblica, coerente e compreensiva.

O Autor

Wayne Grudem é um autor agregador de valores e também de conceitos cristãos, e mostra-se disposto a dialogar com o seu leitor tais valores e conceitos em sua obra a participação da vida cristã na sociedade. Os argumentos usados em seu livro são perguntas que comumente fazemos à nós mesmos ou as pessoas em nosso redor: As igrejas devem exercer alguma influência na política? Pastores devem pregar sobre temas políticos: Existe somente um posicionamento cristão em relação às questões políticas: A Bíblica traz algum ensinamento a respeito de como as pessoas devem votar? Grudem busca de maneira bíblia e didática responder a estas perguntas aos seus leitores. Longe de ser prepotente ou arrogante ao dialogar sobre política, o escritor busca levar os leitores à reflexão e por esta obra, alcança tal objetivo de maneira magistral, colocando os leitores à uma reflexão e os instigando que participem deste tema que também nos é pertinente.

Diferenciais desta Obra

Esta obra possui peculiaridades no que tange ao seu tema. O seu autor cumpre exatamente o papel do título e do subtítulo quando se trata em falar de política á luz das Escrituras Sagradas. O autor conforme dito anteriormente, parte da convicção de que Deus pretendia que a Bíblia oferecesse orientação para todas as áreas da vida, inclusive no tocante ao modo como os governos devem atuar. Esta obra de Grudem na língua portuguesa é uma edição parcial de 192 páginas que o autor publicou em inglês, pois muitos capítulos da sua obra original (que são de 600 páginas), tratavam de questões específicas do contexto norte-americano. Sendo assim, a Editora vida Nova resolveu fazer uma seleção de capítulos fundamentais para que os cristãos de língua portuguesa pudessem ter acesso a uma visão política segundo a Bíblia Sagrada.

O Convite à Leitura

O convite à leitura desta obra é para que você, querido leitor, possa ter acesso a uma visão ampla de como a Bíblia Sagrada nos concede também respostas a uma participação mais ativa dos cristãos. Assim como temos inúmeros preceitos bíblicos para o nosso viver cotidiano, familiar, trabalhista, eclesiástico, didático, interpessoal, etc; temos nas Escrituras Sagradas, diversos preceitos bíblicos para possuirmos uma visão política segundo à Bíblia Sagrada, o que faz-nos tornar eleitores melhores, seletivos melhores para escolhermos os nossos candidatos, e pensadores reflexivos de um país melhor, de uma nação melhor, com reflexos para o futuro das próximas gerações. Por isso, o convidamos à ler esta magnífica obra.


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2020 - Capítulo 1 - Jesus Cristo - Verdadeiro Homem - Verdadeiro Deus




Comentarista: Carlos Alberto Junior



Texto Bíblico Base Semanal: Hebreus 5.1-10

1. Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados;
2. E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza.
3. E por esta causa deve ele, tanto pelo povo, como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados.
4. E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.
5. Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho,Hoje te gerei.
6. Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque.
7. O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.
8. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.
9. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem;
10. Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

Momento Interação

Nenhuma doutrina foi mais debatida ao longo da história que a Cristologia. Vários concílios da igreja se reuniram ao redor desse tema. A Palavra de Deus revela-nos que Jesus tem duas naturezas distintas: uma divina, outra humana. Jesus é Deus sem deixar de ser homem e homem sem deixar de ser Deus. Este é um glorioso mistério: o menino que nasceu em Belém e foi enfaixado em panos é o criador do universo, o Pai da eternidade. Se Jesus não fosse Deus não poderia oferecer um sacrifício de valor infinito. Se não fosse homem não poderia ser o nosso substituto. Porque é Deus e ao mesmo tempo homem pode ser o mediador entre Deus e os homens. Porque é Deus-homem pôde fazer um sacrifício perfeito, capaz de expiar a culpa de todo aquele que nele crê.

Introdução

A divindade de Cristo é um tema constantemente debatido, principalmente neste tempo, quando lembramos Seu nascimento. Sua natureza humana, de certa forma, passou a ser mais aceita. O Jesus Cristo histórico já não pode mais ser negado. Sabemos muito bem que Jesus viveu entre nós, com as características e qualificações humanas. E para os cristãos ele também viveu como Deus, manifestando o seu poder e glória diante dos homens.Nas quatro biografias de Jesus, os Evangelhos, podemos ver que a encarnação divina era parte do plano de redenção. Fez-se necessário que o Senhor Jesus Cristo viesse ao mundo como homem, experimentando todas as provações e aflições da humanidade.

Conforme nos relata os escritores, Jesus Cristo possuía atributos humanos. Ele sentiu sono, cansaço, fome e sede (Mt 21.18;  4.38 e Jo 4.6). Os Evangelhos também nos relatam que Jesus sofreu, chorou, entristeceu-se e angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41). Já a divindade de Cristo, ela é exposta de forma incontestável em todas as Escrituras. Ele mesmo, ao falar sobre sua natureza divina, disse: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

I. Quem é Jesus Cristo?

Jesus é descrito de vários modos nas Escrituras. Ele é o bom pastor, o Pastor Supremo (Jo 10.11; 1 Pe 5.4), Rei (Ap 19.16; At 2.29-36), profeta (Dt 18.17-19; At 3.22,23; Lc 13.33), Mediador (Hb 8.6) e salvador (Ef 5.23). Cada uma destas descrições salienta alguma função que Jesus desempenha no plano da salvação. Talvez a mais completa descrição de Jesus com respeito a sua obra redentora seja a de sumo sacerdote. O autor de Hebreus também observa a conseqüência inevitável do sacerdócio de Jesus Cristo. Se o sacerdócio for mudado da ordem de Arão para a de Melquisedeque, necessariamente a lei associada com o sacerdócio levítico tem que ser mudada. "Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei" (Hb 7.12). A Lei de Moisés, associada com o sacerdócio levítico, foi anulada quando o sacerdócio foi mudado (Hb 7.18,19).

A obra sacerdotal de Jesus é explicada pelo escritor de Hebreus em termos de atos do sumo sacerdote levita no Dia da Expiação. Exatamente como o sumo sacerdote levita entrava no Santo dos Santos do tabernáculo, isto é, na presença de Deus, com sangue para fazer a expiação pelos pecados, assim Jesus entrou no Santo dos Santos com sangue (H 9.11,12). Mais ainda, Jesus não ofereceu seu sangue num tabernáculo físico, feito por mãos humanas. Ele ofereceu seu sangue na presença de Deus, no céu.

No Dia da Expiação, o derramamento de sangue realmente acontecia fora do Santo dos Santos. Os animais eram mortos e o sangue deles recolhido no pátio do tabernáculo. O sumo sacerdote então oferecia o sangue a Deus quando o aspergia em frente do propiciatório. De modo semelhante, o sangue de Jesus foi derramado na cruz, fora do Santo dos Santos celestial. Ele foi sepultado e no terceiro dia ressurgiu. Depois de 40 dias ele ascendeu ao céu, em sentido figurado, e apresentou seu sangue diante de Deus. É fácil observar a importância da ressurreição a este respeito. Ainda que o sangue seja derramado em sua morte, Jesus realmente ofereceu seu sangue ao Pai quando ascendeu ao céu depois de sua ressurreição (Jo 20.17; At 1.9,10).

II. A Pessoa de Jesus Cristo

A superioridade de Jesus é um dos principais temas do livro de Hebreus, um dos mais fascinantes livros do Novo Testamento. O autor deste livro mostra que Jesus ocupa uma posição acima dos anjos, acima de Moisés, acima dos sacerdotes do Antigo Testamento e acima dos sacrifícios feitos sob a velha Lei. Todos estes argumentos apoiam a conclusão que a Aliança dada por Jesus é superior à Aliança dada por meio de Moisés. As afirmações do primeiro capítulo de Hebreus nos impressionam com a exaltação de Jesus. Sua palavra é mais importante do que as revelações do Antigo Testamento, dadas aos pais e profetas, porque ele é o Filho de Deus. Ele criou o universo e sustenta a criação “pela palavra do seu poder” (Hb 1.2,3). Jesus mostra aos homens a imagem exata do Pai, e habita atualmente na presença do Pai, para onde voltou depois de completar seu trabalho redentor aqui na terra (Hb 1.3,4). Boa parte deste capítulo é composta de citações do Antigo Testamento com comentários explicando seu significado. Vamos observar algumas delas.

“Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Hb 1.5; citação de Salmo 2.7). Alguns usam estas palavras erroneamente para negar a eternidade de Jesus, sugerindo que ele foi gerado no sentido de ser criado pelo Pai. Porém, o próprio contexto citado (Sl 2) e todas as citações deste versículo no Novo Testamento falam da exaltação de Jesus, não do seu nascimento ou criação. Jesus, o eterno “Eu Sou” (Jo 8.24), não passou a existir, mas foi “gerado” quando o Pai o exaltou. “E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6; citação de Salmo 97.7). Este versículo é muito interessante no estudo das afirmações da divindade de Jesus no Novo Testamento. Adoração é reservada exclusivamente para Deus, como o próprio Jesus ensinou (Mt 4.10). Quando o Pai mandou que os anjos adorassem o Filho, ele afirmou a divindade de Jesus!

III. Cristo no Antigo Testamento

Uma leitura superficial de alguns versículos apresenta uma dificuldade, até dando a impressão de uma contradição nas Escrituras. Alguns religiosos aproveitam esta suposta contradição para negar claras afirmações sobre o anulamento da Lei dada aos israelitas no monte Sinai. Em Mateus 5.17,18, Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” Alguns citam esta afirmação para tentar obrigar as pessoas de hoje a guardarem o sábado e outros mandamentos da Antiga Aliança.  

Para compreender este comentário de Jesus, precisamos prestar atenção especial a três palavras que ele usou. A palavra revogar vem de uma palavra grega que significa derrubar, subverter ou destruir. Jesus não veio para subverter a Lei, ele veio para cumprir. A palavra traduzida cumprir significa completar, levar até o fim, realizar ou obedecer. Jesus não pretendia subverter a lei, ele pretendia cumpri-la, assim a levando até o seu determinado fim. A terceira palavra importante é a preposição até. Os céus e a terra poderiam passar, mas a lei não passaria até ser cumprida. Esta palavra (traduzida até, até que, ou enquanto) significa algo que chega até um certo ponto e termina. Deus falou para José ficar no Egito até que ele fosse avisado (Mt 2.13). José não “conheceu” Maria “enquanto ela não deu à luz um filho” (Mt 1.25). Na morte de Jesus, houve trevas até à hora nona (Lc 23.44). A Lei não perdeu sua força até ser cumprida por Jesus.  

O autor de Hebreus usou uma palavra diferente, embora traduzida em algumas Bíblias pela mesma palavra portuguesa, quando disse: “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hb 7.18,19). Revogar, neste trecho, significa anular, abolir, ou remover. No mesmo capítulo, ele falou da mudança (ou remoção) da lei (Hb 7.12). Os cristãos não estão “subordinados” à Lei (Gl 3.24,25). Mesmo os cristãos judeus, que estavam sujeitos à lei, foram libertados dela (Rm 7.6). O escrito da dívida foi removido inteiramente na cruz, pois Jesus cumpriu aquela Lei (Cl 2.14). Após a morte do Testador, a Nova Aliança tomou seu lugar (Hb 8.6-13; 9.15-17). Jesus não subverteu a Lei do Antigo Testamento; ele cumpriu e removeu aquela e nos deu a Nova Aliança.

IV. Cristo - Senhor de nossas Vidas

De acordo com a História, um dos tópicos mais controvertidos entre os que afirmam seguir a Bíblia tem sido a natureza de Jesus e sua relação com o Pai. Nos primeiros cinco séculos após a encarnação de Cristo, os cristãos passaram pelas chamadas "controvérsias cristológicas": vários grupos defendiam visões completamente diferentes com respeito à natureza de Jesus Cristo e do ser divino. Isso talvez não nos cause nenhum espanto. Satanás desejaria mais do que nunca introduzir entre os discípulos erros no que se refere à natureza de Deus, sendo esses erros básicos e extremamente prejudiciais. Além disso, qualquer ser humano que tente compreender a natureza de Deus está lidando com um assunto muito mais profundo que ele mesmo. É natural tentar reduzir Deus às condições humanas e começar a analisá-lo de acordo com as limitações humanas. Mesmo hoje, há acirradas controvérsias entre os supostos seguidores do Senhor Jesus no que diz respeito à natureza e ao conceito da divindade. 

É importante começar qualquer estudo com a postura correta. Precisamos sempre estar dispostos a submeter os nossos conceitos ao significado imparcial dos textos bíblicos. Consultar a Bíblia para tentar provar o que já decidimos ser a nossa crença é perigoso e muitas vezes leva a equívocos. Se as nossas concepções nos obrigam a torcer as Escrituras para que se encaixem ao que pensamos, então devemos abandonar os nossos conceitos. Nem tudo na Bíblia nos parecerá sábio e razoável. A sabedoria de Deus não se sujeita à nossa avaliação. Por causa das nossas limitações, a sabedoria de Deus às vezes parece tola. Não é necessário que tudo tenha sentido para nós nem que tudo seja coerente, mas pela fé devemo-nos submeter ao que a Palavra de Deus claramente afirma sem rodeios (1 Co 1-2).

Vários grupos negam a absoluta divindade de Cristo. Os testemunhas de jeová, por exemplo, negam que Jesus seja Deus com d maiúsculo. Segundo eles, ele é um deus, um arcanjo muito elevado, mas não é igual a Deus Pai. Os teólogos modernos muitas vezes ensinam que Jesus era um grande homem, um mestre maravilhoso e um grande profeta , mas não Deus na verdade. A Bíblia ensina que Jesus é Deus.

Há vários "porém" que devem ser ligados a essa afirmação. Quando Jesus se fez carne, passou a ser humano. Participou da nossa natureza; submeteu-se à experiência humana. Assim, experimentou a fome, a sede, o cansaço. Nas palavras de Paulo: "pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2.6-8). É importante entendermos que, quando Jesus se fez homem, não deixou de ser Deus. Ele era Deus vivendo como homem. Mas restringiu-se a forma e a limitações muito diferentes da natureza de sua existência eterna. Ao afirmar que Jesus é Deus, então, não estamos tentando negar a realidade de Jesus ter-se tornado um ser humano verdadeiro. Afirmar que Jesus é Deus não é afirmar que ele é o Pai. 

Conclusão

Seria válido admitir já de início neste estudo que se acha revelada nas Escrituras uma nítida diferença entre o papel do Pai e o do Filho. Uma delas é que foi o Filho que se fez carne, não o Pai. Mas, o que é mais fundamental, o Pai parece ser revelado na Palavra como o planejador e diretor, e o Filho, como o concretizador. O Filho submeteu-se à vontade do Pai. Nesse sentido, Jesus afirmou: "O Pai é maior do que eu" (Jo 14.28). Entendemos que, de acordo com as Escrituras, o marido deve ser o cabeça da esposa, e ela deve submeter-se ao marido. Mas isso não significa que o marido seja superior em essência; simplesmente tem um papel de autoridade. Tanto marido quanto mulher são plena e igualmente humanos. Da mesma forma, a liderança do Pai e a submissão do Filho não implicam diferença de natureza. Ambos são plena e igualmente divinos.



Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. O Evangelho do Médico Amado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.