Texto Bíblico Base Semanal: Atos 17.22-29
22. E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos;
23. Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.
24. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
25. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;
26. E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;
27. Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;
28. Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.
29. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.
Momento Interação
Prezados irmãos, estamos iniciando mais um Comentário Bíblico Mensal. Nesta oportunidade, nos atentaremos sobre a temática da praticidade cristã. Vivemos atualmente em um período de dicotomia evangélica muito forte, resultando em negatividade para o Povo de Deus. Por isso, neste mês estamos estudando o tema: Credo e Conduta. O comentarista deste mês é o irmão Marcos Rogério. Ele é Ministro do Evangelho, editor, articulista, escritor, professor de estudos bíblicos do Novo Testamento, e Editor-Educacional do Ministério Evangelho Avivado. Que neste mês possamos compreender a profundidade e a preciosidade do Santo Evangelho de Jesus Cristo.
Introdução
Jesus foi um exegeta e apologeta, defendeu e interpretou corretamente as Escrituras. Não veio mudá-las ou diminuí-las, mas exaltá-las e esclarecê-las. A má compreensão da missão de Jesus levou os fariseus a acusarem-no de ir contra a Torah conhecida como lei de Moisés embora nem Moisés era legislador e bem escreveu as Escrituras de si mesmo. Jesus é o personagem principal da Torah, o cordeiro, o sacerdote, o sumo sacerdote, o pão, o sangue, etc...
Jesus disse que a Palavra de Deus testifica dEle. "Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna e são elas mesmas que testificam de mim" (Jo 5.39). Cristo é o centro das Escrituras, o personagem principal. Todas as doutrinas bíblicas são cristocêntricas. A igreja é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus a pedra angular (Ef 2.20). A Bíblia é a verdade absoluta nesse mundo de mentiras e incertezas e a Bíblia trás os ensinos de Jesus. Na era pós moderna o homem quem um deus do jeito dele, um culto e uma religião do jeito dele e até a Bíblia é interpretada de acordo com as conveniências de cada um. Não se crê em um padrão moral universal e eterno e nem em uma verdade absoluta. O homem é seu próprio guia e cada um tem sua própria verdade é faz da sua consciência individual seu padrão moral. Tudo é relativo e a emoção predomina sobre a razão e quem discorda é rotulado como retrógrado, arcaico e antiquado sendo chamado de fundamentalista. Se cremos em Jesus cremos nas doutrinas bíblicas ensinadas por Ele.
I. Cristo Jesus - A Centralidade do Evangelho
O nome aramaico Yeshua assimilado pela língua hebraica significa Salvação, é uma abreviação do nome de Josué Yehoshua (YHWH é Salvação) que significa Deus é a Salvação. Jesus em nosso idioma é a transliteração de Yeshua, um nome muito comum nos tempos do Novo Testamento que expressava a fé dos pais hebreus em um Salvador vindo da parte do Pai. Quando o anjo Gabriel visitou José lhe disse que chamasse seu filho de Jesus dizendo: "porque ele salvará o seu povo dos pecados deles". Esse nome identificava o filho de Maria gerado do Espírito Santo (Mt 1.20) como Aquele em quem se cumpririam as profecias messiânicas e as promessas do Antigo Testamento.
Os três Evangelhos Sinópticos e o Evangelho de João estão repletos de testemunhos que confirmam que Jesus é o centro do Evangelho e Aquele em quem se cumpririam as promessas e profecias bíblicas. João Batista, o último profeta messiânico se identificou como o precursor do Messias prometido nas Escrituras, ver (Mt 3.1-12; Mc 1.2-8; Lc 3.1-18; Jo 1.19.34). Quando Filipe encontrou seu irmão Natanael disse: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, Filho de José" (Jo 2.45).
O Senhor Jesus, após sua ressurreição apareceu a dois discípulos a caminho de uma aldeia chamada Emaús que ficava a sessenta estádios de Jerusalém, cerca de dez quilômetros encaminhou a mente dos discípulos às Escrituras. "E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Pouco tempo depois, apareceu aos onze e novamente chamou a atenção deles para Ele como aquele de quem as Escrituras testificavam e lhes disse: "São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 24.44). A expressão lei de Moisés se refere a Torah, palavra hebraica que significa Instrução e se refere ao nosso Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, Profetas significa os livros proféticos do Antigo Testamento conhecidos como os profetas maiores e profetas menores e os Salmos representa os livros poéticos do Antigo Testamento. Essas três grandes divisões das Escrituras hebraicas tem Jesus e Seu ministério em prol da salvação do homem como o centro de suas mensagens. Paulo explicou isso dizendo que o fim da lei é Cristo (Rm 10.4), mostrando que a Torah assim como as demais Escrituras apontam para Cristo. A palavra grega usada por Paulo traduzida por fim é telos que significa finalidade, objetivo.
As Escrituras Sagradas apontam para Cristo como o personagem principal, o mais importante (Jo 5.39). Sobre Jesus disse João que "Isaías viu a glória dele e falou a seu respeito" (Jo 12.41). Em Isaías 6.1-5 temos o relato de uma visão da glória de Deus e em Isaías 53 vemos o Deus na cruz. Jesus era a esperança do povo de Deus no Antigo Testamento e sua segunda vinda é a bendita esperança da igreja (Tt 2.13). A primeira profecia messiânica encontra-se em (Gn 3.15) onde um descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente trazendo a vitória ao povo de Deus.
II. Fundamentos da Fé Cristã
A fé é um dos elementos fundamentais do cristianismo. Habacuque disse que o justo viverá pela fé (Hc 2.4). O Novo Testamento menciona a declaração de Habacuque três vezes, ver (Rm 1.17; Gl 3.17 e Hb 10.38). A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Cristo (Rm 10.17). O autor de Hebreus, possivelmente o apóstolo Paulo dedicou o capítulo 11 de Hebreus para tratar exclusivamente da fé.
A fé é o fator primordial na vida de um crente. Desde a experiência mais elementar como crer no Evangelho até a mais elevada quando já somos crescidos em vida. Não há viver cristão sem fé. A salvação do crente é pela graça mediante a fé para boas obras (Ef 2.8-10). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Em Hebreus no capítulo 11 vemos uma lista de homens e mulheres que viveram nos tempos do Antigo Testamento e que foram justificados diante de Deus pela fé e que pela fé obtiveram bom testemunho.
A fé não se limita a uma crença, mas a uma fé que se torna evidente por meio das obras manifestas. Deus chama cristãos à ação. Somos chamados para servir. A fé é criacionista, ou seja, nossa fé se baseia no nosso Deus que é o Criador (Hb 11.3), mas contrariamente ao deísmo é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6). A fé não anula a obediência, caso contrário seria presunção e não fé. Em Apocalipse 14.12 lemos que a fé em Jesus é acompanhada da obediência aos mandamentos de Deus, em Hebreus 11.4 diz que pela fé de Abel ele ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim.
Enoque, antes da sua trasladação obteve testemunho de ter agradado a Deus (Hb 11.5). Pela sua fé, Noé construiu a arca (Hb 11.7). Pela sua fé Abraão quando chamado obedeceu a Deus e partiu de sua terra sem saber para onde ia (Hb 11.8). Pela fé, quando provado ofereceu a Deus seu próprio filho crendo que Deus poderia trazê-lo de volta à vida (Hb 11.17-19).
III. As Palavras de Cristo no Presente Século
Jesus foi o homem mais emblemático da história da humanidade, por ser Deus em forma humana Suas palavras cheias de amor, compaixão e sabedoria ecoam através dos séculos. Dividiu a história em antes e depois dele. Enriqueceu o mundo de lições morais. Milhares de livros foram escritos tratando de Jesus, Sua identidade e Sua mensagem, mensagem essa que chega até nossos dias carregadas da mesma solenidade e importância quando saíram dos lábios do Salvador na Palestina a dois mil anos. A mensagem de Jesus é universal e eterna.
Qual a mensagem de Jesus para o homem pós-moderno? Qual a mensagem de Jesus para nós que vivemos em pleno século XXI? A mensagem de Jesus inspirou músicas, filmes, seriados, novelas, desenhos animados. A mensagem de Jesus impactou gerações, transformou vidas. A mensagem de Jesus atravessou séculos e chegou até nossos dias. Pessoas cultas e simples foram impactadas com essa mensagem. Mas o que faz essa mensagem tão importante? Pedro disse a Jesus: "Tu tens as palavras da vida eterna" (Jo 6.68). O próprio Senhor Jesus havia dito: "as palavras que eu vos digo são espírito e são vida" (Jo 6.63).
A relevância das palavras de Jesus para nossos dias é que a mensagem de Cristo nos trás a vida eterna. Quem é alcançado, tocado e transformado pela mensagem de Jesus passada morte para a vida eterna. "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (Jo 3.24). Os ensinos de Jesus transcendem o tempo. São incrivelmente atuais e têm um poder transformador. Permita que sua vida seja renovada pelos ensinos do mestre que deixou seu exemplo e suas palavras como um legado de esperança. O tesouro desses ensinos é de valor incalculável, mas está ao seu alcance para ser apreciado e recebido, em resposta ao amor de um Deus que entregou o que tinha de mais precioso: Seu filho amado, Jesus Cristo.
Conclusão
O mais interessante nos ensinos e exemplos do Senhor Jesus é que embora Ele sendo o personagem principal das Escrituras Sagradas nunca se exaltou a Si mesmo, mas exaltava o Pai. Enquanto o mundo busca fama, atenção, riquezas e reconhecimento, Jesus "... subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz" (Fp 2.8-11).
O altruísmo e a empatia caracterizaram a vida terrestre do Senhor Jesus. Seu amor se demonstrou no sacrifício de si mesmo por Seus amados. A mais nobre expressão de amor é a renúncia de si mesmo pelo bem do outro. "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus amigos" (Jo 15.13).
Foi o fato de Jesus viver o que pregou, não ensinando teorias, mas demonstrando na prática os princípios do Evangelho que conferiu poder às suas pregações de modo que "as multidões se maravilhavam de sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas e fariseus" (Mt 7.28,29), mesmo porque os fariseus não viviam o que pregavam (Mt 23.3). Jesus, ao contrário foi nosso exemplo (1 Jo 2.6). Foi o amor e a humildade do Senhor Jesus que fizeram com que Sua mensagem tivesse o poder de impactar gerações e transpor os séculos até nossos dias. O Espírito Santo ungia Seus lábios com graça a qual era transmitida aos outros.
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