Capítulo 2: Frutos Dignos de Arrpendimento

 





Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 3.1-10

1. E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia,
2. E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
3. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.
4. E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
5. Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
6. E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
7. E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?
8. Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
9. E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.
10. E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.

Momento Interação

Nossa raiz de malignidade foi extirpada na morte e, enxertada em Cristo, renasce para uma frutificação digna de reconhecimento da obra graciosa de Deus em favor de quem só produzia espinhos e azedava os relacionamentos pela arrogância de querer ser melhor, maior e cheio de razão. Cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus. Filipenses 1.11. Há um processo de santificação em curso, não há mais voluntariedade em servir nossos interesses, o foco é viver de maneira que dignifica o Salvador. Não é preciso o esforço, é a naturalidade da ação poderosa da vida genuína do filho com as características do Pai.

O arrependimento autêntico é acompanhado de mudança de vida em aspectos fundamentais como agradecimento, generosidade, misericórdia, desapego do amor ao dinheiro, perdão e descanso. Gálatas 5.22: "Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança". Quem poderá genuinamente produzir estes frutos sem que a raiz tenha sido mudada? A vida nova será frutífera, pois pelo Espírito reconhece a condição de redimido, incapaz e que foi abençoado pela graça. É a condição de mendigo agradecido que agora quer viver de forma a agradar aquele que tudo fez em seu favor. 

É a profunda convicção de estar talhado para o fracasso e a morte eterna e ser graciosamente tocado por um Salvador terno e misericordioso. É um estado de alegria por saber que nada somos e mesmo assim fomos alvo de tão grande livramento. Salmos 103.10: "Não nos tratou segundo nossos pecados, nem nos retribuiu segundo nossas iniquidades. Nesta permuta nós entramos com a pecaminosidade e recebemos a santidade e um relacionamento de Pai para filho".

Introdução

A problemática entorno do que é ‘arrependimento’ está em determinar qual o conceito de ‘fruto do arrependimento’ que João Batista utilizou. O fruto não diz das ações dos homens, antes diz do fruto dos lábios, ou seja, o fruto do arrependimento é o que se professa através da boca. A mensagem de João Batista, o homem comissionado para preparar o caminho do Senhor Jesus, foi o primeiro a anunciar a necessidade de arrependimento (Mt 3.1 -8), e este também foi o ponto principal da mensagem de Cristo (Mt 4.17). A importância do arrependimento é tamanha que os apóstolos não deixaram de anunciá-lo (Mc 6.7 -13 ; At 2.38 ; At 20.20,21). Ora, como a mensagem de João Batista tinha o fito de preparar (preparar) o caminho do Senhor, não podemos negar que a mensagem de arrependimento visa preparar a compreensão dos homens para a mensagem de Cristo (Mt 3.3). O apóstolo Paulo demonstra que Deus não leva em conta o tempo da ignorância, porém, com o advento do Messias, em tempo aceitável todos os homens, sem exceção, são notificados a se arrependerem (At 17.30).

I. A Mensagem de João Batista

Em nossos dias as pessoas procuram o fruto do arrependimento nas ações dos homens, mas não foi por questões comportamentais que João Batista protestou contra os escribas e fariseus que vieram ao batismo, visto que, posteriormente, o próprio Senhor Jesus disse que estes religiosos pareciam justos aos olhos dos demais homens. A problemática entorno do que é ‘arrependimento’ está em determinar qual o conceito de ‘fruto do arrependimento’ que João Batista utilizou. O fruto não diz das ações dos homens, antes diz do fruto dos lábios, ou seja, o fruto do arrependimento é o que se professa através da boca.

Por exemplo: Os escribas e fariseus professavam que eram filhos de Deus por serem descendentes de Abraão, porém, caso se arrependessem, deveriam professar que eram filhos de Deus pela fé no Descendente de Abraão, que é Cristo, o reino de Deus entre os homens. No entanto, não foi isto que João Batista presenciou, visto que os escribas e fariseus que vinham e eram batizados, continuavam professando segundo as suas próprias presunções: Temos por Pai Abraão. Quando há uma revolução no modo de pensar o homem deixa o que presumia e abraça um novo conceito. Deste modo, passa a professar uma nova doutrina, um novo pensamento, o que demonstra que se arrependeu de fato.

No que tange a salvação, os lábios de quem verdadeiramente arrependeu-se professa a Cristo (Hb 13.15), pois este é o fruto dos lábios criado por Deus (Is 57.19). Como a boca fala o que há em abundância no coração, certo é que, aqueles que receberam a semente do evangelho produzem a 30, 60 e 100, pois está ligado à oliveira verdadeira “Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta” (Mt 3.23).

II.  Conversão e Salvação

A palavra arrependimento é a tradução da palavra grega “metanoia” que significa “mudança de mente, mudança de pensamento ou de ponto de vista acerca de uma matéria”. Significa possuir outra atitude mental, outra concepção, que geralmente vem através de uma revolução no ponto de vista que o homem possui. O arrependimento se dá por um motivo palpável, pois a palavra da qual ‘arrependimento’ é a tradução no Novo Testamento, tem como sentido primário ‘reflexão posterior’, e como sentido secundário ‘mudança de pensamento’, ou seja, arrepender-se é refletir e mudar de concepção.

Do ponto de vista humano, o homem se arrepende de algo que pretendia fazer ou de algo que já fez. Ora, para se arrepender de algo que já praticou ou que iria fazer, num primeiro instante é necessário um motivo que leve a reflexão e, posteriormente, a uma mudança de pensamento. Do ponto de vista bíblico, o arrependimento não é diferente, visto que a necessidade de arrependimento é motiva pela chegada do reino dos céus “… porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2). Cristo é o motivo apresentado por João Batista que haveria de trazer uma revolução no modo de pensar a salvação. A mensagem de Cristo é revolucionária, visto que desconstruía questões bem definidas pelos judeus de como alcançar a salvação, tais como: ser filho de Abraão, ser seguidor da lei.

Cristo é o motivo apresentado por João Batista que haveria de trazer uma revolução no modo de pensar a salvação. A mensagem de Cristo é revolucionária, visto que desconstruía questões bem definidas pelos judeus de como alcançar a salvação, tais como: ser filho de Abraão, ser seguidor da lei. A visão do Messias é revolucionária, visto que, qualquer homem que repousava no fato de ser descendente de Abraão precisava mudar radicalmente o seu conceito, deixando de presumir por si mesmo como se alcança a salvação, abraçando o que é proposto por Cristo (Mt 3.9).

III. Frutos Dignos de Arrependimento

Quando o homem se arrepende, ele muda sua concepção acerca de como se alcança a salvação em Deus. É neste momento que o homem torna-se discípulo e passa a ser um só corpo com Cristo, e a Verdade o torna livre do pecado (Jo 8.31,32). Através da união (conhecer) com Cristo, a verdade que liberta, o homem é de novo gerado e, nesta geração compartilha de uma nova natureza e, por conseguinte, passa a professar segundo o que aprendeu de Cristo: esse é o fruto genuíno, pois está ligado à oliveira verdadeira (Mt 3.9). Quando se professa a verdade do evangelho segundo as escrituras, o homem produz o fruto da mudança de pensamento, mas, em nossos dias, não se busca este fruto proveniente de Deus, antes os homens imersos na religiosidade buscam o fruto do arrependimento única e exclusivamente nas ações dos homens (Is 57.19 ; Os 14.8; Jo 15.5).

Muitos cristãos consideram que, se houver mudança de comportamento, houve arrependimento, porém, é bem certo que, se não houve mudança de concepção, surgiu somente mais um hipócrita no mundo, pois somente o exterior foi limpo, e o interior está cheio de rapina (Mt 23.25). Muitos judeus diziam ‘crer’ em Cristo, porém, quando lhes foi oferecido liberdade, rejeitaram-na, pois a mudança de compreensão (arrependimento) não ocorreu neles (Jo 8.33). Rejeitaram a Cristo e continuaram a professar que eram filhos de Deus por serem descendentes da carne de Abraão (Jo 8.38). João Batista foi comissionado para preparar o caminho do Senhor, ou seja, tinha a missão de aplainar, tornar a mensagem de Cristo compreensível ao seu povo. Ele deixou bem claro em seu ministério que, não basta ao homem judeu dizer que tem por pai a Abraão, porém, os judeus não mudaram de concepção.

Conclusão

Qualquer mudança comportamental, qualquer transformação nas disposições internas do indivíduo, ou o simples fato de dizer que crê em Cristo (Jo 8.31), mas permanecendo a confiança de que jamais foi escravo de ninguém (pecador), não passa de obras mortas. Isto porque as boas ações dos homens só são aceitas por Deus quando se está unido a Ele. Fora d’Ele, as obras dos homens são mortas, visto que quem as produziu também está morto para Deus: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). A ordem é objetiva: arrependei-vos, ou seja, abandonem a concepção de vocês e descansem (crede) nas boas novas do evangelho. Deixem de dizer (fruto dos lábios) somos descendentes de Abraão, e crede no Descendente de Abraão.

Quando a Bíblia recomenda o arrependimento, não diz que os pecadores devam arrepender-se de suas ações, antes que os pecadores mudem de concepção (gr. metanoia) em decorrência da chegada do reino dos céus. Observe o que Jesus disse dos fariseus: não vim chamar os justos, ou seja, os religiosos que praticavam ações justas aos seus próprios olhos, mais sim os pecadores, aqueles que não se refugiavam em suas ações e origem carnal, ao arrependimento “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento“ (Mc 2.17).

Ou seja, a mensagem de arrependimento não alcançam aqueles que se acham justos e que possuem práticas que os mantém separados dos demais homens. Antes, a mensagem de arrependimento é para os que sentem necessidade de Deus “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.32).


 


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