Capítulo 2: Mateus - O Evangelho do Rei dos Reis




Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 21.1-11

1. E, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou, então, Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
2. Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos.
3. E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os há de mister; e logo os enviará.
4. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz:
5. Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem,Manso, e assentado sobre uma jumenta,E sobre um jumentinho, filho de animal de carga.
6. E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara,
7. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
8. E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
9. E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
10. E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este?
11. E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia.

Momento Interação

O primeiro livro do Novo Testamento é um dos quatro registros da vida de Jesus conhecidos como os evangelhos. Mateus escreveu principalmente para mostrar aos judeus que Jesus é o Messias das profecias do Antigo Testamento, mas o livro é valioso para todos – judeus e outros – para conhecer o Filho de Deus e seu trabalho importante aqui na terra. No estudo de Mateus, temos o privilégio de examinar a vida da pessoa mais importante de toda a história. Depois de séculos de profecias nas Escrituras judaicas, a esperança dos servos de Senhor foi realizada na vinda ao mundo de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele apresentou desafios críticos para seus ouvintes e, por meio deste registro escrito, para todos nós. Jesus nos chama para uma transformação de caráter para nos tornarmos cidadãos do reino de Deus!

Introdução

O objetivo de Mateus é evidente na estrutura deste livro, que agrupa os ensinamentos e atos de Jesus em cinco partes. Este tipo de estrutura, comum ao judaísmo, pode revelar o objetivo de Mateus em mostrar Jesus como o cumprimento da lei. Cada divisão termina com uma fórmula como: “Concluindo Jesus estes dircusos...” (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1). No prólogo (1.1-2.23), Mt mostra que Jesus é o Messias ao relacioná-lo às promessas feitas a Abraão e Davi. O nascimento de Jesus salienta o tema do cumprimento, retrata a realeza de Jesus e sublinha a importância dele para os gentios. A primeira parte (caps. 3-7) contém o Sermão da Montanha, no qual Jesus descreve como as pessoas devem viver no Reino de Deus. A Segunda parte (8.1-11.1) reproduz as instruções de Jesus a seus discípulos quando ele os enviou para a viagem missionária. A Terceira parte (11.2-13.52) registra várias controvérsias nas quais Jesus estava envolvido e sete parábolas descrevendo algum aspecto do Reino dos céus, em conexão com a resposta humana necessária. A Quarta parte ( 13.53-18.35) o principal discurso aborda a conduta dos crentes dentro da sociedade cristã (cap 18). A quinta Parte (19.1-25.46) narra a viagem final de Jesus a Jerusalém e revela seu conflito climático com o judaísmo. Os caps. 24-25 contêm os ensinamentos de Jesus relacionados à últimas coisas. O restante do Livro (26.1-28.20) detalha acontecimentos e ensinamentos relacionados à crucificação, à ressurreição e à comissão do Senhor à Igreja. A não ser no início e no final do Evangelho, a disposição de Mateus não é cronológica e não estritamente biográfica, mas foi planejada para mostrar que o Judaísmo encontra o cumprimento de suas esperanças em Jesus.

I. O Evangelho de Mateus

Este Evangelho apresenta Jesus como o cumprimento de todas as expectativas e esperanças messiânicas. Mateus estrutura cuidadosamente suas narrativas para revelar Jesus como cumpridor de profecias específicas. Portanto, ele impregna seu Evangelho tanto com citações quanto com alusões ao AT, introduzindo muitas delas com a fórmula “para que se cumprisse”. No Evangelho, Jesus normalmente faz alusão a si mesmo como o Filho do Homem, uma referência velada ao seu caráter messiânico (Dn 7.13,14). O termo não somente permitiu a Jesus evitar mal-entendidos comuns originados de títulos messiânicos populares, como possibilitou-lhe interpretar tanto sua missão de redenção (como em 17.12,22; 20.28; 26.24) quanto seu retorno na glória (como em 13.41; 16.27; 19.28; 24.30,44; 26.64).

O uso do título “Filho de Deus” por Mateus sublinha claramente a divindade de Jesus (1.23; 2.15; 3.17; 16.16). Como o Filho, Jesus tem um relacionamento direto e sem mediação com o Pai (11.27). Mateus apresenta Jesus como o Senhor e Mestre da igreja, a nova comunidade, que é chamada a viver nova ética do Reino dos céus. Jesus declara: “a igreja” como seu instrumento selecionado para cumprir os objetivos de Deus na Terra (16.18; 18.15-20). O Evangelho de Mateus pode ter servido como manual de ensino para a igreja antiga, incluindo a surpreendente Grande Comissão (28.12-20), que é a garantia da presença viva de Jesus.

II. Data e Autoria do Evangelho de Mateus

Embora este evangelho não identifique seu autor, a antiga tradição da igreja o atribui a Mateus, o apóstolo e antigo cobrador de impostos. Pouco se sabe sobre ele, além de seu nome e ocupação. A tradição diz que, nos quinze anos após ressurreição de Jesus, ele pregou na Palestina e depois conduziu campanhas missionárias em outras nações. Evidências externas, como citações na literatura cristã do Séc I, testemunham desde cedo a existência e o uso de Mt. Líderes da igreja do Séc. II e III geralmente concordavam que Mateus foi o primeiro Evangelho a ser escrito, e várias declarações em sues escritos indicam uma data entre 60 e 65 d.C.

III. Mateus - Testemunhar Ocular de Cristo

O Evangelho de Mateus foi o evangelho predileto da Igreja nascente e trata, essencialmente, da instrução narrativa sobre a vinda do Reino dos Céus. Ele reproduz o ensinamento de Jesus de maneira mais completa do que Marcos, insistindo sobre a chegada do Reino. O Reino de Deus (ou Reino dos Céus) deve restabelecer entre os homens a autoridade soberana de Deus como Rei reconhecido, servido e amado, tendo sido, tal Reino, preparado e anunciado pela antiga aliança firmada com o povo judeu.

Importante lembrar que Mateus escrevia para a comunidade judaica e, neste sentido, Mateus aplica-se a mostrar o cumprimento das Escrituras na pessoa e na obra de Jesus. Em todo seu evangelho, Mateus refere-se ao Antigo Testamento para provar como A Lei e os Profetas são cumpridos e não somente são realizados em sua expectativa, mas levados a uma perfeição que os coroa e os ultrapassa. Esse aspecto do evangelho de Mateus é sem dúvida o mais marcante de todos e o distingue dos demais evangelhos sinóticos.

Mateus volta seu discurso integralmente para a confirmação de Jesus como o Messias anunciado e confirma-o com textos das Escrituras quanto à: 1) sua origem: a raça davídica de Jesus (1.1-17), seu nacimento de uma virgem (1.23), em belém (2.6), sua estada no Egito, seu estabelecimento em Cafarnaum (4.14-16), sua entrada messiânica em Jerusalém (21.5-16); 2) suas obras e curas milagrosas (11.4,5); 3) seu ensinamento que 'realiza' a Lei (5,17) dando-lhe uma interpretação nova e mais interior (5.21-48; 19.3-9; 16-21); 4) sua humildade e o aparente 'fracasso' dessa obra: o massacre dos Inocentes (2.17), a infância escondida em Nazaré (2.23), a mansidão compassiva do "Servo" (12.17-21; 8.17; 11.29; 12.7); o abandono dos discípulos (26.31), o preço vergonhoso da traição (27, 9-10), a prisão (26.54), o sepultamento durante três dias (12.40); a incredulidade das multidões (13.13-15) e sobretudo dos discípulos dos fariseus ligados as suas tradições humanas (15.7-9) e aos quais não pode ser dado mais que um ensinamento misterioso em parábolas (13.14-15.35).

IV. O Propósito do Evangelho do Grande Rei

A atividade do ES é evidente em cada fase e ministério de Jesus. Foi por meio do poder do Espírito que Jesus foi concebido no ventre de Maria (1.18-20). Antes de Jesus começar seu ministério público, ele foi tomado pelo Espírito de Deus (3.16) e foi conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo como preparação adicional a seu papel messiânico (4.1). O poder do Espírito habilitou Jesus a curar (12.15-21) e a expulsar demônios (12.28). Da mesma forma que João imergia seus seguidores na água, Jesus imergirá seus seguidores no ES (3.11). Em 7.21-23, encontramos uma advertência dirigida contra os falsos carismáticos, aqueles que na igreja, profetizam, expulsam demônios e fazem milagres, mas não fazem a vontade do Pai. Presumivelmente, o mesmo ES que inspira atividades carismáticas também deve permitir que as pessoas da igreja façam a vontade de Deus (7.21).

Jesus declarou que suas obras eram feitas sob o poder do ES, evidenciando que o Reino de Deus havia chegado e que o poder de satanás estava sendo derrotado. Portanto, atribuir o ES ao diabo era cometer um pecado imperdoável (12.28-32). Em 12.28, o ES está ligado ao exorcismo de Jesus e à presente realidade do Reino de Deus, não apenas pelo fato do exorcismo em si, pois os filhos dos fariseus (discípulos) também praticavam exorcismo (12.27). Mas precisamente, o ES está executando um novo acontecimento com o Messias—”é chegado a vós o Reino de Deus” (v.28). Finalmente, o Espírito Santo é encontrado na Grande Comissão (28.16-20). Os discípulos são ordenados a ir e a fazer discípulos de todas as nações, “batizando-os em nome do Pai, do Filho e do ES” (v.19). Isto é, eles deveriam batizá-los “no/com referência ao “ nome— ou autoridade– do Deus Triúno. Em sua obediência a esta missão, os discípulos de Jesus têm garantida sua constante presença com eles.

Conclusão

O anúncio da vinda do Reino acarreta uma conduta humana que em Mateus se exprime sobretudo pela busca da justiça e pela obediência à Lei. A justiça é o tema preferido de Mateus (3.15; 5.6.10.20; 6.1.33; 21.32) e é a resposta humana de obediência à vontade de Deus (até mais que o perdão para Paulo). A vontade da Lei (Torah) mosaica é afirmada (5.17-20), mas seu desenvolvimento pelos fariseus é rejeitado em favor de sua interpretação por Jesus, que insiste sobretudo nos preceitos éticos, no Decálogo, e nos grandes mandamentos do amor de Deus e do próximo, e que fala de outros assuntos (o divórcio [5.31-32; 19.1-10]) à medida que eles revestem aspecto moral.

Mateus também se distingue por seu interesse explícito pela Igreja (16.18; 18.17 [duas vezes]) e procura dar à comunidade dos fiéis princípios de conduta e chefes autorizados. Tais princípios são evocados nos grandes discursos, sobretudo no capítulo 18, que contém princípios em vista de tomar decisões e de resolver conflitos: a solicitude pela ovelha extraviada e pelos pequeninos, o perdão e a humildade. Para Mateus, Jesus é Filho de Deus e Emanuel, Deus conosco desde o início. No fim do evangelho, Jesus como Filho do homem é dotado de toda autoridade divina sobre o reino de Deus, tanto os céus como na terra.

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