Capítulo 2: A MIssão Integral da Igreja




Texto Bíblico Base Semanal: Atos 2.38-47

38. E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
39. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
40. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,
42. E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
45. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
46. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47. Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.

Momento Interação

Todo o empreendimento missionário tem como o seu princípio a partir do agir salvífico de Deus (Jo 16.27-28). O envio de Jesus Cristo e a existência das Sagradas Escrituras evidenciam que o agir de Deus é missionário junto à humanidade. A Igreja é o Corpo de Cristo. Ela deve continuar a obra iniciada pelo Jesus histórico. No pouco tempo em que Jesus esteve aqui na terra, ele cuidou do caráter especifico de sua missão como o Cristo de Deus. A Igreja sempre deve se entender como serva da missão de Deus. E a Igreja não deve confundir serviço com poder. Devemos também saber detectar indícios do Reino de Deus dentro do processo histórico de toda a humanidade.

Introdução

A missão integral da igreja consiste em apresentar o evangelho em sua plenitude, sua mensagem chega à totalidade do homem: espírito, alma e corpo. Podemos chamar de missão integral a preocupação com a salvação humana sem negligenciar o cuidado ou atendimento das privações materiais básicas daqueles que são comprovadamente carentes: escola, creche, clínicas, asilos, orfanatos, alimentação, vestuário etc. Todas estas ações fazem parte do evangelho e não podem ser escanteadas. Todavia, reconhecemos que a pregação do evangelho para a salvação do pecador vem em primeiro lugar.

Jesus, o nosso maior referencial, nunca fez vistas grossas às necessidades daqueles que o rodeavam. Ele saciava tanto a fome espiritual quanto a física, ouvia os problemas das pessoas e não se preocupou com o título que lhe deram de amigo de publicanos e pecadores. Possuía uma visão ampla (diferente da visão míope da maioria dos líderes contemporâneos) e via os homens não apenas como seres espirituais, mas como seres multifacetados constituídos de emoções, intelecto, moral, religiosidade, matéria etc. Sendo assim, procurava alcançá-los de maneira plena e equilibrada.

I. A Igreja com a Mensagem do Arrependimento

Após sermos chamados por Deus, o arrependimento é o ponto de início da nossa relação com Ele. Sem arrependimento, estamos separados de Deus: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.1-2). Mas, Deus quer que todos se arrependam e se tornem Seus filhos (2 Pe 3.9; Jo 1.12). Para isto acontecer, Deus na Sua grande misericórdia começa por nos dirigir ao arrependimento  (Rm 2.4). Reparar como Deus usou o apóstolo Pedro para instruir quem Ele chamava. No primeiro sermão de Pedro proferido no Dia de Pentecostes, ele disse: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,  varões irmãos? “E disse-lhes Pedro: ‘Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo’” (At 2.36-38).

Mas o que quer dizer “arrepender”? A definição de arrepender inclui: um mudar, com mágoa, de comportamento; o mudar de uma opinião para melhor; lamento ou contrição; mágoa pelo erro com auto condenação; repulsa pelos erros passados; completo  desvio do pecado. A Bíblia descreve arrependimento como um profundo reconhecimento dos nossos pecados e da mágoa resultante que nos leva a mudar os nossos pensamentos e acções: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Co 7.10). Pedro, no seu sermão atrás referido, descreve arrependimento como uma expressão pessoal de profunda e sentida rendição a Deus, o resultado de reconhecer e aceitar o que Jesus, como nosso Salvador pessoal, fez para nos reconciliar com Deus Pai  (Rm 5.8-10; 2 Co 5.18-20). O arrependimento  une-nos com Deus Pai e Jesus Cristo numa relação extraordinária.

II. A Igreja com a Doutrina dos Apóstolos

Pode ser dito que no começo as doutrinas apostólicas não estavam bem definidas ou totalmente sintetizadas para a compreensão das igrejas. Os ensinos de Jesus só foram organizados em estudos doutrinários algum tempo depois de sua morte. Quando ainda vivos, os apóstolos eram, por assim dizer, o “próprio” ensino doutrinário, isto porque tinham sido testemunhas vivas de Jesus. Após a morte do último apóstolo, João, que se deu por volta do ano 100 d.C., os escritos dos apóstolos não estavam compilados pelo fato de o cânon bíblico ainda não ter se fixado. Havia a necessidade de reunir esses escritos que se tornariam normativos às igrejas da época. Sendo assim, precisamos considerar estes fatores que, sem dúvida, são muito relevantes para quem deseja saber qual era a doutrina mencionada em Atos 2.42. 

De fato, não havia uma doutrina (teologia) totalmente aclarada. O que no começo se ensinava era a respeito da salvação trazida por Cristo e a respeito do evangelho da salvação proclamada e explicada pelos apóstolos do primeiro século. Os discípulos de Jesus não tinham em mente sistematizar as doutrinas. As doutrinas foram tomando espaço à medida que as heresias, advogadas pelos estudiosos, curiosos e filósofos da época, iam se intensificando e a ortodoxia doutrinária tinha de ser defendida. 
Estes ensinamentos eram as instruções que os apóstolos apresentavam aos judeus que se converteram ao cristianismo e frequentavam as orações da comunidade. Os livros Sagrados passam a ser explicados a luz dos acontecimentos recentes do cristianismo e não tinham mais a preocupação da proclamação da Boa Nova de Jesus Cristo. Vida do cristianismo nas comunidades, passa a uma segunda fase de compreensão de Jesus e a vivência de seus ensinamentos.

III. A Igreja dando Exemplo para o Mundo

Nós vemos em Atos 9 o testemunho da conversão de Saulo e todos os perigos que ele enfrentou após a sua conversão; lemos também em Atos capítulo 9.31 como as igrejas primitivas, apesar de todas as perseguições e dificuldades, se desenvolviam. É um verdadeiro exemplo para as igrejas de hoje. Que exemplos a igreja de hoje encontra então, na igreja primitiva?  
    
Tinham Paz: Era uma igreja que vivia em constante tribulação, constante perseguição. Seus membros eram torturados e mortos, caluniados e condenados injustamente, mas tinham Paz. Por quê? Eles tinham paz porque Cristo deixou a sua paz João 14.27: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize". Jesus que nos deixou a paz, e essa paz que Jesus nos deixou ninguém nos tira, pois ele não a dá como o mundo dá. A paz que Jesus dá não significa ausência de guerra, significa Cristo conosco nesta guerra garantindo a vitória.

Eles tinham paz porque eram pacificadores: "Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Rm 12.20,21). O pacificador é aquele que pode até ter inimigos, mas ele não é inimigo de ninguém. Aonde ele chega, a paz chega, a comunhão chega, por que ele é um pacificador. Por que nós saudamos os irmãos com a paz do Senhor? Porque somos pacificadores. Se nós saudamos com a paz e não praticamos a paz estamos sendo hipócritas.

Eram Edificadas: Eram igrejas que não tinham um templo bonitinho, arrumadinho e de portas abertas como o nosso não. Os cultos eram celebrados as escondidas nas casas dos irmãos, ou no meio do relento as ocultas. Todavia eram igrejas edificadas. Eram edificadas no amor a Deus: "E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém" (Lc 24.53). Pouco antes da ascensão de Jesus aos céus, os discípulos o adoraram e quando ele subiu ao trono da sua glória, a Bíblia diz que os discípulos voltaram para Jerusalém, a fim de receberem a promessa do Espírito Santo, e estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. O amor ao próximo existia, e não era apenas um amor de palavras, mas de ações. E todos se amavam com amor fraternal, sem fingimentos, sem mascaras, mas com sinceridade de coração.

Conclusão

A Igreja como sal da terra e luz do mundo deve fazer a diferença nos vários setores da sociedade, principalmente no socorro aos menos favorecidos. A injustiça social, verdadeira afronta contra a imagem e semelhança de Deus, tem solapado nosso país e a Igreja muitas vezes tem se afastado como se nada tivesse com isso. É verdade que a Igreja não é uma instituição político-partidária que deva defender qualquer bandeira política. É mais que isso. Ela é uma instituição divina suprapartidária.

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