Capítulo 2: Vivendo em Constante Vigilância




Texto Bíblico Base Semanal: 1 Pedro 5.1-10

1. Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:
2. Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
3. Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.
4. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória.
5. Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
6. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
7. Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
8. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;
9. Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.
10. E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à sua eterna glória, depois de havemos padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça.
11. A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém.

Momento Interação

Os apóstolos sempre fizeram sérias advertências no sentido da vigilância, da perseverança, da santificação, da oração, da comunhão, do amor e de todos os deveres que são impostos à própria condição de ser um filho de Deus.Isto porque sendo um fato consumado que um filho de Abraão deve praticar as obras de Abraão, fica bem claro que um filho de Deus deve praticar as obras de Deus.

O dever de ser fiel e de frutificar está afirmado de modo muito claro na parábola das dez virgens e na dos talentos. Nas quais aprendemos que a falta total de empenho em diligência produzirá um dano eterno longe da presença de Deus. Então que todo crente lance fora o pensamento perverso que é possível agradar a Deus e viver como um verdadeiro crente, enquanto se é negligente quanto aos deveres ordenados pelo Senhor em Sua Palavra. Não é possível agradar ao Senhor enquanto se ama ao mundo e o pecado. Não há para Deus algo como um crente pela metade, assim como não há uma filiação pela metade, pois ou ela é plena ou não há nenhuma filiação.

De igual modo não é aceitável ao Senhor uma santificação sem constância. Uma visão de que é possível ser um crente aprovado enquanto não se vive de modo aprovado em busca de um crescimento que seja diário. Se por um lado sabemos que a nossa salvação é eterna e segura, não devemos por outro lado, descuidar do dever que nós é imposto, de vivermos como filhos amados, perseverando até o fim, de modo a agradar ao Senhor e a termos a plena certeza daquilo que conquistamos pela graça mediante a fé. O Senhor nos alerta desde o céu quanto a isto. A trombeta de alerta soa continuamente pela Palavra nos avisando do perigo que há num viver negligente e desordenado, condescendente quanto ao pecado.

Introdução

Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “...o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pd 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11). A necessidade da vigilância espiritual se dá também pelo fato de ser o retorno de Cristo um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria “sem demora” (Ap 3.11; 22.12,20). A Bíblia nos exorta a estarmos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

I. Vigilância, Zelo e Prudência

Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34). Vigiar significa “observar, prestar atenção”. O verbo “vigiar” traduz pelo menos cinco palavras hebraicas no Antigo Testamento e outras cinco palavras gregas no Novo Testamento. Na Bíblia a palavra “vigiar” é aplicada em diferentes contextos. Mas o mais importante para a vida prática cristã é aquele sentido em que vigiar implica na ideia de ficar acordado, estar alerta o tempo todo com o objetivo de evitar o comportamento negligente ou indolente que pode levar alguém a cair em alguma cilada ou ceder a alguma tentação que acaba enfraquecendo sua fé em Cristo (cf. Mt 24.42; 25.13; 26.41; 1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8; Ap 3.2; 16.15). Todos nós precisamos de vigilância espiritual. São inúmeras as recomendações bíblicas acerca da importância da vigilância constante para o crente. Diariamente somos submetidos a diversas tentações, e diante disso o conselho do Senhor Jesus é: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação“ (Mt 26;41).

II. A Importância da Vigilância Espiritual

Diversas vezes durante seu ministério, o Senhor Jesus Cristo falou sobre essa verdade. Muitas parábolas de Jesus tratam exatamente acerca da questão da vigilância espiritual. Uma dessas parábolas é a Parábola dos Dois Servos (Mt 24.41-48). Nessa parábola Jesus contrasta o comportamento de um bom servo com o comportamento do mau servo. O bom servo, na ausência de seu senhor, procura obedecer e cumprir diligentemente o que lhe fora ordenado. Ele se ocupa de seu trabalho com constante vigilância sabendo que tão logo seu senhor retornará. Já o mau servo não aprecia a vigilância. Ele vive como se nunca terá que prestar contas ao seu senhor. Mas certamente o dia da prestação de contas chegará, e diante do retorno de seu senhor, o servo ruim será levado ao castigo. A vigilância espiritual é necessária aqui e agora, mas ela possui implicações escatológicas. Devemos estar sempre vigilantes esperando o retorno de nosso Senhor Jesus.

Devemos conduzir nossa vida cotidiana com prudência sabendo que tão logo estaremos diante do nosso Deus prestando contas a ele acerca da nossa mordomia cristã; acerca do modo como administramos os recursos e os dons que Ele nos deu; e sobre como consideramos a sua vontade e obedecemos as suas ordens. O apóstolo Pedro escreve que devemos proceder como “bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10). O apóstolo Paulo também exorta acerca desse mesmo princípio (1 Co 4.1,2). Além disso, quanto mais tivermos ciência da vontade do Senhor, mais seremos cobrados acerca de nossa obediência e postura de prudência e vigilância (Lc 12.41-48).

III. A Vigilância Espiritual e a Volta de Jesus Cristo

A mensagem central da parábola de Jesus aqui citada, de fato aponta para a realidade de seu retorno. Mas quando isso acontecerá? A Bíblia responde esta pergunta dizendo que o dia desse evento pertence somente a Deus (Mt 24.36). O próprio Jesus falou através de outras parábolas sobre essa questão. Na Parábola do Ladrão de Noite, Jesus comparou o dia de sua vinda à chegada imprevisível de um ladrão que assalta uma casa à noite (Mt 24.42-44). Jesus diz que se um pai de família soubesse em que momento da madrugada o ladrão viria, ele certamente vigiaria e não deixaria que sua casa fosse roubada. Da mesma forma, diz o Senhor Jesus, “o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.44). Então como podemos estar aguardando adequadamente esse momento? Vigiando, é claro! Conforme o apóstolo Paulo escreve, através da prudência e da vigilância espiritual o crente não será surpreendido com o retorno de Cristo (1 Ts 5.1-4). Ele não sabe quando o retorno de seu Senhor ocorrerá, mas ele percebe os sinais que revelam que esse dia se aproxima e permanece preparado o tempo todo.

Conclusão

O crente necessita da ajuda do Senhor, da cooperação divina, pois, “se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127.1). Para vigiar, precisamos nos voltar ao Senhor e clamar pela Sua ajuda, pela Sua orientação. Eis porque os meios de santificação são absolutamente indispensáveis para que possamos ter uma vida de vigilância. A vigilância é tarefa nossa, mas devemos sempre lembrar que somos, em tudo, dependentes do Senhor. O  segundo  deles  é  que  a  vigilância  está  associada  a  uma  vida  de  oração,  inclusive  a  oração intercessória,  como  vemos  em  Efésios 6.18.  A  vigilância  deve  sempre  ser  acompanhada  da  oração,  oração  que seja  perseverante  e  que,  inclusive,  envolva  a  intercessão  em  favor  dos  santos.  A  vigilância  não  é individualista,  mas  também  deve  ser  uma  atitude  que  leve  em  conta  o  próximo,  ainda  que  seja  por intermédio da intercessão.

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