Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 17.1-12
1. Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,
2. E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
3. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
5. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o.
6. E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.
7. E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo.
8. E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus.
9. E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos.
10. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
11. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas;
12. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem.
Momento Interação
Todo líder, de qualquer seguimento, um dia terá que deixar o cargo. Isso é um processo natural. Acontece que muitos pensam que são insubstituíveis, ou não querem "largar" a liderança para não perder status, vantagens, benefícios, privilégios etc. É aí que surgem os problemas. Toda lição bíblica precisa ser aplicada e contextualizada. A aprendizagem na escola dominical precisar transformar a nossa vida, a nossa maneira de ser e fazer as coisas. Dessa maneira, vamos partir de alguns problemas concretos em nossos dias, para depois aprendermos sobre Elias. Eliseu, longe de ficar enciumado ou preocupado, soube lidar com prudência e sabedoria diante da situação. Ele tinha convicção de sua chamada e da posição que o Senhor lhe colocara.
Outra coisa que compromete uma sucessão é quando o líder atual passa do tempo de sair. Elias saiu no tempo certo, não resistiu diante da vontade de Deus (2 Rs 2.11). Não tinha ao que se apegar (cargos, bens, dinheiro, status, etc.). Imagino que se no dias atuais um carro de fogo, com cavalos de fogo, fosse enviado pelo Senhor para buscar alguns líderes, eles pediriam para não ir, ficariam somente para continuar desfrutando das honras humanas, do luxo e dos privilégios que conquistaram. Eliseu não apenas herdou a primazia do poder do Espírito que operava em Elias, mas foi herdeiro também do seu caráter, de sua integridade e de sua fidelidade ao Senhor.
O que estamos deixando para as novas gerações de líderes, para os nossos sucessores? O que estamos fazendo por eles? Ainda somos referenciais como Elias foi para Eliseu? Nossa capa é ainda desejada pelos mais jovens?
Introdução
O profeta Elias apareceu, sem qualquer ligação com o sistema em que ele se encontrava, seja no ofício sacerdotal, como do lado monárquico, ou profético. Sua origem começa em 1 Reis 17.1.”Então Elias, o Tisbita, dos moradores de Gileade”…Nada mais é citado sobre ele. Deus o levantou do nada, porque queria alguém que não dependesse de nenhum sistema religioso, que fosse a voz divina para confrontar os pecados de israel. A voz profética de Elias surge logo após o reinado de Jeroboão, filho de Nebate ter feito Israel se desviar dos caminhos do Senhor (1 Rs 15.34; 2 Rs 17.7-23). Este momento histórico é considerado como uma vara para medir o pecado subsequente de Israel em 23 ocasiões. Jeroboão é seguido por Acabe como apóstata que, por sua vez, tomou-se modelo para Manassés (2 Rs 21.3), o “Acabe” de Judá (cf. 1 Rs 16.31-34). A vida e o ministério de Elias deixam muitas lições para os cristãos deste tempo. Ele foi um homem de Deus que foi relevante para a sua época. Apesar da crise estatal, e das suas próprias limitações humanas, foi uma voz profética para aquela geração. Neste estudo trataremos a respeito do seu legado, sua sucessão por Eliseu, e as qualidades que fazem com que ele seja digno de ser lembrado.
I. Elias e o Discipulado de Eliseu
Elias tinha consciência da sua transitoriedade, mais que isso, reconhecia a necessidade de um sucessor. Por isso, próximo de ser tomado pelo Senhor em um redemoinho, partiu de Gilgal, mas em companhia de Eliseu (2 Rs 2.1). Essa é uma característica fundamental de todo homem ou mulher que exerce função de liderança na igreja. Jesus deu o exemplo preparando Seus discípulos ao longo do ministério. Paulo formou filhos na fé que foram capazes de conduzir o rebanho de Deus. O movimento cristão evangélico no Brasil está em crise. Muitos pastores não vislumbram mais o futuro da obra, muito menos os valores do Reino. Eles querem se eternizar em seus cargos, tem receio de perderem “a benção” terrena. A maioria deles não prepara sucessores para assumir a obra quando partirem. E quando o fazem, escolhem não com base na orientação de Deus, mas nas conveniências pessoais. Aqueles que estavam próximos a Elias sabiam que Eliseu seria o sucessor, e o próprio Eliseu também (2 Rs 2.2-6). Certamente Eliseu se destacou na escola dos profetas, ele era aquele aluno que chamou a atenção do mestre. As pessoas a quem Deus chama tem um potencial que não pode ser negado. Elas geralmente são as mais interessadas nas “escolas dos profetas”. A preparação faz parte do processo de formação de um líder, ele precisa tanto de conhecimento teórico quanto prático. As escolas e institutos bíblicos, bem como as Escolas Bíblica Dominicais exercem papel preponderante na formação de líderes. Se quisermos encontrar líderes que queiram dar continuidade à obra de Deus, não desprezemos aqueles que estão nesses contextos.
II. Elias é elevado ao Céu
Antes de ser transladado Elias passou por um percurso geográfico e, ao mesmo tempo, espiritual. Ele estava em Gilgal, depois seguiu a Betel, somente depois ao Jordão. Gilgal foi o princípio, naquele lugar Josué acampou com o povo de Israel (Js. 4.19). Depois Elias prosseguiu para Betel, um lugar de oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8). Somente depois ele partiu para Jericó, o lugar da batalha, e finalmente para o Jordão, de onde subiu. Aquela jornada fazia parte também da formação dos seus sucessores. Eliseu reconheceu a necessidade de acompanhar Elias naquele momento. O sucessor do profeta prometeu não deixá-lo sozinho, sabia do valor do homem de Deus (II Rs. 2.6). A ausência de comunhão entre os líderes deste tempo é algo preocupante. A competitividade se instaurou de tal maneira no seio da igreja que os pastores não conseguem mais confiar uns nos outros. Eles estão sempre disputando terreno, querendo ser um maior do que outro. A insegurança tem feito com que muitos adoeçam tanto no corpo quanto na alma. Precisamos desesperadamente de “eliseus” entre os pastores. Líderes em quem se possa confiar, principalmente nos momentos mais difíceis. Essas pessoas podem, como Eliseu, desejarem o ministério profético, e até mesmo o pastorado, pois excelente coisa almeja (1 Tm 3.1,2), respeitando o tempo de Deus. Aqueles que passam o cajado, devem saber quando devem fazê-lo para não sacrificar a obra de Deus. Elias fez um pedido ousado, queria ser profeta. Não estava pedindo comodidade, antes um ministério atuante. Esse é o principal problema de alguns líderes eclesiásticos, eles não querem assumir o preço do ministério profético. A seara continua grande, mas os ceifeiros ainda são poucos (Mt 9.37). Nem todos querem ir para a seara, preferem os grandes centros, onde há status e riqueza. Eliseu não pediu para ser sacerdote, mas profeta, essa é uma diferença que não pode ser desconsiderada. Pedir a porção dobrada no ministério não significava, como alguém possa pensar, maior visibilidade. Com a porção dobrada viriam maiores exigências, e por conseguinte, grandes responsabilidades.
III. Elias no Monte da Transfiguração
Cerca de uma semana depois de Jesus claramente dizer aos Seus discípulos que iria sofrer, ser morto e ressuscitar de volta à vida (Lc 9.22), Ele levou Pedro, Tiago e João a um monte para orar. Enquanto orava, Sua aparência pessoal foi transformada em uma forma glorificada, e as suas vestes tornaram-se brancas deslumbrantes. Moisés e Elias apareceram e falaram com Jesus sobre a Sua morte que aconteceria em breve. Simbolicamente, o aparecimento de Moisés e Elias representava a Lei e os Profetas. Entretanto, a voz de Deus do céu - "Ouçam a Ele!" - mostrou claramente que a Lei e os Profetas deviam dar lugar a Jesus. Aquele que é o novo e vivo caminho está substituindo o antigo; Ele é o cumprimento da Lei e das inúmeras profecias no Antigo Testamento. Além disso, em Sua forma glorificada eles tiveram uma breve visualização da Sua glorificação e entronização vindoura como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
IV. O Legado de Elias
Líderes precisam ser nutridos e precisam de espaço para crescer. Líderes mais velhos precisam dominar menos e delegar mais. Mais importante, os líderes precisam dar tempo àqueles sob seus cuidados. Elias e Eliseu pertenciam a uma era abençoada, onde o aprendizado acontecia com o professor e o estudante vivendo e trabalhando juntos. Sem a intervenção da alta tecnologia, eles estabeleciam um relacionamento de alto contato. Se desejarmos preparar a nova geração para os desafios do ministério, precisamos investir nela agora. O aprendizado no ministério se dá através do ouvir, ver e fazer. É preciso capacitar e treinar, é preciso mentorear a nova geração.
Eliseu se portou com a devida prudência, e adotou a postura de um verdadeiro líder, a de servo (1 Rs 19.21; 2 Rs 3.11; Mt 20.25-28; Jo 13.3-17). Diferente de alguns pretensos sucessores na atualidade, ele não precisou bajular, nem trair a confiança de seu líder. Assim comportam-se os verdadeiros escolhidos de Deus. Para que um sucessor realize o seu trabalho com eficácia, é preciso que o antecessor saia de “cena”. Elias saiu de cena. Muitos líderes depois que são substituídos continuam interferindo no trabalho do seu sucessor, alimentando a “devoção” do povo. Um líder ao ser sucedido deve ser honrado, mas a direção não está mais com ele. O novo líder precisa andar com as próprias pernas, e na direção do Espírito. Mesmo com a ausência de Elias, Eliseu teve que lidar com o saudosismo de um grupo devoto e leal a Elias.
Conclusão
O mesmo poder que esteve sobre Elias está disponível para os cristãos hoje (Ef 3.18-21), não apenas em porção dobrada, mas em abundância (Jo 16.23; At 1.8; 2.2-4). Para recebermos precisamos orar, pois esta é a vontade de Deus, dar o Seu Espírito à Igreja (Lc 11.11-13). Muitos não receberam o Seu poder porque não pedem, não se interessam, querem apenas bençãos materiais (Tg 4.2,3). A vontade de Deus é que sejamos cheios do Espírito Santo, peçamos, pois, Ele nos atenderá (1 Jo 2.14,15). Mas não nos afastemos das Escrituras, saibamos manuseá-la, para sermos aprovados por Deus (2 Tm 3.16,17).
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