Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 9.23-27
23. E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
24. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.
25. Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?
26. Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
27. E em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus.
Momento Interação
Prezado estudante da Palavra de Deus. Chegamos ao final de mais um Comentário Bíblico Mensal e nesta feita, ao final do ano de 2018. Vimos aqui diversos estudos, diversas reflexões e grande crescimento bíblico, e espiritual em nossas vidas. Ao longo deste comentário, vimos o que precisamos para sermos discípulos legítimos de Cristo. Há uma grande diferença entre ser discípulo e ser seguidor. Seguidor é aquela pessoa que segue com alguma intenção. Discípulo é a pessoa que ouve, aprende, e põe em prática os ensinamentos genuínos do mestre. Que possamos por em prática os ensinamentos do mestre à modo de sermos sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16). Bons estudos e até o ano de 2019 se o Senhor assim permitir. Bons Estudos!
Introdução
Tomar a cruz significa assumir um compromisso até o ponto de morrer por causa dele. Esse versículo não está dizendo que os únicos salvos serão aqueles que o sempre foram totalmente comprometidos. Se isso fosse verdade, quem seria justificado? Na verdade, quando alguém que é salvo comete erros, como fez Pedro e faz o cristão carnal (1Co 3.1-4), tal pessoa, com certeza, não é digna de Cristo, e esses atos fazem com que ela perca seu galardão. É claro que o mesmo vale para aquele que está perdido, cujas obras, por mais maravilhosas que sejam, no fim serão consideradas inúteis, pois foram feitas sem conhecimento e dependência de Cristo (Rm 3.12). Achar a sua vida significa viver não para ter bens materiais e desfrutar dos prazeres deste mundo, mas para investir hoje no Reino futuro de Cristo (Mt 6.19-21). E possível ter tudo isso aqui e lá também. Já que somos mordomos da nossa vida e de tudo o que diz respeito a ela, podemos avaliar como investir bem no Reino (Lc 19.11-26). Não somos capazes de levar nada conosco, mas podemos usar de sabedoria e fazer sábios investimentos para o futuro.
I. Jesus veio Trazer a Espada
Jesus veio trazer paz ou espada? Muita gente se confunde a respeito desse tema. Isso porque, na Bíblia, vemos que Jesus é chamado de Príncipe da Paz (Is 9.6). Vemos também Jesus dizendo “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27). Ao mesmo tempo somos apresentados a uma fala muito forte de Jesus, onde Ele diz: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34). Seria possível Jesus ao mesmo tempo trazer paz e espada à terra? Uma não anula a outra? Sem sombra de dúvida a Bíblia aponta para Jesus como sendo o Príncipe da Paz. Ele é o Soberano portador da paz perfeita. Não a paz – falsa – segundo o mundo, mas a paz – verdadeira – segundo Deus (Jo 14.27). A paz de Jesus é distribuída sem medida no mundo quando Cristo é Senhor na vida das pessoas. Nesse sentido, fica claro que a paz verdadeira está ligada a Cristo, conforme nos diz João 16.33: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”. Como Jesus esclarece, a paz está “Nele” e é alcançada plenamente através “Dele”.
Apesar da paz de Cristo estar à disposição de todos, não são todos que a vivem e a acolhem. No mundo existem os rebeldes, aqueles que encaram a mensagem do Evangelho de Cristo como sendo loucura (1 Co 1.18). O mundo está cheio de perversos, de pessoas que têm suas vidas baseadas no pecado, sem qualquer arrependimento. Nesse sentido vemos Jesus explicando que essas pessoas se levantarão em oposição àqueles que vivem a Sua paz. A “espada” mencionada em Mateus 10.34 é sinônima de divisão e conflito. O mundo insiste em hostilizar a mensagem de Cristo e rejeitá-Lo. Os servos de Deus, como embaixadores de Cristo que vivem nesse mundo, também são hostilizados e rejeitados por seguirem a Cristo. Assim, Jesus exemplifica que até dentro de suas casas, Seus servos poderão enfrentar hostilidade por causa de Seu nome: “Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa” (Mt 10.35-36). Esse é o sentido da “espada” mencionada nesse texto.
Assim, não existe contradição no fato de Jesus trazer a paz e também trazer a “espada” em meio a esse mundo. É apenas a consequência provocada pelos rebeldes guiados pelo pecado, que resistem fortemente à paz de Jesus, pois a consideram loucura. Jesus, como o Grande Rei Soberano, deixa claro que seus súditos devem amá-Lo sobre todas as coisas (Mt 10.37-39).
II. O Amor à Cristo mais do que à Família
Em nenhum outro lugar se manifesta como aqui a extraordinária honestidade de Jesus Cristo. Aqui nos fala da exigência da fé cristã da maneira menos equivocada e mais comprometedora possível. Diz aos seus exatamente o que podem esperar se aceitarem a ordem de sair como mensageiros do Rei. Até mesmo os próprios parentes e amigos do cristão serão seus inimigos quando for ministrar o Evangelho de Cristo. Jesus usa uma linguagem que os judeus conheciam perfeitamente bem. Os judeus acreditavam que uma das características do Dia do Senhor, o dia em que Deus irromperia na história, seria a divisão das famílias. Os rabinos diziam: "Quando vier o Filho de Davi, a filha se levantará contra sua mãe, a nora se rebelará contra sua sogra". "O filho desprezará a seu pai, a filha se rebelará contra sua mãe, a nora contra sua sogra e os inimigos de cada homem serão os de sua própria casa". É como se Jesus estivesse dizendo: "O fim que todos vocês esperavam chegou; a intervenção de Deus na história está já dividindo os lares, os grupos, as famílias."
Toda causa de certa magnitude inevitavelmente divide os homens; sempre haverá quem responda ao desafio e quem se negue a fazê-lo. Ao ser confrontados por Jesus inevitavelmente somos também confrontados pela decisão de aceitá-lo ou rejeitá-lo; enquanto o mundo existir está e estará sempre dividido entre os que aceitaram e os que não aceitaram a Cristo. A amargura maior desta luta era que os inimigos do homem seriam os de sua própria casa. É possível que um homem ame tanto a sua esposa e a seus filhos, que se negue a aceitar o desafio de uma grande aventura, de uma forma de serviço, de um chamado ao sacrifício, seja porque não quer abandoná-los, seja porque acredita que se aceitar, os que ama se veriam envoltos em riscos e perigos.
Tem sucedido muitas vezes que os homens rejeitem o chamado de Deus a uma vida de serviço, aventura ou luta por permitir que suas amizades ou família os imobilizassem. Muitas vezes muitos se encontram de frente com esta terrível opção; possivelmente a maioria passe toda sua vida sem ter que decidir desta maneira; mas subsiste o fato de que é possível que os seres mais amados se transformem em nossos inimigos, ao nos impedir de fazer o que sabemos que Deus quer de nós e espera que nós façamos.
III. Tomando à Cruz e Seguindo Jesus
Jesus lhes ofereceu uma cruz. Os galileus sabiam muito bem o que era uma cruz. Os homens a quem Jesus se dirigia tinham visto mais de uma vez a seus compatriotas vergando sob o peso de suas cruzes, e morrendo na mais terrível agonia sobre elas. Os grandes crentes, cujos nomes estão inscritos na lista de honra da fé, sabiam perfeitamente bem o que estavam fazendo. O cristão pode ser chamado a sacrificar suas ambições pessoais, o conforto e o lazer de que poderia ter desfrutado, a carreira que poderia levá-lo a triunfo pessoal; pode ter que deixar de lado seus sonhos, compreender que coisas brilhantes das que percebeu um brilho não são para ele. Certamente deverá sacrificar sua vontade, porque nenhum cristão pode jamais voltar a fazer o que gostaria muito; deve fazer o que Cristo quer que faça. No cristianismo sempre há alguma cruz, porque o cristianismo é a religião da cruz.
Jesus disse-lhes que o homem que encontrava sua vida, em realidade a perdia; e que o homem que perdia sua vida, a achava. Uma e outra vez esta afirmação aparentemente contraditória foi demonstrada nos fatos como verdadeira até em um sentido literal. Sempre foi certo que mais de um cristão poderia ter salvo sua vida; mas ao fazê-lo, a teria tivesse em realidade perdido, porque ninguém jamais teria ouvido falar dele, e o que ele fez na história jamais teria sido feito, e teria perdido o lugar que ocupa na galeria dos homens que deram forma ao presente em que vivemos.
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