Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 5.5-18
5. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.
6. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
7. Portanto, não sejais seus companheiros.
8. Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz
9. (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade);
10. Aprovando o que é agradável ao Senhor.
11. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
12. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.
13. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.
14. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
15. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
16. Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.
17. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
18. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito.
Momento Interação
Um dos principais, senão o principal objetivo da revelação de Deus ao homem a respeito do futuro, das coisas que brevemente hão de acontecer, é o de criar condições para que o homem que lhe serve seja vigilante e, assim, não venha a perder a oportunidade de viver eternamente com o seu Senhor. Esta não é uma especulação teológica, mas o retrato puro e simples do que se vê nas Escrituras. Quando proferiu o Seu sermão escatológico, Jesus o concluiu com severas advertências a respeito da vigilância (Mc 13.32-37), demonstrando, assim, que Seu objetivo em revelar tudo o que havia revelado aos discípulos outro não era senão o de despertar neles o cuidado e a vigilância. “E as coisas que vos digo digo-as a todos: vigiai.” (Mc 13.37), são as palavras de Jesus. Mas o que é vigiar? Vigiar significa, em primeiro lugar, observar com atenção, estar atento. Quem vigia é quem observa com atenção, que está atento.
Introdução
O Senhor revelou-nos o que irá acontecer para que os crentes sejam observadores de tudo o que está acontecendo à sua volta, a fim de que, com olhos espirituais, identifiquem e detectem nos acontecimentos do dia-a-dia a iminência, a proximidade da volta de Jesus. É por isso que não podemos concordar com aqueles que defendem que os crentes devem viver separados dos demais homens, da comunidade, completamente alienados a respeito do que acontece à sua volta. O verdadeiro cristão deve ser uma pessoa bem informada, que tenha conhecimento do que se passa na sua vizinhança, no seu local de trabalho, na sua escola, no seu bairro, na sua cidade, no seu Estado, no seu país e no mundo. O crente deve ser pessoa que te nha conhecimento de tudo que está acontecendo, porque, só assim, poderá cumprir a ordem de Jesus, que é a de vigiar, ou seja, estar atento às coisas que estão acontecendo. Jesus, mesmo, jamais foi uma pessoa alienada, estava bem informado a respeito dos fatos e deles se aproveitava para pregar o Evangelho (cf. Lc 13.1-5).
I. Vigiando em Todo o Tempo
A informação, por si só, entretanto, não é suficiente. Informar-se do que está ocorrendo no mundo é uma condição necessária, mas não suficiente. Além de se informar de tudo o que se passa, o crente deve, também, ter discernimento espiritual, ou seja, saber interpretar, à luz da Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo, o significado de tudo quanto está a ocorrer. O salvo é um homem espiritual e, sendo assim, tudo discerne sem ser discernido por pessoa alguma (1 Co 2.15). Tal discernimento somente advém de um relacionamento íntimo com o Senhor, de uma vida de santificação, de uma maior aproximação ao Senhor Jesus, de um maior distanciamento do pecado, o que, como vimos na lição anterior, é efeito da esperança infundida no salvo pelo Espírito Santo (1 Jo 3.2,3). Vigiar significa observar secreta ou ocultamente, espreitar, espiona. O crente deve ser alguém que tenha discernimento, que possa ver além da superficialidade, que investiga o lado espiritual dos acontecimentos. O crente tem a mente de Cristo (1 Co 2.9-16), ou seja, tem acesso à profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus (Rm 11.33) e, portanto, estando em comunhão com o Senhor, de ve saber interpretar os acontecimentos sempre pelo ponto- de-vista espiritual. O crente, também, tem de ter o discernimento para identificar as astutas ciladas do diabo. Para isto, devemos fazer como Esdras que, no caminho para Jerusalém, orou e jejuou para sentir a mão de Deus sobre si e sobre o povo que com ele estava e, somente assim, pôde chegar ao seu destino, apesar das astutas ciladas do inimigo ao longo do caminho (Ed 8.21-31).
II. O Perigo dos Tempos Futuros
Precisamos estar atentos às coisas espirituais, não podemos nos distrair com as coisas desta vida, pois foi isto que fizeram os seres humanos nos dias de Noé e farão aqueles que não serão arrebatados, como nos diz o Senhor Jesus em Mateus 24.37-39. O Senhor Jesus é bem claro ao mostrar que, nos dias de Noé, as pessoas estavam tão envolvidas com as coisas desta vida (“comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento”), que não deram qualquer atenção à pregação de Noé, pregação que durou pelo menos cem anos (cf. 2 Pe 2.5) e que havia sido precedida pela profecia de Enoque (Jd 14). Totalmente envolvidas com as coisas desta vida e com o pecado, pois até suas imaginações eram más continuamente (Gn 6.5), simplesmente não perceberam o início do dilúvio e acabaram sendo tragados pelo juízo divino. Que isto não aconteça conosco, amados irmãos!
O crente vigilante é aquele que vive conferindo a santidade, não a santidade dos outros, pois o crente não deve julgar o semelhante, pois esta é uma tarefa exclusiva do Senhor, o único juiz (Tg 4.11,12). O crente deve conferir a sua própria condição espiritual, deve examinar-se constantemente e observar se está sendo fiel ao Senhor, ou não. O autoexame é uma necessidade para o cristão, bem como um anúncio da vinda de Jesus, como vemos, claramente, do ensino de Paulo sobre a ceia do Senhor (1 Co 11.26,28). O crente vigilante esforça-se para, a cada momento, se autoexaminar e se manter com as vestes limpas para que possa adentrar ao banquete nupcial das bodas do Cordeiro (cf. Mt 22.1-14).
A vigilância é, pois, um controle de qualidade da nossa santidade, uma verificação ininterrupta de nossa comunhão com o Senhor. Evidentemente que o crente vigilante não se considera alguém perfeito e imune ao pecado, mas alguém que precisa diuturnamente da ajuda do Espírito Santo para se manter santo e, para tanto, recorre aos meios de santificação deixados pelo Senhor para que possamos nos manter separados do pecado: a Palavra de Deus (Jo 17.17); a oração (1 Tm 4.4,5), reforçada com o jejum (Mt 9.14,15); o temor do Senhor (2 Co 7.1) e a participação digna na ceia do Senhor (1 Co 11.23,34). Exemplo da necessidade desta vigilância vemos na passagem da volta do povo judeu para Jerusalém nos dias de Esdras. O escriba hábil na lei do Senhor mandou que os maiorais dos sacerdotes, por serem consagrados do Senhor, deve riam vigiar e guardar todos os tesouros que haviam oferecido ao Senhor o rei da Pérsia e seus conselheiros, bem como seus príncipes, como os próprios israelitas (Ed 8.24-29).
Assim como aqueles homens escolhidos por Esdras, nós, também, somos sacerdotes do Senhor (Ap 1.6), temos de ter consciência de que fomos consagrados ao Senhor e, por isso, temos de guardar, com muito cuidado, os tesouros que o Senhor nos tem dado, as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef 1.3), bênçãos que devemos oferecer a Ele, pondo-os em exercício para o bem do povo de Deus e de toda a humanidade. Devemos lembrar que, embora sejamos vasos de barro, recebemos um tesouro excelente, que deve ser devidamente guardado (2 Co 4.7). A vigilância não é, portanto, uma atitude episódica, um momento de reflexão ou de atenção transitório, periódico, como na semana da ceia do Senhor ou quando vamos ao culto ou a alguma reunião religiosa, mas uma atitude de vida, um modo de viver, um comportamento contínuo que deve ser uma constante até a vinda do Senhor. Temos uma figura elucidativa deste tipo de comportamento entre aqueles que foram selecionados por Deus para estarem ao lado de Gideão. Os trezentos homens escolhidos para compor este exército vitorioso eram homens que, ao tomarem água, se comportavam como cães, pois permaneciam atentos, olhando tudo a sua volta, por isso foram achados dignos de pertencer ao exército que venceu os inimigos do povo de Deus. É este tipo de gente que o Senhor tem, também, escolhido para tomar parte em Seu exército: pessoas que permanecem atentas em todos os momentos.
A vigilância é o oposto do sono e, portanto, não podemos estar espiritualmente num estado de sono ou de torpor. As Escrituras são claras ao indicar que há a possibilidade de o salvo estar espiritualmente dormindo, como vemos em passagens como Romanos 13.11, 1 Coríntios 11.30 e Efésios 5.14. Em Romanos 13.11, o apóstolo Paulo, após ter mencionado como deve se conduzir o salvo em Cristo Jesus, afirma que o crente deve conhecer o tempo em que está a viver e observar que a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé e, por isso, deve despertar do sono, rejeitando as obras das trevas e se vestindo das armas da luz. Para escaparmos do sono espiritual, torna- se necessário que tenhamos uma vida de santificação, que a cada instante nos distanciemos do pecado e nos aproximemos de Deus, pois os sinais da vinda de Cristo mostram claramente que estamos na iminência do arrebatamento da Igreja. Precisamos conhecer os sinais dos tempos (Mt 16.3).
III. Características de um Cristão Vigilante
Em 1 Coríntios 11.30, o apóstolo Paulo fala de crentes fracos, doentes e que dormem, ou seja, pessoas que estão negligenciando a sua fé e pondo em risco a sua salvação. E qual o motivo disto? Diz o apóstolo que isto se devia a uma participação indigna na ceia do Senhor, ou seja, um comportamento negligente quanto à santificação, quanto à comunhão com o Senhor. Quem não vigia, quem não permanece atento ao seu relacionamento com o Senhor, permite que se tenha o surgimento de um sono espiritual, de um estado de torpor que o faz perder, dia após dia, a comunhão com o Senhor. De igual modo, se dermos lugar ao diabo em nossas vidas, se permitirmos que o pecado se introduza em nossa maneira de viver, acabaremos fracos, doentes e acabaremos por sucumbir espiritualmente. Por isso, a Bíblia é claríssima ao dizer que não devemos dar lugar ao maligno (Ef 4.27), bem como que está o diabo pronto a tragar todos os que se descuidarem (1 Pe 5.8). Não podemos nos descuidar. Mesmo um instante de sono espiritual, uma “pescadinha”, como diz o vulgo, é suficiente para trazer grande prejuízo para o crente, como salienta o Senhor Jesus na parábola do joio e do trigo, quando mostrou que o joio pôde ser introduzido no campo precisamente porque os homens dormiram e isto foi o suficiente para que o inimigo semeasse o joio no campo (Mt 13.25).
Em Efésios 5.14, o apóstolo Paulo também está a falar sobre a conduta que deve ter o salvo em Cristo Jesus na sua vida sobre a face da Terra e, mais uma vez, diz que o salvo não pode dormir, ou seja, não pode viver imprudente mente, desperdiçando o tempo com as coisas desta vida e deixando de observar a vontade do Senhor. A vigilância é um modo de vida, uma maneira de viver e, isto, uma vez mais, tem a ver com a santidade, pois, como diz o apóstolo Pedro, esta maneira de viver foi o resultado do resgate que tivemos por obra do sangue de Cristo Jesus, um novo “modus vivendi” que é diferente daquele que recebemos de nossos pais (1 Pe 1.18,19), que é herança da natureza pecaminosa em que fomos gerados (Sl 51.5). O crente vigilante é um crente que não só se precavém do mal e das astutas ciladas do diabo, como também anuncia a todos quantos estão à sua volta do perigo que estão a correr, que dá notícia da realidade, da verdadeira situação em que o mundo se encontra. Um cristão sincero e verdadeiro jamais se cala diante do momento delicado e importante que estamos vivendo, pois é consciente de que o servo de Deus, que é feito conhecedor do cumprimento das profecias bíblicas e da proximidade da vinda do Senhor bem assim de que estamos no final da dispensação da graça, não será tomado por inocente se se calar (cf. Ez 33.1-11). Por isso, o Senhor tem levantado, no meio da Sua Igreja, desde o século XIX, homens e mulheres que, com intrepidez e eloquência,têm sacudido o mundo com a mensagem que ficou um tanto quanto abafada ao longo da história da Igreja: Jesus breve virá!
Conclusão
O crente vigilante, portanto, é aquele que não dorme. Dormir, como vemos na parábola das dez virgens, tem o significado de ter distraída a atenção para as coisas desta vida,descuidar da presença de Deus nas nossas vidas. As virgens loucas não tinham azeite em suas lâmpadas, ou seja, tiveram desviada a sua atenção para as coisas desta vida e se descuidaram de ter o Espírito Santo em seu interior, o que acontece quando nós O entristecemos (Ef 4.30).
Não dormir é, portanto, não deixar faltar o azeite, o que acontece quando fazemos a vontade do Senhor, quando seguimos a Sua direção, quando nos inclinamos para as coisas do espírito (Rm 8.5-9). Lembramo-nos aqui da salutar recomendação do pregador: “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec 9.8). É absolutamente necessário que sempre estejamos a viver em santidade, mantendo nossas vestes espirituais brancas, bem como que estejamos debaixo da mão do Senhor, de modo a que o azeite, que é o Espírito Santo, possa nos envolver totalmente.
Somente os que mantêm as vestes brancas podem andar com o Senhor, têm esta dignidade (Ap 3.4) e somente o farão se forem vigilantes. Foi o que disse Cristo Jesus ao anjo da igreja em Pérgamo (Ap 3.3). Somente quem tem o óleo sobre a cabeça é integralmente envolvido pelo Espírito Santo, de sorte que o óleo desce da cabeça até a orla do vestido e, deste modo, pode ter comunhão com os irmãos e receber a bênção e a vida para sempre (Sl.133). A distração espiritual nada mais é, portanto, que o envolvimento com as coisas desta vida, o que a Bíblia denomina de “embriaguez”. A pessoa embriagada perde a noção do que está à sua volta, envolvido que está pelos efeitos da substância que a deixou naquela situação.
Por isso, a vigilância é associada, nas Escrituras, à sobriedade, ou seja, ao estado contrário à embriaguez (1 Pe 4.7; 5.8), que o apóstolo Paulo diz ser o estado em que nos enchemos do Espírito (Ef 5.18). Se buscarmos o conhecimento das Escrituras e do poder de Deus (cf. Mt 22.29; Mc 12.24), teremos a plenitude do Espírito Santo em nossas vidas e não nos deixaremos envolver pelas coisas deste mundo, não permitindo que a “embriaguez espiritual” tome conta de nós e nos faça perder a vigilância.
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