Pedro é um dos mais fascinantes personagens da Bíblia. Jesus viu o
potencial deste "diamante bruto" e trabalhou para lapidá-lo num
apóstolo eficiente, que mais tarde se tornou qualificado para servir como
presbítero (1 Pedro 5:1).
Houve momentos de brilho na vida de Pedro. Ele não hesitou de modo nenhum
em confessar Jesus, mesmo quando outros estavam inseguros a respeito dele
(Mateus 16:13-20). Ele proclamava ousadamente o evangelho em Jerusalém, apesar
das ameaças dos dirigentes judeus (Atos 4:18-31; 5:27-32). Ele tinha coragem
para obedecer a Deus e pregar aos gentios, mesmo quando isso significava
voltar-se contra 1500 anos de tradição religiosa (Atos, capítulos 10, 11 e 15).
Mas Pedro também cometeu alguns erros importantes. Ele agia,
frequentemente, sem parar para escolher cuidadosamente seu rumo. Nesses
momentos, Pedro repreendeu Jesus por falar de sua morte que se aproximava
(Mateus 16:21-23), e até negou Cristo na sua hora mais difícil (Mateus
26:69-75); uma vez agiu como hipócrita ao recusar associar-se com os cristãos
gentios (Gálatas 2:11-17).
Por que o mesmo homem, que era tão firme pela verdade, às vezes
tropeçava? Encontramos a chave para o entendimento de Pedro, e talvez de nós
mesmos, em Mateus 16. Quando Jesus elogiou a grande confissão de Pedro, disse:
"Pois isso não lhe foi revelado por carne nem sangue, mas por meu Pai que
está nos céus" (v. 17). Quando Jesus repreendeu Pedro por sua
interferência no plano de Deus, disse: "Não tem em mente as coisas de
Deus, mas as dos homens" (v. 23). Esta é a chave para nós entendermos
Pedro: Quando pensava e agia com base na revelação de Deus, ele luzia
brilhantemente. Mas quando permitia à sabedoria humana dirigir, ele tropeçava e
pecava.
Pedro aprendeu, finalmente, esta lição. Ele veio a entender a
importância do domínio próprio, perseverança e amor, e disse que aqueles que
desenvolvessem tais qualidades não tropeçariam (2 Pedro 1:3-11). Este é o
conselho de um apóstolo que cresceu em Cristo. É a chave para o sucesso
espiritual. Precisamos enraizar firmemente nossas vidas na sabedoria da
revelação de Deus. Se o fizermos, entraremos no reino eterno de nosso Salvador.
Autoridade
Qual o fundamento que usamos para descobrir a vontade de Deus?
Autoridade significa o direito e a capacidade de comandar, fazer leis,
exigir obediência e julgar. Em outras palavras, a nossa autoridade é o
fundamento ou o padrão que temos para distinguir o certo do errado. Em todas as
áreas, tem que haver um padrão de autoridade. Para as distâncias, a autoridade
é o metro; para o peso, é a balança; para o tempo, o relógio; na escola, o
diretor. Dependemos da autoridade para tudo o que realizamos; sem autoridade,
só há confusão e anarquia.
Também na religião, a autoridade é vital. Como podemos discernir o certo
do errado? Qual o fundamento que usamos para descobrir a vontade de Deus?
A fonte da autoridade
Deus
Em última análise, Deus é a
autoridade sobre todas as coisas. Ele nos criou; nos julgará; nunca erra. É o
soberano governador sobre todas as coisas e sobre todas as nações (veja Daniel
4).
Jesus
No presente século, Deus deu
toda a autoridade a seu Filho, Jesus Cristo (Mateus 17:5; 28:18). Jesus sempre
transmite a mensagem de Deus (João 7:16; 12:48,49). Ele sempre fala a verdade
(João 14:6; 18:37). É Senhor sobre o céu e a terra (Mateus 28:18; Efésios 1:21);
sobre judeu e gentio (Romanos 10:12); sobre palavras, ações e pensamentos
(Colossenses 3:17; Hebreus 4:12,13); sobre os vivos e os mortos (Romanos 14:9).
Jesus apresentou as credenciais que provavam que sua autoridade não era apenas
uma alegação infundada; ele tem de fato toda a autoridade. Seus maravilhosos
ensinos, seu caráter, seus milagres, as profecias detalhadas que ele cumpriu e,
acima de tudo, a sua ressurreição provam a afirmação de Jesus, de que ele é a
autoridade absoluta.
As Escrituras
Jesus confirmou a autoridade
da Bíblia. Ele confirmou a inspiração do Antigo Testamento. Muitas vezes, ao
referir-se às Escrituras, disse: "não lestes . . .?" ou "está
escrito". Ele disse que a Escritura não podia falhar (João 10:35), e nem
mesmo um i ou um til jamais passaria da lei até que tudo se cumprisse (Mateus
5:18).
Jesus afirmou a autoridade dos
apóstolos. Ele prometeu enviar o Espírito Santo, o qual os guiaria para revelar
toda a verdade (João 14:26; 15:26,27; 16:12,13). Enviou os apóstolos com a
missão de lhe servirem como porta-vozes e representantes (João 20:21; Mateus
28:19,20; Atos 1:8). Os próprios apóstolos afirmaram ter recebido a sua
mensagem por revelação de Deus (Efésios 3:3-5; 1 Tessalonicenses 4:2; 1
Coríntios 2:10-13).
A mensagem dos apóstolos é
registrada na Bíblia. Isso significa que as palavras das Escrituras são os
mandamentos de Deus (1 Coríntios 14:37). A Bíblia é a revelação de Deus para o
homem; é a nossa autoridade. As suas palavras são as palavras de vida eterna,
as quais nos julgarão no último dia (João 6:68; 12:48).
As fontes em que não se deve
buscar autoridade
Há coisas que se usam de modo
errôneo como a autoridade religiosa. Algumas pessoas, por exemplo, seguem a sua
consciência. Mas a consciência apenas mostra nossos pensamentos sobre o que é
certo, mas não declara o que é objetivamente verdadeiro. Veja o caso de Paulo:
ele tinha uma boa consciência, mesmo perseguindo os cristãos (Atos 23:1).
Alguns obedecem as próprias idéias e desejos, mas o resultado é desastroso.
(Veja Juízes 17-21, especialmente 17:6 e 21:25, que mostram o resultado das
pessoas que fazem o que é bom aos próprios olhos.) Há pessoas que servem às
tradições e às doutrinas dos homens. Jesus, porém, condenou os fariseus por observarem
as tradições humanas (Marcos 7:1-13). Há ainda quem siga a igreja. As
Escrituras mostram, no entanto, que as igrejas muitas vezes se afastam da
verdade (Atos 20:29-31; 2 Tessalonicenses 2; 1 Timóteo 4:1-3; Apocalipse 2-3).
Alguns seguem revelações posteriores, concedidas por algum mestre notável. Mas
Paulo ensinou que, ainda que um anjo, vindo do céu, rvelasse algo que
divergisse do evangelho, não deveríamos acreditar (Gálatas 1:6-9).
A única autoridade
satisfatória para nós em nosso serviço a Deus é a Bíblia.
As características da nossa
autoridade
Escrita
A autoridade de Deus é
expressa em palavras. Ao escrever a Bíblia, seus autores o fizeram por
inspiração do Espírito Santo. Os autores do Antigo Testamento falavam quando
movidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1:20-21), de modo que Deus falava pela
boca deles (Atos 3:18, 21). Os escritores do Novo Testamento também proferiram
as palavras escolhidas pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2:13), de modo que,
conseqüentemente, anunciaram os mandamentos do Senhor (1 Coríntios 14:37).
Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo são chamados de Escrituras (1 Timóteo
5:18), e as Escrituras como um todo são inspiradas por Deus (2 Timóteo
3:16-17). A palavra inspirada, que é usada neste trecho, significa literalmente
"soprada por Deus". A Bíblia é a maneira que Deus usou para revelar a
sua vontade ao homem.
Às vezes, as pessoas ficam
surpresas pelo fato de que Deus pudesse usar homens para escrever a sua
revelação. Mas a sua capacidade de se revelar com exatidão por meio dos homens
não se trata de uma idéia nova. Deus escolheu revelar-se por meio de Jesus
Cristo. Jesus teve forma humana, mas ele foi a manifestação exata da natureza
de Deus. Assim, também a Bíblia foi escrita por homens e, portanto, tem forma
humana, mas expressa exatamente a vontade de Deus.
Perfeita
As Escrituras não têm erros.
Da mesma forma que Jesus veio ao mundo como homem, mas jamais pecou, também a
Bíblia foi escrita por homens, mas não contém erros. Deus não pode mentir
(Números 23:19; 1 Samuel 15:29; Tito 1:2; Hebreus 6:18); portanto, tudo o que
diz é verdade. Cada palavra da Bíblia é exatamente o que ele queria que
estivesse escrito. Jesus disse que as Escrituras não podem falhar (João 10:35).
Muitas vezes, os escritores do Novo Testamento fundamentam um argumento em
apenas uma simples palavra das Escrituras (veja, em Hebreus 2:11-12,
"irmãos"; em 3.7-4.13, "hoje"; em 8.8-13, "nova"
etc.). Eles foram capazes de comprovar o que afirmavam com apenas uma palavra
da Bíblia, porque cada palavra das Escrituras é verdadeira e precisa.
Rigorosa
As Escrituras devem ser
aplicadas à risca. É assim que acontecia no Antigo Testamento. Moisés recebeu a
ordem de construir o tabernáculo de acordo com o padrão que Deus lhe havia
mostrado (Êxodo 25:9,40; 26:30; 27:8), e agiu exatamente como o Senhor lhe
ordenou (Êxodo 40:16,19,21,23, 25,27,29,32). Portanto, Deus desceu e habitou no
tabernáculo (Êxodo 40:34-38). Mais tarde, Moisés advertiu que não se retirasse
nada da Palavra, nem lhe acrescentasse qualquer coisa (Deuteronômio 4:2;
12:32); também que o povo não se desviasse nem para a esquerda, nem para a
direita (Deuteronômio 5:32-33; 17:20; 28:14). Deus ordenou que Josué não se
voltasse para a esquerda, nem para a direita, mas agisse apenas segundo o que a
lei mandava (Josué 1:7), e Josué mais tarde ordenou ao povo que fizesse o mesmo
(Josué 23:6). Do começo ao fim do Antigo Testamento, ensinam-se princípios
semelhantes. O Novo Testamento também deve ser aplicado com rigor. Só quem faz
a vontade do Pai será abençoado (Mateus 7:21). É estritamente proibda a
pregação de um evangelho que divirja da verdade das Escrituras (Gálatas 1:6-9).
Paulo mostrou que, mesmo no caso de um acordo feito por homens, após firmado,
ninguém pode acrescentar nem retirar nada (Gálatas 3:15). Acrescentar às
Escrituras ou subtrair-lhes alguma coisa é absolutamente condenado (Apocalipse
22:18-19).
Desobedecer à autoridade de
Deus acarreta graves conseqüências. Quando Adão e Eva, no jardim, comeram o
fruto que Deus lhes havia proibido, foram punidos severamente. Muitas vezes,
Deus mostrou o seu parecer quanto à desobediência. Quando exigiu que não se
trabalhasse no sábado, aquele que juntasse lenha naquele dia deveria ser
apedrejado (Êxodo 35:2-3; Números 15:32-36). Quando ordenou que o fogo usado
para o incenso fosse extraído de determinada fonte, os que ofereciam fogo
estranho eram incinerados (Êxodo 30:9; Levítico 10:1-2). Quando Deus ordenou a
Saul que destruísse completamente os amalequitas, este foi punido apenas por
poupar alguns animais com o objetivo de oferecê-los em sacrifício a Deus (1
Samuel 15). Deus afirmou: ". . . o obedecer é melhor do que o sacrificar .
. ." (1 Samuel 15:22). Deus castiga a desobediência.
A necessidade de autoridade
É necessário ter a permissão de Deus, ou seja,
sua autorização antes de fazermos qualquer coisa. Se Deus não manifestou a sua
aprovação, não temos o direito de agir. Isso é muito importante, apesar do fato
muitos acreditam que podem fazer qualquer coisa que Deus não tenha proibido
expressamente. Pessoas assim não vêem nenhuma necessidade para receber
permissão do Senhor. Mas a Bíblia ensina que tudo o que está fora da
autorização de Deus é errado.
Não acrescentar
Estamos proibidos de acrescentar
alguma coisa ao que está escrito ou ultrapassá-lo (Deuteronômio 4:2; 12:32;
Provérbios 30:5-6; Apocalipse 22:18-19; 1 Coríntios 4:6). Todas as boas obras
encontram-se nas Escrituras; portanto, toda obra que não esteja nas Escrituras
não é boa (2 Timóteo 3:16-17). Não temos direito algum de ultrapassar a
doutrina de Cristo; antes, devemos permanecer debaixo de sua autoridade (2 João
9). Há apenas duas fontes de autoridade: ou de Deus ou do homem. Se determinada
prática não se acha na Bíblia, ela provém do homem. No entanto, sabemos que o
fato de seguir os ensinos do homem invalida a nossa adoração, e que os ensinos
do homem serão retirados (Mateus 15:9,13). Isso quer dizer que não basta dizer
que uma coisa não foi especificamente proibida; se Deus não expressa a sua
permissão, então é errada.
Não agir por presunção
Agir sem a permissão clara de
Deus é agir presunçosamente. A presunção é sempre condenada na Bíblia. Quando
Saul atreveu-se a achar que não fazia mal se ele oferecesse os sacrifícios,
ainda que Deus não houvesse dito isso, foi condenado (1 Samuel 13). Enquanto
Naamã confiou presunçosamente que os rios da Síria lhe concederiam a
purificação da mesma forma que o rio Jordão, continuou com lepra (2 Reis 5).
Quando Nadabe e Abiú tomaram por certa a permissão de oferecerem outro fogo, a
respeito do que Deus não falou, foram consumidos por Deus (Levítico 10). Quando
Uzias confiou por presunção que um não-levita pudesse queimar incenso, ainda
que Deus não o houvesse declarado, foi castigado com lepra (2 Crônicas 26).
Fazer o que Deus não autorizou é agir por presunção e pecar.
Exemplos bíblicos
Observe o caso de Davi e a
arca de Deus. Deus havia ordenado que a arca fosse transportada pelas varas
sobre os ombros dos levitas. Não disse nada sobre transportá-la de carro de
boi. Ele não especificamente proibiu isso; mas também não autorizou. Podemos
agir sem a permissão de Deus? Podemos fazer o que ele não autorizou claramente?
1 Crônicas 13 e 15 respondem sem sombra de dúvida: "Não!". Por ser a
arca, nesse caso, carregada de modo não permitido, Uzá foi atingido e morto por
castigo. Antes de agir, devemos confirmar nas Escrituras se Deus aprova o que
queremos fazer.
Hebreus 7:12-14 é mais um
exemplo disso. Para provar que a lei havia mudado, o escritor mostra que o
sacerdócio (elemento fundamental da lei) foi mudado. Ele prova que esta mudança
aconteceu da seguinte forma: Cristo é um sacerdote; ele é da tribo de Judá. Mas
a lei do Antigo Testamento nunca mencionou sacerdotes de Judá. Portanto, a lei
só podia ter sido mudada. Se a lei não dissesse nada a respeito de um sacerdote
de certa tribo, não poderia haver nenhum sacerdote daquela tribo segundo a lei.
O silêncio de Deus não dá permissão; seu silêncio proíbe. Se Deus não se
pronuncia a respeito de uma ação, não se tem o direito de agir.
Exemplos do dia-a-dia
É fácil encontrarmos exemplos
da necessidade de autoridade no dia-a-dia. Imagine que você tenha encomendado
um par de sapatos do Mappim. Poucos dias depois, um enorme caminhão de entregas
estaciona em frente a sua casa e dois homens fortes descem do veículo. Eles
abrem as portas trazeiras do caminhão e arrastam com dificuldade duas caixas
até o seu portão: uma caixa pequena de sapatos e outra enorme. Você vai até o
portão e pergunta:
-- O que é isso?
-- A gente é do Mappin. Viemos
entregar uma caixa de sapato e uma geladeira -- respondem. Imediatamente você
liga para a loja e reclama:
-- O caminhão de entregas de
vocês acabou de trazer uma geladeira que eu não pedi. O funcionário que o está
atendendo pede que espere um segundinho e volta ao telefone com a fatura em
mãos.
-- Deixe-me entender . . . O
senhor não gostou porque os nossos entregadores deixaram uma geladeira em sua
casa. É isso? — confirma ele.
-- Exatamente — você responde.
Então o funcionário retorna:
-- Mas, senhor, eu estou com a
sua nota bem aqui na minha mesa. E em lugar nenhum aqui o senhor declara que não
queria receber uma geladeira. Obviamente, você não precisava ter dito para que
não enviassem. O simples fato de você não ter solicitado aquele eletrodoméstico
significa que a loja não estava autorizada a enviá-lo. Ou então imaginemos que
eu tenha adoecido e fui procurar um médico, o qual me mandou à farmácia com uma
receita. Após tomar o remédio por alguns dias, meu estado se agravou e retornei
ao consultório. O médico liga para o farmacêutico e pergunta:
-- Que componentes você
colocou no remédio que deu ao meu paciente.
-- O A, o B e o C, senhor —
responde ele.
-- Mas eu só disse que pusesse
o A e o B . Por que você acrescentou o C? -- retorna o médico. Você pode
imaginar o choque que o médico levaria se o farmacêutico respondesse:
"Mas, senhor, a receita está bem na frente dos meus olhos, e não está
escrito em lugar nenhum que eu não pudesse incluir o C"? Naturalmente, o
farmacêutico não tinha direito algum de acrescentar uma droga sem autorização!
Em qualquer momento da vida, sabemos que é necessário ter autoridade antes de
agir.
Para entender a autoridade
A Bíblia refere-se às coisas
como ligadas ou desligadas (Mateus 16:19; 18:18). Deus ligou algumas coisas e
não deu nenhuma liberdade de escolha nesses casos. Ele desligou outras,
dando-nos uma variedade de opções. Mas como sabemos qual é qual?
Digamos que eu dê cinco reais
ao meu filho e lhe peça que vá à padaria comprar pão. Ele volta com uma dúzia
de pãezinhos, uma casquinha de sorvete, um pacote de chicletes, uma barra de chocolate
e algumas moedinhas. Ele me obedeceu? Não. Eu não lhe dei autorização para
comprar os doces. Mas e se eu lhe mandasse ao supermercado comprar frutas e ele
retornasse com um cacho de bananas. Estaria me obedecendo? Sim. Porque eu
“liguei” frutas, mas “desliguei” o tipo de frutas. Embora eu não tenha
mencionado bananas especificamente, o fato de serem elas um tipo de frutas
significa que meu filho me obedeceu ao comprá-las. Quando lhe pedi que
comprasse frutas, as bananas eram permitidas, mas uma barra de chocolate não
seria. De modo geral, quanto mais específica for a determinação, mais se
"ligará" e menos ficará "desligado".
Veja alguns exemplos bíblicos.
Deus mandou que Noé construísse uma arca de tábuas de cipreste. Isso quer dizer
que Noé não tinha a permissão da parte de Deus de construir a arca de cedro ou
jacarandá. Por outro lado, Deus não especificou onde Noé encontraria a madeira:
se compraria em depósitos de madeira, se cortaria ele mesmo as árvores, etc.
Assim, o tipo de árvore estava "ligado", mas a forma de consegui-la
estava "desligada".
Deus mandou que Naamã
mergulhasse no Jordão para ser purificado da lepra (2 Reis 5). Ele não tinha
nenhum direito, portanto, de mergulhar nos rios da Síria, o Abana e o Farfar.
Mas Deus não especificou em que altura do Jordão ele devia mergulhar. Deus
"ligou" o rio, mas "desligou" a localização exata no rio.
Aplicações
É muito importante aplicar
corretamente esses princípios de autoridade. Examine a questão do batismo. Deus
ordenou que os crentes fossem batizados (Mateus 28:19; Marcos 16:16; Atos
2:41); mas não autorizou o batismo de recém-nascidos ou crianças de colo.
Portanto, é errado batizá-las. Deus não especificou o local de batismo, então
pode-se batizar num tanque, num rio, num oceano ou em qualquer outro lugar com
água suficiente. Retornando ao exemplo acima, o batismo de crianças seria a
barra de chocolate; o lago é a banana. Em outras palavras, Deus delimitou quem
deve receber o batismo, mas não delimitou o local.
Veja o exemplo da ceia do
Senhor. Deus ordenou aos discípulos que lembrassem de sua morte compartilhando
juntos do pão e do fruto da videira. Seria errado servir chá com bolo na Mesa
do Senhor. Alguns podem afirmar que Deus não proibiu especificamente o uso de chá
e bolo na ceia do Senhor, e isso é verdade. Mas ele não autorizou o seu uso; a
ausência da permissão expressa de Deus significa que não temos direito algum de
nos atrever a pensar que ele aceitaria esse acréscimo. Por outro lado, a Bíblia
não especifica o tipo de prato em que se deve servir o pão. Temos, portanto, a
permissão de usar o meio mais fácil para a distribuição do pão, uma vez que
ainda estamos fazendo exata e somente o que Jesus ordenou: partilhando do pão e
do suco da videira.
Reflitamos sobre o uso da
música no culto a Deus. O Novo Testamento nos autoriza a cantar (Efésios 5:19;
Colossenses 3:16). Tocar piano ou teclados seria acrescentar algo que Deus não
ordenou. Usar um livro de cânticos para não esquecer a letra não se trata de um
acréscimo. No primeiro caso, estamos fazendo algo além de cantar: tocar. No
segundo, ainda estamos apenas cantando. O instrumento musical é a barra de
chocolate; o livro de cânticos, o embrulho das bananas.
Há, naturalmente, muitas
outras aplicações desses princípios. Precisamos ter a permissão de Deus antes
de agir. Se Deus não se pronunciou sobre determinado assunto, não devemos
atrever-nos a crer que ele se agradará se o fizermos. Devemos amar a Deus o
bastante para questionar qualquer ensino ou prática religiosa: “Em que lugar
Deus autorizou isso? Provém do Senhor ou é invenção humana?” E devemos ter a
coragem de abandonar cada ato não autorizado. O mesmo Deus que consumiu Nadabe
e Abiú com fogo do céu nos castigará se fizermos acréscimos ao que ele ordenou.
"Sejam Santos, Pois Eu Sou Santo"
Depois que Deus libertou os israelitas da escravidão no Egito, a
primeira parada deles foi no Monte Sinai. Num encontro memorável com Deus,
Moisés recebeu a lei que guiaria os israelitas durante 1500 anos.
Os pormenores dessa lei, às vezes, parecem tediosos, especialmente
porque sabemos que ela não se aplica mais (veja Romanos 7:6; Gálatas 3:23-27).
Mas no meio de todas as regras, encontramos uma passagem preciosa que explica a
base de todas as leis divinas. Em Levítico 11:44-45, Deus desafia os israelitas
com estas palavras: "Sejam santos, pois eu sou santo." Ele não queria
que seu povo escolhido visse esta lei como uma coleção cansativa de ordenações
sem significado, mas como um meio de criar e preservar o caráter santo que Deus
deseja que seus amados tenham.
O caráter santo de Deus é o fundamento de cada lei que ele tem revelado
ao homem. Ele criou o homem para ser um imitador espiritual da sua perfeição
divina (feito à imagem de Deus Gênesis 1:27). Revelando a si mesmo e sua
vontade, ele tem continuamente desafiado suas criaturas a serem como o Criador.
Considere três passagens que ilustram como a natureza de Deus é a base de sua
lei:
1. Êxodo 19 e 20. O capítulo 20 contém os Dez Mandamentos, a parte mais
familiar do pacto do Velho Testamento. Antes de Deus dizer estas palavras, ele
revelou seu poder e santidade numa demonstração espantosa, completa com trovão,
relâmpago, fumaça, fogo e terremoto. A lei foi baseada na pessoa de Deus.
2. Mateus 28:18-20. Jesus deu a um humilde grupo de 11 pessoas a
responsabili-dade de levar o evange-lho ao mundo. O que lhe deu o direito de
fazer tal exigência? O "portanto" do versículo 19 indica a exaltada
posição de Cristo descrita no versículo 18. Por ser ele quem é, os onze
obedeceram e nós devemos obedecer.
3. Atos 2:36-38. A poderosa conclusão de Pedro, no sermão do
Pentecostes, mostra Jesus no trono como Senhor (com toda autoridade) e Cristo
(aquele ungido escolhido por Deus). A resposta natural de seus ouvintes culpados
foi: "Que faremos?" Pedro ordenou que eles se arrependessem e fossem
batizados para a remissão dos pecados. Não é um mandamento vazio, mas um que é
baseado na divina natureza de Jesus.
Deus espera que o sirvamos e sejamos santos por uma única razão: ELE É
SANTO!
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