Jesus: Perfeito Sumo Sacerdote
Jesus é descrito de vários modos nas Escrituras. Ele é o bom pastor, o
Pastor Supremo (João 10:11; 1 Pedro 5:4), Rei (Apocalipse 19:16; Atos 2:29-36),
profeta (Deuteronômio 18:17-19; Atos 3:22-23; Lucas 13:33), Mediador (Hebreus
8:6) e salvador (Efésios 5:23). Cada uma destas descrições salienta alguma
função que Jesus desempenha no plano da salvação. Talvez a mais completa
descrição de Jesus com respeito a sua obra redentora seja a de sumo sacerdote.
O Velho Testamento nos ajuda a entender a obra de um sumo sacerdote. O
sumo sacerdote levita agia como representante dos homens, entrando na presença
do Senhor para oferecer sangue em benefício dos homens pecadores. Em nenhum
outro lugar esta função é ilustrada mais vividamente do que nos eventos do Dia
da Expiação. Neste dia, o décimo dia do sétimo mês de cada ano, o sumo
sacerdote entrava no Santo dos Santos do tabernáculo para fazer expiação pelos
seus próprios pecados e pelos do povo.
Levítico 16 descreve o que era feito neste dia. O sumo sacerdote, depois
de lavar seu corpo e vestir as vestes santas, punha um incensário cheio de
incenso no Santo dos Santos para formar uma nuvem sobre o propiciatório. O
Santo dos Santos era a menor das duas salas dentro do tabernáculo. A arca da
aliança ficava localizada nesta sala e era ali que Deus se encontrava com o
homem. A cobertura da arca da aliança era chamada de propiciatório. Dois bodes
eram escolhidos como oferenda pelo pecado e sortes eram lançadas sobre eles. Um
bode teria que ser morto e oferecido ao Senhor em benefício do povo; o outro
seria um bode emissário. Um novilho era selecionado também como uma oferenda
pelo sumo sacerdote e sua família.
O sumo sacerdote matava o novilho fora do santuário propriamente e
levava um pouco de sangue do novilho para dentro do Santo dos Santos, onde
aspergia-o sobre o propiciatório. Em frente do propiciatório ele aspergia
sangue, com o dedo, sete vezes, para fazer expiação por seus próprios pecados e
os de sua família. A nuvem de incenso na sala protegia-o de ver o Senhor e
morrer como conseqüência. Ele, então, matava o bode selecionado por sorte para
ser a oferenda e levava um pouco de sangue para dentro do Santo dos Santos,
mais uma vez espalhando o sangue em cima e na frente do propiciatório, para
fazer expiação pelos pecados do povo. Depois, o bode vivo era levado para o
deserto e solto, levando embora consigo os pecados do povo. Os corpos do
novilho, do bode e de um carneiro oferecido como holocausto eram totalmente
queimados.
O livro de Hebreus declara que Jesus também é um sumo sacerdote (Hebreus
2:17; 3:1; 4:14). O profeta Zacarias predisse que Jesus seria um sacerdote em
seu trono, isto é, Jesus seria tanto sacerdote quanto rei ao mesmo tempo
(Zacarias 6:12-13). Jesus nasceu judeu, descendente de Davi e, assim, da
linhagem da tribo de Judá. Contudo, Deus escolheu os descendentes de Levi para
serem sacerdotes. Assim Jesus, vivendo sob a Lei de Moisés, poderia ser rei
porque era da tribo real (Judá) e ainda mais da de Davi (veja 2 Samuel 7:12-16;
Atos 2:29-31). Mas Jesus não poderia ser um sacerdote segundo a Lei de Moisés
porque não era da tribo certa. O escritor de Hebreus afirma que Jesus era sumo
sacerdote segundo uma ordem diferente, não segundo a ordem de Arão (ou da tribo
de Levi), mas segundo a ordem de Melquisedeque (5:6,10; 6:20). Ele explica:
"Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio
levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria
ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e
que não fosse contado segundo a ordem de Arão? ...Porque aquele de quem são
ditas estas cousas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao
altar; pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés
nunca atribuiu sacerdotes" (Hebreus 7:11,13-14).
Mas porque Melquisedeque? Quem foi Melquisedeque? O escritor de Hebreus nota
que ele foi tanto sacerdote como rei de Salém (outro nome de Jerusalém; veja
Gênesis 14:18-20; Hebreus 7:1). Ele também observa que as escrituras do Velho
Testamento dão a Melquisedeque a aparência de ser eterno, não sendo registrado
seu nascimento, linhagem ou morte (7:1-3). Assim, existem algumas semelhanças
entre Melquisedeque e Jesus. Melquisedeque parece continuar para sempre como
sacerdote, porque as Escrituras nunca registram sua morte. Jesus, sendo divino,
vive e serve para sempre como sacerdote (Hebreus 7:23-25). Melquisedeque era
tanto rei quanto sacerdote ao mesmo tempo (que era impossível sob a Lei de
Moisés). Jesus é tanto rei como sacerdote ao mesmo tempo, em cumprimento da
profecia de Zacarias.
O autor de Hebreus também observa a conseqüência inevitável do
sacerdócio de Jesus Cristo. Se o sacerdócio for mudado da ordem de Arão para a
de Melquisedeque, necessariamente a lei associada com o sacerdócio levítico tem
que ser mudada. "Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há
também mudança de lei" (7:12). A Lei de Moisés, associada com o sacerdócio
levítico, foi anulada quando o sacerdócio foi mudado (7:18-19).
A obra sacerdotal de Jesus é explicada pelo escritor de Hebreus em
termos de atos do sumo sacerdote levita no Dia da Expiação. Exatamente como o
sumo sacerdote levita entrava no Santo dos Santos do tabernáculo, isto é, na
presença de Deus, com sangue para fazer a expiação pelos pecados, assim Jesus
entrou no Santo dos Santos com sangue (9:11-12). Mais ainda, Jesus não ofereceu
seu sangue num tabernáculo físico, feito por mãos humanas. Ele ofereceu seu
sangue na presença de Deus, no céu.
No Dia da Expiação, o derramamento de sangue realmente acontecia fora do
Santo dos Santos. Os animais eram mortos e o sangue deles recolhido no pátio do
tabernáculo. O sumo sacerdote então oferecia o sangue a Deus quando o aspergia
em frente do propiciatório. De modo semelhante, o sangue de Jesus foi derramado
na cruz, fora do Santo dos Santos celestial. Ele foi sepultado e no terceiro
dia ressurgiu. Depois de 40 dias ele ascendeu ao céu, em sentido figurado, e
apresentou seu sangue diante de Deus. É fácil observar a importância da
ressurreição a este respeito. Ainda que o sangue seja derramado em sua morte,
Jesus realmente ofereceu seu sangue ao Pai quando ascendeu ao céu depois de sua
ressurreição (João 20:17; Atos 1:9-10).
De conformidade com o propósito do escritor de Hebreus, Jesus é
apresentado como um sumo sacerdote superior aos sacerdotes levitas. Os sumos
sacerdotes do Velho Testamento, oferecendo sangue pelos pecados do povo, eram,
eles mesmos, realmente pecadores (Hebreus 5:1-3; 7:26-27). Antes que o sumo
sacerdote pudesse fazer intercessão pelo povo no Dia da Expiação, ele tinha que
oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. Jesus, contudo, ainda que
tentado, era sem pecado (Hebreus 2:18;4:15;7:26). Ainda mais, Jesus não fica
impedido pela morte em seu serviço como sumo sacerdote. Os sacerdotes do Velho
Testamento, sendo homens, morriam e o serviço de sumo sacerdote era passado ao
próximo homem apontado pelo mandamento da Lei de Moisés. Jesus vive para sempre
e é assim capaz de continuar com seu serviço sacerdotal tanto tempo quanto for
necessário (Hebreus 7:23-25). Até mesmo o local do seu serviço é superior,
sendo um tabernáculo celestial em vez de um físico. Jesus pode entrar na
presença de Deus sem uma nuvemde incenso para protegê-lo porque ele não tem
pecado.
Obviamente, o serviço sacerdotal de Jesus é superior em outro ponto
importantíssimo. Jesus não ofereceu diante de Deus o sangue de um animal, um
sacrifício inadequado para o perdão (Hebreus 10:4). Em vez disso, ele ofereceu
seu próprio sangue, assim tornando-se tanto o sacerdote como o sacrifício
(Hebreus 9:11-12, 28)! Pelo fato de seu sacrifício ter sido adequado para o
perdão dos pecados, precisou ser feito somente uma vez, em contraste com os
sacrifícios dos sacerdotes do Velho Testamento, que eram oferecidos ano após
ano (Hebreus 9:12,24-28;10:10-14).
No tabernáculo e no templo do Velho Testamento, somente o sumo sacerdote
podia entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, sempre com sangue como
oferenda pelo pecado. Agora, contudo, o caminho para o Santo dos Santos
celestial está aberto por causa da obra sacrifical de Jesus. Deus mostrou o significado
da morte de Jesus rasgando o véu que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar
quando Jesus morreu (Mateus 27:51). O privilégio de entrar e habitar na
presença de Deus no céu está disponível a todos através do sangue de Jesus
Cristo (Hebreus 10:19-22). Assim como Jesus em sua pureza entrou na presença de
Deus, também podemos entrar na presença de Deus purificados pelo sangue de
Jesus Cristo. Deus seja louvado por esta maravilhosa esperança!
Nenhum comentário:
Postar um comentário