Muitas passagens do Novo Testamento ensinam
que os seguidores de Cristo precisam remover o mal de suas vidas. Temos
que crucificar a carne ". . . com as suas paixões e concupiscências"
(Gálatas 5:24). Algumas vezes, as pessoas não entendem tais instruções e
pensam que a vida de um cristão é vazia, despojada de todo o prazer.
Mas Deus não tem intenção de deixar um vazio, de tornar nossas vidas
vácuos sem significado. Quando ele nos diz que precisamos remover o
pecado, ele também nos mostra outras coisas que são muito melhores
para encher nossas vidas e fazê-las mais ricas. Por exemplo, quando
Paulo disse a Timóteo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade”, ele
imediatamente acrescentou esta instrução positiva para encher o vazio: "Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor" (2 Timóteo 2:22). Ele tinha que remover o mal, mas imediatamente lhe foi dito que pusesse o bem no seu lugar.
Gálatas
5 torna esta distinção muito clara. Precisamos crucificar a carne,
removendo suas obras de nossas vidas (versículos 19-21). Mas Paulo não
parou aí. Ele continua essa lista de obras proibidas com uma descrição
do "fruto do Espírito" (versículos 22-23). Aqueles que vivem no
Espírito devem andar no Espírito. Devemos desenvolver cada uma destas
qualidades como uma parte de nossa personalidade. O fruto do Espírito
tem que ser produzido na vida de cada seguidor de Cristo. Consideremos
as nove características do fruto do Espírito, para ajudar-nos a
desenvolver estas atitudes quando procuramos viver e andar no Espírito.
O Fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23)
Amor
(22) é o amor puro, desprendido, sacrificial, que Deus mostra para
conosco. A única maneira de aprendermos este amor é olhando para seu
exemplo. Em 1 João 4:7-12, lemos: "Amados, amemo-nos uns aos outros,
porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e
conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é
amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós; em haver Deus enviado o
seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto
consiste of amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos
outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus
permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado."
Sabemos,
pelo exemplo de Deus, como amar. Este amor sempre procura o melhor para
aqueles que são amados. Deus procurou o melhor para nós quando deu seu
Filho. O esposo que ama sua esposa procura cuidar dela e protegê-la, até
ao ponto de sacrificar sua vida para salvá-la (Efésios 5:25). O
discípulo que ama Cristo obedece a tudo que o Senhor ordenou (João
14:15). Mas o imitador de Deus que ama seus inimigos não procura
destruí-los, mas ajudá-los e salvá-los (Mateus 5:43-48). Não há maior
desafio nas escrituras do que amar como Deus ama. Em contraste com as
paixões da carne, vazias e passageiras, este amor é eterno (1 Coríntios
13:13).
Alegria
(22) descreve o privilégio de regozijar em Cristo, apreciando as
maravilhosas bênçãos de nossa relação com ele. Esta alegria não é
dependente de nossas circunstâncias físicas. Dinheiro não compra esta
alegria. Um dos livros do Novo Testamento que fala mais claramente sobre
alegria foi escrito por um homem que sofreu muito. Enquanto ele estava
na prisão, onde às vezes lhe faltava o essencial, Paulo escreveu a seus
irmãos em Filipos: "alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos"
(Filipenses 4:4; veja também 3:1; 1 Tessalonicenses 5:16). Muitas
pessoas pensam que tal felicidade depende das circunstâncias. Até mesmo
muitas igrejas falam tanto de saúde física e bênçãos materiais que dão a
impressão de que essas coisas são necessárias à felicidade. A
prosperidade física é nada mais do que um substituto barato e temporário
para a alegria real que encontramos em Cristo. Os verdadeiros cristãos
não consideram cada provação e dificuldade como um sinal de infidelidade
ao Senhor, mas percebem que tais provações são ocasiões para alegria e
oportunidades para crescimento espiritual (Tiago 1:2-4). Nossa alegria
vem de Cristo, que é totalmente suficiente, não da temporária
prosperidade material.
Paz
(22) é a sensação de bem-estar e tranqüilidade que resulta de nossa
amizade com Deus. Numa de suas horas mais difíceis, Jesus falou com seus
apóstolos a respeito de sua partida. Ele tinha que ir embora, para
completar sua missão. Mas o próprio pensamento desta partida afligia
profundamente os apóstolos. Nesse contexto, ele lhes deu esta segurança:
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14:27). Jesus não está fisicamente presente neste mundo, mas nos deixou sua paz!
Longanimidade
(22) é a capacidade de pensar antes de agir. Deste modo, demonstramos
paciência e perseverança. Por causa da sua longanimidade, Deus tem dado
tempo suficiente ao homem para se arrepender de seus pecados (2 Pedro
3:9,15). Ele não quer condenar ninguém, então procura a reconciliação
com cada pecador. Paulo nos diz que a mesma atitude deveria governar
nossas relações com nossos irmãos (Efésios 4:2). Em vez de escapar com
raiva ou agir despeitadamente para ferir aquele que nos feriu,
deveríamos pacientemente mostrar nosso amor e procurar reconciliar com
essa pessoa. Tal atitude melhorará nossas relações em todos os aspectos.
Você pode imaginar como poderiam as igrejas e famílias serem mais
fortes e mais felizes se cada membro praticasse a longanimidade
verdadeiramente?
Benignidade
(22) é a bondade de Deus, que é melhor ilustrada por suas ações para
nos salvar quando estávamos profundamente enterrados no pecado. Paulo
mostra este ponto em Tito 3:3-7. Deus nos viu em pecado, como escravos
de todo tipo de desejo ruim e totalmente incapazes de nos salvarmos. Por
causa de sua benignidade e amor, ele nos abençoou ricamente através de
seu Filho e do Espírito Santo e resgatou-nos do pecado. Agora, em vez de
sermos escravos, somos herdeiros, com uma esperança de vida eterna! É
assim que Deus mostra benignidade. Temos que imitar tal bondade, mesmo
para com nossos inimigos!
Bondade
(22) é semelhante a benignidade. Esta palavra ressalta a generosidade
em dar mais do que alguém merece. É a palavra que Jesus usou para
descrever o homem que pagou ao seu empregado mais do que seu trabalho
realmente valia (Mateus 20:15). Os cristãos não devem ser pessoas
avarentas, tão preocupadas com o que é "certo" que perdem a capacidade
de ser generosas e dar mais do que uma pessoa realmente merece. Deus é
generoso para conosco. Podemos ser generosos para com outros.
Fidelidade
(22) é a lealdade que mantém sua palavra, cumpre suas promessas e não
trai os outros. Empregados devem mostrar esta qualidade em seu trabalho
(Tito 2:10). Aqueles que ensinam o evangelho têm que mostrar fidelidade
em seu uso da palavra, percebendo que serão julgados por Deus (2 Timóteo
2:2: 1 Coríntios 4:1-4).
Mansidão
(23) é algumas vezes confundida com fraqueza e timidez, mas esta
qualidade nunca é fraca. Mansidão, ou brandura, é a força sendo
dominada. Moisés e Jesus eram mansos, mas mostravam força para enfrentar
as autoridades poderosas de seu tempo e condenar claramente seus
pecados. O cristão tem que mostrar sua sabedoria com mansidão (Tiago
3:13). Esta é a atitude da submissão humilde, dominada, com a qual temos
que estudar a Bíblia (Tiago 1:21). É a atitude que os seguidores de
Cristo têm que mostrar quando resgatam um irmão que recaiu no pecado
(Gálatas 6:1; 2 Timóteo 2:25).
Domínio próprio
(23) é a capacidade de governar nossos próprios desejos. Diferente da
pessoa que anda na carne, como um escravo de paixões pecaminosas, o
servo do Senhor deve mostrar o domínio próprio (2 Pedro 1:6). Esta
característica nos capacita a negar nossos desejos carnais. A pessoa que
aprende a se dominar é capaz de vencer os vícios e maus hábitos que
governam as vidas de muitas pessoas que continuam a andar na carne.
Andando no Espírito
As obras da carne (Gálatas 5:19-21) são todas contra a vontade de Cristo, o fruto do espírito é inteiramente lícito:"Contra estas cousas não ha lei"
(23). Paulo encerra esta parte relembrando-nos que aqueles que
pertencem a Cristo crucificaram as paixões da carne. Seus servos vivem e
andam no Espírito, demonstrando as qualidades reveladas nas Escrituras
como características piedosas de verdadeiros cristãos. Procuremos todos
entender estas qualidades para que possamos viver e andar com Jesus,
agora e eternamente!