quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Não dirás falso testemunho

O NONO MANDAMENTO

Texto Básico: Êxodo 20.16;  Deuteronômio 5.20

 INTRODUÇÃO

O puritano Thomas Brooks (1608–1680) disse que “nós conhecemos os metais pelo som que produzem e os homens por aquilo que falam!”. Jesus disse que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34). As palavras que saem da boca de um homem são uma expressão bem clara de quem ele é de fato. Deus se preocupa muito com as palavras que saem da nossa boca, por isso nos deu o nono mandamento – “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”.
Uma das razões para a proibição do falso testemunho é que a justiça pressupõe a verdade. Se a justiça há de ser realizada em uma corte judicial, todos os fatos relevantes ao caso devem ser conhecidos, o que pressupõe que as testemunhas falem “a verdade, toda a verdade e nada além da verdade”. Justiça significa que o acusado tem direito à verdade, independentemente de sua culpa ou inocência. O oitavo e o nono mandamentos estão intimamente ligados: dizer falso testemunho é uma forma de furto; é reter o que é licitamente devido a alguém. Um princípio semelhante se aplica à difamação: causar dano à reputação de alguém é furtar-lhe uma preciosa possessão (Provérbios 22.1; Eclesiastes 7.1).

Obviamente, o nono mandamento não se restringe aos tribunais de justiça. Como o restante da Escritura torna abundantemente claro, dizer a verdade é um dever moral fundamental e ser honesto é uma virtude moral básica. Os justos são caracterizados pela veracidade – com efeito, eles “amam a verdade” (Zacarias 8.19) –, ao passo que os ímpios têm “lábios mentirosos” (Salmo 31.18; 120.2; Provérbios 10.18; 12.22; ver também Salmo 101.7; Provérbios 12.17; Jeremias 9.5; Oséias 4.1-2). Uma das maneiras pelas quais amamos o nosso próximo é falando-lhe a verdade (Efésios 4.15, 25).

Por que dizer a verdade é tão importante? Como sempre ocorre na ética cristã, a resposta é fundamentalmente teológica. Deus é “o Deus da verdade” (Isaías 65.16). A verdade é um atributo essencial de Deus e da sua Palavra (João 4.23-24; 14.17; 15.26; 16.13; 17.17; 2 Timóteo 2.15; Tito 1.2; 1 João 4.6; 5.6). Em contrates, mentir reflete o caráter de Satanás e daqueles que o seguem (João 8.44; 1 Timóteo 1.10; 1 João 2.22; Apocalipse 21.8). Uma vez que somos criados à imagem de Deus, planejados para refletir o seu caráter, devemos falar a verdade assim como Deus fala a verdade. O nono mandamento, não menos do que o sexto, se sustenta na doutrina da imago Dei.

Embora a maioria dos Dez Mandamentos seja apresentada de forma negativa (“Não...”), cada um tem tanto uma aplicação positiva quanto uma negativa; cada um contém um “faça” assim como um “não faça”. Guardar o nono mandamento não é meramente uma questão de evitar afirmações falsas. Como reconhece o Breve Catecismo de Westminster na P&R 77, o mandamento também exige que ativamente busquemos e promovamos a verdade em todas as nossas tratativas com os outros.

Promover a verdade envolve muito mais do que simplesmente fazer afirmações verdadeiras. É perfeitamente possível enganar alguém sem lhe dizer uma única falsidade. Se eu escrevesse um relatório sobre alguém e enfatizasse suas imperfeições e falhas, enquanto ignorasse quaisquer pontos de valor ou virtude, cada frase no relatório poderia muito bem ser verdadeira, mas, considerado no todo, ele não promoveria a verdade.

QUAL É O SIGNIFICADO DO NONO MANDAMENTO?

O nono mandamento é mais uma maneira de expressarmos amor ao nosso próximo; neste caso, preservando a sua honra por meio de nossas palavras. Isso fica claro nos catecismos reformados1 que interpretaram o mandamento como uma maneira de conservar e promover a verdade entre todos os homens. O Catecismo Maior de Westminster, por exemplo, traz uma bela definição de seu significado na resposta à pergunta 144:

… conservar e promover a verdade entre os homens e a boa reputação do nosso próximo, assim como a nossa; evidenciar e manter a verdade, e de coração, sincera, livre, clara e plenamente falar a verdade, somente a verdade, em questões de julgamento e justiça e em todas as coisas mais, quaisquer que sejam; considerar caridosamente os nossos semelhantes;

amar, desejar e ter regozijo pela sua boa reputação; entristecer-nos pelas suas fraquezas e encobri-las, e mostrar franco reconhecimento dos seus dons e graças; defender sua inocência; receber prontamente boas informações a seu respeito e rejeitar as que são maldizentes,

lisonjeadoras e caluniadoras; prezar e cuidar de nossa boa reputação e defendê-la quando for necessário; cumprir as promessas lícitas; empenhar e praticar tudo o que é verdadeiro, honesto, amável e de boa fama.

O nosso Deus é a Verdade (Jo 14.6) e ele “não pode mentir” (Tt 1.2), pois ele “não é homem para que minta” (Nm 23.19). Ele espera que, como seus filhos, a verdade flua de nossas bocas e não o engano. Assim como parte de um código simples e prático, divinamente estabelecido, a observância do nono mandamento contribuirá para a harmonia no convívio social.

Em resumo, ninguém deve causar dano ao próximo por meio de palavras proferidas por sua boca, antes, deve fazer uso de sua língua para falar o bem e a verdade para todos.

Numa época em que a confiança em figuras públicas está em crescente declínio, em que os meios de comunicação borram a linha entre notícia e publicidade, em que o termo spin se tornou lugar-comum e em que o pós-modernismo erodiu o próprio conceito de verdade, é imperativo que os cristãos se coloquem à parte da cultura ao redor, como um povo marcado pela honestidade, integridade e fidelidade. Devemos ser pessoas de palavra, precisamente porque somos o povo da Palavra.

Fontes: 
http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/841/Nao_Diras_Falso_Testemunho_Contra_o_Teu_Proximo

http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/o-nono-mandamento-nao-diras-falso-testemunho/



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