"Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Êx 20:7, ACF).
Nos proíbe aqui abusar de seu santo e sagrado Nome nos juramentos para confirmar coisas vãs ou mentiras, pois os juramentos não devem servir-nos para prazer ou deleite, senão para uma justa necessidade quando se trata de manter a glória do Senhor ou quando é necessário afirmar algo que serve para edificação.
E proíbe terminantemente que maculemos no mínimo seu santo e sagrado Nome; ao contrário, devemos tomar este Nome com reverência e com toda dignidade, segundo o exige sua santidade, trate-se de um juramento que nós pronunciemos, ou de qualquer coisa que nos propomos perante Ele. E já que o principal uso que devemos realizar deste Nome é invocá-lo, aprendemos que classe de invocação é a que aqui nos ordena. Finalmente, anuncia neste mandamento um castigo, com o fim que aqueles que profanem com injúrias e outras blasfêmias a santidade de seu Nome, não acreditem que poderão escapar de sua vingança.
Quarto Mandamento
"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou" (Êx 20:8-11, ACF).
Vemos que promulgou este mandamento por três motivos: Primeiro, porque o Senhor quis, por meio do repouso do sétimo dia, dar a entender ao povo de Israel o repouso espiritual no qual devem os fiéis abandonar suas próprias obras para que o Senhor opere neles. Em segundo lugar, quis que existisse um dia ordenado para reunir-se, para escutar sua Lei e tomar parte em seu culto. Em terceiro lugar, quis que aos servos e a os que vivem sob o domínio de outro lhes fosse concedido um dia de repouso para poder descansar de seu trabalho. Mas isto é uma consequência, antes que uma razão principal.
Em quanto ao primeiro motivo, não há dúvida alguma de que cessou com Cristo: pois Ele é a Verdade com cuja presença desaparecem todas as figuras, e é o Corpo com cuja vinda se esvaecem todas as sombras. Pelo qual são Paulo afirma que o sábado era "a sombra do porvir". Do resto, declara a mesma verdade quando, no capítulo 6 da carta aos Romanos, nos ensina que fomos sepultados com Cristo, a fim de que por sua morte morramos à corrupção de nossa carne. E isso não se efetua num só dia, senão ao longo de toda nossa vida até que, mortos inteiramente a nós mesmos, sejamos transbordados da vida de Deus. portanto deve estar muito longe do cristão a observação supersticiosa dos dias.
Mas como os dois últimos motivos não podem contar-se entre as sombras antigas senão que se referem por igual a todas as épocas, apesar de ter sido ab-rogado o sábado, ainda tem vigência entre nós o que escolhamos alguns dias para escutar a Palavra de Deus, para romper o pão místico na Ceia e para orar publicamente. Pois somos tão fracos que é impossível reunir tais assembleias todos os dias. Também é necessário que os servos e os operários possam repor-se de seu trabalho.
Por isso foi abolido o dia observado pelos judeus —o qual era útil para desarraigar a superstição—, e se destinou a esta prática um outro dia —o qual era necessário para manter e conservar a ordem e a paz na Igreja. Se, pois, aos judeus se deu a verdade em figura, a nós se nos revela esta mesma verdade sem nenhuma sombra: Primeiramente, para que consideremos toda nossa vida um "sábado", quer dizer, repouso contínuo de nossas obras, para que o Senhor opere em nós por meio de seu Espírito. Em segundo lugar, para que mantenhamos a ordem legítima da Igreja, com o fim de escutar a Palavra de Deus, receber os Sacramentos e orar publicamente. Em terceiro lugar, para que não oprimamos desumanamente com o trabalho aos que nos estão sujeitos.
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