Introdução
Habacuque pede a Deus que implemente (aviva) a sua obra. Ora, a obra maravilhosa e admirável é o suscitar dentre as nações os caldeus, e que, ao longo dos anos os homens haveriam de conhecê-la. Embora fosse anunciado pelos profetas que Deus haveria de levantar os caldeus para castigar o povo de Israel, quando os profetas contavam a maravilhosa obra, o povo não cria. Eles não se arrependeram e veio o cativeiro conforme a visão dos profetas "...vós não crereis, quando vos for contada" (Hc 1:5).
I. A Reflexão de Habacuque
Depois que Deus revela a Habacuque os seus desígnios, ele orou ao Senhor. O capítulo 3 do livro de Habacuque e uma oração em forma de cântico. É um salmo profético!
Ao ouvir a palavra de Deus, Habacuque teme, ou seja, ele deposita confiança em Deus. O temor ao Senhor é proveniente dos seus ensinos. Após ter ouvido, ele creu em Deus, ou seja, ele segue o que disse Miquéias "A voz do Senhor clama à cidade, temer-lhe o nome é sabedoria. Escutai a vara, e quem a ordenou" (Mq 6:9). Embora a obra do Senhor que Habacuque faz referência era o suscitar dos caldeus contra Israel e Judá (Hb 1:6), ele não teme e pede a Deus que implemente (avive) a sua obra. Deus haveria de levantar os caldeus contra o povo de Israel, porém, Habacuque confia na misericórdia do Senhor.
Habacuque sabia que os caldeus eram um povo feroz e impetuoso, e que, segundo o oráculo que viu, Judá e Israel seriam levados cativos, porém, à vista deste quadro de sofrimento e ignomínia, ele confia na misericórdia de Deus "Fez com que deles tivessem compaixão os que os levaram cativos" (Sl 106:46).
Em nossos dias este versículo tem um valor totalmente diverso da ideia que Habacuque procurou evidenciar. Perceba que Habacuque não pede um avivamento 'espiritual', o que é comum interpretarem em nossos dias. Ele ora a Deus que realize a sua obra, ou seja, a mesma obra anunciada na primeira visão "Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos, porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não crereis, quando vos for contada. Suscito os caldeus..." (Hc 1:5 -6).
Perceba que a oração de Habacuque é segundo a vontade de Deus, ou seja, ele não pede que Deus livre a Israel do castigo, antes que os caldeus venham segundo a palavra anunciada. Mesmo sabendo que os caldeus viriam, a confiança de Habacuque não é abalada! Ele confia que o povo de Israel seria preservado "Nós não morreremos", pois os caldeus somente foram estabelecidos para castigar o povo de Israel (Hb 1:12).
Habacuque pede a Deus que implemente (aviva) a sua obra. Ora, a obra maravilhosa e admirável é o suscitar dentre as nações os caldeus, e que, ao longo dos anos os homens haveriam de conhecê-la. Embora fosse anunciado pelos profetas que Deus haveria de levantar os caldeus para castigar, quando os profetas contavam maravilhosa obra, o povo de Israel não cria. Eles não se arrependeram e veio o cativeiro conforme a visão dos profetas "...vós não crereis, quando vos for contada" (Hc 1:5).
II. A Supremacia do Senhor
Por intermédio da palavra de Deus o homem tem vida e vida em abundância. Ora, Deus dá vida àquele que é participante da água que faz jorrar uma fonte para a vida eterna. É possível a quem bebeu da água da vida tornar a ter sede? A resposta é 'Não'! Do mesmo modo que é impossível àquele que beber da água que faz jorrar uma fonte para a vida eterna ter sede novamente, é impossível a ideia apregoada de avivamento para a igreja de Cristo (Jo 4:13 -14).
A igreja de Cristo é viva e não dorme. Ela é perfeita, pois o Senhor a estabeleceu para ser templo e morada do Espírito. A igreja de Cristo não precisa de avivamento, pois jamais a igreja tornou-se morna.
Perceba que há um grande diferencial entre o que Habacuque pediu, que é: implemente (aviva) a tua obra, da ideia que muitos apregoam: Deus trará um avivamento para a sua igreja. A obra que Habacuque fez referência não tem relação alguma com a igreja. Enquanto Habacuque pede misericórdia por causa da obra que estava por vir, a igreja só está a aguardar a nova terra onde habita a justiça.
Embora Habacuque estivesse temeroso com relação a vinda dos caldeus (a obra maravilhosa e admirável suscitada dentre as nações), após ouvir a palavra do Senhor, ele creu. O temor não mais existia, pois estava confiando no amor e na misericórdia de Deus. Liberto do medo, Habacuque espera que Deus realize a sua obra e a torne conhecida de todos os homens (v. 2).
Ora, se o 'avivamento' fosse algo desejável do ponto de vista humano Habacuque não clamaria por misericórdia (Hc 3:2). Habacuque também não estaria esperando o dia da angustia do seu povo (Hc 3:16 b).
Apesar da aflição do seu povo, Habacuque expressa quão grande é a glória de Deus: ela cobre os céus. Ele descreve que a Terra encheu-se do seu louvor, isto porque na terra Deus estabeleceu uma das suas maiores obras: fez dos homens Seus filhos (v. 3); (Ef 1:11 -12).
O resplendor da glória de Deus se fez como a luz, revelou Deus aos homens (Jo 1:18). A luz de Deus que ilumina os homens (v. 4) (Jo 1:9). O resplendor da glória de Deus é inacessível aos olhos dos homens, porém, ao se fazer luz, 'vimos a glória do Unigênito de Deus'!
III. Ainda que a Figueira não Floresça
Habacuque utiliza a figura do mar e das águas para falar das nações (v. 15). Do mesmo modo, João na ilha de Patmos utilizou a figura das águas e do mar para fazer referência as nações da terra: "Então o anjo me disse: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas" (Ap 17:15).
Ao ouvir a voz do Senhor que marcha entre os povos da terra, o profeta Habacuque sente temor e tremor, visto que a sua carne não suporta a voz do Altíssimo. Por não poder suster-se em pé, Habacuque considera que a podridão acometeu os seus ossos (v. 16).
Apesar de toda glória revelada, o profeta aguarda a invasão dos caldeus, que prefigura o dia da angustia, o tempo da grande tribulação (v. 16b; Mt 24:21).
Diante desta revelação maravilhosa, o profeta que estava orando ao Senhor irrompe em adoração. Ainda que as maiores adversidades acometessem a existência de Habacuque, todavia o profeta estaria alegre no Senhor. O exultar do profeta é a salvação de Deus, apesar dos contra-tempos desta vida.
Habacuque apresenta um quadro de transtorno das coisas naturais: não florescer a figueira; a vide não produzir frutos; a oliveira não produza; os campos não produzam mantimentos; as ovelhas exterminadas; os currais não tenham gado. Ora, os homens confiam piamente na natureza, pois ela não os decepciona. Alegram-se quando vêem o que a natureza produz, porém não esperam no Deus da nossa salvação.
Ao final da sua oração Habacuque bendiz ao Senhor. Por confiar em Deus, Ele tornou-se a força do profeta. Os pés do profeta serão ágeis e fortes como os pés das corças. As corças andam por lugares inatingíveis a outros animais do campo, e o profeta, segundo a força do Senhor, trilhará caminhos altos.
Este trecho final da oração de Habacuque é semelhante a fala de Paulo: "Não digo isto por necessidade, pois já aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação (...) Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fl 4:11 -13). O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza dos homens!
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