Comentarista: Marcos Rogério
Introdução
A família de sucesso é centrada no Senhor Jesus Cristo. Assim como os profetas e apóstolos abordaram o assunto da família e se relacionaram com as suas famílias e também com outras famílias não foi diferente com o nosso Senhor Jesus Cristo.
A família é tão importante que Deus se fez carne e por meio de uma família veio ao mundo assumindo a forma humana (Fp 2:6-7).
Cristo fez parte de uma família com seus desafios como tem todas as outras famílias, o fato de ele ser Deus não fez com que sua família fosse perfeito, ao iniciar seu ministério público, Jesus não foi compreendido nem pela sua família e nem mesmo seus irmãos creram nele (Jo 7:5). Jesus compreendia a importância da família e mesmo na hora da morte confiou sua mãe a um de seus discípulos (Jo 19:26-27). Cristo viveu sua vida terrena sempre no ambiente familiar e fez questão de identificar seus seguidores como sua família (Mt 12:46-50).
I. Jesus menciona a Importância da Família
Jesus valorizou tanto a família que após sua morte seus familiares passaram a fazer parte da igreja primitiva ( At 1:14). A carta de Tiago no Novo Testamento é atribuída a um dos irmãos de Jesus e que foi pastor na igreja em Jerusalém. Jesus impactou sua família de tal forma que todos, inclusive seus irmãos incrédulos se tornaram cristãos.
Em uma das menções à família, Jesus foi um tanto polêmico! Em Mateus 12:46-50 lemos: "Jesus ainda estava falando à multidão, quando sua mãe e seus irmãos, que ficaram de fora, procuravam falar-lhe. Alguém lhe disse: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem falar contigo." Respondeu Jesus a quem lhe trouxe a notícia: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E apontando para os discípulos, acrescentou: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe."
Alguns encontram uma certa dificuldade em entender e explicar esse texto porque aparentemente Jesus estava menosprezando sua própria família, mas na verdade Jesus estava ampliando a noção de família mostrando que irmãos na fé devem ter tanto amor de uns para com os outros chegando ao ponto de considerá-los sua família.
Outro texto polêmico se encontra em João 2:1-5 que diz: "Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus.
Jesus também foi convidado, com os seus discípulos para o casamento.
Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: "Eles não tem mais vinho.
Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo, Ainda não é chegada a minha hora.
Então, ele falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser."
Em nossos dias seria grosseiro, extremamente grosseiro alguém se referir à sua própria mãe como mulher e mais ainda perguntar: Que tenho eu contigo? Mas é preciso considerar o contexto cultural e linguístico da época de Jesus. Nos dias de Cristo, se referir a alguma mulher usando o termo mulher era considerado estima e respeito e não de reprovação e sensura, afirma o Dicionário Vine. Esse era o modo natural de Jesus se dirigir às mulheres e mostrar-lhes seu apreço e respeito por elas, contrariando a cultura extremamente machista da época onde os judeus agradeciam a Deus em oração por três coisas, por não terem nascidos gentios, samaritanos ou mulheres.
Mas o que dizer da pergunta de Jesus à sua mae: Que tenho eu contigo? Tal pergunta é interpretada erroneamente como uma afronta de Jesus à Maria, mas o verso cinco desmente essa ideia ao afirmar que após isso Maria disse aos serventes que fizessem tudo o que Jesus ordenasse.
Também lemos em 2 Sm 16:10 e 1 Rs 17:18 que tal pergunta significava uma recusa em participar de alguma ação proposta ou sugerida. Cristo estava se referindo à sua morte onde o derramamento de deu sangue simbolizado pelo vinho ainda não havia chegada a hora, posteriormente ele declarou: "Chegou a hora" (Jo 12:1, 23; 13:1). Portanto, Jesus valorizou a família, inclusive sua própria e aos seus olhos a família é uma instituição divina.
II. A Família de Jesus
Jesus, assim como todos nós também tinha sua família terrestre. Seu pai de criação era José, sua mãe Maria além de irmãos e irmãs, os quais alguns são nominados nas Escrituras, Tiago, José, Judas, Simão e pelo menos duas irmãs Mc 6:3 Jesus era primo de João Batista Lc 1:36 e sobrinho de Zacarias e Isabel, ver Lc 1:3-25. Uma família praticamente comum.
Logo no início de sua vida cono um feto humano, Jesus teve problemas. Maria estava noiva de um homem, José e correu o risco de ser apedrejada acusada de adultério, uma vez que José não tinha tido relações sexuais com Maria e soube que a mesma estava grávida. Devido ao fato de ser um homem justo ele resolveu deixá-la secretamente Mt 1:18-21 e somente por intervenção divina por meio de um anjo assumiu sua esposa sendo notificado que Jesus havia sido gerado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Jesus era descendente de Davi Mc 12:35-37.
Após sua morte, muitos de seus familiares, quase todos ou todos se tornaram cristãos.
Jesus aprendeu sua profissão de carpintaria com seu pai José Mt 13:55. Isso nos mostra a importância de os pais ensinarem os filhos uma profissão e a viver honestamente com os frutos de seu próprio trabalho. Jesus era um filho obediente Lc 2:51 mostrando pelo seu próprio exemplo a importância dos filhos cumprirem o mandamento da lei de Deus, honrar pai e mãe Ex 20:12; Dt 5:16. A família de Jesus não era perfeita e, em algumas ocasiões sua mãe e seus irmãos duvidaram dele Mc 3:21; Mt 12:46-47; Jo 7:1-9.
Jesus incluiu todos nós nessa família, a família dele Mt 12:46-50; Mc 3:31-34; Lc 8:19-21.
Aprender sobre a família de Jesus nos ajuda a entender nosso papel no contexto familiar. Jesus não se envergonha de nos considerar como seus irmãos Hb 2:11.
Jesus foi nosso exemplo 1 Jo 2:6 em todas as coisas e não foi diferente na vida familiar. Não vemos Jesus brigando com seus irmãos, mesmo quando o despontaram humanamente falando, não vemos Jesus respondendo aos pais, não vemos ele abandonando a família ou envolvido em intriga familiar. Jesus amou sua família apesar dos problemas e ele sabia as limitações da natureza humana e não precisava que alguém lhe desse testemunho disso Jo 2:25.
Jesus amou sua família até o fim. Hoje eu e você somos a família de Jesus.
III. Jesus é a Esperança para as Famílias
Jesus é a esperança para as famílias pelo seu piedoso exemplo, por seus ensinos e por seu poder de regenerar e salvar. Os ensinamentos de Jesus sobre a família, sua estrutura e seu estilo de vida devem ser o funcionamento da família. A família deve edificar-se sob a Palavra de Jesus, assim como Pedro que disse: Sob tua Palavra lançarei as redes (Lc 5:5). O êxito familiar depende disso.
Foi justamente em uma cerimônia sagrada da união matrimonial a ocasião onde Jesus Cristo realizou seu primeiro milagre transformando água em vinho mostrando sua capacidade de remediar situações consideradas irremediáveis (Jo 2:1-12). Através desse milagre Cristo provou ser ele mesmo a esperança para a família em todos os seus desafios.
Jesus também frisou a importância de se preservar os laços familiares e conjugais mostrando a morte e o adultério como as únicas razões para um novo casamento, remetendo o modelo da estrutura familiar ao primeiro casal antes da queda (Mt 19:3-12). Jesus tomou como base Gênesis 2:24 como base para suas declarações.
Nos tempos bíblicos e também nos atuais a formação de uma nova família era comemorada com uma festa. Podemos entender que Jesus também se regozija com a formação de novas famílias.
Jesus usava as Escrituras como base de seus ensinos sobre a família, assim como o fazia com outros temas porque nas Sagradas Escrituras o casamento serve de símbolo da relação entre Deus e seu povo (Jr 3; Ez 16; Os 1-3). Deus corteja e desposar Israel; a relação é terna e íntima. A apostasia de Israel era comparada ao adultério. No Novo Testamento, o casamento é comparado pelos apóstolos à união entre Cristo e sua igreja (Ef 5:22-23). A consumação de todas as coisas com a inauguração do reino eterno de Cristo é comparado as bodas do Cordeiro, quando Cristo toma sua noiva para estar com ele (Ap 19:7-9). O simbolismo bíblico ensina que digno de honra deve ser o matrimônio (Hb 13:4).
As pessoas até podem viver felizes sozinhas e algumas até decidem viver assim. Mas o ser humano é um ser social e encontra realização plena no casamento onde reina amizade, companheirismo, empatia e principalmente se esse casamento é construído sobre a Rocha que é Jesus (Mt 7:24-27; 1 Pd 2:4-8).
Uma análise da influência evangélica no Brasil e no mundo revelam o poder de Jesus de restaurar famílias.
Quando estudamos os relatos bíblicos sobre as famílias, vemos que muitas delas enfrentaram problemas gravíssimos. A primeira família a enfrentar uma crise grave foi a de Adão. Expulso do Éden devido ao pecado teve prejuízo na unidade com sua esposa. Deus lhe trouxe esperança apontando para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29) através do cordeiro morto no Éden que cobriu a nudez do primeiro casal (Gn 3:21).
Caim, filho desse primeiro casal começou a encher o coração de inveja e ciúme. Assassinou seu irmão Abel que manifestou de em Cristo por meio do sacrifício do cordeiro e pela sua fé, mesmo depois de morto ainda fala (Hb 11:4). Cristo foi a esperança da restauração da família na nova Terra mostrando que aqui também ele deseja uma restauração familiar de famílias que estão destruídas. Inúmeras pessoas tiveram suas famílias restauradas, filhos tirados do mundo das drogas, da promiscuidade, do crime, etc...Tem mostrado o poder de Jesus em restaurar o homem caído e restaurar as famílias assim como restaurará a humanidade onde aqueles que crêem em seu nome receberão a vida eterna (Jo 3:16).
Todas as famílias que venceram seus conflitos, o fizeram por terem se firmado em Cristo. Cristo é a única esperança para as famílias. Nosso papel como cristãos é levar Cristo aos lares. A famílias que nunca conhecerão a Jesus e seu poder, a menos que os servos de Deus entrem em seus lares.
Na Itália existe uma torre famosa chamada de Torre da Pizza. Ela foi construída sobre um solo instável, como a areia, e começou a ficar inclinada e por isso os engenheiros tiveram que reforçar as bases dessa torre para que ela não caísse. Assim acontece quando uma família começa a declinar por não estar firmada em Cristo, mas se estabilizar quando se fundamenta nele.
Que possamos ter Jesus como fundamento da nossa família e levar Jesus à humanidade sofredora como a única esperança para as famílias.
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